Completou duas mãos cheias.
Os pedidos que faz pelo aniversário são sempre simples. Este ano, um fio preto com uma guitarra, era o que mais queria (a amiga A. R. tornou o desejo realidade).
O menino que parece ter nascido dentro de um musical continua a surpreender-me todos os dias. Ter a guitarra nas mãos, cantar (até nós não podermos mais ouvi-lo), jogar à bola até cair para o lado, resolver problemas complicados e fazer contas, comer, aprender coisas novas e estar com a família e amigos. Algumas das coisas que mais ama. É generoso para com os que o rodeiam e está sempre pronto para dar. Vive satisfeito e ensina-me acerca da simplicidade todos os dias. Tem uma energia estonteante, mas a hora de dormir continua a ser abraçada com agrado. Se escuta ou lê uma palavra cujo significado desconhece, pergunta sempre o que quer dizer (ler um livro significa chamar-me umas tantas para perguntar: "O que é que significa...?" É curioso e tem sede de saber. Continua a dar-me muitos beijos na mão. É amigo. A professora diz que os colegas sentem-se seguros ao lado dele. Eu oro para que a sua segurança continue firmada em Cristo e para que este menino cheio de tanto possa viver sempre mais para Aquele que o criou.
No dia de anos fui descobri-lo em cima de uma das árvores do quintal. Quando lhe perguntei o que fazia lá em cima, disse-me que estava a pensar na vida. Este menino tem a tendência de guardar algumas coisas dentro dele, especialmente as que sabe ou desconfia que deixarão os outros preocupados ou tristes. A sis chama-o de caracoleta. Acenta-lhe bem, sempre que se esconde debaixo dos caracóis ou se fecha na sua concha.