Claro que as origens históricas de algo são sempre discutíveis. Terão as tradições literárias nipónicas começado num período de transmissão oral ou apenas quando o registo linguístico pôde ser solidificado com a adopção da escrita chinesa? O que é certo é que o Japão começou a possuir uma escrita muito tardiamente comparado com a maioria das civilizações. Os primeiros registos no campo da literatura clássica e arcaica remotam ao século VI. Neste tempo o Japão encontrava-se no Período Nara (奈良時代). O imperador era um senhor todo poderoso que mantinha apenas o titulo e a dignidade divina, sem quaisquer prerrogativas de mando, e vivia num isolamento de cativo. Ficava assim para o poder soberano o poder espiritual sendo que o poder temporal exerciam-no os Fujiwara (藤原氏) e seus descendentes como lhes aprouvesse regulando até a sucessão ao trono. Era um governo da ambição e do despotismo onde os guerreiros se sobrepunham a tudo e onde os camponeses e mercadores eram apenas destinados a servir. Contudo, é deste período que nos escreve Wenceslau de Moraes no seu “Relance da História do Japão” quando nos diz:
“O Período de proeminência da família Fujiwara, desde 670 até 1050 foi a idade brilhante da Literatura clássica do Japão. Os complicados caracteres chineses haviam sido adaptados a formarem a língua escrita dos nipónicos; mais tarde, vinha a invenção de um silabário, ou antes, de dois silabários, facilitar a arte de escrever. O «Kojiki» foi publicado em 712, seguindo-se-lhe de perto o «Nihongi». O ano de 700 dava nascença a dois dos mais famosos poetas japoneses dos primeiros tempo, Akahito e Hitomaru. A poesia atingiu grande desenvolvimento, publicando-se volumosas antologias. Finalmente, sucedeu que os nobres eruditos se deram a enfronhar-se pelo árido estudo dos livros que da China lhes chegavam, comparável à dos antigos literatos europeus, o curioso facto das damas da corte japonesa, ignorantes da língua chinesa, começarem a escrever, na chã linguagem nacional livros encantadores – poesias, diários, impressões, romances."
Assim o primeiro passo dado no sentido da criação intelectual nasce com o “Kojiki” ou “Furukotofumi” (古事記), literalmente significando “o livro das coisas antigas”. Este livro contém essencialmente relatos mitológicos e apresenta a criação simultânea do Universo e de três divindades invisíveis: Centro do céu, Augusto Criador e Divino Criador. Durante a constituição do nosso mundo, sobre a massa ainda deforme, brotaram ainda outras divindades celestes incorpóreas, nascidas do primeiro rebento de junco. Da terra ainda em metamorfose começaram as sete gerações da era divina com o Eterno da Terra e o Rebento Fértil, que se complementaram mais tarde com a aparição das divindades irmãs, masculina e feminina do barro e da areia, da semente e da vida, os irmãos e senhores do Grande Palácio. Este texto é importante na relação com o Xintoísmo. No fundo, é a explicação mítica da formação do Universo, até chegar à aparição dos primeiros povoadores lendários da terra, aos irmãos Izanagi e Izanami.
O “Nihongi” ou "Nihonshoki" (日本書紀) por sua vez, conta a origem lendária do próprio Japão. Foi redigido no idioma importado pelos nobres, o chinês e trata-se de um texto essencialmente elaborado segundo os preceitos da corte, no qual se misturam os mitos ancestrais com a veracidade histórica, distinguindo-se do Kojiki nas suas exposições mitológicas.
“O Período de proeminência da família Fujiwara, desde 670 até 1050 foi a idade brilhante da Literatura clássica do Japão. Os complicados caracteres chineses haviam sido adaptados a formarem a língua escrita dos nipónicos; mais tarde, vinha a invenção de um silabário, ou antes, de dois silabários, facilitar a arte de escrever. O «Kojiki» foi publicado em 712, seguindo-se-lhe de perto o «Nihongi». O ano de 700 dava nascença a dois dos mais famosos poetas japoneses dos primeiros tempo, Akahito e Hitomaru. A poesia atingiu grande desenvolvimento, publicando-se volumosas antologias. Finalmente, sucedeu que os nobres eruditos se deram a enfronhar-se pelo árido estudo dos livros que da China lhes chegavam, comparável à dos antigos literatos europeus, o curioso facto das damas da corte japonesa, ignorantes da língua chinesa, começarem a escrever, na chã linguagem nacional livros encantadores – poesias, diários, impressões, romances."
Assim o primeiro passo dado no sentido da criação intelectual nasce com o “Kojiki” ou “Furukotofumi” (古事記), literalmente significando “o livro das coisas antigas”. Este livro contém essencialmente relatos mitológicos e apresenta a criação simultânea do Universo e de três divindades invisíveis: Centro do céu, Augusto Criador e Divino Criador. Durante a constituição do nosso mundo, sobre a massa ainda deforme, brotaram ainda outras divindades celestes incorpóreas, nascidas do primeiro rebento de junco. Da terra ainda em metamorfose começaram as sete gerações da era divina com o Eterno da Terra e o Rebento Fértil, que se complementaram mais tarde com a aparição das divindades irmãs, masculina e feminina do barro e da areia, da semente e da vida, os irmãos e senhores do Grande Palácio. Este texto é importante na relação com o Xintoísmo. No fundo, é a explicação mítica da formação do Universo, até chegar à aparição dos primeiros povoadores lendários da terra, aos irmãos Izanagi e Izanami.
O “Nihongi” ou "Nihonshoki" (日本書紀) por sua vez, conta a origem lendária do próprio Japão. Foi redigido no idioma importado pelos nobres, o chinês e trata-se de um texto essencialmente elaborado segundo os preceitos da corte, no qual se misturam os mitos ancestrais com a veracidade histórica, distinguindo-se do Kojiki nas suas exposições mitológicas.
Aqui fica apenas uma primeira abordagem histórica. Sempre que possível vou tentar avançar em termos cronológicos até chegar aos dias de hoje.
Sara F. Costa