sexta-feira, janeiro 31, 2014
Subir a Colina e descer uma montanha de quase nada
Justifica-se o novo Hospital de Todos-os-Santos? Quanto custou até agora e quanto vai ainda custar? As externalidades positivas compensarão as negativas? Será mais um dos "elefantes brancos" de que o País é criador compulsivo? E a requalificação dos hospitais, sobre que versam os quatro loteamentos ora em discussão (mais vale tarde que nunca), foi gizada a partir de que critérios? Os estudos prévios - que a Câmara Municipal de Lisboa publicitou no verão passado, a muito custo...- foram objeto de algum concurso público ou, no mínimo, de ideias? Não? Porquê? Avante.
Dos debates temáticos que decorrem na Assembleia Municipal de Lisboa (cujas parcas competências legais resultam em que as suas deliberações sejam quase sempre inconsequentes), i.e., sobre as vertentes hospitalar, urbanística, patrimonial e de governança, saltam à vista duas realidades (de escala diferente consoante o loteamento) que importa combater, racionalmente, e contrapor alternativas fazíveis, o que será feito, certamente, agora e depois:
O património rico e variado daqueles 4 ex-hospitais civis é reduzido ao essencial: não se toca no que já está classificado como de Interesse Público mas o demais será reduzido a entulho. A silhueta e o subsolo daquela colina serão irremediavelmente alterados: a malha urbana será contemporânea, nascerão torres, mirantes e passadiços, escavar-se-ão túneis e estacionamentos com vários pisos para automóveis.
Que continue o debate!
In Diário de Notícias (31.1.2014)
segunda-feira, janeiro 27, 2014
Festival RTP da Canção
«Nos primeiros tempos dos festivais RTP da canção, Lisboa esvaziava-se para estar atenta ao programa televisivo. Os teatros e cinemas fechavam ou eram pouco concorridos nessas noites, e os cafés com televisor enchiam-se de gente atenta. Hoje, já não é tanto assim. Há 50 anos, iniciou-se um trajecto de insucessos. Foi a Europa que se alheou de nós ou Portugal nunca foi capaz de trazer para Lisboa o grande evento da Eurovisão? Hoje em dia, os megaeventos trazem retorno financeiro para a cidade que o organiza. Será a RTP capaz de construir uma canção vencedora? Estará Lisboa capaz de o organizar? Entretanto, discutem-se os 50 anos de canções na Sociedade Portuguesa de Autores, porque desde 1964 que é quase sempre o mesmo fado.»
(por Jorge Mangorrinha)
quinta-feira, janeiro 23, 2014
Fui ao Museu EDP e, para além do encontro que motivou a queda de várias orelhas, vi uma curiosa exposição, que julgo que salvo um ou outro boneco como este:
sendo apresentada como de ilustração infantil... devia ser para maiores de 18 anos.
É absolutamente aterradora. No meu blog estão outros sustos... mas este é dos... melhorzinhos...
falta bom senso, por aqui...http://www.ilustrarte.net/PT/ilustrarte2014/ilustrarte14.htm
quarta-feira, janeiro 22, 2014
terça-feira, janeiro 21, 2014
segunda-feira, janeiro 20, 2014
«D´Alvalade: da história, da arquitectura, da memória, dos filmes...»
José Manuel Fernandes propõe algumas considerações/reflexões sobre o sítio e bairro de Alvalade: referências à sua história, urbanística (o Plano de Faria da Costa de 1945) e arquitectónica (de Teotónio Pereira a Jorge Segurado, de Fernando Silva a Filipe de Figueiredo e José Segurado...passando por Cassiano Branco, entre muitos).
(Foto: Avenida de Roma: fotogramas de filme sobre o Bairro de Alvalade, pela Força Aérea Portuguesa, 1950)
quinta-feira, janeiro 16, 2014
Apontamentos de Lisboa
quarta-feira, janeiro 15, 2014
terça-feira, janeiro 14, 2014
#
Reportagem Restaurante Panorâmico de Monsanto
O edifício panorâmico de Monsanto, integrado no Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, é, segundo o fotógrafo Rui Gaiola ,"um lugar especial e com a melhor vista que Lisboa pode ter." Construído pela Câmara Municipal de Lisboa, em 1968, encontra-se presentemente em estado de degradação, relegado ao abandono e com futuro incerto. O edifício de sete mil metros quadrados, projectado pelo arquitecto Chaves da Costa, integra várias obras de arte - painéis e altos-relevos - de Querubim Lapa e azulejos de Manuela Madureira, também danificados pelo tempo e pela mão humana. Rui Gaiola visitou o local e partilha connosco o resultado da sua expedição fotográfica.
#
Não são necessários comentários. Recordo de ter visitado com o Paulo Ferrero este espaço há uns anos e termos desenvolvido algumas diligências que esbarraram no $ e no tal e na... indiferença.
O património, por quase todo o país, está a saque.
segunda-feira, janeiro 13, 2014
sexta-feira, janeiro 10, 2014
quinta-feira, janeiro 09, 2014
quarta-feira, janeiro 08, 2014
No Reino do Absurdo
domingo, janeiro 05, 2014
E estive, também, num local esplêndido que honra os dinamizadores e que segue linha de referência que desde à muito noutros blogs e também neste tenho defendido, recuperar, mantendo a traça e filosofia e juntar a modernidade e o passar do tempo.
a jam session no Mercado de Campo de Ourique esteve animada. Campo de Ourique (onde vivi 20 anos!) é um bairro cada vez mais bairro.
Pena por aqui e por ali se verem azelhices e incongruências... mas parece que agora, com a confusão de pelouros já não se sabe quem tem responsabilidade pelo lixo, pelos buracos, pelo desmazelo, pelos prédios a cair, mas apesar de tudo a nossa aldeia sobrevive, embora me tenha doido a alma (julgo que não andava por aqui desde as penultimas eleições... ) ver tanta, tanto estabelecimento comercial que deu a alma ao criador, pese alguns novos...
sábado, janeiro 04, 2014
Camões, o liceu de todos os liceus
Recuando um pouco no tempo, convém dizer que muitas dos intervenções do Programa de Modernização do Parque Escolar Destinado ao Ensino Secundário, delineado e implementado para 332 liceus (dos quase 500 existentes no país) pelo anterior Governo, primaram pela inevitável derrapagem orçamental das obras públicas, luxos despropositados, não transparência de procedimentos, empréstimos junto da banca com encargos elevadíssimos para o Estado, etc., situação a que o Tribunal de Contas, aliás, não se poupou em criticar severamente em auditoria feita em 2012.
Por outro lado, muitas das obras de recuperação e modernização levadas a cabo caracterizaram-se por descaracterizarem, paradoxal e brutalmente, edifícios históricos do nosso ensino liceal, de alguns dos mais importantes arquitectos portugueses, veja-se, em Lisboa: a destruição do belo anfiteatro do Liceu Pedro Nunes (de Ventura Terra, 1906), a construção no Passos Manuel (de Rosendo Carvalheira, 1911) de um corpo enterrado "alienígena" (mas esqueceram-se de recuperar a casa do reitor!), ou a "construção nova" em que se transformou o travestido D. Filipa de Lencastre (de Jorge Segurado, 1932).
Claro que o Camões, inaugurado em 1909, sob o traço do arquitecto Ventura Terra, é o "primeiro liceu moderno de Lisboa", tal qual os homólogos já enumerados, precisa de ver recuperados os seus corpos cansados (o LNEC tem sido peremptório quanto a isso) de ferro e tijolo, e garantida a segurança de todos que por lá passam, melhoradas as condições de conforto e ensino, modernizados os equipamentos, etc. Tal é mesmo urgente. Agora, não se deixe que o escavaquem, por favor!
"Abrir a escola à comunidade", como se diz na memória descritiva do projecto "em vias de", não pode significar derrubar ainda mais plátanos e tílias, alterar vãos ou erigir construção nova na nesga de terreno livre entre a fachada sul e o gradeamento da Rua da Escola Veterinária, pela simples razão de a escola ter estado sempre aberta a todos quantos lá quiseram entrar, fosse quem fosse. É que não é preciso nada disso, mesmo.
O Camões precisa, sim, de se libertar dos anexos que lhe foram construindo nas últimas décadas, com destaque para a "aventesma" junto à António Arroio, e aí sim residirá o grande desafio do arquitecto. Além disso, é bom não esquecer que ao contrário dos seus colegas já intervencionados D. Filipa, Passos Manuel e Pedro Nunes, que foram classificados já depois das obras finalizadas (o que no primeiro caso chega a ser insultuoso...), o Camões foi classificado Monumento de Interesse Público há muito pouco tempo (DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 Dezembro 2012), pelo que o projecto (o já mencionado ou outro que o substitua) e as obras de que será alvo terão de se adaptar a essa nova situação e não a classificação à obra, como nos casos referidos. Nesse sentido, vai ser curioso assistir aos próximos capítulos.
Mas uma coisa é certa: nunca, como no caso do Camões (nem sequer no outro caso exasperante que se chama Conservatório Nacional), a sociedade em geral, e os media em particular, se mobilizou tanto em prol de obras de recuperação. E se dúvidas houvesse, caro Liceu Pedro Nunes, ficou provado que o Camões é de facto o liceu de todos os liceus.