Está no Teatro da Politécnica, e recomendo, muito!
Mostrar mensagens com a etiqueta teatro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta teatro. Mostrar todas as mensagens
quarta-feira, março 04, 2020
quinta-feira, setembro 12, 2019
No processo de luta contra mais um disparate ambiental, o aeroportozinho do Montijo+ alargamento da Portela elaborámos uma peça de teatro que deveria ter sido hoje brincada na Barraca.
Por motivos vários não foi, mas aqui a trago!
Por motivos vários não foi, mas aqui a trago!
Uma teatrada
A
(uma ecologista)-O governo português e a Vinci pretendem avançar com a expansão
da Portela e a construção de um novo aeroporto no Montijo.
B
(Da Vinci)-Minha cara amiga (enfatuado) aí está uma excelente iniciativa de um
excelente governo. (conta pataco)
A-
Mas em Londres, em 2014, o Governo britânico abandonou a ideia de construir um
novo aeroporto numa zona de estuário, por representar um risco desproporcionado
para os passageiros aéreos e ser difícil de compaginar com as normas europeias
de conservação da natureza.
B-Ora,
ora, essa malta, o Brexit já lhes dá a volta, essas regras europeias são uma
ofensa à soberania nacional, e estuários.... o minha amiga antigamente até se
aterrava neles....
A-
Mas na zona do Montijo, foram detectados, num só ano, três milhões de voos de
aves no corredor de aproximação à pista norte, tornando clara a inevitabilidade
de corvos-marinhos, cegonhas, flamingos ou gaivotas provocarem um acidente
grave
B-Um
acidente grave? Mas a menina acha que somos irresponsáveis? E acha que esses
passarocos podem, alguma vez provocar um acidente? Se for preciso usamos um
canhão e até comemos flamingo de fricassé. Está convidada pra jantar (e
crava-lhe o olhar nos peitos!)
A-(Começa
a reagir.)... o senhor está a brincar certo?
B- Olhe
que não, olhe que não....
A-
Então se senhor o dono do projecto tem que compensar a perda de vastas áreas de
alimentação utilizadas por aves aquáticas migradoras e pertencentes à rede
natura 2000, com a reabilitação de áreas que já estão protegidas por lei e que
já estão incluídas na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, que
negócio é este? Vai proteger o que já
está protegido? Porquê?
B-Oh,
oh, oh, essa é uma malandrice dos nossos amigos, (enfatiza) nossos amigos do
governo. Eu próprio não percebo o que eles querem, já lhes demos bastante (esfrega os dedos), mas isso são questões de... roda o pé
A-Mas
senhor Da Vinci (aqui já zangada desabafa) que saudades do
verdadeiro....porque razão temos que ter este aeroporto, ou melhor este
aeródromo uma vez que tomando como certas as previsões em que se baseiam os senhores
Vincis, o número de movimentos aéreos previstos para 2032 para o conjunto
Portela+Montijo seria igual ao que se observa hoje no aeroporto de Gatwick, em
Londres, que tem apenas uma pista.
B-(Falando
para si) estes tótos ainda me licham o guito. Isso é so fumaça, vai haver muitos, muitos maohor este aerodromogos)
do governo. Eu pró fumaça, vai haver muitos, muitos mais voos, aliás
também teremos que alargar (desabafo- e aí safei-me destes melros,eh,eh,eh) e
muito a Portela, então não sabe que a expansão económica é real, (ataque de
tosse) e o que queremos é mais muito mais turistas, todos, ainda bem que temos
o apoio do governo.....
A-Mas
com as alterações climáticas o senhor acha que podemos continuar a aumentar a
entropia, a multiplicar as emissões de CO2, a degradar os sistemas vivos?
E
não acha que seria mais económico defender outros sistemas de transportes,
ligações ferroviárias de qualidade de bitola europeia, pensar bem e desenvolver
um sistema aeroportuário de raiz e em rede, que evitasse a poluição sonora e de
micropartículas em área urbana?
B-(comentário)
Esta está a tornar-se difícil (coloca um monte de notas a jeito da rapariga)
Pois só faltava mais essa, nem os presidentes do Estados Unidos, do Brasil, e
se calhar nem o da India e China acreditam nessas coisas, temos é que
desenvolvermo-nos, logo encontraremos solução para esses problemas se os houver
. Mais, muito mais economia é que é preciso, (empurra o maço de notas....pensando
que a ecologista é da Quercus)
Finalmente....
Nesta
nossa brincadeira quisemos mostrar que a brincar podemos levar a carta a
Garcia.
É
desnecessário este novo aeroporto, temos que pensar no fim da Portela, temos
que alterar os dados meramente financeiros deste projecto, insensato
economicamente, errado ambientalmente, arriscado em termos da saúde pelo ruído
inacreditável, pelos poluentes presentes e também e esse é um problema bicudo,
porque as aves, as milhares de aves, dezenas de milhar poderão provocar algum
acidente, até com o dito.
Para
tal temos que cumprir a legislação, que obriga o Estado português de defesa da
natureza, de observâncias pelas regras que obrigam as actividades
aeroportuárias, e os imperativos e directivas europeias.
Temos
que parar e estudar, voltar a estudar ou retomar estudos. Sabemos que há muito
que o Montijo foi afastado em estudos rigorosos, como o foi o aeroporto quase
decidido entre duas serras, numa zona palustre e cheia de águas subterrâneas; a
Ota foi afastada!
é
preciso pensar o transporte aéreo em articulação com a ferrovia e sobretudo com
a redução necessário do número de voos e taxação à aviação, com vista a cumprir
os acordos de Paris sobre o clima, e estudar as várias alternativas, como exige
uma avaliação ambiental estratégica.
Esperemos
que se não houver dirigíveis que haja pelo menos quem nos dirija com bom senso.
Nós aqui estamos.
Etiquetas:
Barraca,
Brincando aos aeroportos,
teatro
terça-feira, dezembro 04, 2018
segunda-feira, setembro 10, 2018
Teatro
por todo o lado...
Com um recado para o Teatro da Rainha
É uma das notáveis obras de Ibsen, que parece
escrita nos nossos dias, e até retrata um pouco a actual situação termal em
Caldas “Un Enemigo del Pueblo (Ágora)”, no caso da obra de Ibsen, com esta
versão adaptada à democracia.. o tema é um balneário, termas contaminado e as
formas como os “gestores” da comunidade silenciam o médico que quer corrigir a
situação, reabilitar e recuperar o mesmo, e em nome do vil metal e dos
interesses financeiros descrdibilizam o médico, manipulam, como com um twit, as
massas e mantém a porcaria, o que vai destruir o futuro.
Está em cena no simpático teatro Pavón Kamikase
(na Latina), com uma inspirada encenação e 5 excelentes actores, numa peça que
interage com o público, houve 3 votações e discussão connosco no final, com a
sala (300 lugares) abarrotada.
Mas aproveitei estes dias em Madrid, além da
reunião que menciono noutro texto, também, para comprar livros (7) e visitar
exposições, a da antiga Fábrica do Tabaco, espaço fabuloso é... espantosa, em
castelhano para os entendidos... e para outro momento sublime:
Está em exibição no estupendo Teatros del
Canal, uma peça de três horas, em três tempos que recordarei para sempre, de
“Lehmam Trilogy”, que nos conta a história dos ditos irmãos desde a sua chegada
à América até, após a morte do último descendente, à compra dessa empresa por
outros agiotas e ao colapso, da parasitagem.
É um espectáculo do outro mundo, 5 actores
interpretam cerca de duzentas personagens, numa sequência cheia de movimento,
músicas fabulosas e muita emoção. No final ainda tive o privilégio (com as mais
de 500 pessoas que enchiam o teatro) de termos mais de uma hora de dialogo com
este naipe de actores, músicos, agitadores.
O teatro é, também, a vida. Continuemos o
teatro.
Etiquetas:
livros,
Madrid,
teatro,
Teatro da Rainha,
teatro nacional
domingo, setembro 09, 2018
Estive 5 dias em Madrid, terei muito para contar. Fui ver alguns locais e duas peças de teatro de altíssima qualidade.
Hoje venho aqui trazer esta:
publicarei um artigo sobre ele mas não quero deixar de referir, não percam!
https://elpais.com/cultura/2018/09/06/babelia/1536250441_659777.html
e no final tive o privilégio de assistir a uma conversa com os fabulosos actores, músicos, faz tudo, depois de 3 horas de sessão!"
Hoje venho aqui trazer esta:
publicarei um artigo sobre ele mas não quero deixar de referir, não percam!
https://elpais.com/cultura/2018/09/06/babelia/1536250441_659777.html
e no final tive o privilégio de assistir a uma conversa com os fabulosos actores, músicos, faz tudo, depois de 3 horas de sessão!"
quarta-feira, fevereiro 15, 2017
Por vezes passam-nos despercebidos eventos importantes ou até da maior relevância para a nossa formação cívica e intelectual. Leituras, obras de arte várias, cinema e teatro, ballet (o programa do teatro Camões!), música e tertúlias várias.
Já aqui, por várias vezes, tenho chamado a atenção para o Teatro da Rainha, que ás portas de Lisboa, e agora novamente em Caldas, nos presenteia com peças fantásticas e do melhor teatro para reflectirmos sobre nós, o que somos, de onde vimos e para onde vamos.
Amanhã lá estarei, na estreia de mais uma, que antecipo notável peça e exibição do, no teatro da Rainha.
os textos, sempre actuais, e ainda mais nos dias de brasa que vamos vivendo, de Bertolt Brecht, e a adaptação e integração destes nas personagens, desde já me deixam com pele de aranha.
Até 11 de Março, vale certamente, uma visita a Caldas!
Já aqui, por várias vezes, tenho chamado a atenção para o Teatro da Rainha, que ás portas de Lisboa, e agora novamente em Caldas, nos presenteia com peças fantásticas e do melhor teatro para reflectirmos sobre nós, o que somos, de onde vimos e para onde vamos.
Amanhã lá estarei, na estreia de mais uma, que antecipo notável peça e exibição do, no teatro da Rainha.
os textos, sempre actuais, e ainda mais nos dias de brasa que vamos vivendo, de Bertolt Brecht, e a adaptação e integração destes nas personagens, desde já me deixam com pele de aranha.
Até 11 de Março, vale certamente, uma visita a Caldas!
sábado, janeiro 21, 2017
Já estão esgotadas as duas últimas sessões, mas se for persistente ainda poderá arranjar bilhetes...
para estas excelentes representações no Teatro D. Maria II da peça de Karl Kraus #Os Últimos Dias da Humanidade#, pelo Teatro Nacional São João.
Hoje vi uma das peças do tríptico "Esta Grande Época".
Um espectáculo de grande gabarito, sendo que embora o texto tenha ganho algumas incongruências com o tempo, se enfia que nem chapéu à medida aos perigosos tempos actuais.
Boas e muito boas interpretações, e um cenário adequado. Excelente o livro/ programa que se recebe com os bilhetes!
Aqui uma foto, que julgo da peça de hoje:
para dar cor.
Tem estado cheio segundo a informação que me deram.
O povo não gosta só de pão e televisão!
P. Scriptum
Hoje, também no Público, vem um excelente artigo de Francisco Louça, em baixo, sobre a peça que referi e também outra, que tentarei não perder.
Aproveito para saudar o Francisco, com quem tive calorosas divergências que mantemos, e também saudadas convergências que se frutificam, e que é uma das cabeças que nos orgulham.
Carregar para aumentar!
para estas excelentes representações no Teatro D. Maria II da peça de Karl Kraus #Os Últimos Dias da Humanidade#, pelo Teatro Nacional São João.
Hoje vi uma das peças do tríptico "Esta Grande Época".
Um espectáculo de grande gabarito, sendo que embora o texto tenha ganho algumas incongruências com o tempo, se enfia que nem chapéu à medida aos perigosos tempos actuais.
Boas e muito boas interpretações, e um cenário adequado. Excelente o livro/ programa que se recebe com os bilhetes!
Aqui uma foto, que julgo da peça de hoje:
para dar cor.
Tem estado cheio segundo a informação que me deram.
O povo não gosta só de pão e televisão!
P. Scriptum
Hoje, também no Público, vem um excelente artigo de Francisco Louça, em baixo, sobre a peça que referi e também outra, que tentarei não perder.
Aproveito para saudar o Francisco, com quem tive calorosas divergências que mantemos, e também saudadas convergências que se frutificam, e que é uma das cabeças que nos orgulham.
Carregar para aumentar!
Etiquetas:
Humanidade,
teatro,
Teatro Nacional D.Maria II
terça-feira, novembro 29, 2016
No dia que cheguei fui ver duas fantásticas exposições no Prado, de Clara Peeters e sobre Meta- Painting, uma evolução pela ideia de arte, além de ter dado uma volta pelos meus clássicos...noutro blog tenho imagens...
e fui ver se haveria bilhetes para a peça " La Cocina" no Valle-Inclan, referenciado nesse dia no El Pais.
Já estava esgotado, a sala de 350 lugares esgota todos os dias...
Por artes mágicas arranjaram-me um bilhete, na 1ª fila!
Tenho que dizer que foi uma das melhores, talvez mesmo a melhor peça da minha vida.
Cenários fantásticos, e durante duas horas e meia, a actividade frenética de uma cozinha " industrial", por cerca de 30 actores de alta qualidade, sem uma quebra, com uma trama apropriada para os nossos tempos, o interculturalismo e o relacionamento social.
Fantástico!
e fui ver se haveria bilhetes para a peça " La Cocina" no Valle-Inclan, referenciado nesse dia no El Pais.
Já estava esgotado, a sala de 350 lugares esgota todos os dias...
Por artes mágicas arranjaram-me um bilhete, na 1ª fila!
Tenho que dizer que foi uma das melhores, talvez mesmo a melhor peça da minha vida.
Cenários fantásticos, e durante duas horas e meia, a actividade frenética de uma cozinha " industrial", por cerca de 30 actores de alta qualidade, sem uma quebra, com uma trama apropriada para os nossos tempos, o interculturalismo e o relacionamento social.
Fantástico!
Etiquetas:
La Cocina,
Madrid,
teatro,
teatro Valle-Inclan
sexta-feira, outubro 21, 2016
Aconcelho quem poder, ou hoje ou amanhã, uma ida a Caldas, assistir a um excelente, mas excelente mesmo, espectáculo de um dos nossos melhores grupos de teatro:
http://www.teatro-da-rainha.com/
Estive lá ontem e saí deslumbrado, com os textos, a qualidade da interpretação, a sobriedade dos cenários a excelente direcção e organização da peça.
Se poderem, não percam. E uma volta pelo Oeste é sempre de proveito cheio.
E se voltarem a Lisboa não percam esta caminhada em Cascais no Domingo:
O Carlos, posso garantir-vos é um dos caminhantes que fazem caminho. Encontrar-me-ie com ele na suficiência, com um abraço.
http://www.teatro-da-rainha.com/
Estive lá ontem e saí deslumbrado, com os textos, a qualidade da interpretação, a sobriedade dos cenários a excelente direcção e organização da peça.
Se poderem, não percam. E uma volta pelo Oeste é sempre de proveito cheio.
E se voltarem a Lisboa não percam esta caminhada em Cascais no Domingo:
O Carlos, posso garantir-vos é um dos caminhantes que fazem caminho. Encontrar-me-ie com ele na suficiência, com um abraço.
quinta-feira, setembro 10, 2015
Era para ter ido ontem, mas fiquei, como ouvi hoje na rádio e em vários cafés, a ver uma "coisa" muito triste...na T.V., mas hoje não falhei e venho aqui recomendar com o maior entusiasmo.
Não percam, é um espectáculo notável, que nos deixa para traz as tristezas, todas, todas mesmo.
Boas intérpretes e músicos, vozes agradáveis, uma boa encenação e montagem global da cena.
Á saída um Chiado cheio de loucas e desvairadas gentes também deu alma a quem esta já vai fugindo...
Não percam, é um espectáculo notável, que nos deixa para traz as tristezas, todas, todas mesmo.
Boas intérpretes e músicos, vozes agradáveis, uma boa encenação e montagem global da cena.
Á saída um Chiado cheio de loucas e desvairadas gentes também deu alma a quem esta já vai fugindo...
segunda-feira, julho 14, 2014
Estive hoje a ver um documentário sobre As Comédias do Minho:
e tenho que dizer que fiquei impressionado.
É o teatro/verdade, com imersão no/do povo, articulação das peças com o real e o imaginado desse real.
O Documentário, penso que não é este que vai passar neste ciclo que recomendo, Contra_Bando, é realizado por Olga Ramos e é um momento. Mostra a estruturação e a lógica de intervenção/acção do grupo, o relacionamento com as comunidades locais e também a construção do/dos actores.
Irei ver, assim não haja trabalho, o Uivo, e tenho que referir que colaboro com uma empresa que no âmbito da sua responsabilidade social financia este projecto.
Empreendimentos Eólicos Vento Minho:http://www.eevm.pt/
O site é excepcional, também!
e tenho que dizer que fiquei impressionado.
É o teatro/verdade, com imersão no/do povo, articulação das peças com o real e o imaginado desse real.
O Documentário, penso que não é este que vai passar neste ciclo que recomendo, Contra_Bando, é realizado por Olga Ramos e é um momento. Mostra a estruturação e a lógica de intervenção/acção do grupo, o relacionamento com as comunidades locais e também a construção do/dos actores.
Irei ver, assim não haja trabalho, o Uivo, e tenho que referir que colaboro com uma empresa que no âmbito da sua responsabilidade social financia este projecto.
Empreendimentos Eólicos Vento Minho:http://www.eevm.pt/
O site é excepcional, também!
quarta-feira, outubro 19, 2011
Teatro da Politécnica. Amarelo, preto e de todas as artes
In I Online (19/10/2011)
Por Maria Catarina Nunes
«Desfalcados, exaustos, mas orgulhosos. Podia ser um grito de guerra, próprio dos tempos que correm, mas os termos são de Jorge Silva Melo, fundador e director artístico dos Artistas Unidos, que hoje inauguram uma casa nova, no Teatro da Politécnica, junto ao Jardim Botânico de Lisboa. Será a casa da companhia nos próximos três anos, nos termos de um contrato renovável com a reitoria da Universidade de Lisboa
A entrada é feita pelos portões do Museu de História Natural ou do Jardim Botânico. Entre as árvores, por detrás do edifício que agora está pintado de amarelo forte, está um escritório ao ar livre – uma mesa, cadeiras e computador – onde Jorge Silva Melo responde a e-mails e trata das papeladas próprias antes da abertura do novo espaço. “Nada mau, hã?”, recebe-nos de sorrisos e boa disposição, olhos no seu recanto de trabalho.
Dentro do edifício, o espaço é amplo: à esquerda, a bilheteira, que está a ser montada quando chegamos. Além dos ingressos, o pequeno balcão vai armazenar livros e DVD para vender. Ao fundo, atrás da bilheteira, a sala de grandes janelões de vidro que vai ser palco de algumas peças, mas hoje veste outra das roupas para a qual foi pensada: a exposição de Ângelo Sousa (entrada livre) também inaugura o espaço. Quadros de fundo brancos e pinceladas de cores sobre as paredes pretas; esculturas metálicas no chão, também negro. É do lado de lá desta sala, na rua, que Jorge Silva Melo montou o escritório (itinerante). “A instalação foi, e ainda está a ser, muito dolorosa. Houve alguns erros técnicos e falta de conversa, além de uma espécie de demissão da Direcção Geral das Artes, que apesar de anunciar esta abertura em quase tudo o que faz, não a mostra no seu site.”, diz Jorge Silva Melo. As obras de adaptação do edifício e o equipamento custaram 140 mil euros e a companhia contou com apoios da Câmara Municipal de Lisboa, da Fundação Calouste Gulbenkian e do extinto Ministério da Cultura, actual Secretaria Estado da Cultura. A Reitoria da Universidade de Lisboa encarregou-se da reabilitação estrutural do edifício.
Dentro dos tais “erros técnicos”, está a concepção da primeira bancada do teatro – recorda-se da entrada, onde fica a bilheteira? Para entrar na sala de teatro principal, com 80 lugares de assentos vermelhos, basta virar à direita. Enquanto conversávamos com Jorge Silva Melo, e como é natural nestas andanças de novos costumes, chegava a vistoria ao Teatro da Politécnica, que inspeccionou também a tal bancada da sala principal: “A equipa tem estado a trabalhar das 8h às 01h para ter as coisas prontas”. Enquanto lá estávamos, a inspecção olhou de lado, de frente e provavelmente por baixo dos assentos e, apesar de uns acertos de última hora, parecia estar tudo encaminhado – e seguro – para a estreia de hoje à noite.
Números: O director artístico está satisfeito com a abertura do espaço. Mas apesar de sublinhar o estímulo que sente ao poder abrir um teatro num momento pouco dados a estes acontecimentos, revela estar preocupado com o futuro imediato: “O Ministério [da Cultura, extinto] prometeu comprar material, mas isso ainda não se realizou e temos comprado com os nossos ordenados. E também sabemos que não vamos fazer mais convites: se por cada um que faço tenho de pagar 23% do IVA, por amor de Deus, não me peçam convites que me sai caríssimo!”
Apesar de todas as preocupações que lhe possam rondar a cabeça, Jorge Silva Melo solta as palavras como o faz com o riso. Sem largar os sorrisos da mão, tanto fala sobre o bom que é haver muita oferta cultural como salta para o medo que pode sentir volta e meia:“Tenho receio que os espectadores, neste momento, só encontrem as respostas às ambições culturais nas grandes instituições. Quando vou ao Teatro S. Luiz ou ao Nacional, as salas estão cheias. Mas há muitos que antigamente tinham muita gente e hoje não vejo quase ninguém”. A preocupação de Silva Melo é mais marcada, quando se recorda que pode haver “um cansaço da curiosidade”. O que quer dizer que os espectadores podem preferir sair de casa sabendo aquilo que vão encontrar, “confortavelmente sentados, vendo um espectáculo de qualidade ou não, mas compreensível e esperado. Sentem-se confortáveis com essa saída à noite”.
De uma forma ou de outra, o Teatro da Politécnica arrisca. Além das peças, exposições e livros, os Artistas Unidos querem promover conversas com a plateia:“No outro dia falava com a Paula Rego e dizia-lhe que não teria sido mal pensado chamar A Casa das Conversas a este teatro. Porque um teatro é isso: uma casa onde se pode conversar”. É por isso que depois das peças haverá conversas e encontros entre actores, encenador e público no Teatro da Rua da Escola Politécnica. “O que eu queria muito é que isto fosse não a casa dos Artistas Unidos, mas a casa dos espectadores dos Artistas Unidos”.
Por agora, a companhia pode estar desfalcada (“muitos dos apoios financeiros prometidos não chegaram”), exausta (“a batalha para conseguir o espaço foi longa”) e orgulhosa (“por conseguirmos um sítio tão bonito, tão próximo da vida de tanta gente e ao mesmo tempo tão recatado”). E talvez se não fossem tantas as estrangeiras, de idade avançada, a parar volta e meia na secretária ao ar livre do encenador, querendo saber “where is bor-bo-le-tário?”, Jorge Silva Melo não teria apontado nenhum dedo.
ESTREIA Abrir o novo espaço da companhia com uma peça de teatro clássico podedar a ideia que os Artistas Unidos querem deixar uma mensagem de teatro clássico. Mas “Não se Brinca com o Amor”, escrita em 1830 por Alfred Musset não traduz segundas intenções:“A programação deste ano estava delineada e tivemos a hipótese de abrir o Teatro da Politécnica”, conta Silva Melo. “Calhou que nem ginjas”. A graça que Silva Melo encontra é dele ser esperado outra tipo de apresentação:“Peças destroy sobre a juventude de agora, drogando-se, suicidando-se, a morrer de amor. Mas eu gosto de me contradizer”. A peça de Musset fala da juventude que não é a de hoje: “Mas é de uma inovação extraordinária para a época. Começa como uma farsa, depois é uma comédia e acaba com tragédia. Um volte face permanente das emoções e da análise”.»
Por Maria Catarina Nunes
«Desfalcados, exaustos, mas orgulhosos. Podia ser um grito de guerra, próprio dos tempos que correm, mas os termos são de Jorge Silva Melo, fundador e director artístico dos Artistas Unidos, que hoje inauguram uma casa nova, no Teatro da Politécnica, junto ao Jardim Botânico de Lisboa. Será a casa da companhia nos próximos três anos, nos termos de um contrato renovável com a reitoria da Universidade de Lisboa
A entrada é feita pelos portões do Museu de História Natural ou do Jardim Botânico. Entre as árvores, por detrás do edifício que agora está pintado de amarelo forte, está um escritório ao ar livre – uma mesa, cadeiras e computador – onde Jorge Silva Melo responde a e-mails e trata das papeladas próprias antes da abertura do novo espaço. “Nada mau, hã?”, recebe-nos de sorrisos e boa disposição, olhos no seu recanto de trabalho.
Dentro do edifício, o espaço é amplo: à esquerda, a bilheteira, que está a ser montada quando chegamos. Além dos ingressos, o pequeno balcão vai armazenar livros e DVD para vender. Ao fundo, atrás da bilheteira, a sala de grandes janelões de vidro que vai ser palco de algumas peças, mas hoje veste outra das roupas para a qual foi pensada: a exposição de Ângelo Sousa (entrada livre) também inaugura o espaço. Quadros de fundo brancos e pinceladas de cores sobre as paredes pretas; esculturas metálicas no chão, também negro. É do lado de lá desta sala, na rua, que Jorge Silva Melo montou o escritório (itinerante). “A instalação foi, e ainda está a ser, muito dolorosa. Houve alguns erros técnicos e falta de conversa, além de uma espécie de demissão da Direcção Geral das Artes, que apesar de anunciar esta abertura em quase tudo o que faz, não a mostra no seu site.”, diz Jorge Silva Melo. As obras de adaptação do edifício e o equipamento custaram 140 mil euros e a companhia contou com apoios da Câmara Municipal de Lisboa, da Fundação Calouste Gulbenkian e do extinto Ministério da Cultura, actual Secretaria Estado da Cultura. A Reitoria da Universidade de Lisboa encarregou-se da reabilitação estrutural do edifício.
Dentro dos tais “erros técnicos”, está a concepção da primeira bancada do teatro – recorda-se da entrada, onde fica a bilheteira? Para entrar na sala de teatro principal, com 80 lugares de assentos vermelhos, basta virar à direita. Enquanto conversávamos com Jorge Silva Melo, e como é natural nestas andanças de novos costumes, chegava a vistoria ao Teatro da Politécnica, que inspeccionou também a tal bancada da sala principal: “A equipa tem estado a trabalhar das 8h às 01h para ter as coisas prontas”. Enquanto lá estávamos, a inspecção olhou de lado, de frente e provavelmente por baixo dos assentos e, apesar de uns acertos de última hora, parecia estar tudo encaminhado – e seguro – para a estreia de hoje à noite.
Números: O director artístico está satisfeito com a abertura do espaço. Mas apesar de sublinhar o estímulo que sente ao poder abrir um teatro num momento pouco dados a estes acontecimentos, revela estar preocupado com o futuro imediato: “O Ministério [da Cultura, extinto] prometeu comprar material, mas isso ainda não se realizou e temos comprado com os nossos ordenados. E também sabemos que não vamos fazer mais convites: se por cada um que faço tenho de pagar 23% do IVA, por amor de Deus, não me peçam convites que me sai caríssimo!”
Apesar de todas as preocupações que lhe possam rondar a cabeça, Jorge Silva Melo solta as palavras como o faz com o riso. Sem largar os sorrisos da mão, tanto fala sobre o bom que é haver muita oferta cultural como salta para o medo que pode sentir volta e meia:“Tenho receio que os espectadores, neste momento, só encontrem as respostas às ambições culturais nas grandes instituições. Quando vou ao Teatro S. Luiz ou ao Nacional, as salas estão cheias. Mas há muitos que antigamente tinham muita gente e hoje não vejo quase ninguém”. A preocupação de Silva Melo é mais marcada, quando se recorda que pode haver “um cansaço da curiosidade”. O que quer dizer que os espectadores podem preferir sair de casa sabendo aquilo que vão encontrar, “confortavelmente sentados, vendo um espectáculo de qualidade ou não, mas compreensível e esperado. Sentem-se confortáveis com essa saída à noite”.
De uma forma ou de outra, o Teatro da Politécnica arrisca. Além das peças, exposições e livros, os Artistas Unidos querem promover conversas com a plateia:“No outro dia falava com a Paula Rego e dizia-lhe que não teria sido mal pensado chamar A Casa das Conversas a este teatro. Porque um teatro é isso: uma casa onde se pode conversar”. É por isso que depois das peças haverá conversas e encontros entre actores, encenador e público no Teatro da Rua da Escola Politécnica. “O que eu queria muito é que isto fosse não a casa dos Artistas Unidos, mas a casa dos espectadores dos Artistas Unidos”.
Por agora, a companhia pode estar desfalcada (“muitos dos apoios financeiros prometidos não chegaram”), exausta (“a batalha para conseguir o espaço foi longa”) e orgulhosa (“por conseguirmos um sítio tão bonito, tão próximo da vida de tanta gente e ao mesmo tempo tão recatado”). E talvez se não fossem tantas as estrangeiras, de idade avançada, a parar volta e meia na secretária ao ar livre do encenador, querendo saber “where is bor-bo-le-tário?”, Jorge Silva Melo não teria apontado nenhum dedo.
ESTREIA Abrir o novo espaço da companhia com uma peça de teatro clássico podedar a ideia que os Artistas Unidos querem deixar uma mensagem de teatro clássico. Mas “Não se Brinca com o Amor”, escrita em 1830 por Alfred Musset não traduz segundas intenções:“A programação deste ano estava delineada e tivemos a hipótese de abrir o Teatro da Politécnica”, conta Silva Melo. “Calhou que nem ginjas”. A graça que Silva Melo encontra é dele ser esperado outra tipo de apresentação:“Peças destroy sobre a juventude de agora, drogando-se, suicidando-se, a morrer de amor. Mas eu gosto de me contradizer”. A peça de Musset fala da juventude que não é a de hoje: “Mas é de uma inovação extraordinária para a época. Começa como uma farsa, depois é uma comédia e acaba com tragédia. Um volte face permanente das emoções e da análise”.»
sexta-feira, julho 10, 2009
Concerto da Lisboa Cantat, no teatrino do Belém Clube:
«Concerto 'a capella' com os dois Coros da Associação Musical Lisboa Cantat, o Coro de Câmara e o Coro Sinfónico. Imperdível. Música Sacra e Música Popular Portuguesa harmonizada pelos compositores Lopes Graça e Eurico Carrapatoso. Vem também conhecer um pouco da História de Lisboa - o Antigo Teatrinho Camões na Calçada da Ajuda (hoje Belém Clube)»
Data: Domingo, 19 de Julho de 2009
Hora: 19:00 - 20:30
Local: Antigo Teatro Camões
Rua: Calçada da Ajuda 76-80
Data: Domingo, 19 de Julho de 2009
Hora: 19:00 - 20:30
Local: Antigo Teatro Camões
Rua: Calçada da Ajuda 76-80
quinta-feira, maio 10, 2007
Sinais do tempo II
Pedindo escusas à Isabel, pela apropriação indevida do título ... aqui deixo o Teatro Tália, teatro que é propriedade da Presidência do Conselho de Ministros há mais de 20 anos, ali paredes meias com o palácio do saudoso Conde de Farrobo, ali nas Laranjeiras, ocupado pelo Sr.Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Como deve ser óptimo cruzarmo-nos diariamente com este magnífico edifício em ruínas, ele que é Imóvel de Interesse Público (seja lá o que for que isso quer dizer...) desde 1974. Assim ardeu, assim ficou. Outro dia, alguém me disse que o ministério teria proposto ao IPPAR um «projecto» de conversão do teatro em ... armazém de arquivo morto do ministério. Tragicomédia. Somos um país de actores!
Como deve ser óptimo cruzarmo-nos diariamente com este magnífico edifício em ruínas, ele que é Imóvel de Interesse Público (seja lá o que for que isso quer dizer...) desde 1974. Assim ardeu, assim ficou. Outro dia, alguém me disse que o ministério teria proposto ao IPPAR um «projecto» de conversão do teatro em ... armazém de arquivo morto do ministério. Tragicomédia. Somos um país de actores!
Foto: ex-DGEMN
quarta-feira, março 28, 2007
No Dia Mundial do Teatro
A CML acarinhou, e bem, os artistas no São Luiz, e estreou, e bem, uma peça interessante e contemporânea no Maria Matos.
Mas é preciso não esquecer os Artistas Unidos e o projecto para as antigas instalações de A Capital, no Bairro Alto; projecto que foi prometido por Santana Lopes quando andava em campanha, e logo depois de tomar posse.
Mas mais que uma promessa (que para muito político é facilmente contornada), o projecto é uma efectiva mais valia para o Bairro Alto e para toda a cidade, além de ser um justo prémio para o esforço titânico daquela companhia em ser algo mais que uma companhia que leva peças a cena.
Por isso, são profundamente lamentáveis as declarações da presidente da Junta da Encarnação, ao DN de Domingo, reclamando um silo para automóveis nas velhas instalações de A Capital. Ainda por cima sabendo-se como os números referentes a estacionamento naquela zona (licenças emitidas, lugares, carros/morador, etc.) são tudo menos justificativos de mais silos.
Mas é preciso não esquecer os Artistas Unidos e o projecto para as antigas instalações de A Capital, no Bairro Alto; projecto que foi prometido por Santana Lopes quando andava em campanha, e logo depois de tomar posse.
Mas mais que uma promessa (que para muito político é facilmente contornada), o projecto é uma efectiva mais valia para o Bairro Alto e para toda a cidade, além de ser um justo prémio para o esforço titânico daquela companhia em ser algo mais que uma companhia que leva peças a cena.
Por isso, são profundamente lamentáveis as declarações da presidente da Junta da Encarnação, ao DN de Domingo, reclamando um silo para automóveis nas velhas instalações de A Capital. Ainda por cima sabendo-se como os números referentes a estacionamento naquela zona (licenças emitidas, lugares, carros/morador, etc.) são tudo menos justificativos de mais silos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)