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21 de ago. de 2010

Dolorido-Colorido

"Bastou um sopro de um emplastro poderosíssimo. Dizem que ressuscita até mortos. Principalmente os corações cansados de bater sem serem ouvidos. Sara hoje. Sara agora. Eu te ordeno. E que te levantes do túmulo. Ela me deu a mão. E o pó de pirlimpimpim. Estou brilhando que nem purpurina. Agora ninguém vai saber que estou machucada por dentro. "
[ Pipa, a que agora é herói]

Onde deveria haver um coração não há nada mais que uma massa disforme. Só um órgão dilacerado e cauterizado. Há um imenso vazio. Só há saudades. Tenho a voz cansada de gritar seu nome no silêncio que ecoa dentro de mim. O grito se perdeu no som inaudível do meu choro que abafo no travesseiro. Só queria o ter por perto. E contigo chorar toda a tristeza de ser tão só.

Estas perdido para sempre. Nunca o consegui alcançar...nunca cheguei ao seu coração. E agora, não tenho mais o meu. Tudo me escorreu pelos dedos... como os grãos de areia da ampulheta do tempo que se esgota... Grão a grão... e eu mesma os ouço se esvaindo. Perder-se também é um caminho. E é muita coragem desistir do caminho depois de tanto tempo, isso porque ando, corro e me arrasto, mas você fica cada vez mais distante. Olho para os lados e é como se estivesse presa naqueles sonhos que você corre, corre e continua no mesmo lugar. Olho o mundo e agora reina o nada. Você reinava no meu pensamento, nas minhas palavras. Mas, palavras hoje deixam de ser necessárias. Dissipei-me em lágrimas de fuga sobre os meus sonhos. Sonharia contigo, se já não os habitasses.

Sem você as minhas noites são tão tristes. Os dias. O mundo não me interessa mais. O mundo é desesperadamente prático e não há lugar para dores sentimentais e corações despedaçados. Aliás, não tenho mais lugar em lugar algum. Eu só finjo que tenho. Irei fingir para o mundo. Ninguém suspeitará da dor por cima desse sorriso recortado de tempos passados e colado sobre esse rosto que agora só encerra a consternação. Só os olhos me denunciarão para os mais atentos. Só eles mostrarão o buraco na alma da parte de mim que me falta, era o lugar onde habitavas. Você não os perceberá... Será melhor assim. Não sobrou muita coisa. Só sobrou a música. Serei eternamente uma caixinha de música desacertada, tocando sempre a mesma melodia, arranhada pelo tempo, roubada pela vida, destroçada pelo amor.

[ Lia Araújo]

22 de jul. de 2010

Sentimentos de Menina Agridoce

Perguntam-me como estou. Estou bem... Fazendo as mesmas coisas. Só está um pouco heavy metal. Mas... ainda abro os olhos todas as manhãs e os quero fechar logo em seguida. Claro que vou escrevendo dolorosamente, vou respirando mesmo que com dificuldade, ás vezes, sublimo, ás vezes, orvalho-me. Peguei umas coisas, coloquei ao sol pra secar. Deixei lá fora secando. Daqui a pouco vou lá olhar. Mas, por enquanto, enquanto o tempo, o vento e o sol não as desidrata, vou ficando aqui, encolhidinha. Ontem, tive que sair do labirinto, colei o sorriso com uma cola super adesiva, ele tinha que segurar por um tempo, peguei um monte de purpurina e coloquei nos olhos, eles andam muito enervados. Antes de sai, voltei, tinha esquecido o assobio, e todo mundo sabe que o assobio custa uma imensa coragem. Fiz esforço. Ninguém percebeu. Apesar de o sorriso sair sempre meio soluçado. Estava aparentemente bem e a noite transcorreu sem que ninguém notasse a revoada intíma das lágrimas que se acumulava e queriam romper as barragens dos esparadrapos que eu tinha firmemente envolvido meu coração destroçado. Sorri. Sorri a noite inteira. E as pessoas conversavam com uma moça tão espirituosa e divertida. Do que adiantava mostrar o desespero, a tristeza, a angústia? Não quero a pena de ninguém. E as pessoas cansam-se logo de nossas tragédias. Mas, também não quero as pessoas. Não quero ter que me maquiar toda e depois no menor dos descuidos, quando as lágrimas afloram, virar uma espécie de urso panda, não quero ter que sorrir enquanto sinto dores vindas não sei de onde que contorcem meu interior como se eu fosse uma boneca de vudu. Quero ser madura e não sofrer por certas coisas. Quero ser realmente forte. Quero não ter o coração partido em cacos tão pequenos que continuam doendo e seguem amando com a mesma intensidade. Quero que comprimidos acabem com a dor e não só a coloque numa roupagem pesada. Oh, quero tanta coisa. Não quero mais o silêncio como companhia. Estou ouvindo música. Muita música. E elas dão beleza à dor. Elas colocam um pouco de corzinha nas coisas cinza. Dor é cinza. E nesse processo se despreza todos os pequenos prazeres. Eles deixam de existir.
Se o amor é a única coisa que imprime sentido aos nossos pobres caminhos nesse mundo, a dor é o que faz deles uma estampa desbotada.

[ Lia Araújo]

Para meninas agridoces ou  "moças polidas que vivem vidas lascadas" : Aline , Deyse , Lilian e a autora, claro.

E para alegrarmos ainda mais: James Blunt, Goodbye my lover. Ele me traduz nessa música. E a interpretação  é magistral. Quando forem ouvir, pegar os lenços, por favor.

12 de jul. de 2010

Para amores impossíveis,...talvez,o tempo!

Vou tentar te escrever. Vou tentar manter a doçura.Talvez saia um pouco de amargura. Mas, será inevitável. Só que tentarei ser doce até o fim.
Essas linhas serão eternas. Tudo que escrevi pra ti vai ficar aqui. Vai conter cada pedaço de sentimento que eu te entreguei e tu recusastes.  Não sei se você leu. Não sei se você soube. Se não soube, desculpa, mas a culpa não foi minha.  Esse sentimento vai continuar aqui. Vai ficar aqui intocável na poesia. Congelado. Estático. Imutável. Triste pra sempre. Assim, como os espinhos dos  livros que eu tanto amo, livros escritos para amores impossíveis. Amores contrariados. Sabe não entendo. Mas amo mesmo assim. Eu sei que você está pensando que eu sempre fantasio. Ora, meu querido, a fantasia foi toda minha. Mas, vou seguir. Você está seguindo. Quando penso nisso  sinto os cacos de vidro  na garganta, toda vez que engulo saliva e palavras não ditas. As palavras sangravam. Vou seguir um caminho mais doloroso, talvez. A chuva cai aqui dentro,  fecho  os olhos. Depois os abro e eles chovem também. Nesse momento meus olhos estão abaixados, vagando por dentro. Tentando por reticências... no pensamento. Vai ser assim, né? Por um tempo só vou ter esse céu de uma tempestade anunciada. Esse nó na garganta. Esses labirintos que vou tentar completar com todos os livros do mundo e que me deixarão cada vez mais perdida. Essa ausência de coisa alguma que vou preencher com músicas que falam de amor assim e que me deixarão sempre tão vazia de ti. O desespero da ineficiência.
Tento ver de fora. Sair dessa historia e ver como num espelho. Como será daqui pra frente? Sabe o que o meu outro eu, ver? Você  está quase translúcido na visão de futuro dela... que futuro... sempre a esperar por coisa que não veria nunca. 
Mas, agora... você vai seguir um caminho, tentar ser feliz... encontrar alguém pra corresponder as suas expectativas, seus desejos, suas afeições. Alguém... que não será ela. E ela tinha que ver  e tentar sorrir, era irremediável... não...não tinha nada que ela pudesse fazer ou dizer... Se até agora nada tinha conseguido atingir o coração dele, não seriam as suas lágrimas ou o seu desespero que o fariam.
É isso que eu vejo. É isso que eu sinto. Ele e Ela. Nunca dois. Sempre separados.
Difícil te dizer adeus, talvez eu nunca consiga. São anos. Não dias ou meses. Anos. Longos anos de espera. Que perduram. Você me ensinou tanta coisa. É... você me ensinou. E eu agradeço por isso. Sabe qual a mais linda das coisas? Você me ensinou a ouvir estrelas, sabia que só quem é capaz de ouvir é quem ama? Isso é um dom que eu vou levar pra sempre. Queria que você um dia pudesse ouvir também... elas cantam... e hora a hora é uma melodia diferente. Me ensinou a sorrir em meio as lágrimas. Queria ter te ensinado alguma coisa. Queria ter te ensinado a se sentir amado. Mas, você nunca ligou muito pra isso. Só quero te dizer que era mentira quando eu disse que você tinha matado a fé que eu tinha em você. Ela continua aqui. Eu sempre fui uma menina cheia de fé. De esperança. Mas, você sabe o que dizem sobre esperança? Dizem que é a última que morre e a primeira que mata. Eu estou cansada de morrer todo dia. Sim, mas voltando a fé... eu acredito em você, mesmo que todos digam o contrário... eu torço por você...eu te quero muito bem... e eu vou continuar querendo. Durantes os anos, você vai ver... vou está discretamente em lugares estratégicos te aplaudindo. Eu prometo. Eu sempre vou está lá pra te aplaudir. E acredita, você terá muitas ocasiões assim. Eu acredito. Sabe o que você me ensinou também? Sabe aquele ditado de quando a vida dá um limão? Pois é... estou cansando de fazer limonada, meu amor.
Talvez seja melhor assim, eu tenho que ter tempo pra crescer e depois pra voltar a ser criança. Tenho que conhecer coisas novas. Me encontrar e me perder mais algumas vezes. Tenho que encontrar alguém que sinta tanta falta de mim tanto quando eu sinto de você. E hoje você não é esse cara, né? Nunca vai ser... eu sei... eu sempre soube que isso ia ser sempre abstrato, sempre soube que te amaria e você não. Mas, eu achava bonito. Eu acho. Só que pra te amar pra sempre, eu tenho que ir agora. Eu tenho que seguir. Deixar você seguir. Sabe o que me fez sorrir nesse instante? Pensar que você pode lembrar de mim. Mas, aí, lembrei que você tem a pior memória do mundo. Você vai se lembrar das manhãs de playlist temáticas? Vai lembrar dos contos da Caio Fernando que eu selecionei pra você ler a cada manhã? Vai lembrar das músicas super depressivas do Chico que te mandava nos dias difíceis e que  você dizia que gostava só pra eu não fazer um drama? Pensando assim, vou ter mais dias difíceis de saudades. E  nesses dias terei esperança de que você também sinta uma saudade incoercível de mim... olha a minha ingenuidade nessa última frase. Vou sentir saudades dela também. Vou sentir tanto a tua falta. Eu não queria ir, eu juro. Eu vou me arrepender, eu sei. Mas, você sabe que eu não posso ficar, só não pensa que eu  estou indo por não te amar. Mas, te prometo deixar você na região dos meus sentimentos mais nobres. Prometo orar por ti sempre. Prometo te amar sempre. Se você ainda quiser, a gente toma chá aos 70 anos. Eu sei que eu ainda vou querer. Eu sei que ainda vou te amar.  E eu sei também que isso nunca vai mudar. Eu sei que com você eu cresci muito. Eu sei que eu sou feliz por ter te encontrado nessa terra de granito. Eu sei que vou continuar a mesma. E você sabe que vou mudar muito pouco.  Vou continuar sangrando mais que todos  por aqui, nesse mundo aonde o céu do amanhecer é amarelado feito um girassol e salpicado com nuvens vermelhas, iguais as lágrimas que rolam pelo meu rosto enquanto escrevo essas linhas.
Fica bem, meu amor,

Lia Araújo

Muito muito,muito obrigada Lia