NORMA de L. GUIMARÃES RIBEIRO FRANCISCO F. de ARAÚJO
SALVE, NATUREZA ! A ARMA DO POETA
Não há nada de em vão na natureza, Com fome, não falo;
em tudo há uma finalidade, no canto, me calo;
mesmo o universo é prova de equilíbrio, se culta, me embalo;
que o Grande Deus legou à humanidade. se injusta, me entalo...
O " homo sapiens " insiste em destrui-la, Nas mãos do poeta,
ao derribar-lhe as árvores e flores, delícia de meta,
herdam seus filhos e a posteridade a mira da seta
um deserto de árduos dissabores. no amor se projeta...
Deixai gorjear os pássaros nas matas, A minha centelha,
a água pura correr no rio, sem fim, às vezes vermelha,
não se emudeça o canto das cascatas, no branco se espelha
nem se destruam flores no jardim; se enrola, se esguelha...
que a natureza é sábia e bem castiga, De prata ou de ferro,
aquilo que é contrário à Criação, condeno ou libero,
pois vai vingar-se do homem que a fustiga, percebendo que erro
nessa ânsia de vil destruição. eu mesma cancelo...
É necessário ao homem preservar, Embora pequena,
com carinhoso afeto e sutileza não saio de cena,
e aprender com os pássaros a amar às vezes amena;
as dádivas e os dons da natureza ! se rude, que PENA !