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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Youtube, o novo bicho papão?

É curioso como há tantas coisas que só verdadeiramente nos preocupam quando passamos por elas, quando somos pais.
Quem me segue sabe que esta é uma luta que travo há talvez uns dois anos.
Da primeira vez que o meu filho Manel me disse que o que queria ser da vida era youtuber, achei estranho e simultaneamente desconhecida. O YouTube não era um bicho raro, sabia que há lá de tudo, mas como só lhe ligo para ouvir música e ouvir conferências, não liguei muito. Até porque o Manel, também com a ajuda do pai tinha aprendido a tocar guitarra no YouTube. E depois havia imensos tutoriais de maquilhagem, embora estes me passassem ao lado, e havia a Porta dos Fundos. Só por isso já valia a pena haver está ferramenta/meio comunicacional.
Achava eu que embora não dominasse este novo mundo, não era uma completa totó - sou uma mãe fixe e moderna.
Até que vi e ouvi o primeiro vídeo do Manel. E aquele não era o Manel. Não dizia palavrões à descarada, mas era uma personagem, não era ele. Os toques, o tom de voz..tudo era estranho. Ri-me a tentar desvalorizar a coisa, mas não fiquei completamente em paz.
Talvez fosse um novo rito de passagem, nós sociedade ocidental que não temos muito, para passar da infância para a adolescência.
O gosto pela guitarra tinha ficado para trás. Um miúdo que tinha comprado uma guitarra eléctrica e um amplificador com o seu dinheiro, para a deixar de lado. Agora já nada interessava seguir um bando de youtubers.
Deixou de fazer vídeos, mas o interesse permanecia. O Facebook diz muito pouco a esta nova geração, curiosamente.
Falei com ele. Inclusivamente falei-lhe de um texto preocupante escrito por uma psicóloga. Mais uma vez se isto não fosse sério, ria-me com a resposta que me deu: ela tem é inveja de ganhar menos de um terço do que eles ganham. Tão novo e com um sentido de vida tão errado. Mas engraçado, não era nada disto que lhe incutia em casa.
Ele mostrou-me os vídeos. De facto os que ele seguia não incitavam a loucuras, à desobediência ou rebeldia. Muitos até eram a comentar jogos do Real Madrid, do Barcelona ou do Benfica. Mas a forma como falavam. Em 4 palavras três e meia eram asneiras. Oscilando entre um palavreado feio, mas soft, e palavrões a sério.
E o pior é que via os vídeos com o Vicente, de 7 anos, que adora futebol.
Acho preocupante? Acho. Se faz parte da crise identitária que é adolescência? Talvez faça. Se os pais por isso devem permitir. Só até o seu bom senso permitir.
Tenho algumas questões sem resposta: deveremos banir tudo o que nos parece nefasto e pernicioso da vida dos nossos filhos? Como fazer entre fechar os olhos e proibir? Nós também testámos limites. Mas nunca poderemos comparar porque o mundo agora é diferente e está constantemente a mudar.

Não há One answer fits all.
Mas gostava de ouvir-vos sobre isto. Para mim passa tudo por não nos fecharmos ao debate, nem entre pais, nem com os filhos. Devemos saber sobre o assunto, ouvir psicólogos clínicos e do desenvolvimento, mas conscientes que podemos ouvir reflexões bastante diferentes umas das outras, e a procura do locus de controlo para educar os nossos filhos está tão fora, como dentro de nós. Não há ninguém que conheça melhor o que é melhor para os filhos do que os próprios pais.

Entretanto deixo-vos o texto da Ana Galvão, que serviu de motor de arranque para este post.

Vivemos um momento curioso. Por um lado está a travar-se uma luta, nunca antes vista, contra qualquer tipo de acto ou manifestação de desigualdade (o que acho fundamental para uma civilização mais decente e justa) num combate totalmente minucioso, que não deixa passar quase nada, no que parece um exame, a pente fino, por tudo o que nos apareça à frente (e que aparenta mobilizar pessoas 24 sob 24 horas, pois nada passa despercebido). Mas, por outro lado temos, sem ninguém dar por isso, uma legião de jovens YouTubers que estão a ensinar barbaridades aos nossos filhos.   Sei que o Nuno Markl mencionou o assunto esta tarde, o que é normal, pois somos pais da mesma criança e preocupam-nos as mesmas questões na sua educação, e esta tarde chegamos os dois à conclusão (e espero que muitos mais pais ) do preocupante que são estes tipos e ninguém fazer nada, se manifestar, e não só isso, existirem marcas que os patrocinam, à grande.
É que há, de facto, um grupo de youtubers, que gravam vídeos sem parar, que têm fãs aos molhos, e que, todos os dias, apresentam ao mundo conteúdo falado em mau português, cheio de palavrões, obscenidades, apelo a insultar os pais, e ainda, desafios para  as crianças serem rebeldes na escola. Incrível. Mesmo que se proíba um filho a ver isto em casa, chegará à escola e verá no telefone de um colega, ou saberá de tudo através das conversas (alguma criança no mundo quer estar fora do círculo social da sua turma?). E para quem defenda que tem que existir liberdade de expressão,  e que o que é preciso é educar bem um filho (noutras  questões concordo) é preciso recuar no tempo e lembrar como éramos na infância. Era muito bonito o que nos diziam em casa,  mas o que mais queríamos era ser igual aos outros, assim que chegávamos à escola, e ver, pensar e dizer em
grupo (faz parte da idade). Há alturas em que os amigos de escola são mais dominantes que os pais (ou, senão é assim, cria-se, no “planeta criança” dois mundos paralelos, o de casa e o da escola). Mais uma vez apelo a que se lembrem como eram em idade infantil/adolescente. Só que nós, em pequenos, tínhamos como expoente máximo de rebeldia  umas baldas às aulas ou umas revistas impróprias. Agora o expoente máximo de ambição, para os nossos filhos, é serem como os youtubers que vêm no computador, ou seja, crianças com muito dinheiro, que insultam a mamã, que falam mal, e que acham a escola como algo indesejado, os professores uma “seca”! E isto é gravíssimo. Gravíssimo porque nos atinge a todos, gravíssimo porque influencia os nossos filhos ( falamos de youtubers com milhares de seguidores, portanto é provável que os vossos filhos também andem por lá), e gravíssimo porque a sociedade não se manifesta, parecendo que, ou há pais que não se importam, ou há pais que não fazem ideia do que os filhos andam a consumir. E, voltando ao início da conversa, o que me parece fascinante, é estarmos numa altura onde tudo é tão minuciosamente examinado, onde somos tão picuinhas com os conteúdos para que não contenham nenhum tipo de linguagem ou teor ofensivo para ninguém, onde cai o carmo e a trindade por coisas, por vezes, tão minúsculas, e onde somos tão, mas tão preocupados em que a sociedade seja justa e respeitosa e, no entanto, há uma pandilha de tipos (chamados de influenciadores)  que dizem as maiores das barbaridades, de fazer ruborizar o mais bravo dos adultos, e ninguém parece importar-se. Não entendo. O que está a falhar?

domingo, 7 de janeiro de 2018

Rir, Reflectir e Ajudar

Tenho sempre ex alunos meus à procura de estágio da Ordem ou de trabalho na área da Psicologia.

Gostaria de criar uma base de dados com os empregos e estágios que aparecem nesta área. Muitas vezes porque não soubemos daquela vaga, não lemos aquele aviso, ninguém nos contou que andavam à procura.
Não sei ainda bem como vou fazer. Mas pretendo, à experiência, começar pela psicologia. Se resultar construir um site e ir abrindo a outras áreas.

Se souberem de algo enviem-me mensagem privada. Partilhem por favor com amigos e conhecidos que vocês sintam que podem ajudar.

Eu estou numa fase que deixei de conseguir falar de roupas, de tendências, de coisas do género. Nunca fecho a porta a nada, mas duvido que o meu blog seja algum dia um blog de life style. Talvez não seja esse o motivo ou a minha missão. Só o tempo o dirá.
Mas ajudar é de certeza. Esta plataforma já com tantos seguidores tem que estar destinada a algo maior.

Por favor, leiam com atenção o que escrevi e ajudem. Ajudar de alguma forma apazigua dores internas. Não estamos só ajudar outros como a nós próprios.

Obrigada. A ideia que tenho de vós é que estão cá para isso também.
Se não pode ser comer, amar e orar, o meu é vosso lema, ou o lema deste blog será Rir, Reflectir e Ajudar.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Nunca é tarde

Toca o telefone, os sinos da igreja, a campainha da porta, os acordes de uma guitarra e o velho despertador. Toca e sabes que é um sinal de que é hora de começar de novo. Mas ainda não te sentes preparada, enfias a cabeça debaixo da almofada e tentas calar aquele barulho que no dia de hoje te parece infernal. Ouviste as sirenes a zumbir dentro de ti, mas preferiste ignorá-las porque parece que aparecem sempre na altura errada. Para ti desejas o mundo, mas num silêncio absoluto, total, e aí decides levantar-te e segues em frente, de madrugada, ignorando todos os sinais de alarme. Segues pela rua principal. Deixaste-te simplesmente ir, como se entre ti e a vida fosse tudo tão fácil como um jogo em que uma ganha e a outra perde. Aí ouviu-se um estrondo, mas a tua preocupação estava enevoada ou nem sequer estás suficientemente sã para que algo fizesse sentido. Apercebeste-te nessa altura que já só eras metade do que tinhas sido. E tu, tão senhora de ti, começaste a vaguear, perdida, magoada, cada vez mais desnorteada. Só querias recuperar qualquer coisa que já tinha ficado para trás. O silêncio já era incómodo e os pedaços de ti que faltavam começaram a fazer-te sentir incompleta. E as vozes não se calavam "é tarde", "é tarde". Sim, era tarde para teimar em seres uma réplica do que tinhas sido, uma imagem de ti já ultrapassada ou uma pessoa que não queria ser encontrada. 
Já não sabias o que sentias, não tinhas nome para o que sentias, mas teimavas em continuar a sentir, especialmente aqueles sentimentos que picavam como pontas de alfinetes. como facas de dois gumes. Como fogo a arder, como lume. Mas porque gostas assim tanto tu de sofrer?
Foi preciso um colete de forças, numa sala de um branco Alasca, num silêncio mais profundo do que aquele que qualquer um de nós conseguiria aguentar, para finalmente perceberes que do lado de lá da porta estava uma placa gasta, estilo anos 20, com um grafismo interessante - olha os detalhes a que te foste agarrar para não leres o que lá estava escrito. 
Finalmente tinhas morrido. Ou tinha sucumbido aquela parte de ti que teimavas em não deixar partir. 
Já percebeste tudo? Se sim, não chores. Faz antes o favor de sorrir. 
Porque naquela sala branca, cheia de gavetas e etiquetas, reparas que há um quadro na parede, que não podia ser mais adequado - ou desadequado - depende da perspectiva.
Começar de novo, era o que lá dizia. E pela primeira vez sorriste. Pela ironia da coisa. Ainda há pouco estavas na tua cama a tapar os ouvidos a tudo e agora só querias ouvir um pouco de barulho e estás presa a um silêncio pegajoso, por trás de uma placa que diz que podes começar de novo. Sonho ou pesadelo?
Fazes bem em sorrir. Sorri. Sorri quando a vida deixa de fazer sentido. É o caminho mais difícil, mas acaba por ser o mais corajoso e real. Sorri. E pela primeira vez decides que nunca mais lhe vais perguntar se é mais feliz sem ti. 
Mesmo sentido-te pela metade, sais aos tropeções daquela sala, onde a placa cá fora afasta os curiosos e decides, finalmente, que ainda não é tarde. Aos poucos vais esquecendo aquele sonho ou pesadelo ou realidade. Vais esquecendo amores que não deram certo ou promessas que ficaram pela metade. Esqueces campainhas, acidentes, sofrimentos e vais acordando, à medida que tiras a venda que te colocaram, que tu colocaste. E agora já entendes que o pior cego é aquele que não quer ver. 
Já chocaste de frente, já te quebraste em pedacinhos, já caíste, já te levantaste, já choraste, já pediste ou quase suplicaste. Já quase te perdeste. 
E agora renasceste. E encontraste. E soltaste. Largaste a parte que te estava a manter presa, que não te deixava evoluir. Sorrir.
Ficaste sozinha, mas de ti não vais fugir. Mesmo que ainda permaneça em ti toda a angústia de já não teres alguém ao teu lado para te ouvir, para te desejar, para te querer.. Nem a quem dizeres boa noite, bom dia ou boa tarde, sempre que te apetecer. 
Disseste finalmente adeus à parte de ti que um dia foi tua e perdeste e paraste com as lamurias e foste à luta. E tudo porque finalmente tens contigo o que andavas à procura: A vontade. Lava-a contigo para onde quer que vás e também o quadro a dizer  "começar de novo", ao qual escreveste por cima "Nunca é tarde". 








quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Adeus 2017. Olá 2018



Adeus 2017. Foste um ano duro, dos mais duros que tenho memória. Talvez o mais duro de todos. De sempre. Caí, levantei-me, tornei a cair, num vai e vem sem fim. Chorei tanto que dava para transbordar o Tejo ou o Mondego. Chorei mesmo quando muitos de vocês pensavam que me estava a rir. Mas também dei gargalhadas em dias sim. 
Redescobri o amor e deixei-o ir. Porque não era a altura certa. Não era altura para me centrar no outro, mas em mim. Um ano em que tomei consciência de tanta coisa. Um ano que me obrigou a crescer, que me levou a tomar decisões que vão mudar todo o curso da minha vida. Em termos pessoais e profissionais.
Foi um ano em que quis tanto desistir, mas não pude. Não deixaram. E no fim fui eu que não deixei. Tomei coragem e continuei, enfrentando lutos e demónios, mas acreditando sempre que ainda tenho tanto para dar. Só precisava de ganhar mais coragem para mudar no que era preciso mudar e, simultaneamente, abraçar o meu verdadeiro self.
Ouve-me...
A determinação aparece quando te centrares mais em ti, não num acto de egoísmo, mas de pura sobrevivência. 
Fight ou Frozen. Depois de me sentir presa, perdida, encurralada, decidi lutar.
É com este sentimento que quero entrar em 2018. Que espero que vocês que me seguem, que me acarinham, que passam e passaram pelo mesmo, entrem também. Pé esquerdo, pé direito, aos pulinhos ou a dançar. Mas com garra.
Faz-te à estrada, faz-te à vida. Em vez de atirares a toalha ao chão, joga ao alto aquilo que não podes mudar. Luta, mas também aceita. Este carrossel não vai parar de rodar. Ano após ano, uns mais difíceis do que outros, esta será sempre a tua missão.
Por mais que queiras manter em formol certos momentos, certos desejos, certos sentimentos, acredita que o que tiver de ser teu a ti virá. Aceitar não significa de forma alguma resignares-te. Mas aprender que despendes demasiada energia nas coisas erradas. E depois pagas uma conta bem alta. E não podemos deixar. Não em 2018, em que a conta vai aumentar.
Percebe que existe o Tempo e ele é dono e senhor de tudo. Se souberes mexer com o tempo.. ele saberá mexer contigo.

Obrigada Pedro pela última sessão do ano. 
Num elogio a todas as mulheres (e homens) que não desistiram do amor, que não desistiram de novos projectos, que não desistiram da vida, que não desistiram de si.

Sei que não vou ter um 2018 perfeito. Mas decidi arriscar. Apostar em mim e em quem gosta de mim e, principalmente, na minha vida privada parar de me esconder, de me isolar.
2018 vem com tudo o que tens para dar!







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