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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Visita a Escola da Ponte


Conversando nas redes, muitos amigos me pediram para contar sobre a visita a Escola da Ponte, então procurei sintetizar aqui algumas fotos e informações para que conheçam um pouco do que vi. Boa visita virtual!!! Depois deixe seu comentário, combinado?

Entrada da escola


Secretaria (prédio anexo)

Pintura no muro da escola


Brincando de entrar pela pintura
Desde o ano passado tínhamos uma visita agendada para a visita a Escola da Ponte que é uma instituição pública de educação básica. Já há muitos anos li sobre a  escola nos textos do querido Rubem Alves, mas não imaginava que teria a oportunidade de visitar a escola. 
Assim partimos cedinho para  a estação de comboio com um  frio intenso. Chegamos bem cedo e acompanhamos o movimento da entrada dos alunos.
As visitas são agendadas com antecedência pelo site da escola há o email de contato.
O maior desafio na escrita desde texto e na maneira de ver a escola da Ponte está na reflexão de Rubem Alves

"Gente de boa memória jamais entenderá aquela escola. Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. Não. Não é preciso que as coisas continuem a ser do jeito como sempre foram.



Vale dizer que a sala de "Consolidação" possui o nome de Rubem Alves, inclusive escrito na porta" e as demais salas homenageiam outros pensadores.

Prossigamos então  em nossa visita. =)

 A visita foi realizada em companhia de duas outras educadoras Aldeci e e Cristiana, ambas doutorandas  na Universidade do Minho. Faço o relato em meu nome e as vezes utilizo o plural por me lembrar que elas estavam comigo, mas as  opiniões do relato são minhas. Fomos recebidas por dois alunos que nos apresentaram a escola. Julio e Luiza  nos explicaram cada espaço e ações, mas tudo bem rapidinho, daí as fotos não foram  bem tiradas.

Logo de início os alunos nos apresentaram os Direitos e Deveres dos visitantes.Caso você queira mais informações deixarei a indicação de alguns links.


Parece que a vida da escola é divulgada nos murais

Em todas as salas há estantes com materiais disponíveis para que os alunos usem durante as aulas ou levem para casa como empréstimo.

Visitamos quatro salas que atendem aos alunos da educação básica, mas que recebem nomeações diferentes:Primeira vez, Iniciação, Consolidação e Aprofundamento. A turma da Primeira vez estava vazia no momento da visita, destina-se as crianças que estão chegando a escola e ficam durante o ano para adaptar e  conhecer o projeto da escola.

Em cada sala há  dois ou três professores orientadores da turma.



Alunos trabalham em  mesas e pequenos grupos. Durante a aula há uma música ambiente que  auxilia no controle do barulho ambiente.
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Todas as informações  e ações são postadas em murais pelos alunos e professores.

Conteúdos, registrados em forma de objetivos, são afixados nos murais de acordo com a área de conhecimento para que os alunos escolham o que vão estudar.

Os alunos fazem a autoavaliação de suas atividades diariamente.

A forma de organização da escola é muito interessante e nos desafia a quebrar paradigmas no ensino brasileiro e modificar nossa prática pedagógica. Há muitas coisas que vi que contribuirão na minha prática e que já me fazem pensar. É fato que já havia assistido ao programa de visita dos professores brasileiros a escola, promovido pelo Fantástico.Assim, nem tudo era surpresa para me causar o encantamento...

Em todo instante busquei observar algumas coisas que gosto muito na escola brasileira para ver como elas acontecem na Escola da Ponte. Lembrei-me da  Eseba ao ver estas placas indicativas feitas com apoio dos alunos.



Como a visita é muito rápida e não tivemos momentos com os professores, coisa que considero uma estratégia estranha, pois como educadora gostaria de dialogar com os professores livremente como fazemos no Brasil. Há uma abertura, indicada no painel de Direitos e Deveres do visitante" para se aguardar o período de aulas e se conversar com um orientador. Não me senti a vontade para isso, a visita parece padronizada e meio que "formal".

A proposta é de que os alunos sejam autônomos,assim eles elegem o que desejam estudar na quinzena  e diariamente retornam a esta seleção para eleger o estudo do dia.Tudo é registrado e compõe o portifólio individual.As atividades são corrigidas pelos professores e toda quarta feira eles tem acesso ao material corrigido.


Os alunos contam com o apoio uns dos outros e registram no mural "Preciso de ajuda" se precisam de ajuda para aprender algo ou se podem também ajudar ensinando o que aprenderam.


Assim que o aluno se sente preparado para a avaliação registra no mural " Já sei" que já domina o determinado conteúdo e o professor pode avaliá-lo.

Quando há algo que incomoda alguém pode se registrar no mura "Acho mal" e assim eles em assembléia podem dialogar sobre o escrito. Aliás, vale dizer que tudo é discutido em assembleias com a participação dos alunos, professores e pais. Diálogo é tudo!

Bem, estive atenta aos murais de literatura e não percebi uma divulgação grande. Há livros suspensos pelas salas que são indicações de um grupo de alunos responsáveis por essa área. Também há  estantes de livros para leitura em sala. Para se levar para casa o aluno registra no mural seu nome, data e título levado.

A arte na escola aparece nos trabalhos dos corredores e o Julio me disse que eles possuem aulas de música, drama e outar que ele não se lembrou. Não há uma sala de artes. Encontrei poucos materiais visíveis, inclusive por que nas normas os visitantes só podem ter acesso aos materiais dos murais.

O que me incomodou muito foi a ausência visível do Brincar na escola. Em momento algum vi brinquedos, nem foi nos dito que essa é uma proposta da escola. Havia uma pintura de um possível caracol para se pular, pintado no chão da área externa, mas está tão apagado que nem sei bem se era um.

A escola possui uma pequena quadra, mas nos disseram que fazem as aulas de educação física em outro espaço fora da escola .

Apenas a turma de aprofundamento (mais velhos) possui um laboratório para as experiências da turma, mas não tivemos acesso.

O refeitório e cozinha ficam juntinhos no mesmo espaço.Cheirinho bom de lanchinho durante a visita.


Enfim, as crianças que nos atenderam são muito eloquentes, explicam com clareza, conhecem a escola e sua estrutura e se mostraram comprometidas com o ensino, a escola e sua própria aprendizagem.

Mais questões sobre a escola é só  visitar  o site que possui inclusive um espaço de Perguntas Frequentes.
Este é o registro de impressões e leituras de uma educadora brasileira em espaço português sem o devido aprofundamento das questões e de um diálogo maior para tirar as dúvidas. Toda impressão e contato com o novo me perpassa e me constitui. Com certeza  a visita a Escola da Ponte me causou estranhamentos, desejos e desafios que contribuirão para a minha  prática docente.


Fico aqui refletindo sobre a inscrição no cartaz da escola....."Mude, mas comece devagar, porque a direção e mais importante que a velocidade"