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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Música: O Melhor de 2008

Eis que, com esta lista, termina o arrolamento do melhor (e também do pior) que se pôde encontrar em três campos artísticos distintos – Cinema, Literatura e Música – no triste ano de 2008.
A última tarefa: ordenar, por ordem de preferência, os álbuns de pop, rock, música alternativa ou de tudo misturado – deixo essa tarefa aos rotuladores, patrulha zelosa e implacável perante a mínimo desacerto de catalogação – que, por ordem aleatória, foram sendo divulgados, à razão de um por dia, ao longo da última semana e meia.

Os Melhores Dez Álbuns Musicais de 2008 (por ordem de preferência):

  1. The Breeders, Mountain Battles (4AD);
  2. Portishead, Third (Island);
  3. Vampire Weekend, Vampire Weekend (XL);
  4. Nick Cave and the Bad Seeds, Dig!!! Lazarus Dig!!! (Mute);
  5. Deerhunter, Microcastle (Kranky/4AD);
  6. TV on the Radio, Dear Science (4AD/Interscope);
  7. Thievery Corporation, Radio Retaliation (Eighteenth Street Lounge);
  8. Los Campesinos!, Hold on Now, Youngster… (Wichita);
  9. The Kills, Midnight Boom (Domino);
  10. Bloc Party, Intimacy (Wichita).

Breve referência a cinco decepções, que não atingiram o nível da devastação emocional porque a última parte do trajecto das suas carreiras (com ou sem hiato) já vinha prenunciando a queda vertiginosa (por ordem alfabética da banda ou do cantor(a)):

  • Black Francis, SVN FNGRS (Cooking Vinyl);
  • Juliana Hatfield, How To Walk Away (Ye Olde);
  • Primal Scream, Beautiful Future (Atlantic);
  • The Verve, Forth (EMI);
  • Weezer, Weezer (The Red Album), (Geffen).

Outras categorias (insuportáveis):

  • Mercantilismo impudico: Coldplay, Viva la Vida or Death and All His Friends, que venha tudo, até um possível plágio e desde que pingue qualquer coisinha (nem com Delacroix ou com a ajuda de uns sais... Eno);
  • Se cantassem em português: Keane, Perfect Symmetry com o conjunto Albatroz e com o Marante, se este sozinho formasse um grupo;
  • Pedintes & quejandos: Ana Free, In My Place, mas sem amplificadores, por favor; ou na versão radical tampão para os ouvidos.

E por aí em diante… Tudo o que a criatividade, mais ou menos ordinária, permitir.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Literatura: Os Melhores de 2008

Das três listas de preferências que costumo divulgar no final do ano, esta é aquela cuja novidade, a sê-lo, reside apenas na ordem a dar aos livros editados em Portugal durante o ano de 2008.
Com efeito, desde que iniciei as lides blogueiras em Dezembro de 2005, é meu hábito manter em permanente actualização a listagem de livros que vou lendo, classificando-os em cinco categorias – do “Mau” ao “Muito Bom” –, reservando uma sexta – “Obra-Prima” – para aqueles cuja excepcionalidade literária obriga, desde logo, a uma distinção relativamente aos demais – o pior, é que esta última, dada a profusão de obras nela inseridas a cada ano, tem vindo a perder o peso da excepcionalidade.
Como referi, a novidade desta lista resulta apenas da singularização das obras, organizadas numa lista de preferências – prática que encetei, com alguma reserva mental, no ano passado, se bem que em 2006 houvesse destacado a melhor obra entre as melhores seleccionadas.
Só para recordar, deixo aqui ficar a lista dos vencedores dos últimos anos (como referi, explicitamente escolhido a partir de 2006, assumido por mim no ano de 2005):


  • 2005 – Kazuo Ishiguro, Nunca Me Deixeis, Gradiva (Never Let Me Go, 2005);
  • 2006 – Vladimir Nabokov, Convite para uma decapitação, Assírio & Alvim (Priglasheniye na kazn, 1936);
  • 2007 – Colm Tóibín, O Mestre, Dom Quixote (The Master, 2004) e, ex aequo*, Jonathan Littell, As Benevolentes, Dom Quixote (Les Bienveillantes, 2006).

    Nota: *decisão de igualização tomada no decurso do ano, depois de assentada a poeira, consolidou-se a certeza de se tratar de uma obra que perdurará como notável referência nas próximas décadas.

Este ano foram lidos e avaliados 48 livros editados em 2008 (50 em 2007), predominantemente de ficção, havendo-se revelado a avaliação de 46 (48 em 2007) e, entre esses, apenas 8 (contra a boa produção de notas de apreciação em 2007, 34) foram objecto de textos individuais de análise oportunamente publicados. Quanto à sua divisão pelas 6 grandes categorias qualitativas (ou 5+1) – de mau (1 estrela) a Obra-Prima (6 estrelas) –, foram classificados, para além das 2 obras não referidas, 2 livros como “Mau”, 2 como “Medíocre”, 8 com o designativo “A ler”, 13 como “Bom”, 16 como “Muito Bom” e, finalmente, 5 como “Obra-prima”.

Lista final (que podia ser uma repetição do palavreado usado no ano anterior dada a coincidência numérica):
Dos 21 livros que atingiram a classificação máxima “Muito Bom” (5 estrelas), houve cinco que se destacaram pela qualidade excepcional, daí haver-se adoptado o critério de desdobramento do nível máximo em dois patamares de avaliação, correspondendo o mais elevado à tal distinção pela excepcionalidade, apondo-se o natural epíteto de “obra-prima” (6 estrelas).
Assim, de acordo com o meu critério estético-literário, um conjunto de cinco obras publicadas (2 novidades e 3 reedições) destacou-se das restantes 16. As cinco figurarão por ordem de preferência nos cinco primeiros lugares da lista composta pelos dez melhores livros editados em 2008.

Eis, finalmente, a lista definitiva de Os Dez Melhores Livros de 2008 (por ordem de preferência):

  1. Robert Musil, O homem sem qualidades, vols. I e II, Dom Quixote (Der Mann ohne Eigenschaften, 1930-1942);
  2. José Donoso, Casa de Campo, Cavalo de Ferro (Casa de Campo, 1978);
  3. Julio Cortázar, O Jogo do Mundo (Rayuela), Cavalo de Ferro (Rayuela, 1963);
  4. Herberto Helder, A faca não corta o fogo, Assírio & Alvim (2008);
  5. Gustave Flaubert, A Educação Sentimental, Relógio D'Água (L’Éducation sentimentale, histoire d’un jeune homme, 1868);
  6. Per Petterson, Cavalos Roubados, Casa das Letras (Ut og stjæle hester, 2003);
  7. Virginia Woolf, Rumo ao Farol, Relógio D'Água (To the Lighthouse, 1927);
  8. Maria Velho da Costa , Myra, Assírio & Alvim (2008);
  9. Knut Hamsun, Fome, Cavalo de Ferro (Sult, 1890);
  10. George Steiner, Os livros que não escrevi, Gradiva (My Unwritten Books, 2008).

Restantes 11 livros com classificação máxima (por ordem alfabética do autor), separados em dois grupos. O primeiro grupo integra as obras que potencialmente poderiam ter sido introduzidas, por substituição, na lista dos “Dez Melhores”:

1.º grupo

  • A. S. Byatt, Possessão, Sextante (Possession, 1990);
  • John Updike, Regressa, Coelho, Civilização (Rabbit Redux, 1971);
  • Mikhail Bulgakov, Coração de Cão, Nova Vega (Sobac’e Serdce, 1925);
  • Philip Roth, Património, Dom Quixote (Patrimony: A True Story, 1991);
  • Rawi Hage, Como a Raiva ao Vento, Civilização (De Niro's Game, 2006).

2.º grupo

  • Albert Sánchez Piñol, Pandora no Congo, Teorema (Pandora al Congo, 2003);
  • João Tordo, As Três Vidas, QuidNovi (2008);
  • Louis-Ferdinand Céline, Castelos Perigosos, Ulisseia (D’un château l'autre, 1957);
  • Mikhail Lérmontov, O Herói do Nosso Tempo, Relógio D'Água (Guerói náchevo vrémeni, 1840);
  • Paul Auster, Mr. Vertigo, Asa (Mr. Vertigo, 1994);
  • Robert Musil, A portuguesa e outras novelas, Dom Quixote (Zwei Erzählungen / Drei Frauen, 1911/1924).

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E assim começa, com uma espécie de introdução que se estende por 19 capítulos, a odisseia de Ulrich pelos meandros e teias da aristocracia do Império Austro-húngaro.
Uma descrição astronómico-meteorológica1. Um caso do qual, curiosamente nada resulta:

«Uma zona de baixas pressões sobre o Atlântico deslocava-se para leste, em direcção a um anticiclone situado sobre a Rússia; não denunciava ainda qualquer tendência para o evitar, e dirigia-se para norte. Os isotermos e os isóteros cumpriam as suas obrigações. A temperatura do ar mostrava uma relação normal com a temperatura média anual, com as dos meses mais frio e mais quente e com a oscilação mensal aperiódica. O nascer e o pôr do Sol e da Lua, as fases desta última, de Vénus, dos anéis de Saturno e muitos outros fenómenos significativos correspondiam às previsões dos anuários da astronomia. O vapor de água no ar tinha atingido a sua tensão máxima e a humidade relativa era fraca. Para usar uma expressão que, apesar de um tanto antiquada, serve na perfeição para dar a realidade dos factos: era um belo dia de Agosto do ano de 1913.»
Robert Musil, O homem sem qualidades, p. 31
[Lisboa: Dom Quixote, 1.ª edição, Março de 2008, vol. I, 843 pp.; tradução de João Barrento; obra original: Der Mann ohne Eigenschaften, 1930-1942.]

Manas Deal, de alguém que Vos reverencia (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Walk It Off”*
The Breeders – Mountain Battles (4AD)

*Em substituição da melhor música do álbum (e a mais apelativa à rememoração pixiana), “It’s the Love”, até à data, ainda sem de vídeo de promoção. Houve um tempo para tudo, uma vida bem vivida, por isso mesmo ficaram as marcas indeléveis da saudade pelas avidez, indiscrição e frivolidade de como ela era enfrentada a cada minuto, sem tempo de olhar a malefícios, danos ou desatinos.

Notas:
  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal foram revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns irão ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Cinema: Os Melhores de 2008, e não só…

Tal como havia prometido, hoje é o dia de anúncio dos 10 filmes que estrearam no ano de 2008 em salas de cinema portuguesas, que mais fizeram pulsar a minha veia cinéfila.
Preocupei-me sobretudo em encontrar – e sempre dentro do conjunto de 69 filmes que tive oportunidade de ver –, uma lista tão heterogénea quanto o possível, transnacional, englobando vários estilos, criadores consagrados e outros menos conhecidos.
Até chegar à lista final foram ultrapassadas várias etapas, que descrevo de forma resumida:

  • Identificar entre os cerca de 230 filmes estreados em Portugal em 2008, quais o que tinha realmente visto (e não foi uma tarefa fácil, uma vez que em alguns existia apenas um ideia difusa de os haver realmente visto): 69/230 (30%);
  • Depois limitei-me a assinalar os que pelas piores ou melhores razões não me tinham, de forma alguma, deixado indiferente: 50/69 (73%);
  • Seguidamente, separei os filmes por origem da produção, bastando para isso encontrar duas subclasses: Produzidos nos Estados UnidosNão Produzidos nos Estados Unidos: 34/50 – 16/50. Na prática, expurgados os “indiferentes” (19), apenas ficaram os medíocres e os que considerei “bons” ou “muitos bons”: 15/34 (44%) – 12/16 (75%);
  • Chegou a fase da “1.ª triagem”. De entre os 27 filmes provindos da etapa anterior, foram escolhidos 17 com hipótese de integrar a lista final de 10 filmes: 9/15 (53%) – 8/12 (67%).

A Selecção Final de 10 filmes, independentemente da origem de produção, resultou, por mero acaso, num equilíbrio de 5 filmes americanos e 5 filmes não norte-americanos.

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Eis Os Dez Melhores Filmes de 2008 (por ordem de preferência):

  1. O Lado Selvagem, de Sean Penn (Into the Wild, 2007);
  2. Darjeeling Limited, de Wes Anderson (The Darjeeling Limited, 2007);
  3. Corações, de Alain Resnais (Cœurs, 2006);
  4. Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson (There Will Be Blood, 2007);
  5. A Rapariga Cortada em Dois, de Claude Chabrol (La fille coupée en deux, 2007);
  6. Uma Segunda Juventude, de Francis Ford Coppola (Youth Without Youth, 2007);
  7. Caos Calmo, de Antonio Luigi Grimaldi (Caos Calmo, 2008);
  8. O Segredo de um Cuscuz, de Abdel Kechiche (La graine et le mulet, 2007);
  9. Vigilância, de Jennifer Lynch (Surveillance, 2008);
  10. Bem-vindo ao Turno da Noite, de Sean Ellis (Cashback, 2006).

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Agora, os restante 7 que, após alguma reflexão, foram rejeitados pela “última triagem”, mas que poderiam integrar a listagem dos 10+, substituindo as duas últimas posições (onde optei claramente pelo baixo orçamento em detrimento da megaprodução), organizados por ordem alfabética do título em português:

  • Antes que o Diabo Saiba que Morreste, de Sidney Lumet (Before the Devil Knows You’re Dead, 2007);
  • O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford, de Andrew Dominik (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, 2007);
  • Do Outro Lado, de Fatih Akin (Auf der anderen Seite, 2007);
  • Este País Não É Para Velhos, de Joel e Ethan Coen (No Country for Old Men, 2007);
  • Gomorra, de Matteo Garrone (Gomorra, 2008);
  • My Blueberry Nights – O Sabor do Amor, de Wong Kar Wai (My Blueberry Nights, 2007);
  • A Turma, de Laurent Cantet (Entre les murs, 2008).

Muitos filmes ficaram por ver (cerca de 161), a maioria deles por falta de tempo e do dom da ubiquidade, e muitos deles por não terem chegado às salas de cinema da Invicta. Entre os não vistos, alguns poderiam haver influenciado a lista final, de acordo com a crítica e com a análise de pessoas cuja opinião reputo de cinefilamente válida. Por isso destaco, por ordem alfabética do título em português, 10 filmes que não vi (i.e., putativamente influentes na lista dos 10+):

  • Alexandra, de Aleksandr Sokurov (Aleksandra, 2007);
  • Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes (2008);
  • Austrália, de Baz Luhrmann (Australia, 2008);
  • Berlim, de Julian Schnabel (Berlin, 2007);
  • Fome, de Steve McQueen (Hunger, 2008);
  • A Fronteira do Amanhecer, de Philippe Garrel (La Frontière de l’Aube, 2008);
  • Luz Silenciosa, de Carlos Reygadas (Stellet licht, 2007);
  • Quatro Noites com Anna, de Jerzy Skolimowski (Cztery noce z Anna, 2008);
  • O Silêncio de Lorna, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Le Silence de Lorna, 2008);
  • W., de Oliver Stone (W., 2008).

Finalmente, e pela primeira vez desde que entrei nisto da ostentação listómana no meu blogue, divulgo por ordem decrescente de náusea, fastio, charlatanice ou nódoa fílmica, a lista dos “Dez Piores Filmes de 2008” (sofreram um processo idêntico de selecção ao dos dez melhores) – eis os meus Razzies:

  1. Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street, de Tim Burton (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007);
  2. Capítulo 27 – O Assassinato de John Lennon, de J.P. Schaefer (Chapter 27, 2007);
  3. Angel – Encanto e Sedução, de François Ozon (Angel, 2007);
  4. Duas Irmãs, um Rei, de Justin Chadwick (The Other Boleyn Girl, 2008);
  5. O Sonho de Cassandra, de Woody Allen (Cassandra’s Dream, 2007);
  6. Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles (Blindness, 2008);
  7. Savage Grace – Desejos Selvagens, de Tom Kalin (Savage Grace, 2007);
  8. O Acontecimento, de M. Night Shyamalan (The Happening, 2008);
  9. Destruir Depois de Ler, de Joel e Ethan Coen (Burn After Reading, 2008);
  10. Os Amores de Astrea e Celadon, de Eric Rohmer (Les amours d'Astrée et de Céladon, 2007).

Também ficariam muito bem naquela lista as últimas obrazinhas, por vezes pretensiosamente arrevesadas, de realizadores consagrados como Kenneth Branagh (Sleuth pintaresco), Todd Haynes (Tô nem aí…), Steven Spielberg (Velhadas Jones), Paul Haggis (Panfletarismo david-goliano em Elah), Ang Lee (Brokeback Hetero) ou Frank Darabont (o sebastiânico, usando a marca do Carpinteiro); ou até, o acto falhado do pretenso neo-Ivory Joe Wright (Como expiar filmando com scanner).

Nota: nos próximos dias (já em 2009), se o tempo e a paciência o permitirem, escreverei um pequeno texto, à laia de justificação, para cada filme que integra a lista de «Os Dez Melhores Filmes».

Para o ano há mais (se por cá andar…)

Aperitivo: o Melhor e o pior…

Pois, o Melhor, com a ajuda de Jon Krakauer, e sobretudo de Eddie Vedder e Sean Penn:


Quando caminho a seu lado
Eu sou o melhor dos homens
Quando pretendo deixá-la
Volto sempre a vacilar

Uma vez construí uma torre de marfim
Para que a pudesse adular desde cima
Quando desço para me libertar
Ela enganou-me novamente

Há um grande
Um grande sol agreste
Que bate nas pessoas importantes
No mundo grande e sério

Quando ela vem para me saudar
Ela é a misericórdia aos meus pés
Diviso o seu charme natural
Ela limita-se a arremessá-la contra mim

Uma vez escavei uma cova recente
Para encontrar uma terra melhor
Ela apenas sorria e ria na minha cara
E voltava a impor as suas regras

Há um grande
Um grande sol agreste
Que bate nas pessoas importantes
No mundo grande e sério

Quando atravesso aquele rio
Ela acalma-se a meu lado
Quando tento compreender
Ela apenas abre as mãos

Há um grande
Um grande sol agreste
Que bate nas pessoas importantes
No mundo grande e sério

Uma vez deitei-me a perdê-la
E vi o que tinha feito
Curvei-me e desfiz-me das horas
Do seu jardim e do seu sol

Logo procurei desejá-la
Voltei-me para ver o seu choro
Quarenta dias e quarenta noites
E isso continua a castigar-me

Eddie Vedder, “Hard Sun”, Into the Wild [versão: AMC, 2008]


E o pior


Revelação: Hoje, depois das 20 horas.

O Regresso de Adebimpe & C.ª (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Family Tree”
TV on the Radio – Dear Science (4AD/Interscope)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal foram revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Criptógrafos de Atlanta (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Agoraphobia”
Deerhunter – Microcastle (Kranky/4AD)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal foram revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Depois do hiato, regresso em grande (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“We Carry On”
Portishead* – Third (Island)

*E por favor, para cerca de 95% dos ouvintes/amantes da banda de Bristol que, decerto, não aprenderam a ouvi-la na saudosa XFM, o nome pronuncia-se como se “portis” e “head” fossem duas palavras separadas – evitem o dígrafo inglês “sh”, equivalente ao nosso “ch” –, tal como em “Brideshead”, o famoso vórtice dramático de toda a trama do romance de 1945 escrito por Evelyn Waugh (1903-1966), Brideshead Revisited (ed. port. Relógio D’Água, Reviver o Passado em Brideshead).

Notas:
  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal foram revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

Contrastes

Entre prendas e sorrisos. Velhas recordações e mesas cheias de tentações adiposas, de casa em casa, com espírito da quadra, mas sem vestígios expressos do motivo ancestral que nos acomodou frente a frente na revisão de um ano. Caras, corpos, razões, provindos de um mesmo código genético. Rugas que aparecem. Um inaudito cabelo branco que nos deixa siderados, de boca aberta… aquela que apenas se fecha para trincar, degustar, falar da vida, e de repetir até à náusea “parece que foi ontem”.
Sim, crescemos todos um pouco, mesmo que a acção não se tenha feito acompanhar da proposição “em” unida a expressões como “sensibilidade”, “razão para existir”, “paixão”, “alegria”, “compreensão”… “amor” – o que é isso?... Nunca nos questionámos, ou já não nos interrogamos sobre o significado das palavras, sobre a sua materialização em emoções. A vida corre voraz, galgando barreiras visíveis, poucas, ou, na sua maioria, imperceptíveis… envelhecemos… todos, sem excepção. É um belo espectáculo… enriquecemos? Bocas que se abrem e fecham e que proferiram aquilo que hoje já não recordamos. Não há memória, porque é demasiado dura e cara para a podermos alimentar…
Passou. As casas vazias durante uma noite e um dia, voltam a encher-se de quotidiano, apesar da festa que se avizinha… mais um ano, meus queridos… merda, mais uma ano.
Como é que te vou explicar isso, doce e caracolenta M.? Não me perdoaria se já houvesse ensaiado a decifração desta maldita existência, I. Dois e cinco anos, e um pai que vai definhando, de sorriso de orelha a orelha, qual histrião, palhaço treinado e consumado para suportar esta convivência infernal, protocolar… os outros. A mesquinhez, a indiferença, a maledicência, o arrivismo. O permanente estado de vigília para não ser espezinhado… cansa e estou exausto.
Mas quem não o está? Talvez, com dizia o “Pai da Pátria”, os “banqueiros delinquentes” que agora arfam como bestas pela ganância do dinheiro dos nossos impostos…

E poderia continuar, partindo do lúgubre para um conhecedor e exaltado J’accuse…! zoliano.

Mas, a despeito do palavreado inane acima registado em zeros e uns, o que, realmente, me trouxe a estas linhas foi a publicação de “A Tralha de 2008” no suplemento Ípsilon do jornal
Público de hoje (ontem) e a sua comparação com as listas que irei aqui publicar nos próximos dias 29, 30 e 31, os dez melhores filmes, livros e discos de 2008, respectivamente, segundo a minha única e íntima (e discutível, pois claro) opinião pessoal.

O contraste com a Ípsilon:

Música

  • 30 discos arrumados na secção “pop” (sem limão), organizados do melhor ao menos bom. Apenas 3 – em 30, é obra! – coincidem com a minha lista final: os Vampire Weekend, com o álbum Vampire Weekend; os Portishead, com Third; e os TV on the Radio, com álbum de originais editado em 2008, Dear Science. O restantes: ou são completamente desconhecidos para este ouvido que, confesso, já foi mais melómano; ou são aberrações, como os Buraka Som Sistema; ou, então, exaltou-se, de forma heteróclita, o experimentalismo dos tradicionais SYR’s dos mui estimados Sonic Youth – um faixa de 60 minutos de estridência.

Cinema

  • 10 filmes: 3 não vi (Austrália, Quatro Noites com Anna, e Aquele Querido Mês de Agosto); 2 integram o meu Top10; 4 integram o meu Top 17 (antes da tal “última triagem”, e serão apresentados no dia 29 por ordem alfabética); e finalmente há 1 que vi e foi colocado no conjunto de “indiferentes”, Nós Controlamos a Noite, de James Gray (We Own the Night, 2007).

Literatura

  • 20 livros: 13 não li, e desses apenas Capote e Bernhard constam da minha biblioteca para ler, os restantes acumularão sapiência literária na minha total ignorância; 2 foram lidos, mas de forma alguma integraram, ou tiveram sequer hipóteses de integrar, a lista dos meus 21 finalistas (Coetzee e Rushdie, atente-se na listagem que foi engrossando ao longo do ano na coluna do lado direito deste blogue); 5 foram lidos e integram a listagem final dos “10 Melhores”, depurada a listagem dos 21 possíveis.

Depois disto, só resta relembrar a agenda listómana deste blogue:

  • 29 de Dezembro – Cinema – Os Melhores Filmes de 2008 (estreados em salas de cinema portuguesas durante o corrente ano, independentemente do seu ano de produção);
  • 30 de Dezembro – Literatura – Os Melhores Livros de 2008 (editados, reeditados ou reimpressos durante o ano, em tradução portuguesa no mercado editorial nacional);
  • 31 de Dezembro – Música – Os Melhores Álbuns Musicais de 2008 (editados internacionalmente durante o ano de 2008).

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Dueto Transatlântico (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Last Day of Magic”
The KillsMidnight Boom (Domino)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal foram revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A lenda viva australiana (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“More News From Nowhere”*
Nick Cave and the Bad Seeds – Dig!!! Lazarus Dig!!! (Mute)

*Em substituição da mais caviana e melhor música do álbum, “Hold on to Yourself”, até à data, ainda não merecedora de vídeo de promoção – manda o mercado…

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • Hoje serão revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

Ratoneiros, Inc., nos tempos que correm… (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Sweet Tides” (c/ a participação de LouLou)
Thievery Corporation – Radio Retaliation (Eighteenth Street Lounge)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • Hoje serão revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Surpresa debutante (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Mansard Roof”
Vampire Weekend – Vampire Weekend (XL)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal serão revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Lissack & Okereke, de novo (“10+” de 2008)

Desde o passado dia 22, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue tem vindo a revelar, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.




“Talons”
Bloc Party – Intimacy (Wichita)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal serão revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns ficaram desde o dia 22 agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

As listas de 2008 (parte II)

O listómano revela a agenda de ostentação das suas listas – jardelizou-se e fala dele na 3.ª pessoa do singular.
Como foi referido aqui, até ao último dia do ano serão reveladas as listas dos melhores objectos artísticos em três áreas distintas.
O exibicionista já encontrou as datas para a grande divulgação:

  • 29 de Dezembro – Cinema – Os Melhores Filmes de 2008 (estreados em salas de cinema portuguesas durante o corrente ano, independentemente do seu ano de produção)*;
  • 30 de Dezembro – Literatura – Os Melhores Livros de 2008 (editados, reeditados ou reimpressos durante o ano, em tradução portuguesa no mercado editorial nacional);
  • 31 de Dezembro – Música – Os Melhores Álbuns Musicais de 2008 (editados internacionalmente durante o ano de 2008)**.

Notas:
*Neste momento, foi finalmente ultrapassada a fase da “última triagem”. A lista dos “10+”, organizada por ordem de preferência, está concluída e pronta para publicação. A título de curiosidade, nela constam 5 filmes americanos, 3 franceses, 1 italiano e 1 britânico.
**Na coluna do lado direito, vão surgindo os 10 melhores álbuns de 2008, assim como a hiperligação ao vídeo de cada um dos escolhidos (entre 22 e 30 de Dezembro), por ordem aleatória de escolha. Apenas no dia 31 surgirão, em texto, ordenados por preferência do autor deste blogue apasquinado (cuidado com as confusões linguísticas!)

From Cardiff, Gales (“10+” de 2008)

A partir de hoje, e sempre entre a 1 e as 2 da tarde, este blogue revelará, por ordem perfeitamente aleatória, os 10 melhores álbuns (de originais) musicais de 2008.



“You! Me! Dancing!”
Los Campesinos!Hold On Now, Youngster… (Wichita)

Notas:

  • No final do ano será divulgada a lista dos “Dez Melhores”, organizada por ordem de preferência;
  • No dia de Natal serão revelados dois álbuns;
  • Todos os álbuns irão ficar no dia de hoje agendados no Blogger para surgirem no intervalo de tempo determinado em cada dia.

sábado, 20 de dezembro de 2008

A última triagem: Cinema

Basta fazer uma pequena prospecção pelos blogues nacionais, para verificar que alguns já se anteciparam às habituais listas de final do ano.
Por aqui, como tem sido hábito, divulgarei aqueles que, na minha mui íntima opinião pessoal, de acordo com os meus princípios artísticos e técnicos, atendendo sobretudo aos meus valores estéticos, nunca negligenciando as questões éticas ligadas ao fenómeno artístico, se distinguiram nas três áreas que preenchem, quase por completo, a minha sede insaciável por arte: Literatura, Cinema e Música.
No que diz respeito à literatura, as novidades – ou as eventuais surpresas – para quem me lê são escassas, uma vez que desde o início do ano (neste caso, o de 2008) figura na coluna do lado direito deste blogue um conjunto de livros lidos, editados e traduzidos em Portugal durante o corrente ano, organizados por nota de apreciação literária. A tarefa mais árdua consiste em dar-lhes uma ordem e escolher apenas dez entre os que se distribuem pelas categorias “obra-prima” e “muito bom” (6 e 5 estrelas, respectivamente).
No caso da música, o grau de insondabilidade é maior, dadas as curtas referências que a ela faço no decurso do ano, para além de existir uma jukebox sempre activa neste blogue, na medida em que, desde que me conheço, a volatilidade das preferências é extremamente alta: um disco idolatrado durante dez, quinze, vinte dias pode facilmente passar à categoria dos “odiados”, não só devido ao enjoo produzido pela repetição, como também por algum refinamento que a audição aturada produz.
Finalmente, na 7.ª arte, algumas das minhas preferências vão sendo aqui reveladas em textos escritos ao longo do ano – neste caso, filmes estreados em salas de cinema portuguesas em 2008. Apesar de dar um grande destaque aos meus ódios fílmicos depois de, penosamente, ter assistido à sua projecção no grande ecrã, também escrevi textos encomiásticos e de profunda admiração por determinada obra cinematográfica que acabara de assistir: surpresas, novidades e confirmações de talento.

Tendo iniciado a análise metódica de todos os filmes estreados em 2008 em Portugal – processo que foi explicado aqui, uma vez que não mantenho um ficheiro actualizado sobre os filmes que vou vendo e a sua nota de apreciação pessoal, como faço com os livros que vou lendo –, alcancei, por fim, a fase da última triagem, ou seja, consegui, através de algumas filtragens, chegar a uma listagem final… ou melhor duas (atendendo ao critério “produzido/não produzido nos Estados Unidos”).

Por enquanto, de acordo com o trabalho realizado, posso divulgar os seguintes dados:

  • Total de filmes vistos: 69;
  • Filmes anódinos ou indiferentes (sem separação do país de origem de produção): 19;
  • Filmes de produção americana: 34 (Bons ou Muito Bons: 15; Medíocres: 19)
  • Filmes de produção não americana: 16 (Bons ou Muito Bons: 12; Medíocres: 4)

Fase em que me encontro neste momento (a tal que precede a última triagem):

  • Total de filmes passíveis de integrar a lista dos “10 Melhores Filmes de 2008”: 17;
  • Americanos: 9/15;
  • Não Americanos: 8/12 (4 franceses, 2 italianos, 1 britânico, 1 turco/alemão/italiano).

A lista definitiva dos “10+” será apresentada num dos dias do intervalo fechado de 28 a 31 de Dezembro. Até lá, que venha o diabo e escolha… Aceitam-se apostas.