O fecho do Berna em 1991 e o que se previa viesse a acontecer … (doc pdf em https://sites.google.com/site/cidadanialxdocs/tesouros-do-bau-de-pedro-j)
13/04/2014
29/01/2014
Câmara está contra loja de produtos chineses no Londres
In Público (29.1.2014)
Por Inês Boaventura
«O vereador Manuel Salgado afirma que uma alteração de uso do espaço seria “uma perda cultural grave” para Lisboa
A Câmara de Lisboa considera que a alteração de uso do antigo Cinema Londres, na Avenida de Roma, seria “uma perda cultural grave” para a cidade e defende que o Governo não deve conceder ao proprietário a autorização necessária para que o espaço se transforme numa loja de produtos chineses.
A legislação em vigor estipula que a afectação de recintos de cinema a actividades de natureza diferente “carece de autorização do membro do Governo responsável pela área da cultura”. O Decreto-Lei n.º 227/06 define ainda que essa autorização deve ser recusada “quando o desaparecimento” da sala “se traduza numa perda cultural grave para a localidade ou região”.
O vereador do Urbanismo e da Reabilitação Urbana adianta ao PÚBLICO que a Câmara de Lisboa considera ser esse o caso do Londres. Manuel Salgado acrescenta que, em coerência com essa posição, é seu entender que o secretário de Estado da Cultura não deverá conceder a referida autorização, sem a qual os serviços municipais não poderão aprovar uma alteração de uso.
Segundo o assessor de imprensa de Jorge Barreto Xavier, até ao momento “não foi submetido qualquer pedido de afectação a actividade diversa e, por conseguinte, não existe uma avaliação prévia das condições de afectação ou de outras envolventes a ser apreciadas, sendo assim prematuro avançar qualquer elemento”.
O vereador frisa que as obras em curso no antigo cinema, com vista à sua transformação numa loja de produtos chineses, são interiores e não implicam a estrutura do imóvel, pelo que estão isentas de licenciamento municipal. Manuel Salgado diz, pois, que a Câmara de Lisboa não tem qualquer possibilidade de embargar os trabalhos, ao abrigo do Regime Jurídico de Urbanização e Edificação, como solicitou o Movimento de Comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro, Praça de Londres e Avenida de Roma. Ainda assim, o autarca afirma que seria “um absurdo” os proprietários do Londres levarem até ao fim as obras, dado que o espaço está sujeito a uma licença de utilização que apenas permite o seu funcionamento como cinema.
Manuel Salgado diz que ontem alertou o dono do Londres, através de um ofício, para os condicionalismos referidos. Um dos co-proprietários e representante dos outros cinco disse ao PÚBLICO que não tinha recebido qualquer informação da Câmara de Lisboa e acrescentou não ter conhecimento de que fosse necessária uma autorização do Governo para que o local deixasse de funcionar como cinema.
Se assim fosse, defende, “os proprietários teriam de se sujeitar e esperar que aparecesse alguém para o mesmo uso, possivelmente com uma renda ‘simbólica’ e em condições negociais altamente prejudiciais”. O que, alega, constituiria “uma grave e infundada limitação ao direito de propriedade e à livre disposição dos bens”.»
24/01/2014
Artigo Jornal de Negócios «Fecho de cinemas, o filme que não se quer ver», pedido de esclarecimento
Vimos pelo presente solicitar o vosso esclarecimento para o seguinte:
Há alguma razão especial para que o Cinema Odéon não conste do magnífico artigo intitulado «Fecho de cinemas, o filme que não se quer ver», da autoria de Alexandra Machado, publicado hoje e de que junto enviamos cópia?
É que, caso não saibam, trata-se de um cinema mais importante do que todos os outros mencionados nesse artigo, está em perigo e existe uma petição com perto de 11.000 assinaturas apelando à sua preservação, encontrando-se a mesma em discussão na A.R.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, António Branco Almeida e Miguel Oliveira
09/01/2014
O histórico Cinema Londres, em Lisboa, vai transformar-se numa loja de produtos chineses
In Público Online (8.1.2014)
Por Inês Boaventura
...
«instalações e os equipamentos estavam em estado de acentuada degradação», como assim???!!! Quando fechou, o cinema estava completamente operacional, desde as salas aos w.c. Isto não tem pés nem cabeça. Aliás, qualquer um dos funcionários do cinema pode comprovar que assim NÂO era.
20/12/2013
The show must go on!
Por Lauro António
10/12/2012
E já agora falem da vergonha chamada Odéon, a única relíquia que temos Déco, que ali está ... vergonha, CML, vergonha Igespar, vergonha donos, vergonha, lisboetas!
05/12/2011
Odéon, o princípio do fim?
A CML acaba de dar parecer positivo, por despacho do vereador MSalgado (29.11.2011), a um pedido de informação prévia dos proprietários com vista à transformação do Odéon em c.c. e estacionamento subterrâneo. Manter-se-ão a fachada e o tecto em madeira, em jeito de rebuçado. uma VERGONHA. Que fazer? Não sei. O que sei é que se ninguém se mexer, diremos adeus ao Odéon enquanto tal. Pessoalmente, é a desilusão completa, nas pessoas e nas instituições envolvidas.
27/12/2009
Cinemas clássicos são uma raridade
Ir ao cinema em Lisboa é, hoje, uma experiência radicalmente diferente do que há uns anos. São muitos os antigos cinemas que entretanto foram desactivados e muitos espaços encontram-se, inclusive, ao abandono.
Os antigos cinemas de Lisboa vivem actualmente três cenários distintos: uma ínfima parte continua em actividade, uns fecharam e viram o seu espaço reutilizado, e diversos outros encontram-se actualmente ao abandono, com situações urbanísticas indefinidas ou pendentes.
Londres, São Jorge, King e Monumental, com maiores ou menores alterações, são dos poucos espaços resistentes de outros tempos, sobrevivendo num tempo dominado pelos cinemas em grandes superfícies comerciais.
Para o crítico e divulgador de cinema João Lopes, o cinema enquanto "fenómeno de consumo mudou radicalmente" nos últimos anos, predominando actualmente um "público acidental", que consome a sétima arte "como uma variante do consumo dos grandes centros comerciais".
"As salas isoladas passaram a ser pouquíssimas porque cinema passou a ser concebido como uma variante do género de oferta comercial dos grandes espaços", frisou o crítico, distinguido este ano pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) pela sua actividade como divulgador de cinema.
O antigo Condes, que fechou em 1996, foi transformado em 2003 no Hard Rock Café, que alterou radicalmente o espaço da Avenida da Liberdade.
O Cinema Império, por seu turno, foi adquirido no começo dos anos 1990 pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
Já o Olympia, inaugurado em 1911, foi um espaço que viveu diferentes etapas: foi um local cultural por excelência, até que no pós-25 de Abril começou a projectar filmes pornográficos. Foi abandonado em 2001 e, em 2008, o encenador Filipe La Féria adquiriu o espaço, que será reconvertido num espaço teatral com sala de espectáculos e uma escola de artes cénicas.
No bairro de Campo de Ourique existem dois antigos cinemas que marcaram a vida cultural de Lisboa: o Cinema Europa e o Cinema Paris. No caso do Europa, têm sido diversos os intervenientes culturais da capital a defender a reactivação do espaço como palco para um conjunto de indústrias criativas.
O caso do Quarteto, o primeiro multiplex de Portugal, é diferente: o espaço foi encerrado no final de 2007 por falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios. Na ocasião, o fundador do Quarteto, Pedro Bandeira Freire, tentou superar as adversidades técnicas, mas em Março de 2008 o responsável do espaço - que viria a falecer um mês depois - fechou a cadeado as portas.
In JN
23/01/2009
NLC reabre Cinema Alvalade 25 anos após este ter encerrado
A reabertura de um cinema de rua é, para a empresa que explora as quatro salas, uma aposta ganha.
O Cinema City Classic Alvalade vai apostar na programação independente e alternativa dos cinemas de rua, afirmou Ana de Brito, directora de marketing da New Lineo Cinemas (NLC).
As quatro salas de cinema, que fazem parte do empreendimento de luxo Hollywood Residence, na Avenida de Roma, vão oferecer 'uma programação constituída, maioritariamente, na linha do cinema mais independente/alternativo, não descurando uma programação comercial obedecendo a critérios específicos'.
O edifício tem também um bar, aberto ao público das 07:30 às 24:00, encerrando às 03:00 às sextas-feiras e sábados.
A NLC, segundo adiantou Ana de Brito, conta ainda inaugurar um restaurante no mesmo espaço durante este ano.
De forma a rentabilizar as salas, a empresa irá organizar conferências, workshops, lançamentos de produtos, seminários e festas de empresas e particulares, entre outras iniciativas.
O cinema Classic Alvalade é o quinto da NLC, que detém também os cinemas City Beloura, (Sintra), City Leiria (Leiria), City Campo Pequeno (Lisboa) e o mais recente, City Alegro (Alfragide).
In Diário Digital
A abertura de mais cinemas de rua é uma possibilidade, sempre que 'desafios deste tipo se coloquem e a análise da sua viabilidade corresponda às exigências da empresa'.
'Acreditamos que os cinemas de rua são uma alternativa a quem procura fugir aos centros comerciais', referiu Ana de Brito.
Projectado pelo arquitecto Lima Franco, em 1945, o Cinema Alvalade foi inaugurado em 1953, tendo encerrado em 1985. O edifício foi demolido em 2003.
Numa das paredes principais do interior do cinema Alvalade estava um painel - uma alegoria à Sétima Arte - da pintora Estrela da Liberdade Alves de Faria, datado de 1953, que pode hoje voltar a ser apreciado no mesmo local.
26/05/2008
Pala do Café Império ao ar?
A curiosidade reside no 'sim' do IGESPAR, entidade que tem por missão garantir a preservação dos bens por si classificados, como é o caso do Império (cinema e café), classificado que está como Imóvel de Interesse Público. Primeiro diz não e depois diz sim, já que, segundo ele, a colocação da grelha enquadra-se no mais fino traço da criação de Cassiano, que é o que quer dizer: «a mesma segue uma linguagem compatível com a arquitectura do imóvel». Depois disto, que pode a CML fazer? Tudo, dizem alguns, poucos. Nada a não ser seguir-lhe as pegadas, dizem os outros. Vai a votação na próxima 4ªF.
11/04/2008
Ainda o Paris:
«Ao Fórum Cidadania Lisboa
Tendo tomado conhecimento com o vosso texto sobre o Paris Cinema da Rua Domingos Sequeira nº30, com o qual na generalidade concordo, quero apenas esclarecer o que não é muito claro no início do vosso texto.
Sendo neto do fundador do cinema, Victor Alves da Cunha Rosa, que o mandou edificar em 1930 como “cinema de estreia”, para substituir o antigo Cinema Paris situado no fim da Rua Ferreira Borges, já perto das Amoreiras, friso que já há muitos anos que ele não pertence à Sociedade Geral de Cinemas, ao contrário do que é dito no princípio do texto. Os últimos anos da sua propriedade pela Sociedade Geral de Cinemas foi muito complexa, pois tendo-o alugado à Lusomundo, como o v. texto menciona, esta empresa deixou-o ao abandono, a degradar-se, sem qualquer exibição de filmes durante anos, tendo a Sociedade que recorrer aos tribunais para voltar à sua “plena posse” e assim preparar a sua venda, o que foi concretizado. Variados anos após a sua venda a um privado que o manteve sempre fechado e em contínua degradação, foi o cinema posteriormente adquirido pela Câmara.
Era muito interessante o seu projecto inicial da autoria do Arquitecto Victor Manuel Piloto, com apoio no seu arranjo interior do Pintor Jorge de Sousa, de onde se salientavam as 4 peças escultóricas (baixos relevos) do Escultor Simões de Almeida (sobrinho) situadas no “foyer” do balcão. Pena que nos anos 50 tenha sido algo desvirtuado, em parte devido a obrigações regulamentares, tendo no entanto sido na sua sequência feita a encomenda da pintura mural na grande “sala de fumo”, igualmente do balcão, ao Pintor Paulo-Guilherme (d’Eça Leal). Creio que esta pintura ainda existirá.
É minha convicção que, a manter-se esse equipamento com espaço cultural da cidade, deverá ser restaurada conforme o projecto inicial a fachada principal e a sua área imediatamente anexa da entrada (piso térreo) e do “foyer” (piso superior), devendo a(s) sala(s) de espectáculos e restantes espaços ser alvo de um projecto integralmente novo, contemporâneo, convenientemente articulado com o projecto de Victor Piloto.
José Cunha Rosa Silva Carvalho»
Antigo Cinema Paris, de portas escancaradas e em perigo
Vimos ao contacto de V.Exa. para o alertar sobre o estado deplorável e perigoso em que se encontra o antigo Cinema Paris, à Estrela, que, não bastando ter sido abandonado anos a fio pelos seus sucessivos proprietários, ter sido ameçado de demolição e com promessa (incumprida) de compra pela CML de Santana Lopes (mais informação em http://cidadanialx.tripod.com/cinparis.html); e não bastando ter caído nas malhas da sindicância de que foi/está a ser alvo a CML; está hoje de portas escancaradas, com os painéis metálicos que a CML lá colocou, partidos, e, hoje mesmo refúgio de sem abrigo.
Uma lástima. Um perigo. Alguém faz alguma coisa, S.F.F.?
Na expectativa de uma resposta e de ajuda de V.Exa., subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Virgílio Marques e Júlio Amorim
31/03/2008
PARA NÃO ACABAR COM O CINEMA QUARTETO
João Lopes
Crítico
«Notícias das últimas semanas dão conta da situação agonizante a que chegou o cinema Quarteto. Primeiro, a Inspecção-Geral das Actividades Culturais considerou haver deficiências várias no complexo de quatro salas, incluindo a falta de saídas de emergência em número adequado; depois, a inexistência de verbas para garantir as medidas exigidas pela lei conduziu a um encerramento "por tempo indeterminado". Entretanto, os poderes públicos ponderam a hipótese de classificar o Quarteto como espaço de interesse cultural.
De facto, este é um drama anunciado há vários anos. Mais do que distribuir "culpas", importa reter a crueza da situação a que se chegou. É uma situação que decorre de uma viragem global da distribuição/exibição que, como é sabido, está longe de ser especificamente portuguesa. Assim, o triunfo dos multiplexes (de que, ironicamente, o Quarteto foi, a partir de 1975, sob a direcção de Pedro Bandeira Freire, um modelo pioneiro) transfigurou de modo muito significativo as leis do mercado. Com consequências globais conhecidas: massificação consumista em torno de um número reduzido de títulos (os poucos que gozam de campanhas gigantescas) e crescente marginalização das tendências "alternativas" do cinema (incluindo o americano).
Não está em causa o facto de os multiplexes exibirem muitos filmes admiráveis. Como não faz sentido escamotear que alguns desses multiplexes proporcionam sofisticadas condições de projecção. Está em causa, isso sim, um valor vital de qualquer mercado cinematográfico. Ou seja: a pluralidade da oferta, valor que, importa lembrar, está longe de ser apenas cultural, uma vez que depende de factores de natureza visceralmente económica.
Aliás, a história do Quarteto ensina-nos que nada disso é linear, nada disso pode ser reduzido aos maniqueísmos argumentativos que tudo reduzem a uma oposição entre "bom" e "mau" cinema, filmes "culturais" e filmes de "entretenimento". Afinal de contas, foi no Quarteto que se fez um dos mais espantosos sucessos do pós-25 de Abril com um filme tão "difícil" como A Religiosa (1966), de Jacques Rivette. Foi também no Quarteto que aconteceram coisas hoje em dia impensáveis como a estreia de All That Jazz (1979), de Bob Fosse, não apenas em exclusivo, mas... nas quatro salas!
O pior que poderia acontecer ao Quarteto seria que os decisores políticos o tratassem como um caso de nostalgia. Já basta de atitudes paternalistas que acabam por matar lentamente as salas de espectáculos, ao mesmo tempo que recusam lidar com a realidade, nua e crua, do mercado. Neste caso, importa ter em conta algo que decorre da mais básica lei da oferta e da procura: é vital que o chamado mercado cultural não seja "forçado" a submeter-se a lógicas que, em última instância, impedem os espectadores de aceder à diversidade da produção cinematográfica, seja ela contemporânea ou clássica (e é absurdo que essa diversidade se tenha tornado infinitamente maior na área específica do DVD). Mesmo com desequilíbrios e limitações, essa preocupação continua a ser essencial na oferta das grandes capitais da Europa. Por uma vez, não nos ficaria mal sermos europeus.»
25/03/2008
S.O.S. Cinemas de Lisboa/Carta aberta ao Sr. Ministro da Cultura
Como será do conhecimento de V.Exa. assiste-se hoje em Lisboa, e no resto do país, a um agudizar de uma crise que já vem longa: referimo-nos ao sucessivo fecho das salas de cinema independentes e ao estrangulamento do mercado de distribuição, naquilo que se afigura como um claro abuso de posição dominante; situação que, como V.Exa. reconhecerá, contraria o dispositivo normativo da União Europeia.
O estertor do Quarteto é disso prova evidente. A situação não é nova, como referimos, mas é cada vez mais insuportável.
Não somos contra contra as 'Majors', muito menos contra os filmes norte-americanos. Somos, apenas, e usando uma expressão de conhecido economista norte-americano, pelo direito a sermos free to choose, ou seja, achamos que não somos menos que os nossos vizinhos espanhóis, franceses ou alemães: queremos ter acesso às demais filmografias, em particular às europeias, que há 25-30 anos eram tão populares entre nós quanto a norte-americana, com públicos entusiastas e salas de cinema a condizer, em que o Quarteto, a sala estúdio do Cinema Império, ou, mais recentemente, os Cinemas King, desempenharam um papel fundamental na resistência à hegemonia do 'blockbuster'.
Por outro lado, em Portugal, em Lisboa, em particular, não há assim tantas salas de cinema de reconhecido valor arquitectónico ou histórico. Já não existem cinemas emblemáticas como o Eden (inexplicavelmente transformado em aparthotel) ou o Monumental (demolido a bel-prazer do poder autárquico da altura), ou salas de bairro (tão importantes para a vida de um bairro habitacional, como os mercados, as esquadras ou as igrejas) como o Alvalade, o Cine Royal ou o Paris. Apenas restam como sobreviventes, cada um à sua época, cada um com a sua estética e o seu inegável potencial: Capitólio, Odéon e São Jorge.
Cremos, por isso, necessária uma intervenção urgente, de quem de direito, nestas três salas, designadamente, garantindo a valência «cinema» ao Capitólio; uma programação adequada, ao São Jorge (porque não 'a' sala do cinema português?); e uma recuperação atenta e uma exploração bem estruturada, ao Odéon (porque não 'a' sala do circuito 'indie'?). Lisboa e o país precisam do Capitólio, do São Jorge e do Odéon.
Por outro lado, certamente que em sede de regulamentação da Lei do Património - cujo grupo de trabalho opera sob a tutela do Ministério da Cultura - será possível fazer alguma coisa para que, em caso de mudança de titularidade ou de cessação de actividade, seja respeitado o uso original destes espaços.
Além disso, os circuitos internacionais de festivais, cada vez mais frequentes, podem ser um elemento vital para a projecção internacional do nosso país, e nada melhor que termos salas adequadas a esses festivais. Salas que se situem na «espinha dorsal» de Lisboa, que é a Avenida da Liberdade. Ora, os três cinemas referidos encontram-se nesse eixo, onde existe habitação, hotéis, miradouros, elevadores históricos, teatros, palácios, igrejas e restauração.
Por favor, Senhor Ministro, ajude a resolver, de uma vez por todas, o problema do mercado de distribuição e exibição em Portugal, e ajude a capital deste país a ter de volta uma rede condigna e valiosa de salas de cinema.
Paulo Ferrero, Carlos Brandão, Fernando Jorge, Hugo Daniel de Oliveira, Jorge Silva Melo, José Carlos Mendes, Júlio Amorim, Maria Amorim Amorais, Mário Miguel, Miguel Atanásio Carvalho, Nuno Caiado e Virgílio Marques
24/03/2008
Só um novo investidor pode salvar Cinema Quarteto do fim
LUÍSA BOTINAS
«Pedro Bandeira Freire entregou definitivamente na semana passada as chaves do cinema Quarteto ao senhorio e, para o fundador do primeiro espaço multissalas de Lisboa, com esse gesto fecha-se também uma etapa da sua vida. Contudo, admite associar o seu nome um projecto que recupere o espírito original do espaço. "Isto se aparecer alguém que se chegue à frente..."
O cinema Quarteto que nasceu numa garagem da Rua Flores de Lima, na freguesia de Alvalade em 21 de Novembro de 1975, com "quatro salas, quatro filmes" ficou a escassos cinco anos de completar 35, quando a 16 de Novembro do ano passado o espaço foi coercivamente encerrado na sequência de uma vistoria da Inspecção-Geral das Actividades Culturais. Por não reunir todas as condições de segurança, nomeadamente, saídas de emergência em número suficiente, sistema de detecção de incêndios, revestimento de paredes e pavimento com materiais inflamáveis, o Quarteto teve de encerrar. Mas as necessárias obras para a reabertura não chegaram a acontecer.
"Estou cansado", disse ao DN Pedro Bandeira Freire, não escondendo o desalento de quem, durante anos lutou contra a corrente e que agora encara um desafio da mesma natureza como "um desperdício de energia". E explica porquê: "Hoje, da forma como está estruturada a nossa sociedade nunca faria o Quarteto. É tudo muito complicado. Telefonamos para os bancos e é tudo muito difícil..." Apesar dos pesares, Bandeira Freire ainda deixa escapar uma réstia de esperança. "Se surgir alguém interessado, que se chegue à frente com a intenção de renovar o espaço, capaz de recuperar o espírito original do Quarteto, exibindo filmes de cinematografias alternativas, diferentes das dominantes no mercado mais comercial, serei capaz de associar o meu nome a esse projecto. Mas tem de ser alguém com muita vontade de trabalhar", avisa. (...)»
Câmara pondera classificar salas do cinema Quarteto como espaço de interesse cultural
Ana Machado
«Primeiro multiplex português encerrou as portas definitivamente esta semana por falta de dinheiro para obras de melhoramento que levaram ao seu encerramento em Novembro
Ainda não há nenhum projecto concreto delineado, mas a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Rosália Vargas, disse ao PÚBLICO que a autarquia tem em cima da mesa a hipótese de classificar as salas do cinema Quarteto, o primeiro multiplex de Portugal, como espaço de interesse cultural. Na quarta-feira, o Quarteto fechou as portas definitivamente. Falta dinheiro aos actuais responsáveis para conseguirem cumprir com as melhorias que levaram ao fecho em Novembro passado.
Foi Pedro Bandeira Freire que o fundou em 1975 e foi também ele que, na passada quarta-feira, fechou a cadeado as portas do Quarteto. O espaço, composto por quatro salas, estava encerrado já desde 16 de Novembro do ano passado, altura em que a Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) ordenou o encerramento por falta de saídas de emergência em número adequado, falta de um sistema de detecção de incêndio, pela presença de materiais inflamáveis que tinham de ser substituídos, e ainda pela ausência de acesso para deficientes, entre outras causas apontadas na altura.
A Associação Cine-Cultural da Amadora, a quem o espaço estava subalugado desde 2000, ainda se dispôs a fazer as alterações necessárias para que o espaço pudesse voltar a abrir. Mas até hoje as condições impostas pela IGAC continuaram sem estar reunidas, ao mesmo tempo que a falta de verba para cumprir com todas as exigências legais, e que foram protelando a situação até agora, acabaram por conduzir ao encerramento definitivo.
"Não tenho dinheiro para reabrir e também o meu entusiasmo para lutar por um cinema marginal, que não é visto, também já não está disponível", desabafou Pedro Bandeira Freire, que se refere ao Quarteto como "um símbolo da cidade de Lisboa".
Excesso de burocracia
"Eu fiz o Quarteto no tempo da outra senhora. Hoje não conseguiria. É tudo muito burocrático. Peço uma audiência e ninguém tem tempo para me receber. No passado falava com qualquer director no próprio dia. Até com o Secretariado Nacional de Informação. Nem no tempo do salazarismo isto era tão difícil. Hoje está tudo em reuniões, não se chega a lado nenhum."
A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Rosália Vargas, foi uma das responsáveis a que Pedro Bandeira Freire recorreu. Foi recebido, junto com representantes da Junta de Freguesia de Alvalade, que quiseram ajudar: "Estavam indignados. Achavam que aquele espaço não podia fechar." Lá foram todos à audiência. "Mas não mostraram vontade de o recuperar. Também não tenho a lata de pedir a uma Câmara Municipal em má situação financeira 80 mil contos [400 mil euros] para voltar a abrir o Quarteto."
Ao PÚBLICO, a vereadora Rosália Vargas disse que a Câmara de Lisboa não tem dinheiro para comprar o Quarteto: "E nem sei se a família proprietária o queria vender. Também o frequentei. Era como um clube de cinema. Sou sensível a este assunto e é uma pena se se perder o Quarteto. A Câmara de Lisboa gostaria de o preservar, ou pelo menos preservar a sua memória. O que podemos tentar fazer é classificar o espaço como de interesse cultural da cidade, impedindo que se altere o fim para que foi criado. Estamos a ponderar essa hipótese. Mas ainda não estabelecemos negociações."
"Fizeram-se aqui casamentos. Isto diz muito a uma geração. Foi um centro cultural muito importante. As entidades culturais deviam preocupar-se. Em todo o lado do mundo um espaço destes seria preservado. Há até ingratidão para com o Quarteto", diz Pedro Bandeira Freire sobre o espaço que trouxe para Portugal os primeiros filmes de Martin Scorsese, Jacques Rivette ou Jean-Luc Godard.»
O problema do Quarteto está a montante, ou seja, deriva do mercado de distribuição completamente distorcido, inclusive, com claro abuso de posição dominante, que se reflecte no mercado de exibição, a começar, claro está, pelas salas emblemáticas de bairro ... acresce que no caso do Quarteto, o mesmo passou das mãos sábias, mas cansadas, de Bandeira Freire para várias outras, sem estaleca, conhecimentos ou projecto. Acresce, ainda, que a IGAC não veio ajudar, antes pelo contrário, exigindo o cumprimento de regras, claramente violadas por outras salas, e, que o Quarteto não possui desde que abriu. Ou seja, salvo provas em contrário, a ordem de encerramento por incumprimento de normas 'comunitárias' terá resultado de denúncia (?). O problema do Quarteto não se resolve com classificação pela CML, mas poderá ajudar ... vamos aguardar.
08/12/2007
Animatógrafo do Rossio: 100 anos!
"Fundado em 8 de Dezembro de 1907, pelos irmãos Ernesto Cardoso Correia e Joaquim Cardoso Correia, que fundaram a firma Correia & Correia, oferecia uma lotação de mais de cem lugares e situava-se na Rua dos Sapateiros, nº 229, junto ao Arco Bandeira.A sua fachada é uma das mais características de Lisboa, sendo para a época, um dos raros exemplos do estilo "Arte Nova"; os relevos exteriores são executados em madeira esculpida e os azulejos (datados de 1907 e assinados por M. Queriol), que se encontram entre as portas e a bilheteira, são ornamentados com duas figuras femininas, com cabelos entrelaçados e segurando entre as mãos dois caules de plantas, rematadas por lâmpadas.Embora criado para a exibição cinematográfica, pela sua sala passou também um teatro muito especial – uma companhia de Teatro Infantil. Após algumas épocas teatrais, regressa novamente à exploração cinematográfica, actividade que vai manter até à abertura de uma sex shop, actividade que ainda hoje mantém." (in http://revelarlx.cm-lisboa.pt/)
Fotos: Artur Goulart, 1961, Arquivo Fotográfico Municipal
29/11/2007
Cinema Quarteto poderá reabrir em Dezembro após nova vistoria da IGAC
«O cinema Quarteto, em Lisboa, deverá poder reabrir a partir de mea-
dos de Dezembro, após obras exigidas pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), disse ontem o seu responsável, Carlos Pagará.
Em declarações à Lusa, Carlos Pagará, da Associação Cine-Cultural da Amadora afirmou que as obras exigidas pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), que encerrou o Quarteto no dia 16 por falta de condições de segurança, estão "a fazer-se, mas ainda não vão estar prontas até ao fim do mês", o prazo inicialmente apontado pelos responsáveis pelo cinema.
Carlos Pagará disse que as obras, no valor de "cerca de 30 mil euros", visam "tirar os materiais de revestimento das paredes e do chão, colocar novos materiais, instalar um sistema de detecção de incêndios e completar a iluminação de emergência" e deverão estar concluídas "a meio do mês que vem".
Concluídas as obras, os responsáveis do Quarteto vão pedir "de imediato" uma nova vistoria da IGAC, esperando abrir "logo a seguir, ainda este ano". "A IGAC disse que seriam rápidos, mas não sabemos se serão ou se estão a atirar-nos areia para os olhos", afirmou Carlos Pagará.
Em declarações anteriores à Lusa quando o cinema foi encerrado, Carlos Pagará afirmou duvidar que a inspecção autorizasse a reabertura, acusando a IGAC de "má-fé" e alegando que a falta de acessos para deficientes também apontada na vistoria é comum "em muitos outros cinemas" que não são encerrados.
Entretanto, o Quarteto acumula prejuízo "diariamente" com despesas de manutenção e pessoal, afirmou. Instalado numa rua paralela à Avenida dos Estados Unidos da América, o cinema foi criado há 32 ano e explorado pela empresa Castello-Lopes até 2006.
A vistoria da Inspecção-Geral das Actividades Culturais apontou falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios, reposteiros de material altamente inflamável a tapar caminhos de evacuação e revestimentos de paredes e tectos em material também muito inflamável. Lusa»
Uma boa notícia, a confirmar-se. De qualquer modo, mais valia ao MC que estivesse antes atento ao continuado abuso de posição dominante que se verifica no mercado de distribuição e exibição, condicionando vergonhosamente os filmes que o público vê, com repercussões claras a nível das salas de cinema. Tema vasto, portanto.
18/11/2007
Ainda as salas de cinema
16/11/2007
Cinema Quarteto
O cinema Quarteto, em Lisboa, foi hoje encerrado por falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios.
Consulte a página RTP para notícia completa.