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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

De Génio IV

«Os vários momentos de tempo livre de que depende qualquer leitura séria, silenciosa e responsável tornaram-se apanágio quase exclusivo dos universitários e dos investigadores. Vamos matando o tempo, em vez de nos sentirmos à vontade adentro dos seus limites.»

George Steiner, em O Silêncio dos Livros, Gradiva, p. 28.
(Destacado meu)

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

De Génio III

Neste caso, o excerto que se segue é de génio por nos matar de riso. Mais: qualquer professor conhece algum colega que encaixa perfeitamente nesta descrição de John Cleese, o eterno Monty Python, feita na sua autobiografia intitulada Ora, como eu dizia e publicada em 2014 pela Planeta. Mesmo quem não se tornou professor poderá recordar, ao ler o que se segue, os docentes menos vivos que teve No pequeno excerto que vos deixo, John Cleese fala de dois professores com quem teve de ter aulas de Zoologia e de Botânica:

«Ambos eram considerados como sendo em grande medida noctívagos, mas sabia-se que apareciam nas salas de aula durante o dia, circulando um pouco e produzindo até ruídos de fala, embora de tal modo em surdina que nunca se podia ter a certeza de que não estivessem somente a respirar com mais esforço do que o normal. Quem quer que haja pensado que eles eram capazes de controlar uma aula devia ter pedido um reembolso - nem a trabalhar em conjunto seriam capazes de manter a ordem numa turma de ursinhos de peluche, ainda que dispusessem de revólveres. Desde o início que eu e os meus colegas estávamos confusos acerca do que se esperava que fizéssemos: ignorá-los, tentar encorajá-los a esforçarem-se mais ou apenas alimentá-los de vez em quando.» (p. 83)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

De Génio II

“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive, e, não tendo acção em si mesmo, move os ânimos e causa grandes efeitos.”

Padre António Vieira 
in "Sermão de Nossa Senhora da Penha",
Lisboa, 1652.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

De Génio I

Eu não sou uma pessoa dada a frases bonitas. Melhor: não gosto de frases bonitas porque as pessoas destruiram as “frases bonitas”. Banalizaram-nas ao ponto de atribuir a autoria de uma determinada frase a alguém que nunca a proferiu. O mundo das redes sociais está pejado de exemplos que dão como sendo de Pessoa, de Borges, de Saramago e de muitos outros palavras que nunca disseram. E, como se não chegasse, muitas das frases consideradas “bonitas” por muitos são totalmente vazias de sentido. Boa parte delas são parvas até. E depois o mundo, partilhando-as até à exaustão num fundo de céu nublado ou em modo campo de flores, partilha a estupidez e assim vão andando as coisas. No fim de contas, o trigo fica por separar do joio e aquilo que importa mesmo fica perdido no meio de tanta mediania cretina. Quantos pensam de facto na “frase” de que tanto gostam? Quantos pensam no que pode (ou não) querer dizer antes de a partilharem com o mundo? Poucos, aposto. E por isso o Facebook parece a parada dos carros alegóricos das palavras bonitas que juntas não fazem uma frase de jeito.

Há uma ou duas que me aquecem o coração e nas quais encontro, de facto, algum significado. Por isso inicia-se aqui o espaço “De Génio”. Para mim, as frases que aqui tomarão lugar são mesmo de génio e significam alguma coisa para mim. Pode ser que algum dia faça o espaço “De Parvo” para todos os ditos que não dizem nada, mas que, mesmo assim, movem multidões.

Ora, começamos com livros e com leitura e com uma frase que mostra isto: as muitas vidas que lemos nos livros, as muitas decisões difíceis que vemos as personagens terem de tomar, as muitas histórias e caminhos e obstáculos, ainda que no papel, ensinam-nos. Um dia, quando for necessário, o que aprendemos vem-nos à memória e saberemos o que fazer com o que lemos. Já o dizia Oscar Wilde:

“É o que lemos quando não temos de o fazer que determina
o que faremos quando não o pudermos evitar."