A la Kibeloco
Matéria da época:
Matéria da época:
Marcadores: benicio del toro, Hunter S. Thompson, johnny depp, medo e delirio em las vegas, terry gillian
Marcadores: blindness
Marcadores: vampiros
Marcadores: hermes e renato, videos
Eu nem sei quem és
Saiu um poeminha meu na revista virtual Lasanha :
Acabei de ler “Hell’s Angels: a strange and terrible saga”, Hunter S. Thompson, publicado pela primeira vez em 1966. Pediram para ele escrever um artigo sobre o então nascente fenômeno das gangues de motociclistas na Califórnia, e logo surgiu a idéia do livro-reportagem. Hunter conviveu com os caras por quase um ano e o resultado desse convívio ele conta nesse livro que marcou a história do jornalismo americano, e possivelmente mundial também. Fugindo do sensacionalismo, da mentira, e do medo, o cara enfrentou os touros e foi ver se eles eram tão maus quanto pareciam vistos de longe: eram piores.
Ele conta tudo que vivenciou, os principais figuras e organizadores dos encontros que conheceu, as festas, as orgias. Os Angels ganharam publicidade quando seus atos começaram a virar notícia nacional: acusações de estupro, distúrbios, badernas, roubos, tráfico de drogas, nas palavras de Hunter, a sociedade parecia vê-los como uma horda de Unos montados em motos que a qualquer momento poderia aparecer para aterrorizar a vidinha pacata de uma cidadezinha americana qualquer da costa oeste. Pelo que conta, muitas das atrocidades que eram atribuídas aos caras eram em parte verdade, e outra parte invenção de jornalistas que nem viram o que de fato aconteceu, e contavam uma outra história. Muitos dos estupros por exemplo, as mulheres simplesmente apareciam nas festas e se deixavam ser servidas em rodízio para quem quisesse participar, o que sempre girava em torno de umas vintes cabeças, obviamente, quem estava acompanhado não se metia, e as mulheres mesmo não sentindo bem com o que rolava, pouco faziam para protestar.
Primeiro, a visão dos caras já era de assustar, tatuados, todos pilotando Harleys mexidas, customizadas com peças roubadas, cabeludos, barbudos, sujos, portando suásticas como tatuagens ou emblema nas motos, e quando eles se juntavam pra beber realmente tocavam o foda-se. Muitos deles não tinham emprego fixo, ou trabalhavam por um tempo, saiam do serviço e ficavam vivendo do seguro-desemprego até terem que procurar outro trabalho, ou simplesmente eram mecânicos de carros ou motos. Família? Muitos não tinham ou estavam pouco de lixando.
Conforme as barbaridades cometidas por eles eram anunciadas nos rádios e nos jornais, não demorou para aparecer a televisão e os Angels virarem celebridades do cenário underground. Demorou um pouco pra eles perceberem que não estavam ganhando e nem iam ganhar nada com isso. Ou pior, começaram a lhes atribuir crimes que não foram cometidos por membros, ou pessoas começaram a promover badernas em outros lugares do país usando o nome deles, e sem serem oficialmente membros. Até chegar a um ponto em que eles compravam o jornal só para ver se saiu alguma notícia sobre eles. Chamaram-lhes de comunistas, fascistas, foras-da-lei, etc. e quando começaram a perguntar quais as opiniões políticas que eles tinham se mostraram tão conservadores quanto um americano comum do interior do Texas, quando por outro lado, intelectuais, hippies, e outros liberais os viam como um símbolo de rebeldia, liberdade, revolução, eles eram heróis. E de fato, eram apenas um bando de desempregados, sem estudo, que acontece simplesmente que viram que viver em grupo ser tornou a forma mais fácil de sobreviver e se divertir. E nesse ponto havia uma ética de solidariedade muito grande, quando um não tinha o que comer, sempre tinha um prato a mais na casa de quem tivesse, ou se ambos estavam duros, chamavam um terceiro ou quarto e iam ao mercado e simplesmente pegavam o que precisassem, apesar de eles sentirem vergonha por terem que roubar comida muitas vezes.
Um exemplo do conservadorismo deles foi quando no auge dos protestos em Berkeley pela retirada das tropas do Vietnam, eles se posicionaram a favor da guerra, inclusive se oferecendo formalmente para ir pra luta (claro que o governo ignorou), e até circularam boatos de que eles apareceriam ao lado da polícia durante uma grande marcha e iam descer a ripa nos pacifistas (tem no livro um grande texto do Ginsberg quase implorando, caso eles tivessem realmente a intenção de fazer isso, que não o fizessem).
Eles são figuras contraditórias, pra dizer o mínimo, e o final chega a ser triste, porque Hunter acabou apanhando num bar sem saber por que e acabou sendo “salvo” por um dos caras que ele tomou por amigo, afinal mexeu com um, mexeu com todos. O cara acabou dizendo “tá bom, já chega” quando a cara dele já tinha virado do avesso e já estivesse com uma costela quebrada. Além da descrição do funeral de um dos grandes figurões morto em um acidente de moto.
Provavelmente o livro de Hunter ajudou a construir e a destruir muitos mitos em torno dos Angels, e mostrou que eles são frutos de uma sociedade que na época estava se transformando, que o sonho americano era apenas uma idéia falida:
“far from being freaks, the Hell’s Angels are a logical product of the culture that now claims to be shocked at their existence. (…) This is the generation that went to war for Mom, God and Apple Butter, the
Ele compara também os Angels com o surgimento de gangues de adolescentes que batiam em negros, judeus e nerds só por diversão; com Charles Manson; com as revoltas dos negros pelos direitos civis; os Angels, assim como esses outros casos parecem ser mais um sintoma de uma sociedade doente que se recusa a ver que apodrece de dentro pra fora. Ironicamente, eles se colocam ao lado de uma direita, que se pudesse, a primeira coisa que faria seria exterminar todos eles e jogar no mar como comida pras baleias.
Hunter S. Thompson está longe de ser um cara normal, uma cara com uma obsessão quase freudiana por armas não pode ser normal, mas isso não diminui em nada o valor e a beleza do seu texto. Quando o novo jornalismo nascia, a era da objetividade e precisão tomava conta dos noticiários ele inventava o jornalismo gonzo, investigativo, documental, histórico, sociológico. Ta tudo ali: é uma tese de antropologia cujas referências vêm em forma de epígrafes antes de cada capítulo. Somente o olhar agudo de um cara extremamente lúcido e inteligente poderia captar o que eram aqueles tempos, que hoje olhamos e pensamos, nossa deveria ser muito legal: orgias, LSD distribuído como se fosse amendoim, liberdade, quando no final das contas eles eram apenas um bando de caras revoltados porque não tinham o que todo mundo quer: dinheiro e status.
_________
No filme "Gimme Shelter" (1970, Albert e David Maysles) é retratada a turnê americana e um grande concerto gratuito que os Rolling Stones deram em 1969 em Altamont, Califórnia. 300 mil pessoas estavam lá e os organizadores colocaram a segurança a cargo de quem? Hell's Angels. foi como deixar um grupo de crianças tomando conta de uma loja de brinquedos. Rolou muita pancadaria, e o show dos Stones foi interrompido várias vezes ou porque as pessoas não paravam de brigar, ou porque tinha muita gente em cima do palco. Um cara foi assassinado, e o show foi considerado um total desastre. Altamente indicado para quem gosta de documentário sério e roquenrol
Marcadores: Gimme Shelter, Hell's Angels, Hunter S. Thompson, resenha, Rolling Stones
Marcadores: Incompreendidos, Truffaut
Lamento
Marcadores: eu chicago, poesia
Marcadores: Balzac, Incompreendidos, Truffaut
Depeche Mode, Enjoy the Silence
Marcadores: depeche mode, keane, tori amos, videos
As folhas secas cobrem os gramados
Marcadores: eu chicago, poesia
A original, by Depeche Mode
Marcadores: depeche mode, johnny cash, marylin manson, videos
Marcadores: eu chicago
Eu estava me perguntando o que faz um documentário sobre a vida de um artista ser bom e o que nos leva a buscar na vida do artista alguma explicação para sua obra, como no poema de Billy Collins em que o poema é amarrado em uma cadeira para que confesse seu significado. Vai ver é essa nossa curiosidade de saber de onde esse cara tirou essas idéias, o que o inspira, qual é o seu processo criativo. E no final das contas parece tão simples, um sujeito que cresceu lendo quadrinhos e desenhando só poderia se tornar um desenhista. Não sei se o filme responde a essa questão dessa forma tão explícita, mas é minha leitura.
Robert Crumb parece ser o sujeito mais certo em uma família de paranóicos. Seus dois irmãos são problemáticos e meio esquizofrênicos, e sua mãe não parece estar longe disso também (suas irmãs sequer quiserem ser entrevistadas para o filme), seu pai, pelos depoimentos parecia ser um cara obcecado em ser normal e que desejava que seus filhos fossem nada mais que cidadãos produtivos para o crescimento da sociedade.
Essa paranóia toda está nos desenhos de Crumb, no sexo deslavado e sujo, nas perversões, nos sujeitos paranóicos, no Mr Natural que é uma espécie de psicanalista do Foont, que toda hora que tem um problema corre atrás do Mr. Natural em busca de uma resposta, uma explicação, um conselho, e claro, o velhinho sempre barbariza tudo.
Por mais irreal que algumas histórias sejam, pelo menos a que li, no final das contas é só uma visão triste e pessimista do seu mundo, do nosso mundo, dos nossos costumes, e acho que os depoimentos de Crumb ao longo do filme revelam isso também. Se de perto ninguém é normal, de longe, no olhar de Crumb, somos seres estranhos gritando por satisfação de nossos desejos primitivos, clamando por aceitação e amor, no final das contas, como se essa fosse a resposta pra vida, se não for, o que pode ser afinal?
A classe média, uma entidade obscura pra mim, mas que vale só como um rótulo para o tipo de sociedade em que estamos, em que tudo se baseia na família, na educação dos filhos, na decência, na moral, na religião, e na produtividade e no consumo, é um completo fracasso (enquanto instituição), e nesse sentido acho que o Crumb tem muito de um Rabelais, em usar figuras grotescas como uma espécie de retrato distorcido de uma realidade tão suja e depravada que não poderia ser representada de outra forma. Só podemos falar da loucura do nosso tempo com loucura, não dá pra reagir com sanidade, como se a arte fosse um retrato do mundo, e a arte pop é um pouco isso, transformar o que é consumo, em arte, dessacralizando essa entidade acadêmica e burocrata. Nesse ponto ele é até coerente em não deixar que seus quadrinhos virem filme, pois estragaria toda a subversão da coisa.
Ele conta que nos anos sessenta, depois de uma viagem de LSD começou a desenhar umas figuras meio estranhas, que eram diferentes do que ele vinha desenhando até então. Claro, seria tolice dizer que uma viagem de ácido criou a genialidade dele, mais do que o fato de ele viver com seu caderno de esboços debaixo do braço. E essa obsessão pelo desenho é provavelmente a melhor explicação para a beleza do seu traço, e o apuro em detalhe dos seus quadrinhos, além de um olhar agudo e sagaz, capaz de perceber aquelas coisinhas que estão ali numa paisagem e nos passam desapercebidas, porque sempre estiveram ali.
ps. lembra daquele disco da Janis Joplin? Sim, Robert Crumb desenhou
_______
Se você ficou triste porque sabe que não há a menor possibilidade da locadora de sua cidade ter o filme, vai lá:
http://rapidshare.com/files/73484224/Cr
http://rapidshare.com/files/73492259/Cr
http://rapidshare.com/files/73501543/Cr
http://rapidshare.com/files/73512650/Cr
http://rapidshare.com/files/73644010/Cr
Mais dois presentes.
Kafka: biografia do tio Francis com ilustrações do Crumb, traduzido. você vai precisar de um leitor de comics que tá incluido no pacote, é super leve.
The book of Mr. Natural, tá em inglês mesmo e se não consegue ler azar o seu, quem mandou matar as aulas de inglês na escola. os arquivos estão em jpg.
ps.: um Hooray pro cara que inventou o compartilhando de arquivos!!!
Marcadores: crumb, filmes, kafka, mr natural, resenha
Todo esse oba oba devido à eleição do Obama e eu aqui, sossegadamente alheio a tudo isso. A história acontecendo ali fora, os fogos de artifício, as pessoas felizes, os comícios acontecendo, jornais publicando artigos já fazendo cobranças, a imprensa do mundo todo eufórica, como se enfim Nero vai entregar os betes, e uma nova era de esperança e properidade para a América e para o mundo nasce. Claro que é histórico, e conhecendo o que a gente conhece da história americana, o tipo de nacionalismo que tem um lado tosco e estúpido... tirem suas próprias conclusões, espero estar errado.
Marcadores: eu chicago
A casa é bem o estilo das casas por aqui, três andares, banheira nos banheiros, uma lareira bem bacana na sala, um jardim bacana nos fundos, escadas e corredores acarpetados, com cara de ser dos anos 40 ou 50, pelo menos, quase tudo aqui nesse bairro tem cara de ser bem antigo, o que dá um certo charme a esse ambiente acadêmico supostamente sério e respeitável.
A decoração estava bem bacana, abóboras, velas, luz vermelha nos banheiros e na sala, tinha até uma Samanta (aquela do Chamado) na banheira de um dos banheiros. Os drinks eram preparados em baldes e com um sistema de chuveirinhos e mangueiras eles enchiam os copos por um dólar, “cosmo” era o gin e Tonica e “screw driver” suco de laranja e vodka, mas também tinha outras coisas que não experimentei e não ousei perguntar o que eram, cerveja tinha Miller, Corona, Heineken, Guinness. Coisa boa não? Em Floripa nos lugares que têm Guinness o preço pode chegar a mais de R$15 uma garrafa, parece preço de vinho, e aqui é tão barato. Nas Liquor shoppes é de ficar louco com tanta marca de cerveja, tem pra todo gosto e bolso.
Voltando a festa, tinha um povo com umas fantasias bem legais e não-usuais, nesse ponto eles são bem criativos. Tinha uma garota fantasiada como “Joe, the plumber”, tudo porque Sara Palin, a candidata a vice-presidente pela chapa do McCaim usou essa expressão pra se referir aos típicos americanos que não fazem nada a não ser ver TV e tomar cerveja o dia todo sendo sustentados pelo governo. Ela parecia um caminhoneiro pra mim, mas enfim, era uma fantasia pelo menos divertida.
O bacana é que conversei com gente da Índia, da Hungria, asiáticos, com um Nepalês, um inglês nascido em Londres, americanos de todas as partes do país, com uma americana que visitou Florianópolis com a família em 2002. Foi super bacana, no fim das contas, apesar da música não estar do meu gosto, mas já cheguei a conclusão que nunca vai estar mesmo, então, deixa pra lá.
Marcadores: eu chicago