sábado, 30 de julho de 2011

Os Genocidas - Thomas Disch




Este espetacular romance de Thomas M. Disch, trouxe algo notável para a Ficção Científica da década de 60, o respeito que é concedido somente às obras primas, e que colocou Disch no panteão de autores consagrados como J.G.Ballard e H.G.Wells.

Em um cenário angustiante, as cidades foram reduzidas a cinzas e plantas exóticas capazes de alcançar 180 metros em apenas um mês, estão sugando toda água doce que encontram. Até os Grandes Lagos começam a secar. Ao norte de Minnesota, Anderson, um velho agricultor com uma Bíblia em uma mão e uma pistola na outra, lidera os cidadãos em uma luta diária pela existência miserável.

Quando algo domina a paisagem por tempo suficiente, acaba caindo em intrincados padrões que acabam levando à sua decadência. Em 'OS GENOCIDAS' esse ponto é cuidadosamente trazido à tona, mostrando exatamente como a humanidade reagiria diante de mudanças radicais em seu ecosistema.

Primeiro a chegada das plantas misteriosas na forma de sementes que crescem a níveis surpreendentes até mesmo para as mentes mais estudiosas, e que começam a ocupar espaço, expulsando a praga humana. A reação como seria de se esperar, é de inabalável arrogância, já que as pessoas se veem como dominantes. Eles não pensam que estão em perigo porque, afinal de contas, as plantas não poderiam ser invasores, e optam por manter o controle utilizando métodos que mantem o 'problema' fora das vistas.
Aos poucos no entanto, as pessoas passam a perceber que a extinção é iminente.

Em uma comunidade agrícula à margem das cidades em ruínas, Thomas Disch começa a pintar um retrato vívido da humanidade. Muitos elementos da história surgem a partir dessas páginas e que tornam-se cativantes, obrigando ao leitor a devorar avidamente página após página. Os personagens pouco a pouco ganham vida, suas idéias e ideais misturando-se com suas origens.

Disch definitivamente não é um porta-voz dos fatores redentores da humanidade, ao contrário. Ele não encobre o fato de que a brutalidade é um componente chave para a sobrevivência quando as estruturas tradicionais vem abaixo. Nada de "luz versus trevas". Em vez disso, explora a forma como os indivíduos se sentem e como conseguem sobreviver quando o mundo cai aos pedaços. Seria mais 'trevas versus trevas'. 

E isso significa fazer pequenas coisas para manter o passado vivo e às vezes justifica atos ainda piores, respondendo não só a pergunta do que as pessoas estão dispostas a fazer para se manterem vivas, mas também a questão de, quando os porcos estiverem extintos, de onde virão as salsichas, se ainda forem uma lembrança saborosa em nossas memórias mais profundas.

'OS GENOCIDAS' foi escolhido para fazer parte da lista dos cem clássicos da ficção científica mundial de todos os tempos.



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terça-feira, 26 de julho de 2011

John Berkey

É praticamente impossível para quem gosta de Ficção Científica, não reconhecer uma dúzia de desenhos desse talentoso americano, responsável pelos posters da primeira trilogia de Star Wars, entre muitos outros trabalhos famosos.

































John Berkey Fantasy Art [ Download ]

segunda-feira, 25 de julho de 2011

The Science of Sherlock Holmes


 

Contents

Preface
Acknowledgments 
1 Dialogue with the Dead 
2 Beastly Tales and Black Dogs 
3 A Fly in the Ointment 
4 Proving Poison 
5 Disguise and the Detective
6 The Crime Scene by Gaslight 
7 A Picture of Guilt 
8 Shots in the Dark 
9 Bad Impressions 
10 The Real Dirt 
11 Notes from the Devil 
12 A Voice in the Blood 
13 Myth, Medicine, and Murder
Glossary 
Bibliography 
Index  


The Science of Sherlock Holmes From Baskerville Hall to the Valley of Fear, the Real Forensics Behind the Great Detective’s Greatest Cases [ Download ]

sábado, 23 de julho de 2011

Os Genocidas - Thomas Disch (Epílogo)

 




 EPÌLOGO
A extinção das espécies


Assim como um verme passando através de uma maçã poderia supor que a maçã, a sua substância e qualidade, consistia apenas daqueles poucos elementos que passam por seu próprio corpo magro, quando na verdade todo o seu ser está envolto na fruta e sua passagem quase não a diminuiu, Buddy, Maryann e seu filho, Flor e Orville, emergiram da terra depois de uma longa passagem através do labirinto de seus próprios, e puramente humanos, males, não tendo conhecimento da presença onipresente do grande mal que chamamos de realidade.

O mal que existe em toda parte, mas só podemos ver o que está diante de nossos narizes, apenas lembrar do que passou por nossas barrigas.

As bolas de basquete cinzentas, cheias da polpa da fruta bombeada, erguidas sobre uma terra que não era mais verde. Então, como os primitivos limpavam suas terras, as máquinas que serviam aos fazendeiros alienígenas tinham transformado a terra em uma pira. As hastes altas das Plantas grandes foram consumidas,  a visão da grandeza de uma civilização caindo em ruínas. Os poucos humanos que permaneceram voltavam à terra mais uma vez. Quando reapareceram, o manto que pendia sobre a terra queimada deu boas-vindas com o eclipse da noite.

Em seguida, um vento a partir do lago, diluíu o manto para revelar cumulus pesados acima.
As chuvas vieram. A água pura limpou os céus e lavou incrustações de meses de seus corpos pintados de terra preta. Saiu o sol e secou a chuva, e seus corpos se glorificaram no calor tênue de Abril. Ainda que a terra fosse negra, o céu estava azul, e à noite as estrelas Deneb, Vega, Altair, surgiam ainda mais brilhantes do que qualquer um deles lembrava ter visto. Vega particularmente, brilhava. Na madrugada, um pedaço de lua subiu ao leste. Mais tarde, o céu se iluminou e mais uma vez o sol iria nascer.

Tudo parecia muito bonito para eles, pois eles acreditavam que a ordem natural das coisas, isto é, a sua ordem fora restaurada.

Houve expedições raízes abaixo para procurar vestígios de frutas que a colheitadeiras tivessem esquecido. Tais vestígios eram raros, mas existiam; e racionando esses pedaços de casca com moderação, podiam esperar sobreviver o verão ao menos. Por enquanto havia água e as ervas daninhas no lago, e logo que se tornou mais quente, eles planejaram ir ao longo do Mississipi, para o sul quente. Havia também a esperança que o oceano ainda existisse. O lago estava morto. Ao longo da costa enegrecida pelo fogo, cardumes de peixes fedorentos foram morrer. Mas que o oceano pudesse estar na mesma condição era impensável.

A esperança era de que a Terra tinha sobrevivido. Em algum lugar sementes brotariam no solo quente, sobreviventes, como eles próprios, floresceriam da terra que se tornaria verde novamente.
Mas a esperança principal sem a qual todas as outras esperanças eram vãs, era de que as Plantas tivessem ido embora, e que essa temporada tinha acabado. As esferas blindados haviam ido embora após o estupro de um planeta, o fogo queimara mais o restolho, e a terra agora acordava do pesadelo daquela segunda criação dos alienígenas.
Esta era a esperança de todos.

Em seguida, todos os lugares da terra estavam cobertos com um tapete verde dos mais ricos. As chuvas que tinham lavado o céu limpo da fumaça da queima tinha também trazido bilhões de esporos do segundo plantio. Como todos os híbridos, a Planta era estéril e não poderia se reproduzir sozinha. Uma nova cultura tinha que ser plantada a cada primavera.
Em dois dias as plantas já estavam na altura dos tornozelos.

Os sobreviventes espalhados pela uniformidade plana e verde da planície, se assemelhavam a
figuras em uma reprodução renascentista ilustrando noções de perspectiva.
As três figuras mais próximas, a meia distância, compunham uma espécie de Santa Família, embora se aproximando, não pudessem deixar de notar que suas características eram regidas por outra emoção que não a felicidade.

A mulher sentada no solo, de fato, chorava amargamente, e o homem de joelhos atrás dela, as mãos plantadas em seus ombros como que para consolá-la, mal consegue conter suas próprias lágrimas. Sua atenção estava fixa sobre a magra criança em seus braços, que em vão tentava sugar seu peito seco.

Um pouco mais adiante, outra figura - ou deveríamos dizer duas? - Sem qualquer iconográfica paralela, a menos que permitisse que esta fosse um Niobe aflito com suas crianças. No entanto, Niobe é descrita geralmente sozinha ou na perspectiva de todas as quatorze crianças; esta mulher estava segurando o esqueleto de uma única criança em seus braços. A criança tinha cerca de 10 anos de idade quando morreu. O cabelo vermelho da mulher era um chocante contraste com o verde por toda parte sobre ela.
  
Quase no horizonte poderiam se ver as figuras de um homem e uma mulher, nus, de mãos
dadas, sorrindo. Certamente estes eram Adão e Eva antes da queda, embora apareceram um pouco mais magros do que são geralmente representados. Além disso, muito mal combinados em relação à idade: ele tinha quarenta,e ela foi mal entrara em sua adolescência. Eles caminhavam para o sul e, ocasionalmente, falavam um com o outro.

A mulher, por exemplo, virou a cabeça para o homem e disse: "Nunca nos disse qual era seu ator favorito." E o homem respondeu: "David Niven. Eu sempre gostei de David Niven.”
E sorriam!

Mas estas figuras eram muito, muito pequenas. A paisagem dominava inteiramente.
O verde parecia infinito. Vasto embora a Natureza ou a Arte pouco tivessem a ver com aquilo.
Mesmo visto de perto, apresentava um aspecto monótono. Em qualquer metro quadrado de terreno, uma centena de mudas crescia, cada qual exatamente igual a outras.
A natureza é pródiga. De uma centena de mudas apenas um ou duas sobreviveria; de uma centena de espécies, apenas uma ou duas.

No entanto, não seria o homem.

_____________
Eis que até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos.
E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um vermezinho!
Jó 25:5-6
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FIM







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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Best Science Fiction Stories of Clifford D Simak


Conteúdo:

Founding Father
Immigrant
New Folks' Home
Crying Jag
All the Traps of Earth
Lulu
Neighbor




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quinta-feira, 21 de julho de 2011

The Japanese Devil Fish Girl and Other Unnatural Attractions - Robert Rankin



Robert Rankin vem flertando com o subgênero Steampunk faz tempo - invenções diabólicas da cultura vitoriana invadem seu trabalho de vez em quando.

Neste, os acontecimentos narrados em 'A Guerra dos Mundos' de H.G.Wells ocorreram na década passada e a Grã-Bretanha tem o comando da tecnologia dos marcianos. Nosso herói é George Fox, trabalhador em feiras intinerantes, com seu patrão Professor Coffin, que exibe um marciano em conserva que está se desintegrando lentamente em formaldeído. Mas o destino tem grandes planos para George, e logo ele, Coffin e Ada Lovelace encontram-se em busca da lendária garota peixe diabo japonês, que não é japonesa, nem peixe, nem um demônio (embora seja do sexo feminino).

Freakshows, dirigíveis, pigmeus canibais, Lemuria, deuses antigos e um macaco mordomo, entram e saem da história, um marca registrada de Rankin.



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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Arte digital






















Da galeria do site LUXOLOGY

terça-feira, 19 de julho de 2011

Endangered species - Gene Wolfe



Coletâneas de um único autor costumam ser de dois estilos. Um é sobre contos vencedores de prêmios, aqueles mais conhecidos. O outro é mais completo, uma retrospectiva da totalidade de uma carreira, não apenas os destaques. Endangered Species (Espécies ameaçadas de extinção) é mais o último do que o primeiro. As 34 histórias não demonstram somente as habilidades totalmente desenvolvidas de Gene Wolfe, mas também os primeiros experimentos de estilo, pedaços de inspiração que eventualmente cresceram para formar a obra de um dos escritores mais talentosos da Ficção Científica.

Conteúdo:

A Cabin on the Coast
The Map
Kevin Malone
The Dark of the June
The Death of Hyle
From the Notebook of Dr. Stein
Thag
The Nebraskan and the Nereid
In the House of Gingerbread
The Headless Man
The Last Thrilling Wonder Story
House of Ancestors
Our Neighbor by David Copperfield
When I Was Ming the Merciless
The God and His Man
The Cat
War Beneath the Tree
Eyebem
The HORARS of War
The Detective of Dreams
Peritonitis
The Woman Who Loved the Centaur Pholus
The Woman the Unicorn Loved
The Peace Spy
All the Hues of Hell
Procreation ( i -- Creation; ii - Recreation; iii - The Sister's Account)
Lukora
Suzanne Delage
Sweet Forest Maid
My Book
The Other Dead Man
The Most Beautiful Woman on the World
The Tale of the Rose and the Nightingale (And What Came of It)
Silhouette



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segunda-feira, 18 de julho de 2011

P3RSP3CTIV3




Um tributo ao gênero cyberpunk, este curta nos dá uma perspectiva bastante singular de um futuro cyberpunk, onde VR é a droga para fugir da dura realidade.

 

sábado, 16 de julho de 2011

Os Genocidas - Thomas Disch (Parte 19)





DEZESSEIS
Seguros em casa


Às vezes a distância é o melhor remédio, e se você quiser recuperar-se deve seguir em frente. Além disso, se você parar não pode ter certeza se conseguirá começar novamente.

Não que eles tivessem muita escolha, tiveram que continuar a subir. Então foram para cima. Era mais fácil agora. Talvez fosse apenas o contraste entre uma coisa certa (é claro, se eles não escorregassem, o tipo de perigo que quase não estimulava-os neste ponto) e a presença da morte que tinha sobrecarregado-os nesses últimos dias, e de modo que a ascensão era também um ressurreição.

Havia apenas uma pessoa ansiosa agora, e era Buddy. E até isso foi dissipado, pois após  menos de uma hora de escalada tinham atingido o nível de sua base, e Maryann estava  esperando lá. A lâmpada estava queimando para que eles pudessem ver de novo, e a visão do  outros, machucados e sangrando, trouxe lágrimas aos seus olhos e os fez rir como crianças  em uma festa de aniversário. O bebê estava bem, todos eles.

"Você quer ir até a superfície agora? Ou você quer descansar?"
"Agora" Buddy disse.
"Descansar" disse Orville. Ele tinha acabado de descobrir que seu nariz estava quebrado. 
Sempre tinha sido um belo nariz... reto e fino, um nariz orgulhoso.
"Estou horrível não?" Ele perguntou para Flor.
Ela balançou a cabeça tristemente e beijou seu nariz, mas ela não diria nada. Ela não tinha dito uma palavra desde que a coisa tinha acontecido lá em baixo.
Orville tentou retornar seu beijo, mas ela desviou o cabeça.
Buddy e Maryann afastaram-se para ficar a sós.
"Ele parece muito maior" Buddy observou, embalando Buddy Junior. "Quanto tempo estivemos  longe?"
"Três dias e três noites. Foram dias longos, porque eu não conseguia dormir. Os outros já foram até a superfície. Eles não iam me esperar. mas eu sabia que você voltaria. Você me prometeu. Lembram-se?"
"Hum-hum", disse ele e beijou a mão dela.
"Greta voltou" disse Maryann.
"Isso não faz diferença para mim. Não mais."
"Foi por sua causa que ela voltou. Ela me disse isso. Ela disse que não pode viver sem você."
"Ela só disse isso porque está nervosa."
"Ela...mudou. Você vai ver. Ela não voltou pelo tubérculo onde eu estava esperando, mas no  próximo, acima. Venha, vou levá-lo até ela."
"Parece que você quer me ver com Greta novamente."
"Eu só quero o que você quer, Buddy. Você disse que Neil está morto. Se você quiser fazê-la sua segunda esposa, eu não vou impedir você...se é o que você quer."
"Isso não é o que eu quero, caramba! E da próxima vez que eu falar que te amo, é melhor você acreditar em mim. Ok?"
"Ok", disse ela na sua voz juvenil, beata. Havia até mesmo a sugestão de riso abafado.  "Mas é melhor vê-la de qualquer maneira. Porque você vai ter que pensar em alguma forma de  fazê-la voltar à superfície. Mae Stromberg está de volta também, mas já subiu com o resto 
deles.Ela ficou meio louca. Ela ainda estava carregando Danny com ela, o que sobrou de  Denny. Ossos principalmente. Este é o tubérculo. Greta está do outro lado, no fim. Eu vou  ficar aqui com a lâmpada. Ela prefere o escuro."

Buddy sentiu seu medo. Em breve, avançando através do tubérculo, ele cheirava algo muito  pior. Dirigir por uma cidade no sul de Minnesota, na temporada das compotas uma vez, ele  tinha cheirado algo assim, uma casinha azeda. "Greta?" Disse.
"Buddy, é você Buddy?" Foi com certeza a sua voz que respondeu, mas seu timbre tinha  mudado sutilmente. Não houve a nitidez dos 'Ds' e do 'B' inicial. "Como você está Buddy?  Não chegue mais perto!"
Houve um som ofegante, e quando Greta começou a falar novamente, ela balbuciava, como uma  criança que tenta falar com a boca cheia de leite. "...você. Eu queroo ser sua.  Peeerdoe-me. Podemos começar tudo de novo...como Adão e Eva...só nós".
"O que há de errado com você?" perguntou. "Você está doente?"
"Não. Eu..." Um som de gargarejo violento. "Estou apenas com um pouco de fome. Eu fico  assim de vez em quando. Maryann me trazia minha comida, mas ela nunca vai trazer-me o  bastante. Buddy ela está tentando me fazer morrer de fome!"
"Maryann" Buddy chamou. "Traga a luz aqui."
"Não, não!" Greta gritou. "Você tem que responder a minha primeira pergunta, Buddy. Não há  nada entre nós agora. Maryann me disse que se você...não...vá embora! A luz fere meus  olhos." Houve um som, sugando, como quando alguém se move muito de repente em uma banheira  cheia, e o ar liberando novas marés de fedor.
Maryann entregou a seu marido a lamparina.
Greta Anderson tinha afundado em si mesma. Seu corpo inchado tinha perdido todas as  características humanas: era uma massa de gordura flácida. Os contornos de seu rosto foram  obscurecidos por dobras de carne soltas como um retrato de aquarela que foi deixado de  fora em uma tempestade.

"Ela não se move mais" Maryann explicou, "está pesada demais para se levantar. Os outros  acharam ela quando estavam procurando por Flor, e eles a puxaram até aqui com cordas. Eu  lhes disse para deixá-la aqui, porque ela precisa de alguem para cuidar dela. Eu trago a  comida dela. É um trabalho em tempo integral."
A comoção de carne aos seus pés se tornou mais agitada, e parecia quase com uma expressão  no rosto. Ódio, talvez. Em seguida, uma abertura no centro da face, boca, e a voz de Greta  disse: "Vá embora, você me dá nojo!"
Antes de partirem, a figura a seus pés já estava enchendo com punhados da polpa do  fruto a cavidade no centro de sua face.


Enquanto os homens e Flor descansavam, Maryann teceu uma espécie de chicote de fios mesmo  sob protestos veementes de Greta que não gostou se ser amarrada com ele e buscou o cesto de roupa que havia sido resgatado do fogo da Sala comum. Se não o fizesse, a Greta em intervalos de hora em hora, iria começar a pegar punhados da sujeira em torno dela e outras coisas goela abaixo. Ela já não parecia estar ciente da diferença, mas Maryann estava, e era por causa dela própria que mantinha a cesta com comida.

Depois que Greta tinha comido o suficiente da polpa do fruto, geralmente ficava bem, como agora, para alguns momentos de conversa, Maryann tinha sido grata por isso durante as longas e escuras horas de espera. Como Greta muitas vezes observava durante estes interlúdios sóbrios: "A pior parte é o tédio. Isso é o que me levou a minha condição...Havia um filme, não me lembro o nome agora, onde ela era pobre e tinha um sotaque engraçado, e Laurence Harvey era um estudante de medicina que se apaixonou por ela. Ou então foi Rock Hudson. Ela o tinha na palma de sua mão. Ele teria feito qualquer coisa que ela pedisse. Não me lembro como termina, mas tinha outro que eu gostava mais, com James Stewart...se lembra dele...? Ela vivia nesta bela mansão em San Francisco. Oh, você devia ter visto os vestidos que ela tinha. E o cabelo lindo assim! Ela deve ter sido a mulher mais bonita do mundo. E ela caiu de uma torre no final. Eu acho que é assim que termina."
"Você deve ter visto quase todos os filmes que Kim Novak já fez" disse Maryann placidamente enquanto amamentava o bebê em seu peito.
"Bem, se havia algum que eu perdi, eu nunca ouvi falar. Eu gostaria que você soltasse essas cordas". Maryann nunca respondia às suas queixas. "Tinha aquele em que ela era uma bruxa, mas não um abruxa das antigas, sabe? Ela tinha um apartamento na Park Avenue ou em algum lugar assim. E o mais belo gato siamês que eu já vi".
"Sim. Acho que você me falou desse já."
"Bem, por que você nunca contribuiu para a conversa? Devo ter-lhe dito sobre cada filme que eu já vi até hoje."
"Eu nunca vi muitos filmes."
"Você acha que ela ainda está viva?"
"Quem...Kim Novak? Não, eu suponho que não. Devemos ser os últimos. Isso é o que diz Orville."
"Estou com fome de novo."
"Você só come. Você não pode esperar?"
"Estou com fome, eu estou dizendo! Você acha que eu gosto disso?"
"Oh, tudo bem." Maryann pegou da cesta e foi até o fruto e partiu uma seção mais saudável do tubérculo. Preenchida a cesta pesava uns 20 quilos ou mais. Quando ela não podia ouvir nas proximidades Maryann, Greta explodiu em lágrimas.
"Oh Deus, eu odeio isso! Eu odeio ela! Oh, eu estou com tanta fome!"
Sua língua doía ansiando ser coberta com o amado sabor do licorice, como a língua de um fumante  habitual de três maços de nicotina em uma só manhã, quando não tem cigarros.
Ela não era capaz de esperar pelo retorno de Maryann. Quando tinha afugentado o pior de sua fome. ela parou de jogar as coisas em sua boca e gemeu em voz alta na escuridão.
"Oh Deus, como eu me...! Eu, o que me...que eu!"


Eles tinham transportado Greta por um longo caminho, parando apenas para descansar quando  tinham atingido o tubérculo mais alto em que passaram a primeira noite do inverno subterrâneo. O frio era um alívio bem-vindo em relação ao calor húmido. O silêncio de Greta era ainda mais bem-vindo. Durante toda a subida, ela se queixou de que o cinto a estrangulava, que ela esta presa nas videiras e eles estavam puxando-a, que ela estava com fome. Ao passarem por cada tubérculo, Greta enchia sua boca a uma taxa prodigiosa.
Orville estimou que ela pesava 200 quilos. "Oh, mais que isso" Buddy disse. "Você está sendo gentil."
Eles nunca teriam sido capaz de puxá-la se a seiva das raizes que cobria o revestimento da  cavidades não tivesse sido um lubrificante eficaz. O problema agora era como içá-la nos últimos trinta metros, na vertical da raiz primária. Buddy sugeriu um sistema de polias, mas Orville temiam que as cordas à disposição não fossem capazes de suportar o peso total de Greta. "E mesmo que pudessem como vamos tirá-la através do buraco? Em dezembro, Maryann mal era capaz de espremer-se através dele."
"Um de nós vai ter que voltar para pegar o machado."
"Agora? Não quando estamos tão perto do sol. Eu digo, vamos deixá-la aqui, onde há comida à mão para ela e faremos o resto do caminho por nós mesmos. Mais tarde voltaremos, com tempo suficiente para sermos bons samaritanos."
"Buddy, que barulho é esse?" Maryann perguntou. Não querendo interromper.
Eles prestaram atenção, e antes mesmo de ouvi-lo, temiam o que pudesse ser, o que era.
Um som, um gemido, não tão alto como o ruído da esfera de metal tinha feito tentando empurrar o seu caminho pela caverna, porque, por um lado, era mais longe, e por outro, não parecia ter a mesma dificuldade de vencer a entrada. A lamentação ficou mais alta, em seguida, um som enorme seguiu, como quando o ralo drenando a agua de uma piscina.
Fosse o que fosse, estava agora no tubérculo com eles.
Com uma fúria repentina como seu terror, um vento levantou-se e atirou-os em seus joelhos.
Marés de fruta líquida levantaram do chão e paredes cairam e o teto, o vento varria crista de cada onda sucessiva e levou-os para a extremidade do tubérculo, como espuma que derramam da máquina de lavar. Tudo o que podia ser visto à luz do lampião eram flashes brancos de espuma. Maryann apertou seu filho ao peito convulsivamente, depois que uma rajada de vento quase levou-o de seus braços. Ajudada por Buddy, inclinando-se contra o vento, ela chegou até a raiz que se ramificava para fora do tubérculo. Lá eles se abrigaram dos piores efeitos do vendaval, que parecia a uivar ainda mais ferozmente. Coube a Orville a tentativa de resgatar Greta, mas era uma tarefa impossível. Mesmo em circunstâncias normais, seria difícil puxar seu peso no piso escorregadio do fruto; e sozinho, contra o vento, ele não poderia carregar ela. Na verdade ela parecia estar se movendo para o turbilhão com a polpa da fruta. Depois de uma terceira tentativa quixotesca, se entregou voluntariamente as súplicas mudas de Flor e juntou-se a Buddy e Maryann na raiz.
Greta deslizou para a frente. Milagrosamente a lamparina que havia sido confiada a ela durante o período de descanso ainda estava acesa. Na verdade, queimava mais brilhante do que antes.
Embora sua visão começasse a tremer como um filme mal emendado, ela estava certa em seus últimos momentos de consciência que podia ver o grande estômago palpitante da coisa, laranja brilhante e rosada que só poderia ser chamado Peach Pango e, sobreposto a ele, uma grade cintilante Cinderella Vermelho. A grade parecia crescer a um ritmo alarmante. Então, ela sentiu toda a massa de seu serlevado por um redemoinho, e por um momento breve sem peso, ela era jovem novamente, e então ela caiu de uma grande altura.
Na raiz eles ouviram o som. Maryann abraçou-se e Buddy murmurou alguma coisa.
"O que você disse?" Orville gritou, a tempestade havia atingido seu auge, e até mesmo
aqui na raiz eles estavam agarrados às videiras para não serem sugados de volta para o tubérculo.
"Eu disse que teremos vermes na cidra esta noite" Buddy gritou de volta.
"Quê?..."
"Vermes!..."

O som áspero, que tinha sido inaudível durante a tempestade, ressurgiu, e tão abruptamente como o vento tinha brotado, morreu. quando o os sons diminuiram a um nível tranquilizador, os cinco voltaram para o tubérculo. Mesmo sem a lamparina, a mudança ficou evidente: o chão estava vários metros mais baixo do que tinha sido; vozes ecoavam das superfícies, que eram duras como rocha, até mesmo a casca grossa do fruto havia sido raspado. e no centro deste espaço maior, mais ou menos no nível de suas cabeças, um tubo grande se estendia desde a abertura da raiz superior para a inferior. O tubo era quente ao toque e estava em constante movimento para baixo.
"Um tipo de aspirador de pó" Orville disse. "Deixou este lugar limpo. Não há o suficiente  aqui para alimentar um rato."
"As colheitadeiras vieram" disse Buddy. "Você não acha que eles plantaram todas essas coisas para deixá-las a apodrecer, não é?"
"Bem, é melhor ir até a superfície e ver a cara deste fazendeiro MacGregor."

Mas eles estavam estranhamente relutantes em deixar o tubérculo seco.
Um humor elegíaco tinha se estabelecido. "Pobre Greta", disse Flor.
Todos eles se sentiram melhor quando esta simples lembrança foi pronunciado. Greta estava morta, e o velho mundo parecia ter morrido com ela.

Eles sabiam que o mundo que encontrariam ao subir não seria o mesmo que eles tinham deixado para trás.



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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Contos apocalípticos! Participe !



Séculos atrás, os maias previram que o mundo chegaria a um fim catastrófico, após passar por cinco ciclos de existência. Com seus vastos conhecimentos de astronomia, concluíram que raros alinhamentos estelares, associados às posições do Sol e da Terra, trariam a destruição do mundo como o conhecemos.

A destruição prevista pelos maias viria através do Sol. A estrela, que antes proporcionava condições para a vida na Terra, passaria a emanar cada vez mais energia, fazendo com que a vida na Terra tivesse um fim trágico.

O calendário maia indica uma data exata para essa destruição: 21 de dezembro de 2012.

Somam-se à profecia inúmeras crenças, previsões científicas e místicas, assim como fatos que são conhecidos de todos. O Sol atingirá, entre 2012 e 2013, o nível mais alto de emissões energéticas dos últimos anos. Diversas organizações internacionais afirmam constantemente que o degelo das calotas polares é irreversível. As agências espaciais reafirmam que não existe tecnologia capaz de impedir a colisão de um asteróide com a Terra. O aquecimento global tende a aumentar de maneira descontrolada. A escassez de alimentos é uma ameaça constante. Catástrofes naturais são cada vez mais comuns.

Seja qual for a causa, muitos acreditam que a civilização humana, ou até mesmo o mundo que a abriga, está com os dias contados. Muito já se escreveu e falou sobre as catástrofes e destruições que estão por vir.

De um modo ou de outro, o mundo sempre acaba. Como o próprio ciclo da vida, tudo tem um fim. Mas também tem um recomeço. Não queremos saber do fim, sim desse recomeço.
E se o mundo acabar? E se os maias estiverem certos? E se você sobreviveu? O que fazer nessa situação?

Chegou a hora de repensar tudo isso e preparar o mundo para o que virá depois do fim. Como acabou não é importante. O que importa é que acabou, e agora?

O desafio proposto aos autores dessa antologia é escrever não sobre o fim do mundo, mas sim sobre o recomeço de uma nova era, e quem sabe até avançar no futuro para nos dizer o que acontecerá a partir de 2013.

Esse ano terá a singularidade de marcar a raça humana e como ela será marcada depende de você.

Em uma iniciativa da Editora Ornitorrinco em parceria com a Editora Literata pedimos aos autores que embarquem nessa viagem e vislumbrem um futuro que foi previsto há milhares de anos. De um retorno à Idade da Pedra ao Cyberpunk; da esperança ao desespero; do término ao recomeço. Vale tudo, só basta ousar!

Selecionaremos autores que se juntarão aos convidados para nos contar como será o pós-apocalipse.


O processo seletivo estará aberto do dia 10 de julho de 2011 ao dia 15 de setembro de 2011


Mais informações no site oficial.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Monstros CGI




















Do site The Inspiration Blog

sábado, 9 de julho de 2011

Os Genocidas - Thomas Disch (Parte 18)



QUINZE
SANGUE E LICORICE

Sua mão tocou o corpo morto dela. Buddy pensou no início que era o cadáver de seu pai, mas então se lembrou de como tinha uma vez tropeçado no mesmo corpo frio e experimentado o terror: havia um caminho de volta! Este era o fio que conduziria para fora do labirinto.

Percorreu o caminho de volta até Orville e Flor.
"Neil está dormindo?" Perguntou.
"Ele parou de fazer barulho" Orville disse. "Está dormindo ou está morto."
Buddy contou-lhes as novas. "...isso significa que podemos voltar pelo caminho que tentamos em primeiro lugar. Para cima. Foi um erro nosso voltar atrás."
"Aqui estamos nós, em um círculo completo. A única diferença agora" Orville observou "é que temos Neil conosco. Talvez o melhor a fazer fosse deixá-lo para trás. Podemos ir agora!".
"Eu pensei que tínhamos concordado em deixar os outros decidirem o que fazer com Neil."
"Nós não vamos acabar com ele. Estaremos deixando-o quase exatamente no mesmo lugar que o encontramos, capturado na armadilha que fez para você. além disso, podemos deixar o corpo de Alice em seu caminho, e ele pode descobrir por si mesmo que o caminho de volta é por onde ele a jogou para baixo."
"Não meu meio-irmão. Não Neil. Ele só se assustará ao encontrar o corpo. Descobrir o caminho de volta para ele seria o mesmo que esperar que descubrisse o teorema de Pitágoras sozinho. Inferno, aposto que se você tentasse explicar isso para ele, ele mesmo assim não acreditaria."
Flor, que tinha estado a ouvir tudo isso atordoada, começou a tremer, a tensão que o corpo dela tinha sofrido por tanto tempo começava a dissipar-se.
Era como no tempo em que ia nadar no lago; sua carne tremia, mas ao mesmo tempo sentia-se estranhamente rígida. Em seguida, seu corpo, nu e tenso, de repente foi pressionado contra Orville, e ela não sabia se ele tinha vindo até ela ou ela até ele.

"Querida, nós vamos conseguir voltar! Nós vamos...depois de tudo! Oh, minha querida!"
A voz estridente de Neil veio da escuridão: "Eu ouvi isso!"
Embora ela pudesse ouvir Neil à frente, Flor sustentou o beijo desesperadamente. Seus dedos apertados nos braços musculosos de Orville. Seu corpo esticado para a frente. Em seguida, uma mão fechada em torno da boca e outra em torno de seu ombro a puxou para longe de Orville, mas ela não se importou. Ela ainda estava atordoada com a felicidade, e imprudente era o amor.

"Eu suponho que você estava dando-lhe mais respiração artificial?" Neil zombou.
Foi talvez sua primeira piada autêntica.
"Eu estava beijando ele" Flor respondeu orgulhosamente. "Estamos apaixonados".
"Eu o proíbo de beijá-lo!" Neil gritou. "Eu a proíbo de estar apaixonada. Proíbo!"
"Neil, me solte!" Mas suas mãos se fechavam ainda mais apertado.
“Você...Jeremias Orville! Vou dar um jeito em você. Você... eu tenho observado você o tempo todo. Vem enganado muita gente, mas nunca me enganou. eu sabia o que você estava fazendo. Eu vi o jeito que você olhou para Flor. Bem, você não vai consegui-la. O que você vai conseguir é uma bala em sua cabeça."
"Neil, solte-me. Você está me machucando."
"Neil" Buddy disse em um tom baixo, o tom que se adota com animais assustados, "essa menina é sua irmã. Você está falando como se ele tivesse roubado sua namorada. Ela é sua irmã."
"Ela não é."
"O que diabos você quer dizer com isso?"
"Quer dizer que eu não me importo!"
"Seu sujo."
"Orville, é você? Por que não vem aqui, Orville? Eu não vou deixar Flor ir embora. Você vai ter que vir resgatá-la. Orville?"

Ele puxou os braços de Flor para trás das costas e agarrou os pulsos finos com a mão esquerda. Quando ela lutou, torceu os braços para cima dolorosamente algemado-a com a mão livre. Quando ela parecia pacificada, ele tirou o Python do coldre, como quem tira uma jóia do porta-joias amorosamente.

"Vem cá Orville, e veja o que eu tenho para você.”
"Tenha cuidado. Ele tem uma arma!" gritou Buddy. "A arma do Pai."

A voz de Buddy veio mais da direita do que Neil tinha esperado. Jogou seu peso a frente, mas não estava realmente preocupado, porque tinha uma arma e eles não.
"Eu sei" disse Orville.
Um pouco para a esquerda. O espaço dentro deste tubérculo era longo e estreito, muito estreito para virem pelos lados.
"Eu tenho algo para você também Buddy, se você acha que vai escapar depois que o cérebro do seu amigo pular para fora. Eu tenho um machado."
Ele riu uma risada feia.
"Ei! É uma piada Buddy...amigo, entendeu?"
"É uma droga de piada, Neil. Se você quer melhorar sua personalidade, não deve fazer piadas."
"Isso é apenas entre Orville e eu, Buddy. Vá embora ou... ou eu vou cortar sua cabeça fora, isso é o que vou fazer."
"É? Com o que? Com seus dentões?"
"Buddy" Orville advertiu, "ele pode ter encontrado o machado. Eu o trouxe comigo."
Felizmente ninguém pensou em perguntar por quê.
"Neil, deixe-o ir. Deixe-o ou eu nunca vou falar com você de novo. Se você parar de agir desta forma, todos nós podemos ir para cima e esquecer que isso aconteceu."
"Não, você não entende Flor. Você não está segura ainda."
Seu corpo se inclinou para frente até que seus lábios estavam tocando os ombros dela e descansaram por um momento, sem certeza do que fazer. Em seguida, sua língua começou a lamber a polpa da fruta com a qual todo o seu corpo estava coberto. Ela conseguiu a gritar.
"Quando você estiver segura, eu vou deixar você ir, eu prometo. Depois, você pode ser minha rainha. Haverá apenas nós dois e o mundo inteiro. Nós vamos para a Flórida, onde nunca neva, nós dois."
Ele falou com eloqüência natural, pois tinha parado de pensar sobre o que disse, e as palavras saíram de seus lábios sem censura, pelos mecanismos defeituosos da consciência. Era mais um triunfo para o lado primitivo.
"Vamos deitar na praia, e você pode cantar, enquanto eu assovio. Mas ainda não mocinha. Não até que você esteja segura. Em breve."

Buddy e Orville pareciam ter parado de se mover a frente. Tudo estava quieto, exceto pelo pingar do fruto maduro. O sangue de Neil subira à cabeça, o efeito que o medo induz ao animal. Eles estão com medo de mim! pensou. Medo da minha arma! O peso da pistola na mão, o modo como seus dedos se curvavam em torno dela, a forma como um deles pressionava o gatilho, lhe proporcionou mais prazer  gratificante do que seus lábios tinham conhecido tocando o corpo da irmã.

Eles estavam com medo dele. Eles podiam ouvir sua respiração difícil e o som de Flor choramingando (que ela manteve apenas para que eles pudessem ouvi-la e avaliar sua distância), e ficaram para trás. Eles tinham muito desprezo por Neil e estavam prontos para arriscar suas vidas desesperadamente contra ele. Certamente havia alguma maneira de enganá-lo.
Talvez se ficasse com raiva o suficiente, faria algo tolo desperdiçando sua única bala em um ruído no escuro ou soltasse Flor.

"Neil" sussurrou, "todo mundo sabe sobre você. Alice disse a todos o que você fez."
"Alice está morta" Neil zombou.
"Seu fantasma!" Buddy assobiou. "Seu fantasma está aqui procurando por você. Por conta do que você fez para ela".
"Ah, isso é um monte de besteira. Eu não acredito em fantasmas".
"E por causa do que você fez ao Pai. Isso foi uma coisa terrível de se fazer, Neil. Ele deve estar com raiva de você. Deve estar procurando por você também. Ele não vai precisar de uma lâmpada para encontrá-lo.”
"Eu não fiz nada!"
"O Pai sabe. Alice sabe também, não é? Todos nós sabemos. Foi assim que você obteve a pistola Neil. Você matou para obtê-la. Matou seu próprio pai. Qual é a sensação de fazer algo assim? Diga-nos. O que ele disse no último momento?"
"Cale-se! Cale a boca!"

Quando começou a falar mais uma vez, tinha o mesmo tom estridente de novo, enquanto a voz parecia estar chegando mais perto dele. Em seguida ficou quieto de novo, o que era pior. Neil começou a encher o silêncio com suas próprias palavras: "Eu não o matei. Por que eu iria querer fazer isso? Ele me amava mais do que amava qualquer outra pessoa, porque eu era o único que sempre lutava por ele. Eu nunca fugi, não importa o quanto eu queria fugir. Nós éramos amigos, o Pai e eu. Quando ele morreu..."
"Quando você o matou!"
"É isso mesmo, quando eu matei ele, ele disse: Agora você é o líder Neil. E ele me deu sua arma. Essa bala é para Orville, disse ele. Pai, eu disse, farei qualquer coisa que você mandar. Nós sempre fomos amigos, o Pai e eu. Eu tinha que matá-lo, você entende, não? Ora, ele teria casado a Flor com Orville. Ele disse isso. Pai, eu disse, você tem que entender...Orville não é um de nós! Eu expliquei isso com muito cuidado, mas ele só ficava ali e não dizia nada. Ele estava morto. Mas ninguém se importava. Todo mundo odiava ele, exceto eu. Nós éramos amigos, o Pai e eu. Camaradas".

Era evidente, para Orville, que o estratagema de Buddy estava falhando em seu efeito desejado. Neil estava além do ponto de que poderia ser abalado. Ele estava no limite.

Enquanto Neil falava, Orville avançou, agachado, com a mão direita explorando o ar a frente dele, feito os bigodes de um rato. Se Neil não estivesse segurando Flor, ou se não tivesse uma arma, seria uma simples questão de correr abaixado e acertá-lo. Agora era necessário, para seu próprio bem, mas mais especialmente por Flor, desarmá-lo ou se certificar de que seu disparo se perdesse.
A julgar por sua voz, Neil não podia estar longe. Balançou a mão em arco lentamente, e encontrou não a arma, não, mas a coxa de Flor.
Ela não o traiu com sua surpresa, não fez o menor ruído.
Agora seria fácil arrancar a arma da mão de Neil. A mão de Orville se estendeu para cima e para a esquerda: ele deveria estar aqui.
O metal do cano da arma tocou a testa de Orville.
A arma fez um contato tão perfeito que Orville podia sentir o orifício côncavo, dentro de um círculo de metal frio.
Neil puxou o gatilho. Houve um som de clique. Puxou o gatilho novamente. Nada.
Dias de imersão na seiva haviam umedecido a pólvora.
Neil não entendeu porque a arma falhou, mas após o outro clique, estava ciente do que tinha ocorrido. O punho de Orville veio-se em seu plexo solar e desviou na caixa torácica.  Neil tombou para trás e a mão que segurava a pistola desceu com força total, onde ele supostamente achava que estaria a cabeça de Orville.
A coronha chocou-se contra algo duro. Orville fez um gemido.
Sorte...Neil teve sorte. Ele bateu de novo em algo macio. Nenhum ruído. O corpo de Orville estava aos seus pés. Flor tinha conseguido escapar, mas Neil não se importou com isso agora.
Ele tirou o machado de seu cinturão, onde tinha estava preso, o cabeça chata contra o seu estômago, o cabo cruzando sua coxa esquerda.

"Você fique longe Buddy, está ouvindo? Ainda tenho um machado.”
Em seguida, ele pulou na barriga de Orville e em seu peito, mas sem sapatos não conseguiria ferí-lo, então sentou-se em sua barriga e começou a bater-lhe no rosto com os punhos.
Neil estava fora de si. Ele ria, como ele ria!
Mas mesmo assim parava em intervalos para brandir na escuridão o machado.
"Whoop-xixi!" ele gritava. "Whooppee!"
Alguém estava gritando. Flor.

A parte mais difícil era manter Flor calma. Ela não queria parar.
"Não!" Buddy disse. "Você vai se matar. Não sei o que fazer. Ouça-me, pare de gritar e escute.”
Ele a balançou. Ela se acalmou.
"Eu posso manter Orville longe dele, então deixe-me fazê-lo. Enquanto isso, você vai até o caminho onde estivemos antes. Ao longo do desvio. Você se lembra do caminho?"
"Sim.”
"Você vai fazer isso?"
"Sim. Mas você tem que levar Jeremias para longe dele.”
"Então eu vou esperar para ver você lá em cima. Vá em frente agora."
Buddy tinha pego o cadáver rígido e podre de Alice, quando Orville correu como um tolo e estragou tudo.
Ele avançou alguns metros na direção da voz de Neil, parou, agarrou o corpo da velha junto ao peito como uma armadura.

"Oooow"  gemeu.
"Buddy" Neil gritou de pé erguendo o machado "vá embora!"
Mas Buddy só fazia a mesma bobagem de gemidos e suspiros que as crianças fazem brincando de fantasma em uma noite de verão ou em um sótão escuro.
"Não pode me assustar" disse Neil. "Eu não tenho medo do escuro."
"Não sou eu, juro" Buddy disse calmamente. "É o fantasma de Alice. Ela está vindo te pegar. Você não pode sentir o cheiro?"
"Ah, isso é um monte de besteira" Neil respondeu.
O gemido recomeçou. Ele ficou na dúvida, se retornava para Orville ou ia atrás de Buddy.
"Pare com isso" gritou: "Eu não gosto desse barulho".

Ele podia sentir o cheiro! O cheiro de seu pai quando estava para morrer!
A investida de Buddy dera resultado. O cadáver atingiu Neil com força total. Uma mão endurecida acertou os olhos e a boca, rasgou-lhe o lábio.
Ele caiu agitando o machado descontroladamente. O cadáver fez um som horrível. Neil gritou também. Talvez fosse apenas um grito de todos, Neil e o cadáver juntos. Ele rolou e outra vez ficou de pé. Ainda tinha o machado.
Em vez de Orville, havia alguém debaixo de seus pés. Ele sentiu a face rígida, os cabelos, os braços inchados. Era Alice. Ela não estava mais amarrada e algo estava saindo de sua boca.
Alguém estava gritando. Neil.
Ele gritou o tempo todo, cortando o corpo da mulher morta.
A cabeça caiu de um só golpe de machado. Ele dividiu o crânio com outro.
Enterrou o machado várias vezes em seu dorso. Uma vez o machado caiu e feriu-lhe o tornozelo, um golpe feio. Ele caiu, e o corpo desmembrado cedeu debaixo dele como fruta podre. Ele começou a rasgá-lo com as mãos. Quando não havia mais possibilidade de feri-lo novamente, ele se levantou, respirando pesadamente e gritou, não sem uma certa reverência: "Flor?"
Estou bem aqui.
Ah, ele sabia que ela ia ficar para trás, ele sabia! "E os outros?" Perguntou.
Eles foram embora. Eles me disseram para ir embora também, mas eu não fui. Eu fiquei para trás.
"Por que você fez isso, Flor?"
Porque eu te amo.
"Eu também te amo Flor. Eu sempre te amei. Desde que você era apenas uma criança".
Eu sei. Vamos embora juntos. Sua voz cantarolava embalando-o, sua mente cansada como um berço. Em algum lugar longe daqui, onde ninguém possa nos encontrar. Florida. Nós vamos viver juntos, só nós dois, como Adão e Eva, e pensar em novos nomes para todos os animals.
Sua voz ficou mais forte, mais clara e mais bonita. Vamos navegar em um bote inflável pelo Mississippi. Apenas nós dois. Noite e dia.
"Oh" disse Neil.
Começou a caminhar em direção à bela voz.
"Oh, continue." Ele estava andando em círculos.
Eu vou ser sua rainha e você vai ser meu rei, e não haverá mais ninguém no mundo.
Sua mão tocou sua mão. Sua mão tremia.
Beije-me, disse ela. Não é isso que você sempre quis?
"Sim".
Seus lábios procuraram os lábios dela. "Oh, sim.”
Mas a cabeça, e portanto seus lábios, não estavam no lugar onde se esperaria que estivessem. Não estava em seu pescoço.
Finalmente ele encontrou a cabeça a alguns metros de distância.
Os lábios que provou ao beijá-la com gosto de sangue e licorice.
E por alguns dias, satisfez a luxúria de anos com a cabeça de Alice Nemerov, RN.


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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Archaeology as science fiction




Contents
1. Introduction
A ‘deep-sociological’ approach to prehistoric social formations
Individuals, social practice and social formations
The outline of the text

2. Social theory and archaeology
Social theory in archaeology
Different levels of study: the individual and the society
The archaeology of Foucault: mediating micro–macro perspectives
The dualities of structure and agency: Bourdieu and Giddens
Operationalising dualities: Structuration theory in practice
Towards a multi-methodological approach
Summary: Theory, operations and data

3. Social practice and social formations
The need for ‘exotic’ ontologies
Interpreting burials without tricorder?
Finding the past in the present? Tradition and colonial inference
The relevance of time and space: Prehistoric world-systems? 37
Comparing apples and oranges?
Towards a general concept of prehistoric social formations
Framing social formations: boundaries and levels of study
Spatial aspects of social practice
Towards an archaeology of locales?
The environment, objects and social practice
Sociocultural aspects of the physical environment
Different approaches to archaeological environments
The phenomenological approach: experiencing landscapes
The social landscape
The structuration of locales: expanding structuration theory
Operative strategies: embodied maps
Objects, material culture and social practice
Archaeological approaches: style, function and symbolism
Reading material culture?
Social approaches to material culture
Summary: Materialities and social practice

4. The social individual and the Other(s)
Who is the social agent?
The social individual: between roles, identity and institutions?
Cultural dopes or knowledgeable agents?
Social identity: individual experience or external appropriation?
Biological and corporeal aspects of the individual
An emerging paradigm of biosociology?
Hormones and the sexing of the brain
Human nature – animal nature: The individual as a primate
Embodiment theory: Corporeal materialism or sociobiology ‘light’?
Social aspects of corporealities and physiognomy
The body as metaphor
Psychological aspects of the individual: the Ego and the Other(s)
Three little agents and the big bad Freud
Me, myself and I: The sociopsychology of George Herbert Mead
Jean-Paul Sartre: The temporality of the conscious
The Other point of view: Lacan on the imaginary and the symbolic
The symbolic order: A final frontier of social practice?
Merging social and psychological theory
The constitution of the social subject
On the constitution and initiation of social practice
Charisma and initiators of discursive practice
Motivational effects: Desire, ontological trust and a will to know
Summary: Individuals, discourse and the Other(s)
 
5. Summary and suggestions of further studies
Suggestions of empirical studies
Bibliography 


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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Remaking The Frankenstein Myth on Film



Contents

Acknowledgments 
Chapter One. Frankenstein as Enduring Cinemyth 
Chapter Two. (Un)Leashing Laughter: Gender, Power and Humor
Chapter Three. Daemonic Dread
Chapter Four. On the Edge of Terror and Humor
Chapter Five. Postmodern Horror-Hilarity
Notes
Bibliography
About the Author
Index


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quarta-feira, 6 de julho de 2011

The Secret History of Star Wars



Introduction

Chapter I: The Beginning -- examines how George Lucas grew up inundated with comic books, pulp fiction and b-movies and stumbled into the film industry at a seminal point in American film history, creating a duo of films which led into the creation of a space adventure movie

Chapter II: The Star Wars -- examines how Lucas attempted to adapt Flash Gordon, then remade Akira Kurosawa's Hidden Fortress, and finally invented his own "superhero in space" adventure film, first as a complicated and convoluted comic book action film

Chapter III: Enter Luke Starkiller -- traces how Lucas took his convoluted first draft and struggled for years before he finally arrived at the simplified coming of age odyssey of protagonist Luke Starkiller.

Chapter IV: Purgatory and Beyond -- examines Lucas' earliest franchise plans, the tumultuous production, final release and the successful aftermath, where Star Wars became a series.

Chapter V: Revelations -- shows how Lucas took his simple space adventure and transformed it into a saga, first comprising of 12 and then 9 films, and how the fusion of Luke Skywalker's father and Darth Vader in early 1978 changed the course of the franchise forever

Chapter VI: The Wreckage -- examines how the production of Lucas' first sequel fell apart and how it impacted the future of the franchise

Chapter VII: Demons and Angels -- traces how Lucas redeemed Darth Vader and transformed him into a sympathetic character, and how the nine-episode plan was cut short

Chapter VIII: Endings -- examines the closure of the Star Wars trilogy and the collapse of Lucas' personal life

Chapter IX: The Beginning...Again -- examines how Lucas returned to the series and re-invented it with his decision to make his prequel trilogy

Chapter X: Returning Home -- Takes a look at the scripting of Episode I and the evolving plans for the trilogy.

Chapter XI: The Madness -- looks at the reaction of The Phantom Menace and Star Wars fandom

Chapter XII: Stitches -- examines how Lucas continued to shape the prequel story for the second episode

Chapter XIII: The Circle is Complete -- examines how Lucas altered his plans for Episode III multiple times and consolidated the trilogy as the personal story of Anakin Skywalker and solidified the new series he had been building

Conclusion

Appendix A: The Great Mystery of the Journal of the Whills -- finally de-mystifies this infamous document

Appendix B: Of Heroines, Wookies and Little People -- looks at some interesting draft variations of Star Wars

Appendix C: The Dark Father -- examines the validity of claims of Lucas developing "Father Vader" before 1978

Appendix D: The Legend of the Sequel Trilogy -- traces how the concept of sequels to Star Wars were formed and what happened to the infamous third trilogy that followed the original three films

Appendix E: Tales of Gary Kurtz -- examines some interesting comments made by the producer of Star Wars

Appendix F: Tales of Dale Pollock -- examines some interesting comments made by Lucas' only biographer

Appendix G: Tales of Jonathan Rinzler -- addresses common misconceptions found in Rinzler's book.

Appendix H: Script and Writing Sources -- lays out and tracks all of the scripts, treatments and materials Lucas created, from 1973 to 2005, in an easy-to-read reference timeline



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terça-feira, 5 de julho de 2011

The Del Rey Book of Science Fiction and Fantasy




Quando criança fui encorajada a ler tudo que encontrava e isso incluía os livros de casa, como Bulfinch’s Mythology, Nathaniel Hawthorne e Guy de Maupassant e contos de fada do mundo inteiro. Um pouco mais tarde li coleções inteiras de Ray Bradbury, Harlan Ellison e Richard Matheson, e antologias como Dangerous Visions e Again, Dangerous Visions, The Playboy Book of Horror and the Supernatural, antologias inglesas da Carnell e muitas e muitas antologias do tipo o-melhor-do-ano. Ainda mais tarde me tornei uma leitora ávida de Angela Carter e T. Coraghessan Boyle e continuei a conhecer escritores de contos fora dos gêneros. Como podem ver, sempre fui seduzida por contos. Eu não diferenciava entre Ficção Cientifica , Fantasia e Terror, eu amava a imaginação. Para mim os contos são o coração e a alma da literatura fantástica, especialmente a Ficção Científica. O meio pelo qual os escritores podem experimentar sua voz, seu estilo, Tentar um tema que depois até pode se tornar um romance. O conto introduz o leitor na obra pouco familiar do autor, sem investir o tempo que um romance necessita.

Neste volume está refletida o tipo de ficção que procuro. Você não encontrará histórias em outros planetas, e hard SF, mas encontrará duas histórias alternativas, alguns aliens, e alguma ficção científica política. Não encontrará capa e espada ou elfos, mas cidades em garrafas, um conto de fadas distorcido, e uma mulher que adora filmar vulcões.

Sempre me perguntam sobre o futuro do conto e nunca consegui responder, mas certamente respondo pela qualidade dos escritos. É uma felicidade para mim que alguns dos meus escritores favoritos e talentosos novos escritores estão criando novos mundos e reimaginando este aqui.
Espero que gostem da excursão: 


Contents

Preface -Ellen Datlow 
The Elephant Ironclads -Jason Stoddard 
Ardent Clouds -Lucy Sussex 
Gather -Christopher Rowe
Sonny Liston Takes the Fall -Elizabeth Bear 
North American Lake Monsters -Nathan Ballingrud 
All Washed Up While Looking for a Better World -Carol Emshwiller 
Special Economics -Maureen F. McHugh 
Aka St. Mark’s Place -Richard Bowes 
The Goosle -Margo Lanagan 
Shira -Lavie Tidhar 
The Passion of Azazel -Barry N. Malzberg 
The Lagerstätte -Laird Barron 
Gladiolus Exposed -Anna Tambour 
Daltharee -Jeffrey Ford 
Jimmy -Pat Cadigan 
Prisoners of the Action -Paul McAuley and Kim Newman  


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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Coma e Emagreça com Ficção Científica



Os três organizadores desta antologia (Isaac Asimov, George Martin e Martin Greenberg) eram incomumente belos, espantosamente inteligentes e tremendamente bem sucedidos com o sexo oposto... Mas eram gorduchos. Para ficar na moda, decidiram emagrecer. Sendo gente de ficção científica, quiseram fazer a coisa à maneira da ficção científica. E por isso resolveram fazer este livro de dieta de ficção científica.
O livro teve um sucesso tão grande que dizem que um deles nunca mais voltou a comer.

Gordura? - Isaac Asimov

A Vingança de Sylvester - Vance Aandahl

Fazenda de Gordos - Orson Scott Card

A Esticada - Sam Mervin Jr.

O Campeão - T. Caraghessan Boyle

A Verdade Sobre Pyecraft - H. G. Wells

O Chanceler de Ferro - Robert Silverberg

O Homem que Comeu o Mundo - Frederik Pohl

Gregory da Gladys - John Anthony West

O Despachante - William Morrison

O Monstro do Leite Maltado - William Tenn

Estação Abercrombie - Jack Vance

A Fazenda Alimentar - Kit Reed

O Artista da Fome - Scott Sanders

Ex-Viciados Ltda - Stephen King




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sábado, 2 de julho de 2011

Os Genocidas - Thomas Disch (Parte 17)



Para baixo a seiva se transformava num dilúvio. Empurrava os corpos uns contra os outros ou para longe tão casualmente como enchentes levam consigo as árvores da margem do rio.
Fortes correntes atirava-os contra as paredes da raiz onde as curvas eram muito traiçoeiras ou muito íngremes.

Dias de escalada foram retraçados em minutos.

Ainda mais para baixo a seiva tornou-se mais grossa, como o pudim antes de alcançar uma fervura. Mas o ritmo não abrandava. Era como descer uma pista de esqui em um pedaço de papelão. Pelo menos eles não precisavam se preocupar em repetir o erro: não era mais possível se mover contra a correnteza em direção ao lago.

Nessa profundidade, havia agora trechos inteiros onde a seiva quente enchia o vazio da raiz. Conseguindo uma golfada de ar, Orville (que era sempre o primeiro a testar qualquer nova passagem), seguia a corrente sem resistir e com esperança. Havia sempre algum ramo alimentado pela raiz inundada acima, pequena demais para subir através dela, talvez, mas grande o suficiente para enfiar a cabeça e obter ar. Mas da próxima vez, é claro, poderia não haver tal abertura. Poderia ser um beco sem saída.

Esse medo, que a corrente estivesse levando-os a um beco sem saída, tomava toda a sua atenção.
Mais e mais vezes seus corpos eram arrastados para enredar-se nas redes dos capilares inchados de seiva que margeavam as passagens inexploradas. Uma vez Orville fora pego na rede, onde a raiz tinha dividido abruptamente em dois. Buddy e Flor logo atrás, encontraram-no, as pernas movendo-se na correnteza. Sua cabeça batera contra a rígida cunha que separa os dois ramos da raiz. Ele estava inconsciente, talvez afogado. Eles o puxaram pela perna da calça mas ela deslizou pelos quadris estreitos. Então cada um pegou um pé e o puxaram para fora. A uma curta distância encontraram uma área onde a raiz ligeiramente inclinava para cima, apenas a metade sob a seiva. Buddy abraçou Orville em um abraço de urso e começou a empurrar o líquido para fora de seus pulmões ritmicamente. Então Flor tentou a respiração boca-a-boca, que tinha aprendido nas aulas de natação na Cruz Vermelha.

"O que você está fazendo?" Neil perguntou nervoso.
"Ela está fazendo respiração artificial" Buddy respondeu irritado. "Ele quase se afogou lá atrás."
Neil colocou os dedos entre a boca de Orville e Flor e em seguida, segurou firmemente Orville.
"Você está beijando-o!"
"Neil!" Flor gritou. Ela tentou arrancar os dedos do irmão, mas mesmo o desespero não emprestava-a força suficiente. Ninguem consegue permanecer desesperado tanto tempo, e ela passara desse limite há muito tempo.
"Vou matá-lo!"
Buddy desferiu um golpe na direção onde deveria estar Neil, mas resvalou no ombro de Orville. Neil começou a arrastar o corpo de Orville para longe.
"Ele nem está de calças" disse Neil irritado.
"Ela saiu quando estávamos puxando-o. Dissemos para você, lembra?"

A privação repentina de oxigênio, vindo depois dos seus esforços de revitalização, provou ser exatamente o estímulo necessário para Orville.Quando o corpo que estava carregando começou a se mexer, Neil soltou-o assustado. Havia pensado que Orville estava morto, ou quase.
Buddy e Neil então tiveram um longo debate sobre a nudez (quer no caso particular de Orville e em geral) presente, em excepcional circunstâncias. O argumento foi sobretudo um pretexto para Buddy dar uma chance de Orville recuperar suas forças.
"Você quer voltar para o superfície" Buddy perguntou "ou quer ficar aqui e se afogar?"
"Não!" Disse Neil, mas mais uma vez. "Não está certo. Não!"
"Você tem que escolher!"
Buddy ficou contente por saber que poderia jogar com os medos de Neil tão facilmente quanto uma gaita.
"Porque se vamos subir, vamos ter que ir juntos, e vamos precisar de algum tipo de corda."
"Tinhamos uma corda."
"E você a perdeu Neil."
"Eu não. Eu não!"
"Bem, você foi o último que teve ela na mão e agora ela se foi. Agora precisamos de uma outra corda. Claro, se você não se importar em voltar... Ou se acha que pode fazer melhor".
Eventualmente Neil concordou.
"Mas Flor não vai tocá-lo, entendeu? Ela é minha irmã. Entendeu?"
"Neil, você não precisa se preocupar com isso até estarmos todos em casa, seguros" Buddy comtemporizou.
"E eles não devem falar mais uns com os outros também. Porque se eu digo assim, assim vai ser. Flor, você vai na minha frente e Buddy atrás. Orville por último".

Neil, nu agora exceto para cinto e coldre, atou as pernas das suas calças juntas, e cada um fez o mesmo apertando-as na corda improvisada.
A água era profunda e tão quente que a pele parecia estar saindo de seus ossos, como uma galinha que ferve por muito tempo.
A correnteza estava enfraquecendo, porém, avançavam mais lentamente.

Logo eles haviam encontrado uma abertura de raiz acima a partir do qual a água que jorrava dali não era muito pior do que quando tinham notado primeiramente... há quantos dias?
Cansados, quase mecanicamente, começaram a subir novamente.
Flor lembrou de uma canção do berçário da escola sobre uma aranha atingida pela água da chuva:

Então o sol saiu e levou a  chuva embora, e a pequena aranha começou a subir novamente.

Ela começou a rir, como havia feito com as estranhas palavras do poema de Jeremias, mas desta vez ela não conseguia parar de rir, apesar do quanto o riso lhe doia.
De todos eles, Buddy era o mais chateado com isso, pois ele podia se lembrar do inverno anterior na Sala Comum, e as pessoas que no descongelamento da neve, rindo e cantando, pessoas que nunca mais veria. O riso de Flor não era diferente dos deles.

A raiz naquele ponto se abria em um tubérculo da fruta, e eles decidiram descansar e comer. Orville tentou acalmar Flor, mas Neil disse para ele calar a boca. A polpa agora estava semi-líquida, caia em suas cabeças e ombros como os excrementos de grandes aves com diarreia.

Neil estava dividido entre seu desejo de ir para onde o barulho do riso de sua irmã não iria perturbá-lo e um desejo igualmente forte para ficar perto e protegê-la. Ele cedeu, movendo-se para uma distância média, onde podia deitar de costas, sem intenção de dormir, só para descansar o corpo...Sua cabeça caiu sobre o cabo do machado que Jeremias tinha deixado cair ali. Soltou um pequeno grito, que ninguém notou. Estavam todos cansados. Ele sentou-se por um longo tempo pensando, com os olhos doendo com o esforço de enxergar, embora não pudesse ver nada naquela escuridão.

A polpa amolecida continuava a cair de cima, respingando em seus corpos e no chão com sons crepitantes, como beijos de crianças.


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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Starship Modeler



Starship Modeler é um dos sites mais completos para quem se interessa por modelismo de FC, mecha, modelos em escala de foguetes de verdade, etc.