A Vaporpunk é organizada por Gerson Lodi-Ribeiro (Brasil) e Luís Filipe Silva (Portugal). Deverá ter oito histórias, em sua maior parte noveletas, escritas por oito autores: cinco brasileiros mais três portugueses.
Os brasileiros: Carlos Orsi Martinho; Eric Novello; Flávio Medeiros; Gerson Lodi-Ribeiro; e Octavio Aragão.
Os portugueses: João Ventura; Jorge Candeias; e Luís Filipe Silva (Nota de Update: leia-se Yves Robert no lugar do coeditor Luís Felipe Silva).
Atendendo à proposta das guidelines, a maioria das histórias se passa no Brasil ou em Portugal.
Havia faltado ainda confirmar uma data para que os brasileiros e portugueses pudessem ler o material. O editor da Draco, Erick Santos, me confirmou que o livro vai mesmo ser lançado durante a próxima Fantasticon, o simpósio anual de literatura fantástica que acontece na capital paulista. Este ano, o evento está marcado para os dias 27, 28 e 29 de agosto, na Biblioteca Viriato Correa, rua Sena Madureira, 298, na Vila Mariana. Mais do que isso, ele me autorizou a dar uma amostra do que os leitores vão poder encontrar nas 312 páginas de Vaporpunk. Com vocês, o primeiro parágrafo de "O dia da besta", noveleta do escritor Eric Novello, que mistura ambientação steamer com uma temática de fantasia urbana:
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A mata densa e os ruídos noturnos alimentavam a imaginação dos soldados, já abalados pelo dia incomum. Há tempos os jardins não reuniam tantos homens de pernas bambas. Nenhum deles sabia ao certo o que a Guarda Imperial havia levado para o laboratório, e a maioria torcia para não ter que descobrir, rezando por um final de turno tranqüilo. As diversas histórias que corriam na cidade tinham em comum somente o teor de absurdo. Cada soldado, escravo ou comerciante mudava detalhes de modo a espelhar seus próprios temores. Estamos em guerra, uma guerra como nenhuma outra. Fomos atacados por criaturas de outro mundo, tão afastados que estamos da santa igreja. Só pode ser coisa da Argentina, uma nova tramóia daqueles invejosos. O que os bruxos uruguaios evocaram dessa vez? O medo exalava como o aroma das especiarias. O calor do alto verão não cedia há mais de um mês. Canelas, cravos e alecrins tão agradáveis separadamente enjoavam os homens já sem forças, o suor pingando-lhes da testa. A nota criativa dos pasquins de que os temperos disfarçavam o cheiro dos experimentos conduzidos no Centro de Pesquisa Pedro de Alcântara ganhara de repente uma estranha veracidade.