Pensativo, ele parecia indiferente ao barulho
interno da loja, aos motores dos carros, a sirene da ambulância que cortava a
avenida como um raio.
De repente, percebendo ser observado, virou-se em
minha direção e, como se quisesse responder a uma indisfarçável curiosidade,
comentou que há muitos anos a casa edificada naquele terreno estava abandonada.
E daquele abandono surgiram, ao longo do tempo, os
sinais de destruição e vazio: muros derrubados, paredes descascadas, telhados e
vidros quebrados, lixo, invasão, quem sabe até possíveis fantasmas a recobrar o
que já fora. Impossível, segundo ele, reconhecer ali uma casa. O que se via
eram apenas escombros e destroços, signos de uma existência passada.
Era com propriedade que esse velho senhor me
falava. E com um misto de tristeza
e amargura, diante do meu silêncio atento, lançou-me como uma flecha a
pergunta: “Para que servem as ruínas, senão para serem derrubadas?”
Quis responder-lhe algo, mas a flecha (como agora) atravessava-me...
Quis responder-lhe algo, mas a flecha (como agora) atravessava-me...
VaneideDelmiro
Um comentário:
HOMEM DE SABEDORIA!QUE NENHUMA CIÊNCIA EXPLICARIA...PARA ALÉM DO QUE SE CHAMA: VIDA! BELO POEMA...HAVERÁ?
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