segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Mimos natalinos
E como livro é sempre uma ótima pedida aos que amam ler, caso dos jornalistas (será mesmo?), a enquete que acaba de entrar no ar quer saber qual o melhor livro-presente para um jornalista neste Natal. Vote na coluna à direita do blog! Mas não se esqueça: o jornalista merece carinho e atenção durante todo o ano. Não adianta lembrar dele apenas no Natal.
A pesquisa que chegou ao fim – O que você achou da cobertura da imprensa nas eleições 2010? – teve como vencedora a alternativa “Os debates foram sacais. Só salvou o Plínio”, com 38% dos votos, seguida bem de perto pela opção “Odiei. As preferências partidárias de alguns veículos me enojaram”, com 34%. Os que "adoraram" ou "gostaram" somaram apenas 6%. A imprensa não engana os jornalistas.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
A arte jornalística de viajar de graça
Nos meus tempos de redação, o pessoal do caderno de Turismo distribuía, com freqüência, viagens para repórteres de outras editorias. Já que não existia um plano de carreira, viajar era, ao menos, uma forma de recompensar os jornalistas pela ralação do dia-a-dia. Rolava uma disputa pelos melhores roteiros. Viajar era bom; para um lugar legal, melhor ainda.
Lembro-me até hoje do meu primeiro convite de viagem. O responsável pelo caderno de Turismo me chamou para um café. O grande momento havia chegado. Era foca e, nessa condição, não dava para contar com um destino maravilhoso, mas, como sonhar nunca custou nada, me imaginei em uma praia paradisíaca do Nordeste, num hotel bacana.
- Duda, teu editor te indicou para uma viagem pelo jornal. Você vai passar um fim de semana na Baixada Santista, mais precisamente em São Vicente, e escrever uma matéria sobre a cidade. Garoto de sorte, hein?
Minha sorte foi ter chovido o fim de semana todo, o que me deixou preso no hotel. Viajar para São Vicente era resgatar as férias de minha infância classe média. Era lá que eu passava as noites me divertindo num carrinho de bate-bate e comendo quindim. A barraca do doce ficava em frente à “biquinha”, uma fonte de água que é a grande atração turística da cidade.
A minha primeira viagem a convite de alguém rendeu muita frustração e apenas uma notinha para o caderno de Turismo. Sobre o quê? Sobre a revitalização da “biquinha”.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Meu caro diploma
Vamos considerar, apenas para efeito de cálculo, que a mensalidade de um curso de jornalismo custe 800 reais. Em um ano, um estudante gastaria 8 mil reais (10 mensalidades). Em quatro anos, esta facada subiria para 32 mil, sem contar gastos com transporte, alimentação, livros e cachaça (mais uns 5 mil reais). Tudo isso para conquistar o precioso diploma.
É certo que, além do canudo, o aluno adquire conhecimentos para toda a vida. Eu, por exemplo, aprendi a jogar truco e nunca mais esqueci. Mas, cá entre nós, 37 mil reais por um pedaço de papel que não vale mais nada é coisa pra cacete. Então fica a pergunta: o que você teria feito com a grana investida no diploma? A nova enquete está no ar. Custa nada participar!
A pesquisa que acabou de ser encerrada – Você acha que um jabá pode corromper um jornalista? – teve como grande vitoriosa a alternativa “Não. Acredito na ética, apesar de ganhar um salário de merda”, com 41% dos votos. Isso não significa, porém, que estes jornalistas cheios de nobres intenções recusem o presentinho. Apenas não deixarão que o mimo influencie no texto final, quer dizer, acho que não deixarão, sei lá, mil coisas...
segunda-feira, 8 de junho de 2009
As agruras de um assessor
A opção "Ser obrigado a conquistar uma puta matéria, de página inteira ou na Globo, mesmo sem ter um puta assunto para divulgar" venceu, com 43% dos votos. Na segunda colocação, bem coladinha, ficou a alternativa "Reunir uma galera numa coletiva sem graça, sem coffee break, numa manhã de chuva", com 39%. Como comentou uma leitora aqui neste blog, coletiva que bomba só no cinema ou na novela Celebridade.
A nova enquete, que já está no ar, quer saber se o jabá, aquele famoso presentinho que os jornalistas ganham de vez em quando, é um inocente mimo ou um eficaz meio de sedução ou corrupção. Bons votos a todos.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Viva a boca-livre
Quando eu ainda era um jornalista empregado, geralmente comia mal, gastronomicamente falando. Muita porcaria pelas ruas da cidade, entre uma entrevista e outra. Mas havia um momento de redenção. Sim, havia! Este momento respondia pelo nome de “filé mignon ao molho madeira com batatas (prussianas ou noisettes) e arroz”, prato clássico servido em eventos que reúnem jornalistas, conhecidos adoradores de uma boca-livre.
Estudiosos do comportamento humano jamais conseguiram explicar este fenômeno jornalístico. Seria uma forma de vingança contra a miséria opressiva cotidiana? Ou o simples desejo de levar vantagem? A única coisa que se sabe, após décadas de pesquisas, é que o gene responsável pela boca-livre é o mesmo ligado à vontade insana de ganhar presentinhos e jabás em geral.
Conheci jornalista que freqüentava aqueles congressos bacanas de empresários só para comer. O encontro com o filé mignon ao molho madeira era sagrado. Ninguém se preocupava se, em alguma mesa naquele salão, uma informação que fosse estremecer o mercado estivesse sendo revelada.
Os organizadores de tais eventos faziam questão de isolar os jornalistas em mesas pelos cantos, versão mais moderna do vale dos leprosos. Nelas se juntavam repórteres, cinegrafistas, fotógrafos e alguns motoristas que, vez ou outra, também participavam da boca-livre.
Seu Nelson era um dos meus motoristas preferidos, um velho bigodudo e bonachão que também tinha uma queda pela comida boa a custo zero. “Ô, seu Duda, dá um jeitinho de eu almoçar lá com vocês.” Seu Nelson dividiu a mesa com os jornalistas inúmeras vezes. Não falava nada. De boca sempre cheia, apenas fazia um sinal positivo com o polegar para indicar que o filé mignon e as batatas estavam ótimos. E como sujava aquele bigodão com molho madeira.