Chovia torrencialmente e o meu guarda-chuva partira-se em dois, pelas varetas metálicas. Tirara-mo da mão ainda antes de me dar um ruidoso beijo na testa. Não me abraça como habitualmente, nem me protege da chuva que cai em torrente. Olha-me nos olhos, por muito tempo, em silêncio, como se nunca os tivesse visto antes. Tem as mãos nos meus ombros e os braços muito esticados. Porque sou mais pequena, não lhe chego à cintura com os meus. Pouso a minha mão nas suas suas. As minhas muito frias e molhadas, as suas molhadas e muito quentes. Estou encharcada, tentando perceber o que é este espanto mudo, debaixo do temporal. Tento falar, fala por cima:
-Eu..
- Tive tantas saudades tuas.
Continua a fitar-me nos olhos, há qualquer coisa que atrapalha o seu olhar, como se areia.
- Isso é raiva?!
Aproximo o meu rosto do seu, parece-me ver laivos de raiva em pepitas de areia na sua iris verde-água, forçando-o a semi-cerrar as pálpebras.
- É.
Acrescenta um repetido e compulsivo acenar de cabeça à resposta monossilábica. Antes que o meu rosto lhe possa revelar qualquer reacção, um misto de surpresa e indignação, a testa enrugada e os lábios premidos, a tensão explorando-me os poros por veias de sangue avulto, encolhe muito os braços e puxa-me para si de rompante, como um trovão. Beija-me num ímpeto. Segura-me o peito das costas com uma mão e o fundo com outra. Provo-lhe a raiva dos seus lábios encharcados e saro das feridas com a sua língua.
-Eu..
- Tive tantas saudades tuas.
Continua a fitar-me nos olhos, há qualquer coisa que atrapalha o seu olhar, como se areia.
- Isso é raiva?!
Aproximo o meu rosto do seu, parece-me ver laivos de raiva em pepitas de areia na sua iris verde-água, forçando-o a semi-cerrar as pálpebras.
- É.
Acrescenta um repetido e compulsivo acenar de cabeça à resposta monossilábica. Antes que o meu rosto lhe possa revelar qualquer reacção, um misto de surpresa e indignação, a testa enrugada e os lábios premidos, a tensão explorando-me os poros por veias de sangue avulto, encolhe muito os braços e puxa-me para si de rompante, como um trovão. Beija-me num ímpeto. Segura-me o peito das costas com uma mão e o fundo com outra. Provo-lhe a raiva dos seus lábios encharcados e saro das feridas com a sua língua.
Até aos ossos, também eu chorara saudade em torrente. Até partir em dois nos seus braços, como duas varetas metálicas.
Que momento bonito :)
ResponderExcluirBela reconciliação. :)
ResponderExcluirperfeito :)
ResponderExcluirLindo*
ResponderExcluirApaixonante*
o que não são as saudades, de verdade.
ResponderExcluira sério Joana Éme, fazias isso?:')