«Foi com surpresa e perplexidade que o Conselho Português para a Paz e Cooperação encarou a decisão de laurear Barak Obama, Presidente dos EUA, com o Prémio Nobel da Paz.
Surpresa devida ao desconhecimento de acções concretas do laureado no sentido de resolver algum dos graves conflitos em que os EUA estão envolvidos e que afligem a humanidade. Surpresa porque a nomeação é indubitavelmente polémica pois que a acção do laureado não ganhou (ainda) foros de inequívoco compromisso com a causa da defesa da paz.
Perplexidade pois já foi sob o seu mandato que se anunciou e intensificou a presença militar dos EUA na América do Sul e se anuncia e observa o seu alargamento e potencial intensificação na Ásia Meridional. Por sua iniciativa se apelou ao reforço da NATO (uma organização militar ofensiva) nomeadamente a propósito da agressão criminosa ao Afeganistão, e que se iniciou o aumento do potencial bélico dos EUA neste país, onde a morte de inocentes tem vindo a aumentar.
Perplexidade pois não é possível compreender que a causa da paz passe pelo aumento do orçamento militar e do esforço de guerra, pelo alargamento da guerra no Afeganistão a províncias do Paquistão, pela ameaça de agravadas sanções ao Irão e eventual recurso à força, sob acusações forjadas similares às utilizadas para a invasão do Iraque. Nem sequer colhe o argumento de que foi obra sua a chamada retirada do Iraque, pois os EUA não retiraram de facto desse país, e o tratado assinado com o governo fantoche foi preparado pelo governo antecessor de Bush.
Perplexidade face à sua aquiescência, implícita e explícita, em matéria de legalidade e justiça, como sejam as eleições fraudulentas no Afeganistão, o golpe militar nas Honduras ou a continuada actuação ilegal e criminosa do governo sionista nos territórios da Palestina.»
Conselho Português para a Paz e Cooperação