(suspiro)

Saudades do meu verão na Letónia, Estónia, Letónia e Rússia

Contra o fascismo

Alguém me sabe dizer doutro país que queira ou tenha erguido um museu ao antigo ditador? A Lituânia tem um parque com estátuas e propaganda soviética porque quis mostrar ao mundo o que sofreram e não querem que o mundo esqueça (ou deixar que os russos se esqueçam também) mas não me ocorre mais nenhum exemplo. E é preciso não esquecer que os lituanos enviaram uma conta aos russos pelos anos da ditadura.

site contra o fascismo.

Blog Salazarices com uma lista incompleta das vítimas do regime.

Xodades dos bons tempos no fim do mundo (o original)

Tempo volta para trás...

Kaunas

Não sei se se recordam mas há uns meses quando fui a Vilnius comentei que era a cidade das igrejas (cerca de quarenta)... Pois bem, Kaunas é a cidade das esculturas (trinta e qualquer coisa). Na primeira noite fui a um concerto de uma banda francesa chamada New Jazz e claro que desatou a chover, e descobri que dançar e cantar à chuva pode causar constipações e/ou gripes... Acabei por não aproveitar muito porque tinha febre, não fui à colina das cruzes como queria, ou seja, tenho de ver agora uma forma de voltar, olha que chatice... A Lituânia continua a ter um certo encanto com o seu toque de insanidade.

O meu museu preferido foi o Museu dos Diabos, sim, leram bem, começou por brincadeira quando um artista local quis ter 13 diabos (treze era o seu número da sorte) e acabou por ter centenas. A colecção continuou após a sua morte e hoje o museu tem cerca de 2000 e tal diabos. Claro que tirei montes de fotos e estava o tempo todo a sorrir, diabolicamente, claro... O museu está bem concebido, junto de cada grupo de diabos há uma explicação e excertos de contos tradicionais onde aquela figura se enquadra, por exemplo, um diabo e uma bruxa, o diabo em forma de animais: cabras, serpentes etc. diabos que surgem para fazer partidas, principalmente em festas de casamento, o diabo e o tabaco (esta eu não conhecia) e muito mais...

Aqui temos Hitler e Staline em cima da pobre Lituânia, não dá para ver bem mas há várias caveiras, é uma excelente caricatura, suponho que andou "underground" muito tempo, não estou a ver os nossos amigos da KGB a fecharem os olhos...

Parece perfeitamente normal mas um destes copitos tinha um fundo falso para que o dono da casa não se embebedasse, hehe.

Brinquedos com o diabo, ok, malta de 1978, 79, 80, 81 e 82: reparem bem nos três bonecos que estão à direita, com pêlo preto e cara vermelha... Nós não tivemos um destes quando éramos miúdos? Tentei tirar uma foto só a esses também mas estava sempre a aparecer no reflexo. São muito queridos, espero que não tenham saído do mercado por causa da mania do politicamente correcto.

Diabices...

Lietuva (Lituânia)

De volta a Valmiera mas já a planear o regresso a Vilnius, Riga que se dane! Eu quero voltar para a Lituânia! (Leo, faz as malas que em Abril devo voltar!) A arquitectura lembra um bocado Riga nas ruas principais mas nota-se logo que o país é outro, a simpatia e boa disposição até do bêbado no autocarro e o à vontade com estrangeiros (mesmo quando não há uma língua em comum) torna o regresso à Letónia mais complicado. A "old town"/parte histórica é a maior da Europa, quase quatro kilómetros e eu não vi tudo. Vilnius é conhecida por ser "a cidade das 100 igrejas", são mais de 40 - todas enormes e de diferentes épocas e estilos. Embora adore Riga, acho que Vilnius é incrível e a não perder, pensar que está tudo a ir para cidades de trampa com estas pérolas aqui escondidas. É uma cidade perfeita para mim, história a cada esquina, simpatia -e um pouco de insanidade- dos habitantes, afinal de contas não nos podemos esquecer que foram os lituanos a começar a revolução báltica e que depois da independência enviaram uma conta aos russos pelos anos do regime ;P; a comida é muito boa e as bebidas também - cerveja e vodka lituanas aprovadas. Vilnius é grande o suficiente para andar imenso e continuar a ver coisas novas mas sem nos sentirmos perdidos. Admito que andei à procura da sinagoga e acabei por ir ter à universidade e ao parlamento, há qualquer coisa com as sinagogas nos países bálticos, devem ter uma entrada secreta ou raio... O trânsito é um bocado à portuguesa, tudo ao molhe e fé em Deus, atravessar as passadeiras ao pé da estação é como atravessar na avenida da liberdade ou no saldanha, estar verde ou amarelo ou mesmo vermelho não interessa se os condutores tiverem pressa. A Anna não parava de dizer que aquilo era doido enquanto eu sorria de orelha a orelha a pensar no meu primeiro ano em Lisboa. Turismo no inverno tem muito que se lhe diga. A foto superior é ao pé da Old Town Hostel onde ficamos e o edifício ao fundo é a câmara municipal. As bandeirinhas estavam por todo o lado porque tivemos a sorte de apanhar o dia de São Casimiro, o protector da cidade. A "azulada" é do Portão da Madrugada, a parte restante da muralha que protegia a cidade no século XVI e no interior (de onde vem a luz) há uma capela do século XVIII com um ícone - de ouro, claro- da Virgem Maria. O culto é sério, quase toda a gente que passou pelo arco enquanto nós procurávamos a entrada benzeu-se e a capela está quase sempre cheia de fiéis a rezar, o que não me permitiu tirar uma foto, talvez para a próxima.

No domingo fui sozinha para o sul da Lituânia ver o famoso Grutos parkas, onde quase todas as estátuas do regime soviético estão em exposição, nada como começar o dia a ver o Leninas (como dizem aqui) e o Estalinas e o velho Marx (Karl Mara). É um parque muito giro e bem concebido, as estátuas têm informação em lituano, russo e inglês e ficamos a saber onde costumavam estar na Lituânia etc

Mas é impressionante, quantas estátuas e bustos é que um homem precisa? E isto apenas na Lituânia, imaginem na USSR toda...

Na segunda-feira o pessoal já estava todo na Letónia e eu andava para cima e para baixo na Lituânia, nunca pensei um dia estar (como disse a Mikas: à doida) sozinha na Lituânia, apanhei um susto com o multibanco e devo ter mais uns cabelos brancos mas valeu a pena.

Alguém viu A VIAGEM DE CHIHIRO? As figuras pertencem ao teatro nacional e há uma semelhança muito gira com uma das personagens do filme do Miyazaki.