domingo, 12 de junho de 2011

O lado cômico do vestibular

Consequência de uma pausa...

Como já faz um tempinho que não atualizava o blog, pensei em inúmeras maneiras de o fazer. Para primeiro post de junho, no dia dos namorados, por que não falar sobre essa data? Não, todo mundo vai falar, melhor fazer algo diferente. Que tal um conto, suave, bonito e inteligente? Talvez. E o vestibular que você prestou domingo, cujos detalhes estão ativos na memória? Sim, uma abordagem diferente, pode ser legal! Pronto, decidi!

Véspera e dia de vestibular são momentos de comicidade para muitos. Na véspera você se sente nervoso e ansioso, seu estômago já está te incomodando, sente que está precisando se expressar, se libertar de tudo o que te sufoca. Alguns choram, outros cantam, há os que dançam, tem aqueles que escrevem, os que vão para a balada (não indico!), os que precisam "dar uma última olhadinha no caderno", os que dormem o dia inteiro, aqueles que vão ao cinema ou apenas passear no shopping ou parque, uns que se trancam no quarto, outros que se reúnem com a família, aqueles que vão à igreja, enfim, cada um tem seu "ritual" de véspera de prova. Qual o melhor? Bom, cada um sabe de si, o melhor programa é aquele que vai te ajudar, que te fará sentir-se melhor e pronto pra "fechar" a prova no outro dia! No dia do vestibular, o que te incomodava na véspera, agora te desespera. Lógico que sempre tem aqueles tranquilos, que não se importam com nada, do tipo "tanto faz, tanto fez", que chegam a dormir durante a prova e estão o tempo inteiro sorrindo. Mas, a maioria, sente-se pressionada, sufocada, insegura, com medo de não conseguir obter êxito, da não realização de um sonho, dos julgamentos alheios. É nessa hora que os amigos e a família ajudam bastante, pena que muitos não reconhecem o valor e a importância que possuem na vida de alguém. Na verdade, ninguém é feliz no dia do vestibular, nem os mais confiantes, que se dizem com um pé dentro da faculdade, nem aquele candidato que fecha a prova tem certeza que vai conseguir, afinal, "tudo pode acontecer", "já fiz cursinho mesmo, pra fazer de novo não custa muito", muito menos o que se diz tranquilo ou passa essa ideia, porque tranquilo mesmo, ninguém fica, já que a prova é incerta, e diante das incertezas da vida, é impossível ter calma. E assim as coisas vão se encaminhando até o dia da divulgação dos resultados, pois, somente nesse dia tem-se a certeza do sucesso ou do fracasso, porque dentro dentro de si, todos tem a esperança brilhando.

Depois desse relato generalizado, vou direto ao ponto. Quem já prestou vestibular sabe que sempre acontece alguma coisa que te faz cair na risada (depois da prova, porque antes você fica tentando imaginar as questões e as respectivas resoluções - é uma pena que a gente custe a acertar nas adivinhações!). Depois de alguns ocorridos no último domingo, antes, durante e depois do vestibular da UFT, peguei-me recordando momentos "alegres" que já presenciei nas minhas maratonas prestando vestibular.

1. Os Novatos: Tem sempre aqueles novatos (diga-se os candidatos que estão prestando vestibular pela primeira vez) que não leem o edital. E então chegam totalmente desorganizados para realizar a prova, com alguns desrespeitos ao edital, usando boné, por exemplo. Os fiscais se aproximam e eles enchem os fiscais de perguntas, cujas respostas eles saberiam se estivessem se informado melhor antes. Chamam a atenção de todos pela curiosidade, ou medo de cometer algum erro e ser desclassificado antes mesmo de começar a prova. Alguns ficam muito nervosos e não compreendem o próprio sentimento, por ser a primeira vez sentindo aquela sensação que só quem já passou por isso sabe, por isso, ficam um pouco descontrolados, o que também chama a atenção. Enfim, é possível reconhecer alguns marinheiros de primeira viagem facilmente.

2. Os Super Comunicativos: Aquelas pessoas nervosas - ou não, prefiro acreditar que é nervosismo do que aceitar a existência de pessoas tão sem noção-, que não conseguem se conter e iniciam conversas com o desconhecido que está ao lado. Na maioria das vezes puxam assuntos sem pé nem cabeça. Geralmente são essas pessoas que riem demais, alto e desnecessariamente, que acham que já tem intimidade, que querem descobrir tudo da vida dos concorrentes, que ficam oferecendo balinhas, chicletes e chocolates, começam a dividir suas vidas e, pior, tentam passar o telefone, o orkut, o msn, o facebook, para se comunicarem e dizerem se foram aprovados...vai entender, né?!

3. Os "piqueniqueiros": Por falar nisso...sempre tem os ansiosos de plantão que não se contentam com uma simples barrinha de cereal e levam pacotes de bolachas recheadas, caixas de bombons, barras de chocolate, refrigerante, energético, uma caixa de balinha e inúmeros chicletes, é tanta guloseima que muitas vezes levam numa sacola - sacola, não sacolinha!. Como dizem alguns conhecidos: "tem gente que vai pra prova só pra comer e não fazer!". Lógico que todos estão ansiosos, mas, acredito que essa comilança, ou piquenique, mais atrapalha que ajuda. Além do quê, não atrapalha só o candidato mas todos que estão na sala, porque, convenhamos, é insuportável quando alguém fica o tempo inteiro abrindo esses pacotes, fazendo aquele barulhinho irritante, pior ainda quando tenta esconder e vai aos poucos, devagarinho...

4. Os modelos: Quanto às roupas...aaah se eu pudesse tirar fotos! Tem umas pessoas que sentem necessidade de aparecer e chamar atenção, isso é fato, mas no vestibular é demais! Esse tópico é voltado principalmente às meninas, aquelas que vão com a ideia de seduzir um fiscal, com super decotes, ou "barriguinha" a mostra - mesmo fora de forma!, mini-saias - daquelas que você não acredita que a pessoa vai ter coragem de sentar! Compreendo que devemos ir do jeito que acharmos melhor, confortáveis, entretanto, também acredito que é preciso ter bom-senso, né?! Já presenciei meninas de bota de cano alto em pleno verão goiano também, melhor nem comentar! Os meninos nesse quesito não aparecem tanto, ao menos nas minhas observações. Algumas se produzem tanto que você até imagina "essa aí nem dormiu, veio direto da festa". Maquiagem exagerada, roupa exagerada, acessórios exagerados, e eu só gostaria de uma coisa, que minhas notas sejam exageradas!

5. O plac-plac: Pior que maquiagens, roupas e acessórios exagerados, que além de alguma poluição visual não causam mais nada, é o salto alto. Sim, o salto alto de algumas fiscais, principalmente, é horrível. Elas ficam andando, verificando, observando, e o salto lá, marcando mais presença que a própria dona, com aquele barulho plac-plac-plac enquanto você está tentando resolver aquela questão absurda de física. Então, fica a dica, para fiscais e candidatas, não vão de salto alto, ok?!

6. Os necessitados: O nervosismo muitas vezes faz com que o organismo se desequilibre, assim sendo, não são poucos os candidatos que necessitam ir ao banheiro ou beber água de meia em meia hora, nesse caso, eu apenas digo o que dizem: "se não fosse trágico, seria cômico!"

7. Os Fotógrafos: Recentemente, numa prova de vestibular, uma menina - muito alegre diga-se de passagem - levou sua máquina fotográfica e chamou os "colegas" da sala de prova para tirarem uma foto de recordação!! Ao saber dessa história, foi impossível não rir, e fiquei sabendo a partir de uma testemunha que estava na mesma sala que a menina feliz! Agora me pergunto, como pode uma coisa dessas? O que ela tem na cabeça? Sem contar que o porte desse tipo de equipamento causa eliminação. Portanto, caros candidatos, nunca  inventem de querer tirar fotos no local de prova, não há necessidade disso, apenas passem no vestibular que todos irão saber que você fez a prova...

8. Os tranquilões: Os mais tranquilos chegam com boné, óculos escuros (sem prescrição médica), aparelhos eletrônicos e mascando chiclete de boca aberta. Aí, os fiscais se aproximam com as informações de proibições e consequências. Eles tiram o boné e deixam a mostra o cabelo desarrumado, colocam o óculos escuro e o celular dentro do boné no chão, ou, no saquinho disponibilizado, continuam mascando chiclete de boca aberta. Fazem a prova como se fosse algo normal, chegam e saem sorrindo. Geralmente vão de bermudões e chinelo. Você percebe que ao sair eles já tem um esquema ajeitado (uma festa pra ir, por exemplo). E, provavelmente ele tomará sua vaga, porque está tranquilo, relaxado, e você nervoso, pense nisso também!

9. Os derradeiros: Sempre tem aqueles que chegam de última hora, esbaforidos, com suor escorrendo, cara de cansados e assustados. Não são tão cômicos devido a situação, visto que por pouco eles perderiam a prova, mas, sem hipocrisia, a pessoa chega com uma cara engraçada. Alguns riem de nervosismo, rezam, vão contar a história, ficam vermelhos de vergonha e constrangimento. Também tem os que perdem a hora e não fazem a prova. É complicado isso, porque você estuda o ano inteiro para àquele momento, conta os meses, os dias, as horas e quando chega você simplesmente vacila?!! Nem que tenha que sair 1 dia antes de casa, se é o que você quer, tem que correr atrás, ou melhor, tem que ir com calma, chegar com antecedência, se concentrar e preparar, não dá para deixar tudo de última hora!

10. Os curiosos: Também ocorre de nos depararmos com candidatos que não estão corretamente ou tecnicamente preparados para a prova. Mesmo com todas as informações nos cartões resposta, com as informações que os fiscais transmitem, com as explicações dos editais, não param de fazer perguntas. Tiveram alguns que também erraram e fizeram o maior escândalo na minha sala, uma menina, por exemplo, simplesmente resolveu as 2 provas de lingua estrangeira e marcou as 2 no gabarito, sendo que deveria ser só uma, a que escolhemos no momento da inscrição, desse modo, a matéria que tinha pra marcar depois da prova de língua estrangeira, ela não marcou, ou seja, com gabaritos trocados e errados, ela não tinha chance. Vale a pena perguntar quando se tem dúvida, lógico, mas como vestibulandos devemos ler os editais, se informar antes da prova.

11. Os excessivamente inseguros: Alguns candidatos sentem-se mais confortáveis e preparados se estudarem até os 30 segundos antes do início das provas, daí, levam cadernos, livros, apostilas, chegam cedo, ficam lendo, escrevendo, falando em voz alta, entram pra sala, sentam e continuam, até o fiscal chegar e mandar guardar. Pode até ser que ajude, mas, é difícil né colegas?! Você vai fazer a prova com o que você sabe de verdade, com o que está guardado na sua mente, com o seu cérebro exercitado durante todo o ano. Não dá para aprender muito na reta final, concordemos...

Bom, provavelmente esqueci de alguns, deixei de contar alguns casos, mas, o que vale é a intenção, não é mesmo? Se alguém aí quiser completar, comentar, discordar, concordar, só deixar nos comentários. De qualquer forma, acreditem, tudo o que está aqui é a verdade. E, por favor, você que vai prestar vestibular, prepare-se beeeeeeem antes, pra não passar vergonha, não correr o risco de ser eliminado, não atrapalhar os outros que também deram duro ou não virar história contada num blog...

domingo, 29 de maio de 2011

O que há de errado com o homem?

Esse foi um dos meus melhores textos produzidos esse ano, então, pensei: "por que não compartilhar com o mundo?". Acredito que ele passa uma ideia e promove uma reflexão da qual todos nós sentimos necessidade. Afinal, quem não sonha em ser eternamente feliz?

Tema: O que há de errado com a felicidade?
Gênero: Artigo de Opinião
Trilha sonora: O que é, o que é? - Gonzaguinha

Diversas batalhas são travadas no decorrer do dia por inúmeras pessoas, que estão em busca da concretização dos sonhos e da conquista da felicidade. Dizem que a finalidade da vida é “ser feliz”, entretanto, alguns mal sabem como alcançar esse estado abstrato fortemente almejado e o quanto sua presença ou ausência é capaz de influenciar nossas vidas. Há quem se pergunta, inclusive, o que há de errado com a felicidade, pois eu acredito que a pergunta seria: o que há de errado com o homem?
 
O filme “Em busca da felicidade” é um exemplo da forma como muitos lidam com a falta de felicidade e até onde estão dispostos a ir para senti-la. Chris Gardner (Will Smith) é capaz de atropelar todas as dificuldades e obstáculos para conseguir uma vida digna a ele e, principalmente, ao filho. Essa história nos mostra claramente que a capacidade para encontrar a felicidade está dentro de cada um de nós e é relativa de um indivíduo a outro.

A relação do homem com a felicidade ultrapassa milênios. Desde os filósofos gregos que buscavam-na através da sabedoria, ao século XXI, no qual as concepções de vida a respeito da conquista da felicidade são as mais diversas possíveis. Desse modo, verificamos que esse sentimento não passa de um estado psicológico momentâneo regido por escolhas próprias. Ou seja, não é um sentimento eterno, se esvai com o tempo e conforme amadurecemos, mudemos de opinião ou encontremos algo que nos fará ainda mais felizes que dantes.

O fato de sentirmo-nos felizes está diretamente ligado às relações interpessoais que mantemos. As redes sociais, portanto, conquistaram um importante espaço no “precioso” tempo dos internautas. Não é à toa que empresas criam programas para motivarem e construírem um local de trabalho melhor e mais saudável, tudo fundamentado na idéia de proporcionar alegria aos funcionários que, em conseqüência, produzirão mais e com maior qualidade. Por outro lado, a internet e o meio midiático em geral, podem interferir drasticamente no modo de vida das pessoas. Através de propagandas publicitárias voltadas para “resolução de problemas” fácil e instantaneamente – tais como perca de peso rápida, transformação do corpo para se igualar a alguma famosa em uma semana, conquista de um grande amor – vendem ideais e padrões de consumo acrescentados da idéia de que de tal modo qualquer um poderá atingir um nível de felicidade plena. Creio que dessa forma conquistam “clientes” alienados e frustrados. É fundamental enxergarmos a felicidade naquilo que temos e não nos estereótipos impostos pelo “mundo”. A felicidade só será alcançada quando a pessoa estiver em harmonia consigo e com o mundo. Devemos ter a consciência de que muitos bens cruciais para sermos felizes não podem ser adquiridos em lojas, até mesmo porque, não possuem preço.

É claro que à medida que o homem evolui torna-se mais insaciável. A partir do momento em que os resultados desejados não são atingidos e a felicidade não se faz presente, a vivência torna-se uma tarefa complicada. Assim sendo, uma imperfeição no início dessa trajetória provoca caos quando percebe-se que a alegria não é completa e que a responsabilidade é individual. Nesse contexto de frustrações há chances de deturpações de valores que podem levar a transgressões, como uso de drogas e violência, alterando o bem estar social, afinal, vivemos em uma sociedade, na qual todos interferem no meio, independente da própria vontade e mesmo que o individualismo muitas vezes prevaleça sobre a coletividade.

Nada de errado há com a felicidade. São as atitudes inconscientes ou alteradas do homem que nos trazem essa falsa idéia. Acredito que a felicidade está no modo como decidimos enxergar a vida. Precisamos estar preparados para inúmeras adversidades e limitações. É devido a essa dificuldade em contornar obstáculos e visualizar o mundo com clareza que poucos realmente alcançam um estado de felicidade, sabedoria e sensação de bem estar.

sábado, 21 de maio de 2011

Um brilho no olhar

Consequência de uma pausa...
Tema: Os espaços urbanos das grandes cidades e a qualidade de vida.

Acordei atordoado, sequer soube reconhecer onde me encontrava. Não conseguia abrir meus olhos, nem me mexer, o que me deixou desesperado. Comecei a ouvir uns barulhos típicos de hospital e algumas vozes a minha volta, embora não soubesse distinguir as pessoas. Falavam em tom de preocupação e seriedade, imaginei que fossem médicos. Tentei me recordar como fui parar ali, mas, fui interrompido por uma visita.

Minha filha sentou ao meu lado e começou a conversar. Minha maior vontade era poder dizer o quanto a amava – há quanto tempo não dizia isso! - e perguntar o que estava acontecendo comigo. Sentia-me como uma criança indefesa, necessitada de colo e carinho. Percebi que ela se perguntava, com tristeza, como tudo tinha acontecido, como eu deixei chegar àquele ponto. Desse modo, fui recuperando minha memória a respeito de como estava agindo nos últimos anos.

Lembrei-me de quando a mãe dela ainda era viva e morávamos no interior de Goiás. Tínhamos nossa casa simples e confortável, conhecíamos todos os vizinhos e todas as semanas havia reuniões entre amigos. Não raro, no fim da tarde, sentávamos na porta de casa e ficávamos observando o movimento da cidade, que não era muito. Nos finais de semana íamos à fazenda, cavalgávamos e pescávamos. Também deixávamos que as crianças se esbaldassem na terra fofa. Incrível como todos se conheciam, se respeitavam, eram cordiais e estavam dispostos a ajudar uns aos outros. A cidade não tinha uma estrutura das melhores e estava longe de ser sinônimo de progresso, mas ainda assim proporcionava muita alegria aos moradores, ninguém queria se mudar. Entretanto, depois de receber uma ótima oferta de emprego, mudei junto de minha família para a capital.

Passamos a morar em apartamento, cercados por grades e câmeras de segurança. Os únicos que sabiam de nossa existência e rotina eram os porteiros, nem mesmo conhecíamos nossos vizinhos. Minha mulher começou a trabalhar e nossos filhos ficavam o dia inteiro por conta de empregados, escola e atividades extracurriculares. Quando chegava a noite queríamos apenas dormir e descansar. Não havia mais diálogo, muito menos família unida. Agora cada um tinha sua vida, sua rotina, seus amigos.

Após três anos morando em Goiânia senti os sinais da velhice se aproximando. Estava sempre cansado, sem fôlego, estressado, ansioso e dormindo pouco. O cigarro e a poluição faziam parte de mim e agravavam a situação do meu sistema respiratório. Tinha parado de caminhar e tornado um exímio sedentário.

Recordei-me, então, de um dos maiores sufoco pelo qual passei. O dia em que colidi com outro carro. Estava com muita pressa e com sono. Ao menos assumi a responsabilidade, o que não evitou xingamentos, desrespeito e quase agressão. Foi nesse dia que sofri meu primeiro enfarto. Dei-me conta de que esse não foi o único episódio em que me descontrolei. A briga no supermercado, a discussão com o síndico, as buzinadas no trânsito, o mau cheiro no prédio devido à grande quantidade de lixo, os empurrões na fila do banco, a briga com meu filho por causa das festas, bebidas e companhias, a morte da minha mulher e, por fim, o assalto.

De súbito lembrei-me porque estava na unidade intensiva. Fui assaltado e reagi, não esperava que ele fosse capaz de atirar em mim. Por um segundo acreditei que ainda estivesse no interior do estado e que fosse possível resolver os problemas apenas com uma conversa. Realmente, nossa vida tornou-se insignificante, assim como inúmeros valores foram deturpados e perdendo sentido.

Os médicos voltaram acompanhados dos meus filhos. O efeito do tratamento não estava sendo satisfatório. Para eles, era como se eu já estivesse morto. Percebi que eles choravam e se despediam de mim. Meu desejo era poder abraçá-los e pedir desculpas por todos os erros cometidos. Uma aflição terrível tomou conta de mim. Tinha que existir alguma forma de me expressar, de avisar que eu estava bem, que eu podia ouvi-los, que eu os amava e que me comprometia a mudar meu comportamento. Se fosse necessário, voltaríamos a ter nossa vida no interior – que saudade! Então, uma lágrima escorreu de meus olhos. Lembramos que Deus existia. O aviso foi dado. Sim, eu estava vivo. Sim, eu os amava. Sim, eu estava pronto para operar mudanças. Naquele momento, concentrava-me em poder abrir os olhos, renascer e enxergar o colorido da vida outra vez...

domingo, 15 de maio de 2011

Incondicionalmente, amigos!

Consequência de uma pausa...

Nas últimas semanas, não sei ao certo o porquê, senti-me abraçada e beijada, senti-me feliz, dando muitas risadas, senti-me cheia de saudades, senti-me uma pessoa melhor, senti-me amada, enfim, senti-me repleta de amigos. Agora, pensando melhor, senti que a amizade também pode ser um amor incondicional e eterno. Portanto, dedico tudo o que aqui escreverei a todos os meus amigos, os do dia-a-dia e os que por algum motivo estão longes, os virtuais-blogueiros, e, principalmente, os que estão para sempre no meu coração e ao meu lado, com os quais mantenho uma eterna amizade de amor incondicional. Antes, desculpem-me os outros, dedico "mais especialmente ainda" ao Pedro, com o qual tenho a amizade mais duradoura, afinal, uma amizade que inicia aos 3 anos de idade (naquela época pode ser que nem sabíamos o que era a amizade ao certo, porém, sempre estávamos juntos, brincando, nos divertindo e estudando -lógico! - ou seja, sempre estivemos em sintonia) e até hoje está firme e forte, merece toda a homenagem e uma dedicação especial!

Quando pequenos não compreendemos nossos sentimentos. Gostamos ou não. Queremos ou não. Fazemos ou não. Apenas seguimos nossos instintos, nosso coração. Logo, posso dizer que amizades que começam na infância, duram porque são autênticas, são de verdade, caso não durem, é porque conforme as pessoas vão crescendo, vão se amarrando às armadilhas que a vida nos prega e assim aprendem a mentir, enganar, sufocar, reprimir, esquecem-se de quem são e se perdem na busca pelo que almejam. Concordo com quem diz que para minha geração é mais fácil e prático manter contato, continuar com uma amizade, devido à ação da tecnologia desde quando nascemos, porém, até hoje existem as cartas e os telegramas que também podem ajudar, há bastante tempo existe o telefone, os "orelhões", e, quem é que não tem um celular hoje em dia? Acredito que para que as amizades se desfaçam nos dias atuais é porque simplesmente não há verdade e clareza nas relações, não há sintonia, não há coisas em comum, ou, há pessoas insensíveis que infelizmente interferem numa relação amiga que podia fazer bem ao grupo, ou par.

Certa vez, quando cursava a 7ª série do ensino fundamental, uma pessoa me disse que foi nessa época escolar que ela fez os melhores amigos, os que a acompanhava (até aquele dia da nossa conversa). Eu acreditei. Entretanto, não sabia que naquela época ainda não tinha maturidade o bastante para reconhecer quem eram os meus verdadeiros amigos, poucos dos que eu considerava como amigos para a vida inteira perduram, e, mesmo assim, algumas relações são feitas de pequenas conversas e poucos encontros, só que os sentimentos e as lembranças continuam vivos dentro de mim, e, disso, poucos sabem (agora, muitos sabem!). Contudo, diante de tudo o que já passei (pode não ser muita coisa para quem lê, mas para mim já estou ficando quase uma idosa, ainda mais com meu estilo de vida, haha) posso afirmar com toda a certeza de que as amizades feitas no ensino médio, durarão uma vida inteira. Ao entrar nessa nova etapa de vida, os jovens descobrem e escolhem quem serão as pessoas que farão parte das suas vidas daí para frente, se você parar e pensar, verá que a maioria dos seus amigos você conheceu enquanto jovem, na vida escolar, ou na faculdade, também. E, esses, com os quais você compartilhou inúmeros momentos, inúmeras experiências e sensações, são os que fazem parte da sua vida hoje em dia, se não for todos os dias, não importa, pois o que interessa é a cumplicidade, o amor e os laços que os unem. Portanto, as amizades que eu iniciei nos últimos 4 ou 5 anos, pode-se dizer que são aquelas que eu levarei comigo para onde for, para o resto da minha vida, porque elas são de suma importância para mim, são muito especiais, são únicas e muito verdadeiras - de todas as partes -, porque elas me trazem paz, harmonia, amor, carinho, afeto, alegria, cumplicidade, união, risadas, companheirismo, abraços, ombros, lágrimas, compartilhamento, aprendizado, sabedoria, exercícios, dicas -saudáveis e não saudáveis-, enfim, uma infinidade de sentimentos, de momentos, que me tornam uma pessoa melhor e, principalmente, um ser humano!

Quando adultos, muitos são os que se casam e se esquecem dos amigos. Lógico, a partir desse momento muitas coisas mudam, mas, acho que vale lembrar de quem já participou das nossas vidas, que deixaram suas marcas e, dessa forma, se fazem importantes. Na verdade, o que é feito do homem sem a amizade? Nunca se esqueçam de que os amigos também formam uma família, e, por mais clichê que seja, uma família que temos a oportunidade de escolher - ou não. Que se for bem escolhida, funcionará como àquela que Deus escolheu, com direito aos mais sublimes sentimentos e momentos compartilhados. Então, caros adultos, não se esqueçam daqueles que já passaram por suas vidas - ou passam -, deixam suas marcas e te ajudam a construir uma vida melhor. E, queridos amigos, eu prometo que do que depender de mim, ainda enquanto velhinhos, estaremos nos reunindo e lembrando de todas as experiências vividas juntos, pois essas, com certeza, ficarão para sempre em nossas memórias, com direito a guardar todas as emoções no coração, sem contar que não há Mal de Alzheimer que nos fará esquecer quem amamos (espero que vocês me amem assim como eu os amo!) e partilhamos! (Como percebem estou deixando aflorar meu lado direito do cérebro, e o lado esquerdo do resto do corpo).

Hoje em dia também existem os amigos virtuais. Quem disse que não é possível manter uma amizade através da internet? Eu e alguns amigos somos exemplos vivos de que amizades virtuais existem e resistem tão bem quanto amizades próximas, se não forem melhores do que algumas não separadas pela distância, rs. O problema é o medo, o receio de enganação, de mentiras, de ir parar num B.O. (não estou exagerando!), até mesmo porque a sociedade é feita de homens e homens, não é mesmo? Aí entra aquela questão de sabedoria, inteligência e experiência de vida para saber como escolher e manter as amizades virtuais certas, pois todos estão sujeitos à cair numa silada. De qualquer forma, "os bons ainda são maioria" e os amigos fazem parte de nossas vidas, sejam virtuais ou não. E o que é a distância perante fortes sentimentos amigáveis? Se não fosse a saudade e a falta do calor humano, a falta daquele abraço apertado e do cafuné carinhoso, das conversas olho no olho sem estar passível de uma falha da cam, a distância seria algo pequeno...

Enfim, acho que tudo o que aqui está escrito resume o papel dos meus amigos na minha vida. É uma síntese de fragmentos da minha vida real misturados à fragmentos do que é geral. Gostaria de salientar que o que me inspirou foram comentários recebidos e análises pessoais, que me fizeram perceber o quanto algumas pessoas são imprescendíveis para que eu possa viver bem. Quando vejo comentários carinhosos no blog, por exemplo, me sinto tão bem, minha alma, minha mente se acalma de forma que eu não consigo explicar em palavras, só quem sente sabe. Quando encontro meus amigos, quando passo hooooooooooras conversando com eles, compartilhando, lembrando e construindo momentos e experiências, me sinto como uma criança bem alegre e cara de sapeca que os pais dão liberdade para fazerem o que quiserem, principalmente se for na casa dos avós, conhecem esse sentimento? Com eles, esqueço todo o café estimulante, não precisa, a conversa basta. Esqueço do chocolate para liberar endorfina, a não ser que seja um daqueles brigadeiros de panela que fazemos para comer de colher e fazer bagunça, huuuuum...Por fim, obrigada meus amigos e amigas, por fazerem parte da minha vida, vocês são únicos, inesquecíveis, insubstituíveis e eternos em minha vida, amo todos vocês! Espero que sejamos sempre incondicionalmente, amigos!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia das Mães - ainda é tempo!

Consequência de uma pausa...

Bom, começo desejando à todas as mães que por aqui passarem, um enorme parabéns pelo dia especial de vocês - que foi ontem! Acho linda essa data, um dia para reunir a família, celebrar o amor e a união, mas, sabe, por mais clichê que seja a frase "dia das mães é todo dia", estou de pleno acordo. As mães não deixam de ser mães nos outros 364 ou 365 dias do ano, todos os dias elas são mães, pela vida inteira, eternamente. Acredito também que seja somente nessa relação que existe o amor incondicional, com exceções, é claro, há mães que nem mesmo deveriam ser assim consideradas, e também há aquelas mulheres que sonham em ser mães e não podem, como também existem outras relações de amor incondicional, coisas da vida...

No segundo domingo de maio inúmeras homenagens são feitas, seja através de poemas, contos, fotos, mensagens, enfim, independente do meio, todas as mães são lembradas e homenageadas. Acho uma pena que somente em um dia do ano todo esse amor e admiração sejam expressados, que somente essa data se volte a pessoas tão importantes como essas mulheres, imprescindíveis à sociedade. Porém, o comércio já tem que se preparar para o dia dos namorados...iventam tantas datas comemorativas (nada contra, mas é que fica tudo concentrado em um dia só, o que faz com que as pessoas se esqueçam que vivemos um ano inteiro, que podemos amar e declarar esse amor todos os dias!), e ainda tem aquele deputado querendo tornar feriado os jogos da seleção brasileira durante a copa...melhor nem comentar mais, perderia o foco com a minha indignação!

Pois bem, hoje vou fazer diferente. Recebi um e-mail sobre as mães e vou compartilhá-lo com vocês! Eu me diverti bastante, espero que gostem, é um jeito diferente de entender as mães! :)

Diz assim: "Porque as mães gritam tanto:"

Obs.: As imagens foram retiradas do e-mail, não havia links de origem das fotos. Algumas, creio eu que são de filmes e propagandas e o restante retiradas da própria internet. Dei-me o direito de não publicar algumas porque seria muita exposição das crianças.














Agora ficou mais fácil compreender o comportamento histérico de algumas mães, né?!

Parabéns mamães de todo o mundo! E, lógico, um especial à minha mãe, afinal, meu amor por ela é incondicional...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Quanto à discriminação

Consequência de uma pausa...

Um amigo, ainda num caminho de incertezas e aceitação, me indicou dois videos cujas campanhas são voltadas aos gays. Fui assistir e me encantei com as mensagens transmitidas. Acredito que ser ou não gay está acima de qualquer escolha que se possa fazer por influências externas, a pessoa nasce ou não gay. E quando se nasce de um jeito, não se muda. Certa pessoa me disse uma vez que por mais que achamos que estamos errados, não precisamos mudar, devemos apenas nos harmonizar conosco e com o mundo que nos cerca, simplesmente aprender a viver.





A homossexualidade já faz parte do nosso cotidiano, não temos o que discutir quanto a isso. O problema está no fato de algumas pessoas ainda rejeitarem e, pior, agirem com violência, achando que tem o direito de interferir nas escolhas dos outros e que vão mudar alguém a base de tapas, quanta ignorância! Ainda tem aqueles que por medo de represálias, discriminações, não aceitação, julgamentos alheios, tentam fugir do que realmente são, ou, esconder o máximo que puderem. Isso tudo só acontece porque mesmo vivendo em um país de enorme miscigenação e heterogeneidade, ainda há preconceito. Os homossexuais sentem-se reprimidos em assumir suas escolhas, simplesmente porque alguns acham-se os certos, os donos da "verdade absoluta" e enxergam-se no direito de julgar os outros por serem diferentes. Oops! Quem falou em diferença?? Nada disso, conceito errado, não existem diferenças. Homossexuais também amam, sentem, choram, sorriem, enfim, não são "bichos" estranhos, são humanos como quaisquer heterossexuais.

Aproveito o ensejo para esclarecer que não só o preconceito contra os homossexuais, mas qualquer tipo de precoceito e discriminação, qualquer tipo de bullying, em desfavorecimento à qualquer pessoa, é totalmente ultrapassado e inadmissível. Qual a dificuldade em aceitarmos as pessoas como elas são? Tudo bem se você não gosta de se relacionar (no sentido de manter amizade, trabalhar, conversar...) com homossexuais, sei lá por qual motivo, mas, se esse for o caso, basta distanciar para evitar qualquer constrangimento, pronto. Por que podemos viver bem em meio aos heteros e não em meio aos GLBT's? Por que os negros, os portadores de síndrome de down, os "gordinhos", os "magrinhos", os autistas e etc., são diferentes dos considerados normais? Na verdade, o que é ser normal? Sabe, adoro a propaganda dos portadores de síndrome de Down, que diz: "Ser diferente é normal", será por quê, né?!
- - Como a propaganda, acredito eu, todos já viram, posto aqui uma música da Xuxa (sim, a "Rainha dos Baixinhos" - apelido do qual eu não sou muito simpatizante, nem dela, mas, fica pra outra vez...rs), que fala sobre bullying, discriminação e preconceito e, que pode ser uma aliada para a conscientização das crianças e adultos ainda imaturos...



Também quero postar aqui, um texto de uma campanha, iniciada há algum tempo...

#eusougay

"Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.
Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.
Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.
E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.
Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.
Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?
Quero então compartilhar essa ideia com todos.
Sejamos gays.
Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY
Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:
1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY
2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com
3) E só!
Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.
A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.
Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.
As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.
Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.
— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —" 
(O prazo para enviar as fotos foi prorrogado até o dia 08 de maio!)

domingo, 1 de maio de 2011

Era noite

Consequência de uma pausa...

Era noite, não lembro a hora exata. O céu estava diferente, um pouco alaranjado, com misturas de azul e vermelho em meio ao negro. Dava para ouvir o som do vento, muito forte naquele dia, me fez arrepiar. As árvores balançavam mais que o normal. Parecia realmente uma noite de tempestade, com direito a filmagem para filme baseado em fatos reais. 

Eu levantei e me aproximei da sacada, pensei que seria um dia perfeito. Hesitei ao ouvir barulhos, até que percebi que vinham do apartamento de cima. Eram correntes de arrastando, quem sabe alguém vindo me visitar. A porta do armário fechou, talvez tenha sido a força do vento - ou não. Resolvi abrir todas as janelas, deixar o vento carregar consigo tudo o que conseguisse, bagunçar o que fosse possível, até mesmo porque, nada estava mais bagunçado que minha mente. 

Caminhei pelo apartamento, sim aquele em que passei a maior parte da minha vida, mais momentos ruins do que bons, mas foi nele que vivi, se é que pode dizer que eu vivi algum dia. Um sentimento nostálgico me contaminou, uma pontinha de medo surgiu quando visualizei as fotos espalhadas pela sala, pelo quarto. Por que eu estava sempre sorrindo? Eu nem era tão feliz assim. Por dentro algo se remexia, uma ânsia de vômito me levou ao banheiro, aah, agora não é hora disso, eu pensei. Pedi forças a alguma divindade, nem sabia mais para quem apelar, se estivesse alguém perto de mim que me desse forças, era o que eu mais precisava naquele momento. 

As folhas espalharam-se para todos os lados, nem eu sabia de onde surgira tantas, deve ter sido da vida de estudos que eu nunca consegui largar. E, por que tantas coisas guardadas? Por que não me desapegar? Naquela hora decidi abrir os baús antigos, as caixas, ir rumo ao quartinho da bagunça para me desfazer de tudo. Comecei pelas caixas maiores, no fundo eu já sabia que elas seriam mais fáceis, tinham menos objetos de grande importância. Abri a primeira, repleta de cadernos do início da minha vida escolar, a letra ainda era meio desordenada e eu escrevia somente a lápis, lembrei-me do quanto sonhava com o dia em que fosse “maior” e estaria apta a escrever com caneta. Joguei fora. Abri a segunda caixa, eram materiais do ensino médio. Listas e mais listas de exercícios, preparatório para o vestibular, que época foi aquela! Melhor esquecer. Tudo para o lixo. Abri outra, coisas da faculdade, olhei para o lado e tinha mais um monte, tudo da época da faculdade. Senti-me sufocada. Nem abri, tudo para o lixo. Andei em direção às pequenas, às caixinhas delicadas, aquelas que eu já sabia, iriam ser dolorosas, mas, era necessário, importante não deixar vestígios. Comecei por uma com fotos em excesso, era da infância. Como pode nascer um bebê tão lindo e sorridente e crescer um adulto tão feio e amargurado? Decidi que as fotos ficariam, alguém poderia querer. Abri outra, essa era de cartas. Quantas quartas! Recadinhos da época de escola, de faculdade, de alguns momentos. Esses foram difícil decidir o que fazer, resolvi trancá-los no cofre, não poderiam ir para o lixo nem ficar disponível para qualquer um. Fui abrindo as caixas e vendo o que carregava comigo pela vida, o que deixava pelo caminho, o que esquecia de vez, o que realmente marcou minha vida, o que foi passageiro e o que poderia ter sido mudado. Muita coisa foi para o lixo, mas, fracassei, de alguns conteúdos não consegui me desapegar. Finalizei mais essa etapa. Canalizei minhas forças, esqueci de tudo o que poderia, simplesmente apaguei da memória e deixei minha mente em branco, sem pensamentos atormentadores, sem lembranças ou memórias. 

Voltei para a sala. Apaguei todas as luzes e fui rumo a sacada novamente. Mas, uma súbita vontade de caminhar me deteve. Antes era preciso caminhar. Nesse momento olhei no relógio, era meia-noite em ponto. Desci pelo elevador, tudo silencioso, vazio. O porteiro com sua mini televisão ligada e tirando um cochilo sentado na cadeira. Consegui abrir o portão sem incomodá-lo, era até melhor, assim uma pessoa a menos veria. Saí pela rua, calma, silenciosa, poucos carros passando, rápidos. Os prédios pareciam adormecidos, poucas luzes acesas, ninguém nas sacadas. Alguns cachorros começaram a dividir a calçada comigo. Fui andando, para onde o vento me levasse, só não queria que ele me fizesse re-encontrar o que ele já tinha levado do meu apartamento. Nada de regresso ao passado. Andei bastante, mas, senti outra necessidade súbita, de voltar, de subir e ir até a sacada, não tinha jeito, era realmente necessário. 
 Comecei a voltar. O vento mudou de rumo, ficou mais forte, os assobios mais altos. As árvores estavam a pouco de serem arrancadas da terra. Percebi maior movimento nos apartamentos, as pessoas estavam fechando suas janelas, suas sacadas. Fui voltando. Parei. Repentinamente percebi que alguém estava me vendo, pior, estava me vigiando. Voltei-me para a rua que cortava meu prédio. Atrás de um container havia um homem. Os postes mal iluminavam a rua, mas percebi que ele usava camisa e calça escuras, e, me olhava fixamente. Eu também não conseguia desviar meu olhar do dele. Foram poucos segundos que pareceram uma eternidade. Ele me passava alguma mensagem, queria me dizer algo. Ainda não compreendo como foi possível que, sem abrir a boca, nos comunicássemos. Ficamos assim, parados, de lados opostos, a uma distância considerável, mas, que não foi obstáculo à nossa comunicação, à nossa troca de olhares. Foi intenso. Sentia-me como se tudo o que se passava comigo, tudo o que eu sentia, tudo o que eu pensava, tudo o que eu percebia ele via. Sentia-me aberta, ele sugava tudo de mim. O cachorro latiu. A atenção foi desviada. Subi até o meu apartamento. Entrei diretamente para o meu quarto, comecei a limpar, organizar, em poucos minutos estava um quarto digno de gente normal - ou quase. Fui para a cozinha, coloquei água para ferver, ia cozinhar uma massa. Comecei a fechar as janelas, mesmo que o vento já tivesse diminuído sua força. Fui ao quartinho, ordenei as caixas restantes, guardei o que tinha para guardar e joguei fora o necessário. Tranquei a porta. Fui até a sala, liguei o som, juntei os papeis, coloquei tudo em seu devido lugar. E decidi que o cofre ficaria trancado por muito tempo. 

Sentei-me para descansar. Parei. Estava de frente à sacada. Levantei. Dei três passos. Hesitei. Não, era preciso. Fui até a beira. O vento renovou suas forças e eu o senti tocar a minha pele, mas não era uma sensação ruim, era boa, muito boa, me sentia renovada, limpa, seu assobio era música. Abri os olhos. Vi o homem, aquele mesmo homem. O cachorro latiu, o homem abaixou da testa um óculos escuro, de suas mãos surgiu uma bengala com a qual ele tateou a sua frente e foi caminhando, vagarosamente, creio que na direção do vento...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

História. Realidade. Tragédia.

Consequência de uma pausa...

A partir de 3 aulas recentes pensei nesse post. Uma aula de radioatividade (fissão e fusão nuclear = formação de bombas atômicas - produção de energia), outra de química orgânica com direito a saber dos poderes destrutivos do TNT (trinitroglicerina) e uma proposta de redação a respeito do papel das armas para a humanidade, com um ótimo intertexto com o filme Lord Of War (O Senhor das Armas - 2005). Acredito que vocês já compreenderam do que se trata os meus escritos de hoje, infelizmente, da nossa realidade, da capacidade destrutiva e autodestruição do ser humano.

Não é fácil falar de guerras, bombas, mortes, vidas - inocentes ou não -, desarmamento, armamento, destruição e tristeza. E, essa dificuldade maximiza-se quando, recentemente, uma tragédia ocorreu perto de nós, potencializada pelo uso de armas de fogo por pessoas civis. O infeliz acontecimento na escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, fez com que os discursos pró e contra o desarmamento voltassem mais veementes e categóricos. Estamos diante de um impasse, de difícil resolução, é certo alguns se desarmarem e outros não? E o direito a igualdade? Mas, e as mortes, as fatalidades, causadas por armas de fogo empregadas erroneamente? E as crianças que brincam com essas armas e acabam por machucar outras pessoas ou tornando-se mais violentas? E as reações a assaltos que poderiam não terminar em morte? E o direito a defesa que todo cidadão possui? E os bandidos, continuarão armados? O desarmamento, facilitará a ação policial? E aqueles subornos, vamos ficar livres deles? É possível (re)construirmos um país livre de armas de fogo e tudo o que as envolve? Como seria bom se pudéssemos prever o futuro tim-tim por tim-tim e assim evitar erros no presente...

Quanto ao desarmamento e toda a campanha, vale a pena ler pontos de vistas diferentes para que possam chegar a uma conclusão final. Eu prefiro não comentar muito sobre isso agora, se tudo der certo, posteriormente, publico uma dissertação a respeito disso, com a minha opinião, por enquanto, indico dois sites de opiniões opostas a respeito do tema:
Comitê Paz
Desarmamento: A Falácia

É sabido que as bombas atômicas lançadas no Japão pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial não eram necessárias, então, surge outra pergunta, por quê? Simples, demonstração de poder. O ex-presidente norte-americano H. Truman ao ser informado do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, disse: "Este é o maior evento da história". Já o alto oficial cujo nome em código era Manhattan District Project, afirmou: "Era importante que a bomba atômica fosse um sucesso. Havia-se gastado tanto para construi-la...Todas as pessoas interessadas experimentaram um alívio enorme quando a bomba foi lançada". Assim, essas afirmações são claras demonstrações do significado dessas bombas, ou seja, o governo norte-americano ingnorava os princípios éticos (já que se tratava do fim de uma guerra, em que já se tinha a certeza dos "vencedores e derrotados") para impor a sua primazia político-militar no mundo, que, por sua vez, daria início ao período de Ordem Bipolar, determinado Guerra Fria, onde se contrapunham duas grandes potências mundias: EUA (capitalismo) X URSS (socialista), um período de "equilíbrio do terror" ou, de "guerra improvável, paz impossível".


 "A primeira bomba 'A' da história foi lançada pelos EUA sobre a cidade de Hiroshima no dia 06 de agosto de 1945. A explosão ergueu um cogumelo de devastação de 9000 metros de altura, gerando um calor perto de 5,5 milhões de graus centígrados. Na época, Hiroshima tinha 330 mil habitantes, o bombardeio matou cerca de 130 mil e feriu outras 80 mil pessoas".

Atualmente, as discussões em torno do enriquecimento de urânio e da geração de energia nuclear estão em evidência, principalmente pelo triste ocorrido no Japão. Então, ilustro com outro video a respeito dos testes nucleares, que nos faz imaginar o poder de destruição incrustado nessas bombas, que poderiam até mesmo disseminar a humanidade. O problema é: quando, afinal, o homem vai perceber que as guerras, as bombas atômicas, não passam de armas autodestrutivas incontroláveis? Quando o homem vai usar a ciência envolta nas bombas em favor da humanidade, em prol do bem estar social?




 Detalhe: Einstein no final indica uma expressão de: "como o homem é capaz de desviar progressos da ciência do bem para o mal?!" Já que Einstein era contra os testes nucleares e as bombas atômicas, inclusive, se não me engano, ele chegou a ganhar um Prêmio Nobel da Paz.





O filme O Senhor das Armas se passa nesse período (de Guerra Fria), e, trata sobre a indústria bélica e seus reflexos no mundo. Com uma crítica de alta qualidade, o filme é tanto para quem gosta de cinema e "bons filmes" como para quem gosta de filmes políticos, com vies de engajamento social e duras críticas, que vão desde o alto escalão da sociedade e do governo aos simples cidadãos envolvidos ou não em guerras - ou disputas de poder, mesmo que seja em um bairro ou favela (mais próximo da nossa realidade). Retrata o que se passava por trás das duas superpotências já citadas, suas indústrias bélicas, seus poderios e os efeitos de suas intervenções nos choques indiretos - guerras quentes que ocorreram sobre suas influências em outros territórios.



 


Enfim, a história nos mostra o quanto o progresso nos traz consequências boas e, também, ruins, tudo depende de como o homem irá usar o poder que tem em mãos. O mesmo posso dizer das armas, o homem a tem, só resta saber se vai ou não usa-la em prol do bem estar - por mais difícil que seja imaginar bem estar através de armas de fogo, pois sempre alguém ou algum animal termina machucado. Os filmes ilustram nossa realidade, e, assim, percebemos que vivemos cercados por tragédias. Imaginem quantos casos não noticiados existem a respeito de vítimas inocentes de armas, bombas, guerras e tudo o mais que o homem possui de ruim em seu interior e o externa através da violência, destruição e atos completamente irracionais. Espero que essa postagem de hoje sirva como reflexão para todos os que lerem e, a partir das reflexões, mudanças para o bem, por menores que sejam, ocorram a nossa volta, para podermos (re)construir um país, um mundo melhor, isso é o que verdadeiramente necessitamos!
Boa Quarta a todos!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Outro domingo...de Páscoa!

Consequência de uma pausa...

Confesso que iniciei um post sobre a Páscoa, mas foi ficando muito complexo, minha mente foi pensando a mil por hora, as críticas estavam pesadas (Senhor, perdoa-me! rs) e devido ao tamanho do post e o fato de eu ter que revisá-lo antes de publicar, mudei de ideia e de data para a publicação do mesmo.

Sendo assim, vou manter o ambiente mais leve por hoje, em contraste com meu peso após voltar a comer chocolates. Para quem comia chocolate diariamente, e não se contentava com apenas 30 gramas de chocolate amargo ou meio amargo (de acordo com as recomendações médicas), passar a quaresma e a Semana Santa sem se deliciar com essa "iguaria" foi bastante difícil. Sim, eu sou chocólatra, mas também sei me controlar, e, acho que depois dessa penitência, a ingestão desse produto vai até diminuir.

Não me satisfaz completamente dar margens à minha pressa e à superficialidade, mais uma vez, porém, é o que eu tenho para hoje. Espero, de novo, que não se sintam "desrespeitados" pela minha falta de presença nesse espaço e falta das minhas expressões, opiniões, ou, que seja, dos meus contos e devaneios. Logo, tudo voltará ao normal. Acho que assim que eu entrar nos eixos, o blog volta ao seu eixo também, não vou me prolongar nesse assunto agora, primeiro que não vem ao caso e segundo porque seria mais complexo que explicar minhas opiniões a respeito da Páscoa e de tudo o que a envolve, rs.

Sabe, se tem uma propaganda (das poucas que vejo) que me impressionou nesses últimos dias foi a da Coca-Cola. Já se vão quase 3 anos que eu não bebo refrigerantes, ou, bebidas gaseificadas. Nunca fui muito fã, mas, por fim, ingeria praticamente em todos os finais de semana, coisas de família. Tudo começou com penitência de quaresma que eu decidi prolongar. Aos poucos, percebi que realmente não me fazia falta, e nessa de não me fazer falta também ganhava em saúde, visto que esse tipo de bebida não é saudável, então, decidi parar de vez. Desse modo, posso dizer que hoje valorizo muito mais uma garrafinha de água mineral ou de suco. E, ainda, descobri que a maioria dos meus amigos também decidiram parar de beber refrigerantes ou já não bebiam, ao ponto de combinarmos de sair e 90% das pessoas da nossa mesa estarem bebendo suco ao invés de refrigerante. Enfim, o ponto principal é a maneira como as marcas vão se reinventando, tentam se aproximar dos consumidores, aumentar esse número e, agora, também tentam conscientizar a população para o bem, o que me admira - mas, não me faz voltar a ingerí-la, rs.


A partir da propaganda publicitária...
1. Não precisamos ser sempre negativos, pessimistas. Sempre temos a chance de olhar para o lado e procurar algo de bom, que nos motive, afinal, se tudo a nossa volta nos entristece, há algo de errado nisso aí...
2. As crianças são simplesmente seres divinos, capazes de mudar as atitudes dos pais, de propagar alegria, paz, amor e mudar toda uma história, ou, várias histórias e ambientes.
3. A corrupção deve ser sempre combatida, mas também não podemos nos esquecer de combater as doenças que nos cercam, de combater a falta de consciência das pessoas que tem medo de doar sangue e salvar vidas. Pessoal, doar sangue vai além de "ser furado" e retirarem "algo seu", doar sangue é salvar vidas, é praticar o bem (sem ver a quem), é fazer pessoas e famílias mais felizes, é dar a chance de sobrevivência para alguém, é dar uma segunda chance, é curar, é pensar um pouco mais no próximo e deixar o egoísmo e a ignorância de lado.
4. Destruir a natureza = destruir a si mesmo, pensem nisso. Embora 98% das latinhas de alumínio sejam recicladas, o Brasil ainda está longe do necessário para que o ambiente não sofra demasiado, muitas outras coisas precisam ser recicladas, inclusive, muitas vidas precisam ser recicladas, vidas que se encontraram no lixão, nas ruas, em meio a lixo que também poderia ser reciclado e não será...
5. Guerras são retrocessos, que poderiam ser evitados se soubéssemos viver em sociedade, se soubéssemos diminuir um pouco os interesses capitalistas, egoístas, dominadores e sobrepor os interesses de salvar o mundo do que há de errado.
6. Tá que eu tenho alergia dos bichinhos de pelúcia, mas, eles são fofos, representam coisas boas, marcam bons momentos e relacionamentos, então, que sejam produzidos a todo vapor e substituam as armas...
7. Que o amor seja propagado, disseminado muito mais que o medo, embora este também seja inerente ao ser humano. De qualquer forma, o amor é sublime, nos faz o bem, ajuda a formação de um mundo melhor, ao contrário do medo, que reprime, isola e muitas vezes (não todas) faz mal.
8. Para cada arma vendida, 20 mil pessoas são capazes de compartilhar algo do qual ambas gostam, isso é olhar ao próximo, é compartilhar alegria, mostrar amor, união e o bem.

Com certeza, há razões para acreditar que os bons são maioria. E, há muitas outras razões para acreditar que devemos aumentar o número de bons e disseminar essa maioria mundo afora, para que o bem chegue ao maior número de pessoas possíveis...
Sim, me encantei com essa propaganda da Coca. Que as pessoas não se lembrem só de ingerir a bebida, mas também se lembrem da mensagem que a propaganda passa e pratiquem o bem.

Uma ótima semana a todos que por aqui passarem!

Uma musiquinha para vocês:

domingo, 17 de abril de 2011

É domingo!

7:00 o despertador toca, um barulho incoveniente para muitos, mas que te avisa: "vamos lá! deixa de preguiça! é a sua vida, sua rotina, acorda que já é hora!", e, então me pergunto: "hora de quê mesmo? qual o meu planejamento para hoje?". Bom, comecemos pelo início, já que é o melhor a se fazer. Acordo cedo num domingo, saio à rua e o primeiro local público é a padaria. Agora, exercício de imaginação: você acorda cedo num domingo, veste uniforme, pega seus materiais (uma pasta enorme e pesada de tantas listas e folhas, mais cadernos, estojos e cia) e sai rumo ao cursinho. Passa pela padaria lotada de gente e todos se voltam para você, o centro das atenções que até consegue ler o pensamento das pessoas: "Coitada!", ou, "Nossa, ainda bem que eu já passei dessa fase!", ainda, "É tem que estudar mesmo, ralar, sofrer, a vida não é fácil", e tem mais, "Ainda bem que eu não estou na pele dela!", tem aquele que diz "Nossa, esses cursinhos perderam a noção, aula dia de domingo?!!", e, "Essa é esforçada, nunca que eu ía acordar cedo num domingo para ir ao cursinho!". Depois, passa pelo bar que funcionou a noite inteira, e, agora, fechado, continua com o odor de xixi das pessoas inconscientes, mal-educadas e desrespeitosas. Continua na caminhada e passa no quarteirão do hipermercado, mira a garagem e percebe o quanto ela é assustadora, desértica, com as lâmpadas brancas acesas, e mesmo assim meio escura, na hora você lembra dos "Jogos Mortais I, II, III, IV, V, VI" -- esqueci algum? Avança um pouco mais e vê um pacote vazio de batata Crony (não era Ruffles, por incrível que pareça, para quem não entendeu acabei de pensar no monopólio, rs) que o vento está carregando, tipo "far west", só faltou aparecer um cowboy a cavalo, o que não seria difícil, visto que na noite da véspera uma das maiores festas aconteceu na cidade, tradicional, que todos esperam o ano inteiro pela próxima, para toda a cidade e faz até as boates mais chiques anunciar promoções, a Festa a Fantasia, que lota o Goiânia Arena e dura a noite inteira, portanto, às 7h da manhã ainda tem gente fantasiada na rua, como a policial, a bombeira, os escoceses e mais outras fantasias indefinidas que eu encontrei nos postos lanchando. Chega ao cursinho depois de andar pela cidade deserta, com pouquíssimos carros (o que é impressiontante aqui em Goiânia, uma das cidades que mais tem carros por habitante!). Assiste a aula que te interessava, com um dos melhores professores que existe! 2 horas de aula, de literatura, diga-se de passagem, e você volta para casa depois de se fartar de comer na cantina da escola, conversar com alguns amigos, saber de alguma novidade, dar algumas risadas, para que o domingo não se torne tão domingo. Na volta, já tinham mais carros, passa perto de um clube que também já está mais movimentado (vale ressaltar que no sábado enquanto você estava fazendo simulado das 14:30 às 19:30 lembrava do cara de sunga que você viu ao passar pela porta do clube na hora do almoço - não que ele fosse bonito, sim porque foi uma cena estranha e inconveniente, até mesmo porque as piscinas ficam do outro lado). Passa novamente pela padaria e percebe que tem gente que recém acordou e você já está pensando no almoço! Então, volta para casa, senta para descansar um pouco e, aí sim, percebe que é domingo, mais do que qualquer outro fato dos anteriores, sabe por quê? Porque você simplesmente ligou a televisão. Sim, realmente é domingo! Começa ouvindo a propaganda do "Apracur", ridícula por sinal, eu tinha que comentar, já assistiram? A música é a do Jorge e Mateus - Amo Noite e Dia, maaaaas, modificada, ao invés de cantarem "amo noite e dia", cantam: "apracurado noite dia", gente, por favor né, nem preciso continuar pra vocês entenderem o quanto é tosca! Muda de canal e a TV fica colorida com a banda Restart conversando e dando rata com o Celso Portioli, melhor nem comentar. Muda de canal e percebe que nada te interessa, desliga a TV e vai para o computador, mas, como você não gosta de fazer uma coisa de cada vez, liga a TV enquanto usa o computador, antes do Restart cantar, apresenta-se o Nashville, nessa hora confesso que eu dei um pulo no sofá. Sabe por quê? Porque Nashville é uma banda de sertanejo goiana, que eu já fui em vários shows lá em Goianésia, visto que no início da carreira quase todo mês eles estavam lá, e eu, no auge da pré-adolescência, e por grande influência de supostos amigos, ouvia bastante, mesmo achando ridículo lá no fundo e gostando menos ainda hoje em dia, e surpreende-se mais quando percebe que eles estão cantando a mesma música que você cansou de ouvir há, no mínimo, uns 6 anos atrás (Meu Deeeeeeeus! Eu estou muito velha! O tempo não passa, vooooa, agora eu entendo o significado disso!). Como se não bastasse, nesse mesmo programa tem uma cama elástica enorme, com provas ridículas para competição entre homens e mulheres, que ficam se mostrando, quase nus, e, após tudo isso, quem se apresenta? Restart, até poderia dizer que são legaizinhos, eu sei algumas músicas, mas, convenhamos, a vozinha do menino me irrita, aquelas roupas escandalosas que não possuem um motivo maior ou um significado interessante e uma apresentação de caras e bocas, ah, mas eles são simpáticos, não é mesmo?!. Bom, acho melhor parar por aqui, convenhamos que comentar TV brasileira acaba com o domingo de qualquer um, não é mesmo?! Não resta outra opção a não ser, estudar, acho que até prefiro estudar matemática e física do que assistir a programas de tv aberta no domingo. Sim, é domingo, um dia quase normal!
Bom domingo a todos. Tenham uma ótima Semana Santa! =)