Uma das minhas resoluções de Ano Novo é terminar ou começar-e-terminar de ler todos aqueles livros que comprei e estão – aliás, estavam! - jogados pelos cantos.
Foi aí que descobri o tal nariz que o Kuni havia falado tão bem. O nariz é um dos Contos Fantásticos de Ryunosuke Akutagawa, famoso escritor japonês. Nasceu em 1892 e morreu aos 35 anos. Porque quis: ele se matou. É tão conceituado, que dá nome a um grande prêmio de literatura do Japão.
Mas voltando ao nariz, como diria Akutagawa, esse conto é muito divertido! Começa assim:
Em se tratando do nariz de Zenchi Naigu, não há pessoa em Ikeno'o que não o conheça. Tem mais ou menos quinze centímetros, começa acima do lábio superior e termina abaixo do queixo. Seu formato é constante da base à extremidade, sem alteração na grossura. É como uma grande lingüiça pendurada no meio do rosto.
Também adorei Sopa de cará. Mas assim como O nariz e todos os outros contos deste livro, acaba de repente. Dá vontade de saber mais, mas Akutagawa não conta. Por outro lado, faz a gente pensar, pensar, pensar... Vai ver era esse o objetivo dele. Não sei. Só sei que o texto é delicioso e que de cada história, a gente tira uma lição.
Seria correto afirmar que o protagonista da nossa história é um ser que veio ao mundo apenas para ser espezinhado, repelido, desdenhado? Um indivíduo sem nenhuma aspiração ou expectativa em relação à vida? Não, isso não seria correto. Goi cultivava, há uns cinco ou seis anos, uma predileção notável por algo chamado... sopa de cará.
Karina Almeida