As folhas secas cobrem os gramados
os passeios os carros as ruas e
caem levadas indefesas pelo vento e
colorem em tons crepusculares
o solo das manhãs sob o
qual agitam-se os esquilos
eu caminho sem pressa e cruzo com pessoas
que me são estranhas faces
desconhecidas que também
não aparentam pressa ou necessidades
urgentes, o dia apenas começa,
há de haver tempo para todos os afazeres
agora as ruas já quase me conhecem
e nos cumprimentamos passeamos juntos
como velhos conhecidos
como amigos gostam de fazer um com o outro
caminhando lado a lado
tornando-se íntimos, com o vagor das relações
amigos calados,
que se entendem por silêncios
os carros nas ruas as casas fechadas
há um friozinho que não chega a
arrepiar, e apenas nos conta que
o verão é findo e esse calor é passageiro
e logo segue viagem, nos despeçamos
uma jovem tem pressa e
esboça um sorriso de bom dia quando
surpreendido viro o rosto ao vê-la
passar por mim com passos menores
mas mais velozes que os meus
talvez atrasada para a primeira classe da
do dia talvez a mãe a
esteja esperando com o café na mesa
torradas geléia de frutas suco de laranja
quem sabe ovos mexidos...
e
me pergunto se esse sorriso
é uma nesga de alegria que resvala e
cai-se como pétala murcha, esquecida
de primavera ou apenas
mais uma folha seca desprendendo-se
cobrindo com tons de vermelho
essa manhã que principia.
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ps. desculpem, tive que cometer um poema.
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