segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Monster crazy


















domingo, 30 de outubro de 2011

E.T.A.


E.T.A. por Henrik Bjerregaard Clausen

sábado, 29 de outubro de 2011

O Oitavo Passageiro - Alan Dean Foster (Parte 12)





— Essa merda vai comer um deque, depois outro, depois o casco!

Virando-se, ele se pôs a correr para a primeira escada de tombadilho. Dallas arrancou uma lâmpada de emergência do seu suporte e seguiu seu técnico de engenharia, e os outros foram no encalço deles.

O corredor do deque B tinha as paredes forradas de instrumentos, tubulações e eletrodutos. Brett já examinava o teto imediatamente abaixo da enfermaria.
O líquido tinha, ainda, de varar vários níveis sucessivos de ligas metálicas.
Dallas voltou o foco da sua lanterna para o forro, procurou, depois manteve-o imóvel.

— Lá.

Acima deles, apareceu um pouco de fumaça. Surgiu depois uma pequena mancha de líquido amarelo, com metal fervendo em derredor. Aquilo varou o teto, formou uma gota, pingou. E imediatamente pôs-se a ferver no piso do deque. Dallas e Brett assistiam impotentes ao desastre, pois a poça aumentou de diâmetro e pôs-se a corroer o convés.
— O que fica aí debaixo?
— O corredor C — informou Parker. — Não tem instrumentos.
Ele e Ripley desceram correndo, mas os outros ficaram no corredor B a contemplar o buraco que aumentava no chão.
— O que podemos botar debaixo dele? — Ash considerava o problema como se fosse abstrato, embora consciente de que, em poucos momentos, o caso do Nostromo poderia estar perfurado, imprestável, o que significaria selar compartimento por compartimento até que os danos estivessem reparados. E podia ser muito pior. Grande número de circuitos da maior importância passava pela quilha principal. Se o líquido a arruinasse, era possível que a avaria escapasse da capacidade limitada da engenharia de bordo. Muitos desses circuitos faziam parte da construção da nave e não se destinavam a sofrer reparos fora de um estaleiro de alta categoria.
Ninguém pensou em algo que pudesse deter o fluxo de ácido.
Embaixo, Parker e Ripley moviam-se com cuidado pelos escaninhos escuros e apertados do corredor C, de olhos no teto.

— Não fique debaixo desse material. Se é capaz de varar liga de convés, não ouso imaginar o que faria com a sua linda carinha.
— Não se incomode, tomo cuidado com minha própria cara. Cuide da sua.
— O troço parece estar perdendo a força — disse olhando para o chão com o maior desejo de que fosse mesmo verdade.

Brett e Ash, sentados em frente dele, também contemplavam, apalermados, a escura impressão no piso. Ash tirou uma caneta de um dos bolsos da túnica e investigou cautelosamente o orifício. Logo, o metal que revestia a caneta ferveu levemente, como um mercúrio carbonatado. O borbulho cessou logo, porém, extinguindo-se antes mesmo de estragar o acabamento brilhante. O oficial de ciência insistiu. E ao invés de afundar-se, a caneta encontrou resistência.

— Não passou mais de três centímetros. O líquido deixou de penetrar como no começo.
Embaixo, Parker olhou para Ripley, na penumbra.
— Você percebe alguma coisa?
Continuaram a inspecionar o teto. Debaixo deles ficava uma galeria de serviço e, abaixo dela, o próprio casco principal do Nostromo. Para além dele, só a atmosfera de um planeta ignorado.
— Nada — respondeu Ripley por fim. — Mas continue observando. Vou ver o que está acontecendo lá em cima.
Correu pelo passadiço e escadas acima. A primeira coisa que viu foi os outros agachados em torno do buraco.
— O que houve? Não passou para o outro lado até agora.
— Perdeu a força — disse Ash, ajoelhando-se para ver de perto o metal perfurado. — Ou a continuada reação com as ligas que encontrou pelo caminho diluiu-lhe a potência ou simplesmente ele perde seu poder cáustico depois de um determinado período de tempo. De qualquer maneira, já me parece ativo.
Ripley adiantou-se para verificar por si mesma o buraco ainda fumegante no chão do convés.
— Poderá ser mais forte a liga neste deque que no de cima? Ou estará o material a corroer o piso horizontalmente agora, em busca de outro ponto fraco por onde penetrar?
Ash abanou a cabeça.
— Não, não penso assim. Do que me lembro de construção de naves, os deques principais e o casco do Nostromo são todos compostos do mesmo material. Não. O razoável será concluir que o fluido é, agora, inerte.
Esboçou o gesto de pôr a caneta meio roída no bolso. Segurava-a pela extremidade não danificada. Mas no último momento mudou de idéia e continuou com ela na mão.
Ripley percebeu a hesitação dele e fez troça:
— Se, já não é perigoso, Ash, por que não a põe no bolso?
— Não se deve agir com precipitação. Temos tempo. Vamos fazer testes primeiro, verificar se de fato a substância não é mais perigosa. Só porque já não pode corroer a liga do convés não significa que não possa queimar a pele. E será uma queimadura atroz.
— O que você acha que seja? — perguntou Dallas. Seu olhar foi da pequena cratera no piso até o correspondente buraco no teto. — Nunca vi coisa que pudesse cortar uma liga dessas. Não com tal rapidez.
— Eu também nunca vi coisa igual — confessou o oficial de ciência. — Certas variedades altamente refinadas de ácido molecular têm um tremendo poder, mas agem, de regra, sobre materiais específicos. Sua aplicação geral é muito restrita. Já esse troço parece ser um corrosivo universal. Já o vimos demonstrar sua capacidade de cortar diferentes substâncias com igual facilidade. Ou indiferença, se preferirem. Ligas metálicas, luvas cirúrgicas, mesa de operação, roupa de cama. Passou por tudo isso com igual desenvoltura. E aquela miserável criatura usa isso como sangue! É um monstrinho, vocês terão de convir.
Falava do alienígena maniforme com respeito, malgrado seus sentimentos para com ele.
— Não sabemos realmente se ele usa esse elemento como sangue — a mente de Ash parecia funcionar acelerada do sob a pressão das circunstâncias. — Pode ser o componente de outra circulação, de outro sistema, de um sistema paralelo, como o linfático, destinado, por exemplo, a lubrificar as entranhas da peste. Ou pode ser ainda uma camada protetora, defensiva, uma espécie de endotélio líquido. Nesse sentido, o fluido não seria mais que a contraparte da linfa.
— Maravilhoso mecanismo defensivo esse — disse Dallas. — Ninguém ousa dar cabo dele.
— Não a bordo de uma nave selada hermeticamente disse Ripley, pondo os pingos nos is, mas sem ênfase.
— Tem razão. Poderíamos ter levado Kane para onde os fluidos da criatura não danificassem o Nostromo. E tentar arrancá-la lá fora. Só que pensamos que ela é a única coisa que mantém vivo. Uma vez que os separemos e que tiremos aquilo da sua garganta poderemos alimentá-lo de oxigênio. E cobertores térmicos o conservarão aquecido. Podíamos, aliás, armar uma tenda de oxigênio, com piso selado. O fluido pingaria no chão, abaixo dele.
— Não é uma idéia má — admitiu Ash —, salvo duas coisas — Ripley aguardou as objeções com impaciência.
— A primeira já foi discutida: remover a criatura à força pode interromper fatalmente a ação sustentadora da vida dele. Bastaria o choque para matar Kane. Segundo, não temos qualquer espécie de garantia de que, sentindo-se ferida, a criatura não reaja jogando aquele fluido sobre si mesma e sobre tudo o que estiver à sua volta. Seria uma reação defensiva perfeitamente compatível com as qualidades destrutivas do fluido.

Ash fez uma pausa para que a imagem que evocara dominasse todas as mentes.

— Mesmo que o operador, isto é, aquele que estivesse cortando a besta escapasse de ferimento sério produzido pelo líquido corrosivo, não gostaria de ficar responsável pelo que acontecesse com o que resta do rosto de Kane. Ou da sua cabeça.
— Muito bem — disse Ripley, um tanto ressentida.
— Talvez não tenha sido mesmo idéia das mais brilhantes. Mas o que sugere como alternativa?
E apontando com o polegar a enfermaria acima deles:
— Vamos levá-lo para casa com aquela coisa encarapitada no seu crânio?
— Não vejo nenhum perigo nisso — respondeu Ash. O sarcasmo da moça não o impressionava. — Se seus sinais vitais permanecerem bons, considero uma alternativa viável. Se falharem, naturalmente teremos de tentar outra coisa. Mas nesse momento devo dizer que remover a criatura violentamente representa mais perigo em potencial para Kane do que benefício.

Um novo rosto apareceu no alto da escada que descia para o tombadilho. Era Parker.

— Ainda nenhum sinal do fluido. A besta parou de sangrar?
Vendo que Ripley estava zangada, Parker dirigiu-se a Dallas.
— Sim. Depois de atravessar dois convés. — Estava ainda estupefato com a potência do fluido alienígena.
Ripley reanimou-se, olhou em torno:
— Estamos todos aqui. E Kane? Ninguém toma conta dele ou do alienígena!

Houve uma corrida geral para as escadas.
Dallas foi o primeiro a alcançar a enfermaria. Bastou olhar para ver que nada mudara. Kane jazia tão inerte quanto o deixara, imóvel na plataforma da mesa de operação, com o alienígena ainda firmemente ancorado em seu rosto.
Dallas ficou furioso consigo mesmo. Agira como um menino. É verdade que o líquido demonstrara propriedades nervosas, mas nada justificava o pânico total que se seguira. E ele deveria ter delegado um ou dois membros da tripulação para guardar o paciente e a criatura. Felizmente, nada se alterara na ausência deles. A coisa não se movera nem, ao que parecia, Kane. Dali por diante, acontecesse o que acontecesse, haveria sempre alguém de sentinela na enfermaria, dia e noite. A situação já era por demais grave e não deviam dar à criatura a oportunidade de fazer coisas sem ser observada.
— O ácido o atingiu? — Parker estava no portal, esforçando-se para ver Kane.
Dallas adiantou-se até a plataforma e inspecionou cuidadosamente a cabeça do oficial executivo.
— Não, creio que não. Ele me parece bem. O líquido escorreu pelos flancos da criatura sem entrar em contato com a pele dele.
Brett também apareceu à porta.
— Essa porcaria ainda pinga? Temos peças de cerâmica lá embaixo que agüentam qualquer espécie de coisa. Não sei se agüentarão isso também, mas não custa tentar. Eu posso improvisar um recipiente.
— Não se dê ao trabalho. Parou de sangrar.
Ash examinava com atenção a pequena seção cortada Pelo laser.
— Cicatrizada. Nem sinal da incisão. Extraordinárias propriedades regenerativas. A gente nem diria que o couro foi cortado.
— Mas deve haver algum modo de fazê-la largar a presa — disse Lambert, com um arrepio. — Fico doente de ver este bicho sentado na cara de Kane com aquele tubo infecto ou que diabo seja, enfiado na garganta dele.

— Pois ficaria ainda mais doente se fosse em você — disse Ripley maldosamente.
— Não acho graça — disse Lambert.
— Pois repito — disse Ash a Dallas — não seria aconselhável a remoção — Dallas ignorava-o — Não deu nada certo da última vez...
Dallas encarou-o, furioso, depois acalmou-se.
Ash, como de hábito, estava sendo objetivo, o sarcasmo não estava na natureza dele.
— Que faremos então? — quis saber Lambert.
— Nada — disse Dallas com firmeza. — Não podemos fazer nada. Tentamos. E, como Ash observou há pouco, isso quase nos custou uma nave furada. Então... Vamos botá-lo de novo no médico automático e esperar que a máquina saiba melhor que nós o que lhe convém.

Apertou um controle. Houve um zumbido suave, e a plataforma de Kane deslizou para dentro da parede e da máquina. Dallas mexeu em outros vários comutadores, teve uma nova visão do colega em coma, depois de esquemas e diagramas que diziam respeito a ele. Não davam qualquer informação nova, não ofereciam soluções.
Ash procurava interpretar diferentes leituras.

— Suas funções continuam normais, mas há uma indicação nova de degenerescência de tecidos e de colapso.
— Então, a criatura lhe faz mal.
— Não necessariamente. Ele já não come nem bebe há algum tempo. Essas leituras podem refletir uma natural redução de peso, por exemplo. Não há indício de que esteja drasticamente enfraquecido, nem pela criatura nem pelas circunstâncias. Não obstante, queremos conservá-lo nas melhores condições possíveis. Seria bom providenciar logo alguma alimentação endovenosa, até que possamos saber com certeza se a criatura estará a absorver proteína do sistema dele.

Ash ativou um bloco de controles. Novos sons encheram a enfermaria e o médico automático apressou-se em assumir a tarefa de alimentar o inerme Kane e processai os resultantes detritos.

— O que é aquilo? — perguntou Ripley, assinalando um ponto na radioscopia movente dos pulmões de Kane. — Aquela mancha nos pulmões dele?
— Não vejo mancha nenhuma.
Dallas estudou a área.
— Percebo o que ela quer dizer. Amplie, por favor, Ash, a seção do sistema respiratório.
O oficial de ciência obedeceu. Agora a pequena mancha que chamara a atenção de Ripley destacava-se claramente. Era grande, irregular, completamente opaca e obliterava uma parte da caixa torácica.
— Não podemos dizer que esteja nos pulmões — disse Ash, mexendo nos seus controles. — Pode ser um defeito, ou uma seção danificada da lente. Acontece o tempo todo.
— Ilumine melhor — pediu Dallas. — Vamos ver se obtemos um contraste melhor.
Ash ajustou o instrumental, mas, a despeito de todos os seus esforços, o borrão escuro continuou lá: uma área escura não resolvida.
— Não ouso aumentar a radiação, temendo que ele sofra algum dano.
— Eu sei — disse Dallas, contemplando fixamente a enigmática nódoa. — E se perdermos a capacidade de usar essa máquina, não saberemos que diabo se passa dentro dele.
— Eu me encarrego — disse o oficial de ciência. — Vou limpar as lentes. É uma questão de tempo. Mas podem ser polidas de novo, um pouco pelo menos.
— Ficaremos cegos, entrementes.
— Será impossível eliminar a mancha sem desmontar a máquina.
— Não o faça, então. Pelo menos até que aumente tanto que obscureça totalmente o nosso campo de visão.
— Como quiser, capitão.
E Ash voltou às suas leituras. Brett pareceu perplexo, frustrado:
— Que faremos agora? Esperamos sentados? É tudo?
— Não — respondeu Dallas, lembrando-se de que tinha uma nave a comandar, além de zelar pelo pobre Kane. — Nós esperamos aqui, de vigília. Vocês dois vão de volta ao trabalho...




O Oitavo Passageiro - Alan Dean Foster (Parte 12) [ Download ]

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CLFC e Editora Draco iniciam inscrições para a coletânea Brasil Fantástico



O Clube de Leitores de Ficção Científica está abrindo inscrições para a Coletânea Brasil Fantástico em parceria com a Editora Draco.

Mais informações no blog da Draco.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Say; Hello Spaceman


O nome do blog já diz tudo. Uma obsessão?  Pode ser, mas do tipo que nós gostamos!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Universos esquecidos

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Plan 9




Plan 9 é um blog dedicado aos filmes de ficção científica, especialmente aqueles lançados a partir dos anos 50, repletos de invasores alienígenas, discos voadores de papelão, efeitos especiais de baixo orçamento... Pequenas preciosidades de celulóide para todos os públicos.





segunda-feira, 24 de outubro de 2011

La caverne des introuvables



Countdown, Station 3, Haute Securite, Threads, Nemesis 2000, Moontrap, Ghost in the Machine, Miracle Mile, Legend of Dinosaurs, The quiet Earth, Laserblast, Planet Earth, Terminus, Starship Invasions...

Você já ouviu falar desses filmes?

Muito provavelmente não, mas todos eles e muitos outros estão no blog La caverne des introuvables ('caverna dos não encontrados'), dedicado aos filmes raros do gênero fantástico, que nunca foram lançados digitalmente ou que sairam de catálogo.

Além de um acervo fabuloso de raridades, a proposta do site (em francês) é interessante, disponibilizar os filmes para baixar, enquanto não são relançados no mercado.








































domingo, 23 de outubro de 2011

Aliens na revista MAD (Jan/87)



Mad 268 - Jan/87 [ Download ]

sábado, 22 de outubro de 2011

O Oitavo Passageiro - Alan Dean Foster (Parte 11)







 VI

Na enfermaria, depuseram Kane delicadamente na plataforma médica.
Um complexo de instrumentos e controles, diversos de todos os outros a bordo da nave, decoravam a parede por trás da cabeça do oficial inconsciente. A mesa em que ele estava e que saía da parede, correspondia a uma abertura de um metro quadrado.

Dallas tocou diversos controles, ativando o médico automático. Removeu de uma gaveta um tubo de metal brilhante e, depois de verificar que estava carregado, voltou, para perto do paciente. Ash ficou a seu lado, pronto a prestar-lhe ajuda, enquanto Lambert, Parker e Brett o observavam do corredor, por trás de um vidro grosso.

Um simples toque do lado do tubo fez brotar da sua ponta um raio luminoso de grande intensidade. Dallas ajustou-o até que ficasse tão curto e estreito quanto possível, mas sem redução de potência.

Cuidadosamente, tocou com ele a base do capacete de Kane. O metal começou a desintegrar-se.

Conduziu a lâmina de luz, lentamente do capacete acima, pelo topo, pelo outro lado abaixo, e em cheio sobre o fecho grosso. O capacete se partiu ao meio como uma laranja. Dallas e Ash postaram-se, então, de um lado e de outro de Kane, e Dallas desligou o laser e removeu o capacete.

Hesitou, depois, brevemente. Mas avançou a mão e tocou a criatura, embora só por um instante. Continuava a pulsar, se bem que não tivesse reagido ao contacto dos seus dedos. Avançou de novo, pousando dessa vez a palma da mão nas costas da criatura. Era fria e seca. O leve arfar, porem, dava-lhe náusea, e ele quase retirou a mão outra vez. Porém, a criatura não dava sinais de objetar, agarrou como pôde o tecido de borracha de que era feita e puxou com toda a força.
Nada aconteceu... o que era de se esperar. Nem a coisa se mexeu, nem largou a presa.

— Deixe-me experimentar — disse Ash. Estava junto de um armarinho de instrumentos médicos. Escolheu um alicate particularmente grosso e avançou para a mesa. Mordendo com ele, cuidadosamente, a criatura, e puxou.
— Nada, ainda. Mais força — disse Dallas. Ash reajustou o alicate puxou e inclinou o corpo para trás ao mesmo tempo.
Dallas o deteve com um gesto.
Percebera um fio de sangue que escorria pelo rosto de Kane.
— Espere! Você está rompendo a pele dele.
— Eu não. A criatura.
Dallas ficou pálido.
— Não, isso não vai adiantar. A criatura não vai sair sem arrancar-lhe o rosto ao mesmo tempo.
— Concordo. Vamos usar a máquina. Talvez tenhamos mais sorte.
— Será preferível.

Ash apertou vários botões em seqüência. O médico automático começou a zumbir, e uma abertura nos pés da mesa de exames acendeu. Depois, a plataforma deslizou, suavemente, para dentro da parede. Uma placa de vidro desceu e selou Kane lá dentro. Luzes brilharam do outro lado. O astronauta era perfeitamente visível. Do lado de fora, num console próximo, um par de monitores de vídeo piscou e entrou em ação. Ash aproximou-se para ler os resultados. Ele era o que o Nostromo tinha de mais parecido com um médico humano. Estava ciente do fato e da responsabilidade que este implicava. Ansiava por saber qualquer coisa que a máquina pudesse descobrir sobre a condição de Kane. Para não falar na criatura alienígena.
Uma nova figura surgiu no corredor, aproximando-se dos três espectadores. Lambert lançou-lhe um olhar carregado de intenção.

— Ripley, você queria deixar-nos lá fora. Você queria deixar Kane lá fora. Você ia fazer a gente esperar vinte e quatro horas, e Kane com aquela coisa na cara, e a noite começando.

Sua expressão mostrava mais dos seus sentimentos do que as próprias palavras.
Parker, a última pessoa que se esperaria tomasse a defesa da oficial de segurança, olhou belicosamente para a navegadora.

— Pois talvez ela devesse ter deixado. Apenas cumpria o regulamento — e fez um gesto na direção do interior iluminado do médico automático e do seu paciente imóvel.
— Quem sabe o que aquela coisa pode fazer ou deixar de fazer? Kane é um tanto impulsivo, não há dúvida, mas não é nenhum tolo. Se foi atacado é porque não pôde evitá- lo. Talvez um de nós seja o próximo.
— Certo — concordou Brett.
Mas Ripley continuava a dar toda atenção a Lambert. A navegadora não se movera e encarava-a também, firme.
— Talvez eu tenha cometido um erro. Talvez não. De qualquer maneira, procurava simplesmente cumprir meu dever. Vamos deixar as coisas nesse pé.

Lambert hesitou, perscrutando o rosto de Ripley. Por fim, fez um curto gesto de cabeça.
Ripley suspirou e relaxou sua postura rígida.
— O que houve de fato lá fora?
— Nós penetramos na nave sinistrada — disse Lambert, sem perder de vista os homens encerrados na enfermaria. — Não havia sinais de vida. Talvez a transmissão seja velha de séculos. Encontramos o transmissor, ao que parece.
— E a tripulação?
— Nenhum sinal de tripulação.
— E Kane...
— Ele se apresentou como voluntário para investigar sozinho o nível inferior — a expressão de Lambert ficou, por um momento, contorcida. — Procurava seus diamantes. Ao invés deles, encontrou alguma espécie de ovos. Nós lhe dissemos que não os tocasse. Provavelmente tarde demais. Algo aconteceu lá embaixo. De onde estávamos não podíamos ver o que se passava. Quando o tiramos, estava com aquela coisa presa ao rosto. De algum modo, a criatura conseguiu derreter a frente do seu elmo, e você bem sabe de que material são feitos...
— Fico a pensar de onde será essa criatura, originariamente. — Ripley falava sem olhar para a enfermaria. — Este planetóide me parece morto, portanto deve ter vindo na espaçonave alienígena.
— Só Deus sabe — disse Parker, calmamente —, mas eu bem que gostaria de saber também...
— Por quê? — perguntou Ripley
— Por que seria mais um lugar a evitar!
— Amém — disse Brett, enriquecendo seu vocabulário.
— O que eu desejaria saber — dizia Dallas, do outro lado da janela hermética — é como ele ainda consegue respirar. Ou não respira?
Ash estudou as leituras.
— Fisicamente parece bem. Não só continua vivo, a despeito de ter vindo sem ar normal todo o caminho de volta até aqui, como também todos os seus sinais vitais são firmes e regulares. O fato de respirar todo aquele nitrogênio e metano deveria ter sido suficiente para matá-lo lá atrás, ainda no casco alienígena. Segundo o médico automático ele está em coma, mas normal interiormente. E muito mais saudável do que tinha direito de estar. Como respira, não sei. Mas seu sangue está perfeitamente bem oxigenado. — Mas como é possível? — Dallas debruçou-se para a janela iluminada a fim de ver o interior do médico automático. — Eu mesmo o examinei detidamente. Tanto a boca quanto o nariz estão completamente bloqueados.
Ash apertou dois ou três botões.
— Sabemos o que vai pelo exterior. Vamos ver dentro dele agora.

Um largo painel acendeu-se, clareou, entrou em foco. Mostrava uma grande imagem radioscópica a cores da cabeça de Kane e da parte superior do seu tórax. Seria possível, apertando outros botões mais, ver o sangue fluindo nas artérias e nas veias, os pulmões pulsando, o coração batendo. Estavam mais interessados, porém, àquela altura, na esquemática interna da minúscula forma arredondada que cobria como uma calota de couro a face do astronauta.

— Eu não sou biólogo — disse Ash —, mas aquilo ali é a mais infernal maçaroca jamais vista nas entranhas de um bicho vivente — e olhava com assombro para a intrincada rede de tubos e formas esquisitas que enchia o interior da criatura alienígena. — Não saberia dizer para que serve metade do que está à mostra.
— A coisa não é mais bonita por dentro do que por fora — foi o único comentário de Dallas.
— Observe a musculatura daqueles dedos, daquela — insistiu Ash. — Pode parecer frágil, mas está longe disso. Não espanta que não conseguíssemos arrancá-la. Não me espanta que ele não tenha podido livrar-se, mesmo que tenha tido tempo de tentar antes de perder os sentidos.

Era claro agora o que a criatura estava fazendo com Kane se bem que não o porquê disso. As mandíbulas do astronauta haviam sido separadas à força. O longo tubo que a criatura tinha na palma da mão enfiara-se pela sua garganta abaixo. Terminava no fim do esôfago. O tubo não se movia, apenas repousava lá.
Mais do que tudo que via, era isso que dava arrepios de nojo em Dallas.

— Ele tem um troço enfiado na miserável da garganta — comentou. E suas mãos se fechavam e abriam espasmodicamente, numa ânsia assassina. — Que fará uma coisa dessas a uma pessoa normal? Isso não é maneira decente de lutar. Que diabo, Ash, a coisa é... imunda...
— Não sabemos que seja uma forma de luta, não sabemos nem mesmo se lhe faz mal — Ash confessava sua confusão diante do que via. — Segundo os monitores médicos, ele passa bem. É apenas incapaz de reagir a qualquer estímulo nosso. Sei que o que vou dizer parecerá idiota a você, mas pense um minuto. Talvez a criatura seja um simbionte e, de alguma forma, benigno. Talvez, à sua maneira animal, peculiar e, admito, desconcertante, esteja procurando ajudá-lo.
Dallas riu, mas foi um riso destituído de qualquer humor.
— Vê-se que a criatura gosta dele. Pois não o larga...
— Aquele tubo, ou o que quer que seja, parece que lhe fornece oxigênio — o oficial de ciência pediu maior detalhe à máquina, ajustando o controle e provocando um foco mais próximo. A tela mostrou, então, os pulmões de Kane, que inflavam e esvaziavam-se em ritmo normal, e sem esforço aparente, a despeito da obstrução da garganta.
Ash voltou à vista anterior.
— Mas que oxigênio? — quis saber Dallas. — Ele fez todo esse caminho com um capacete fraturado. A criatura não se colou aos seus tanques de suprimento e o ar que a
roupa continha escapou-se logo pelo regulador aberto, em dois minutos.
Ash ficou pensativo.
 — Posso conceber algumas possibilidades. Há algum oxigênio livre nesta atmosfera. Não muito, mas há. E mais ainda, misturado ao azoto sob forma de vários óxidos. Desconfio que a besta possui a capacidade de decompor esses óxidos e extrair deles o oxigênio. Certamente tem capacidade de passá-lo para Kane, ou aproveitá-lo ela mesma. Um bom simbionte é capaz de descobrir num abrir e fechar de olhos quais as necessidades do parceiro. Certas plantas têm essa mesma capacidade de fabricar, por assim dizer, oxigênio, extraindo-o de variadas fontes. Outras preferem outros gases. Não é uma impossibilidade.
Disse e voltou sua atenção de novo às telas.
— Talvez sejam preconceitos nossos preconceitos terráqueos, juízos a priori. Talvez a criatura não seja nem vegetal nem animal. Talvez tenha características dos dois reinos.
— Não faz sentido.
Ash olhou-o.
— O que é que não faz sentido?
— Paralisá-lo, botá-lo em coma, depois trabalhar furiosamente para mantê-lo vivo. — Dallas dirigiu seu olhar para a tela. — Pensei de início que estivesse comendo-o ou vivendo dele de algum modo. A postura e a posição em que se acha é típica de cevadura ou pasto. A criatura poderia estar mamando. Mas como os instrumentos dizem, está fazendo justamente o contrário. Dá de mamar. Não consigo entender uma coisa dessas. De qualquer maneira, não podemos deixar essa criatura indefinidamente pegada a ele. Pode fazer toda espécie de coisas, boas e más. E só podemos estar certos de um dado: boas ou más não são naturais para um sistema humano.
Ash pareceu duvidar:
— Não sei se você tem razão.
— E por que não? — Dallas olhava seu oficial de ciência com perplexidade.
— No momento — explicou Ash, sem se mostrar ofendido com a ponta de desafio que havia no tom de Dallas —, no momento, a criatura o mantém vivo. Se nós a removermos, arriscamos perder Kane.
— Temos de correr esse risco.
— E como pretende tirá-la? Ela não vai sair.
— Teremos de tentar cortá-la fora. Quanto mais depressa melhor será para Kane.
Pareceu que Ash ia argumentar um pouco mais e que mudou de idéia.
— Não aprovo, mas entendo sua posição. Você assume a responsabilidade? É uma decisão de ciência, e você a tira das minhas mãos.
— Sim, assumo a responsabilidade.

Já começava a calçar as luvas de cirurgia. Verificou-se que o médico automático não estava de nenhum modo ligado ao corpo e que não lhe fazia qualquer ministração que pudesse ficar prejudicada se Kane fosse temporariamente subtraído de seus cuidados. Um toque num botão e ele deslizou para fora da máquina.
Uma inspeção sumária bastou para mostrar que a criatura não se movera nem afrouxara seu controle sobre Kane.

—O cortador? — Ash indicou o laser que Dallas tinha usado para recortar o capacete de Kane.
—Não. Vou proceder tão devagar quanto possível. Veja se me arranja uma lâmina manual.

Ash foi até a caixa de instrumentos, remexeu nela e voltou com uma versão mais leve do instrumento usado anteriormente. Passou-a cautelosamente a Dallas.
O capitão inspecionou o delicado instrumento, manipulou-o até obter um firme controle dele. Semelhava um lápis delgado na sua mão. Ligou-o, em seguida. Uma versão em miniatura do feixe luminoso estreito, de muito fraca divergência, que o instrumento maior tinha gerado, brotou, brilhante da extremidade do bisturi.
Dallas postou-se junto à cabeça de Kane. Operando com toda a frieza de que era capaz, moveu a delgada lâmina de luz em direção à criatura alienígena. Tinha de estar preparado para recuar, e com cuidado, se a besta reagisse.
Um movimento em falso e poderia decapitar seu colega tão facilmente como um relatório desfavorável corta uma aposentadoria.
Mas a criatura não se moveu. Dallas fez com que o raio tocasse sua pele acinzentada,  descendo um centímetro ou dois até estar seguro de que cortava efetivamente carne.
O raio viajou sem esforço de ponta a ponta pelas costas da criatura.
E, todavia, o objeto dessa biópsia preliminar não se alterou nem mostrou sintomas de dor. No alto da incisão um fluido amarelado começou a pingar, depois a escorrer pelo flanco suave.

— Começa a sangrar — anunciou Ash, numa voz profissional.

O líquido jorrou sobre a coberta da mesa de operação, junto à cabeça de Kane. Um pequeno fio do que Dallas tomou a princípio por vapor ergueu-se do forro impermeável. O gás escuro não lhe era familiar. Mas o chiado sibilante que começou a soltar-se da roupa de cama — esse era.

Dallas parou, removeu o bisturi e foi examinar o ponto de onde provinha o chiado, que se fazia mais alto e mais profundo. Olhou para baixo.

O líquido já corroera a coberta e a mesa metálica de operação. Fervendo e chiando, fazia poça agora junto dos seus pés, um inferno em miniatura, que começava a devorar o convés. O metal fumegava, derretia. O gás, um subproduto, começava a encher a enfermaria. Queimava, já, a garganta de Dallas, lembrava o gás lacrimogêneo que a polícia usa, e que é apenas medianamente doloroso, mas impossível de suportar.
Entrou em pânico pensando no que aquilo estaria fazendo a seus pulmões.

De olhos lacrimejantes, nariz correndo, tentou freneticamente obturar o corte, apertando os seus dois lábios hiantes com as mãos. No curso desse processo, um pouco do líquido que ainda corria, pingou-lhe nas luvas. E elas começaram, por sua vez, a ferver e fumegar. Tentou descalçá-las, cambaleando em direção ao corredor antes que o material, forte embora, fosse varado pelo ácido e este lhe queimasse a pele. Lançou as luvas por terra, e as gotas que caíram no chão de metal começaram a abrir nele pequeninos furos redondos.

Brett parecia enlouquecido, e excessivamente assustado também.




O Oitavo Passageiro - Alan Dean Foster (Parte 11) [ Download ]

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Arena - Papo na Estante



O podcast Papo na Estante trará em 2012 o Arena – Papo na Estante, colocando frente a frente, romances e coletâneas nacionais previamente selecionados para se enfrentarem numa disputa onde a única regra é sobreviver contando uma história de qualidade.

 Mais detalhes no site do Papo na Estante.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

The biology of horror : Gothic literature and film



Contents

Acknowledgments 

Introduction: “The Body Is His Book”

1. Mortal Coils: The Comic-Horror Double Helix 
2. The Muse of Horror: Traditions of Dreadful Imagining
3. Macabre Aesthetics
4. The Anxiety of Organism
5. Acquaintance with the Night: America and the Muse of Horror
6. Dark Carnival: The Esoterics of Celebration
7. Languishment: The Wounded Hero
8. Sinister Loci: The Properties of Terror
9. Apotropaion and the Hideous Obscure
10. The Soul at Zero: Dark Epiphanies

Notes
Works Cited
Index


The biology of horror : Gothic literature and film - Jack Morgan [ Download ]

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ikarie XB 1




O ano é 2163 e a espaçonave Ikarie XB 1 inicia uma longa viagem através do espaço, em busca de novos mundos, novas civilizações...









Este legítimo antecessor de Star Trek foi produzido nos anos 60 pelo estúdio Filmove Barrandov, da Tchecoslováquia, então um dos maiores e mais bem equipados da Europa. Ikarie foi a principal produção cinematográfica do país na época, um empreendimento dispendioso, claramente evidenciado pelo orçamento muito acima da média e um grande elenco, sem falar dos efeitos especiais impressionantes, principalmente do interior da espaçonave Ikarie (Ícaro).

O filme de 1963, baseado no romance de 1955, 'The Magellanic Cloud' (A Nuvem de Magalhães) do autor de ficção científica polonês Stanislaw Lem, conta a história da viagem de dois anos e meio aos planetas do sistema Alpha Centauri. A gigantesca espaçonave foi concebida como uma espécie de cidade, com sua tripulação multi-geracional, uma verdadeira comunidade internacional. Há indícios de que seja um experimento psicológico, com um sociólogo à bordo para observar as interações dos membros, enquanto tentam lidar, da melhor maneira possível, com os problemas do dia-a-dia.

Apesar dos riscos, imprevistos e perigos enfrentados, o drama se concentra no isolamento enfrentado na exploração do espaço profundo, e na condição humana sob circunstâncias extraordinárias.




Adquirido pela A.I.Picture para distribuição nos EUA, o filme foi drasticamente "americanizado" e recebeu o título de 'Voyage to The End of The Universe', que incluia um escabroso final alternativo.

Não somente o filme era rebatizado, mas como era de costume, os atores também recebiam nomes 'americanos', no caso, Dennis Stephens (Zdenek Stepanek), Francis Smolen (Frantisek Smolik) e Dana Meredith (Dana Medrická).


Redescoberto recentemente, passou a receber o status reconhecido de obra prima do cinema de ficção científica dos anos da Guerra Fria, e foi relançado no original restaurado.

Um boato à respeito do filme é que Stanley Kubrick foi fortemente inspirado por ele e que usou algumas ideias para o projeto de 2001 (Uma Odisseia no Espaço).




Os amantes do clássico de Kubrick vão concordar ao ver algumas das cenas, principalmente aquelas do interior da espaçonave.







Dirigido por Jindrich Polák, com roteiro de Pavel Jurácek e Jindrich Polák, estrelando Zdenek Stepanek, Frantisek Smolik e Dana Medrická.

IKARIE XB 1 - [ Download ]

VOYAGE TO THE END OF THE WORLD - [ Download ]