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quinta-feira, setembro 27, 2007

Quem parte e reparte...

Ganha cada vez mais forma a ideia da partição do Iraque. Ontem, 75 senadores votaram um documento que recomenda a criação de três províncias semi-autónomas (plano Gelb-Biden: Plan for Iraq). É a primeira vez que uma ideia consegue o apoio generalizado de tantos democratas e republicanos e põe no mesmo barco analistas tão díspares como David Brooks e Charles Krauthammer.

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:: enviado por JAM :: 9/27/2007 10:24:00 da tarde :: 2 comentário(s) início ::

segunda-feira, setembro 24, 2007

Bush: “Mato Mandelas todos os dias no Iraque!”

É o que a consciência do presidente americano teria respondido ao jornalista que o interrogou sobre a ausência de um Mandela milagroso no Iraque. Mas, da boca de Bush saiu o contrário: disse que o culpado foi Saddam Hussein. Que foi ele quem eliminou todos os Mandelas iraquianos!
Ficamos siderados perante tanta pobreza de espírito, tanta má fé e tanto cinismo. O presidente da mais poderosa nação do mundo, figura de destaque de todos os jornais escritos, falados e televisivos do planeta, continua, com a insolência tosca que todos lhe conhecemos, a defender a ocupação de um país, onde mata directamente (os seus soldados) e indirectamente (ao atiçar os ódios étnico-religiosos) seres humanos pacíficos. Muitos desses seres humanos teriam aliás sido — cruel paradoxo — poupados precisamente por... Saddam Hussein.
Veja o vídeo na íntegra e... julgue por si mesmo(a). Como escreve o conceituado Dana Milbank, no Washington Post, os Mandelas iraquianos devem estar a rebolar-se nas respectivas tumbas.

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:: enviado por JAM :: 9/24/2007 08:30:00 da tarde :: 1 comentário(s) início ::

quinta-feira, agosto 30, 2007

A guerra dos sargentos

Sete sargentos do exército americano publicaram, em 19 de Agosto, um artigo colectivo no New York Times, significativamente intitulado “A guerra tal como nós a vimos”.
Não se trata pois de mais um dos muitos textos vindos a público pela mão de altos comandos militares ou políticos com especial responsabilidade e que, uma vez reformados, resolvem criticar Bush e a estratégia por ele seguida no Iraque ou no Afeganistão. Também não se trata de mais um escrito de soldados ou de seus familiares queixando-se das condições em que as tropas operam.
É um artigo que tem um valor especial porque foi escrito por um grupo de sub-oficiais, militares que estão ao mesmo tempo em contacto com a tropa dos escalões inferiores da hierarquia — os soldados na frente de combate — e com as altas patentes e os núcleos de decisão que planeiam as operações. Por isso, as opiniões de um sargento são indispensáveis se se deseja conhecer a realidade militar do momento. É tanta a proximidade com que os autores do artigo estavam a viver a guerra que um deles, ainda o artigo não estava acabado, recebeu um tiro na cabeça no decurso de uma missão e teve que ser evacuado para um hospital nos Estados Unidos. Não são portanto testemunhos longínquos emanados da “zona verde” de Bagdade ou de um qualquer gabinete de quartel-general.
George Bush não aprendeu a mínima lição dos já tradicionais erros políticos do seu país. Basta dizer que foram os Estados Unidos que armaram os que entretanto formaram a Al Qaeda, quando o que estava em causa era expulsar a URSS do Afeganistão. Escrevem agora os signatários que “criar aliados que combatam a nosso favor é essencial para ganhar a guerra, mas era preciso que esses aliados fossem fiéis àqueles que os armam e organizam”. Não é isso que acontece. As chefias do exército iraquiano não têm nenhuma influência sobre os milhares de soldados que teoricamente estão sob o seu comando. O que se passa é que os sunitas, escassamente representados no governo e nas unidades militares, organizam as suas próprias milícias, ás vezes com o apoio dos Estados Unidos, porque acham que é a única maneira de se protegerem contra as milícias xiitas ou face a um governo e uma polícia onde os xiitas estão em maioria e se servem dela para consumar as suas vinganças.
Em suma, os Estados Unidos lutam “num alucinante contexto de inimigos muito decididos e de aliados pouco fiáveis”. Nessas circunstâncias, é evidente que a desejável reconciliação política só poderá produzir-se na contextura iraquiana e não de acordo com as exigências de Washington: “Não haverá soluções que agradem da mesma maneira a todas as partes e haverá forçosamente vencedores e vencidos. A saída que nos resta é decidirmos de que lado estamos. Tentarmos agradar a todas as partes do conflito, como agora fazemos, só garantirá que, ao fim de contas, seremos odiados por todos”.

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:: enviado por JAM :: 8/30/2007 09:58:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, julho 30, 2007

Domingo desportivo à moda do Iraque

Quando, em Agosto de 2004, Portugal, já com Cristiano Ronaldo, perdeu surpreendentemente por 4-2 contra o Iraque, no torneio de futebol dos Jogos Olímpicos, o treinador iraquiano disse que o triunfo iria fazer com que os iraquianos esquecessem por momentos a difícil situação que se vivia no país. Foi o que voltou a acontecer neste Domingo, apesar da situação que se vive no país ser ainda pior do que era em 2004. O golo de cabeça de Yunis Mahmud, no minuto 71, ficará na história por ter permitido ao Iraque vencer a Taça das Nações Asiáticas.

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:: enviado por JAM :: 7/30/2007 01:24:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, julho 24, 2007

Blog antimilitarista desencadeia polémica nos EUA


Manifestação contra a guerra no Iraque, Julho 2007, Palo Alto, Silicon Valley

Corey Mitchel, autor do blog colectivo In Cold Blog, publicou na Sexta-feira passada um longo artigo intitulado “Killitary: How America's Armed Forces Create Serial Killers and Mass Murderers”. Nele estabelece uma lista dum certo número de militares e de ex-militares responsáveis por crimes ou atentados (como Timothy McVeigh, acusado do atentado de Oklahoma City, ou Lee Harvey Oswald, acusado de ter assassinado John Kennedy). O mesmo artigo foi transcrito no blog político anti-Bush Daily Kos, sob o pseudónimo liquidman.
Perante a enorme polémica desencadeada, Corey Mitchel retirou o artigo (que desapareceu ao mesmo tempo do Daily Kos). Depois voltou a publicá-lo, com uma nota prévia que modera o seu conteúdo. Mas o texto não voltaria a aparecer no Daily Kos...

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:: enviado por JAM :: 7/24/2007 05:36:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

segunda-feira, julho 23, 2007

Só algumas maçãs podres?

Os media mais importantes dos Estados Unidos, tanto do lado democrata como republicano, não costumam poupar elogios aos soldados que combatem no Iraque. As torturas em Abu Ghraib não passaram do produto de algumas “maçãs podres” que, como dissera a Casa Branca quando rebentou o escândalo, aparecem inevitavelmente em qualquer caixa de fruta.
Agora sabe-se que a contaminação foi muito mais extensa do que isso. Uma ampla investigação dos jornalistas Chris Hedges e Laila Al-Arian, a publicar na edição impressa de 30 de Julho da revista The Nation, permite confirmar que o número de 600.000 civis iraquianos mortos pelos soldados americanos não tem nada de exagero.
Os dois jornalistas fizeram entrevistas, nos últimos meses, a 50 militares, muitos dos quais assistiram à matança de civis iraquianos, incluindo crianças, por soldados americanos. Alguns deles participaram nessas matanças... muitos disseram que esses actos foram perpetrados por uma minoria. No entanto, descreveram-nos como algo corrente e disseram que normalmente nem sequer são registados e muito menos castigados.

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:: enviado por JAM :: 7/23/2007 12:01:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

sexta-feira, julho 13, 2007

O fantasma do Vietname

O fantasma do Vietname está a assombrar tanto a Administração Bush-filho como a guarda pretoriana de Bush-pai. Os últimos dados recolhidos pelo Congressional Research Service, instrumento independente dos partidos, que serve de apoio ao parlamento, indicam que o custo das guerras no Iraque e no Afeganistão está já muito próximo do da guerra no Vietname: à volta dos 650.000 milhões de dólares, considerada a inflação no caso do Vietname. E tratam-se apenas de valores que constam das contas do Congresso. Há ainda outras quantias e outros gastos que foram registados noutras contas. Também não estão incluídos os gastos desembolsados pelos aliados de Washington nas duas contendas. São valores que reflectem claramente a magnitude da invasão e da posterior ocupação de ambos os países. Ao longo destes seis anos posteriores aos atentados do 11-S, outros dados se sucederam sobre o número de mortos e feridos, de refugiados e deslocados, de perdas de direitos humanos, do modo como foi arruinado todo um modelo social e económico e como foi esgrimida a mentira para justificar o injustificável.
Por esta via, nas comemorações do 4 de Julho, Bush chegou mesmo a comparar a guerra no Iraque com a independência dos Estados Unidos, premindo a mesma tecla de sempre — “apoiar a guerra é um acto patriótico” — como forma de abafar a crescente resistência às suas políticas. O problema para o presidente — entre muitos — é que a realidade começa a desmentir de forma notória a retórica oficial. Como nos recordava há dias David Brooks, o sistema de justiça está contaminado pela influência política partidarista, foi legalizada a tortura e a espionagem sem autorização judicial, foram suspensos os habeas corpus, existe um campo de concentração em Guantanamo, a corrupção oficial alcança níveis sem precedentes e as desigualdades económicas atingem índices que datam de 1928. Porém, a “guerra contra o terrorismo” continua a ser usada como justificação para isso tudo.
Perante este imbróglio, a única pergunta que continua sem resposta é esta: o que é que irão fazer os republicanos e/ou os democratas para sair do Iraque?

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:: enviado por JAM :: 7/13/2007 03:22:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, junho 12, 2007

Ava Lowery, princezinha do Web

A oposição crescente dos americanos à guerra no Iraque não se repercute só nas sondagens: encontra-se também cada vez mais na Internet. É o caso de Ava Lowery que ganhou fama com o site que criou contra a guerra. Ava levanta-se todos os dias às seis e meia da manhã, para acompanhar as últimas notícias vindas do Iraque e lançar-se de corpo e alma na actualização do seu site Peace Takes Courage. É, de facto, preciso muita coragem para fazer a paz, sobretudo quando é uma adolescente de 16 anos que o recorda todos os dias ao 43˚ inquilino da Casa Branca.
Ava Lowery não tem papas na língua, afirma que Bush é o pior de todos os presidentes americanos e que o facto de ter mentido para entrar na guerra é razão suficiente para o destituir. Mas, na falta do impeachment, Ava pede aos 50 mil visitantes diários do seu site que exijam a Washington um plano de paz para sair do vespeiro iraquiano. Para os convencer costuma concluir os vídeos que ela mesma prepara com as palavras de Hemingway: “Não pensem nunca que a guerra, qualquer que seja a sua necessidade ou justificação, não é um crime”.
O site da jovem Ada foi lançado em Março de 2005, na altura em dois dos seus tios atravessavam as areias do deserto iraquiano e na sequência de longas conversas que teve com o avô, um veterano do Vietname. Dêem uma volta no site. Vale a pena. Dá gosto saber que ainda há consciência moral na juventude daquele país.

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:: enviado por JAM :: 6/12/2007 12:01:00 da manhã :: 0 comentário(s) início ::

terça-feira, maio 08, 2007

As ilusões americanas

Foi com base em esquemas destes que a aventura no Iraque começou.

Só cinco mil soldados em Dezembro de 2006? Até onde pode chegar a estultícia?

Saiba mais no National Security Archive.

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:: enviado por RC :: 5/08/2007 08:35:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::

quarta-feira, março 21, 2007

Quatro anos a exportar o caos

A invasão do Iraque é uma calamidade estratégica e moral de dimensões históricas, com origem em hipóteses falsas e movida pela táctica americana de dominação sobre os países que dispõem de riquezas energéticas ou que são considerados como uma ameaça. Ao longo destes quatro anos de guerra, muito se falou e escreveu sobre a destruição do Iraque e da sua unidade nacional, mas muito menos se tem escrito sobre os impactos dessa invasão a nível regional e internacional.
No Irão, por exemplo, que se viu logicamente obrigado a apoiar os seus aliados xiitas, face às duas outras confissões, para evitar por um lado a contaminação dos curdos iranianos pelos curdos iraquianos e, por outro lado, para controlar as incursões profundas no seu território, levadas a cabo pelas tropas americanas desde 2003. Não nos devemos esquecer que, com a ocupação do Iraque, os americanos tornaram-se os vizinhos mais próximos do Irão. Não se pode compreender o auge de um regime duro e fanático, disposto a conseguir a autonomia em matéria nuclear e ameaçar atacar Israel, sem ter em conta esta nova situação geopolítica.
Mas os estragos não se ficam por aí. O atolamento dos americanos no Iraque serviu de apoio às tendências mais radicais em Israel que, contra a opinião pública mundial, sustentaram a intervenção militar judia no Sul do Líbano. Uma verdadeira catástrofe histórica e mais uma acha para a fogueira que tem vindo a destruir o movimento nacional laico palestiniano em proveito do islamismo que, na Palestina, é mais um produto da reacção perante a actual situação caótica do que o resultado de uma evolução identitária do povo palestiniano.
Para além disso, a situação iraquiana endureceu a resistência dos talibãs, no Afeganistão, provocando a debilidade do governo de Karzai e o seu provável desaparecimento assim que as tropas da NATO abandonarem o país. Também aí, o caos é total.
Por seu lado, a Rússia começa a reagir duramente face ao que considera uma ameaça à sua segurança estratégica. Vladimir Putin não se coibiu há dias, na Conferência Internacional sobre segurança, de tecer duras críticas aos Estados Unidos, acusando-os de estarem a “exportar a instabilidade para o mundo inteiro”, expressão que não era utilizada desde a Guerra do Vietname. O projecto americano de escudo anti-mísseis previsto para a Polónia e a República Checa aparece claramente como uma demonstração da vontade americana de paralisar as capacidades militares da Rússia e, desde logo, alterar o equilíbrio estratégico. As coisas tornam-se mais claras se juntarmos a isso as ameaças americanas nas fronteiras do Irão que configuram não só as condições para uma guerra regional, mas também uma ameaça à capacidade ofensiva da Rússia.
Alguns observadores americanos afirmam que Bush não tem nada a perder. Como não pode voltar a ser candidato às presidenciais, não tem qualquer impedimento em continuar a política radical dos ideólogos neocons, que sonham em impor pela força o império americano no Médio Oriente. Nessas condições, uma guerra é muito possível, mesmo que traga muito mais prejuízo para os Estados Unidos e, sobretudo, para Israel. Estamos já em pleno modelo de conflito de civilizações tal como o sonham os neoconservadores e os seus aliados no mundo. Sem dúvida, vai fracassar, mas é a base cultural da estratégia de exportação do caos, vigente hoje em dia nas relações internacionais.

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:: enviado por JAM :: 3/21/2007 09:45:00 da tarde :: 0 comentário(s) início ::