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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Uma cadeira de rodas…


…mental, por favor, ou a história de um comunista armado em Redentor milagreiro.


Apesar da minha ausência desta página electrónica por motivos de força maior – motivos cuja presença se prolongará por um tempo ainda não definido – não resisti em postar um dos muitos exemplos da ridicularia do comentário e da crítica fáceis que se instalaram na (in)comunicação social portuguesa e nos políticos paineleiros que pululam divertidamente pelos estúdios das estações de televisão para uma pequena subvenção que compense os seus magros salários como políticos profissionais – jogo preferido: tiro ao Passos e/ou aos seus súbditos. Que alegre algazarra.
Estava eu sentado a jantar, tarde e a más horas, na sexta-feira passada em frente ao televisor sintonizado na SIC-Notícias e aquele seu peculiar jornal do “muito obrigado pela sua presença” e da “excelência de conteúdos”, quando o inefável Ruben de Carvalho – cada vez mais volumetricamente próspero –, depois de a estação de Carnaxide ter passado as inacreditáveis (qualifico a deontologia profissional) imagens recolhidas pela concorrente TVI sobre a famosa conversa informal entre os Ministros das Finanças de Portugal e da Alemanha.
Ruben de Carvalho disse, perdigotando uma área aceitável em seu redor:
«Faz-me vergonha e deprime-me profundamente. Acho inqualificável aquela imagem… enfim… de servilismo, é uma palavra, talvez, extremamente violenta […] não hesitaria em usar a palavra arrogância em relação ao seu outro interlocutor que fala com o seu par, em termos de hierarquia governamental em termos de União, sentado na cadeira, sem ter a gentile… e que inclusivamente se volta de cost… bom, uma coisa verdadeiramente lamentável, o que, digamos, ainda torna mais chocante o agradecimento do Sr. Ministro das Finanças… aliás, um comentário que eu li num jornal – que eu acho que é de uma grande crueldade, mas inteiramente adequado –, é um comentário do coiso que dizem… verificaram se ele estava assente num joelho ou em dois? [risos de escárnio javalinos] Porque de facto a imagem que aparece…»
Fiquei completamente atónito, mas ao mesmo tempo com pena pela constatação da ignorância que é transversal à classe política portuguesa (atrevo-me mesmo a asseverar: é mesmo endémica), nessa noite subsumida no comunista comentador, e sem rectificações, que urgiam, pelo reverencial Mário Crespo e pelo desconsolado (ou desconsolante) líder da bancada parlamentar do CDS.
Ora, o tal Ministro das Finanças alemão, é uma figura mundialmente conhecida pelos seus anos de militância política na Alemanha e pelos cargos que já ocupou na outrora 3.ª maior economia em termos mundiais, e que se chama Wolfgang Schäuble.
Herr Schäuble é paraplégico, caro edil.
Num dia de Outubro de 1990 (portanto, se a matemática não me trai, há quase 21 anos e meio), foi vítima de uma tentativa de assassínio numa acção de campanha eleitoral no Estado Federal de Baden-Württemberg, perpetrada por um louco que o brindou com uma salva de três tiros, tendo um deles atingido a espinal-medula, deixando-o paralisado da cintura para baixo para todo o sempre. Desde a alta hospitalar, Schäuble desloca-se em cadeira de rodas.
Enfim, ou Gaspar aluga uma e passa a falar com o seu homólogo alemão de igual para igual – nunca perdendo de vista a autoparaplegia por uma questão solidariedade de cargos. Ou Rúben de Carvalho necessita urgentemente de um dispositivo qualquer que induza, em termos intelectuais, os mesmos efeitos que a cadeira de rodas produz em Schäuble.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Quem tem medo de Lobo Antunes?

Com muita pena minha, os últimos romances de António Lobo Antunes deixaram de ser os meus livros. E o último, O meu nome é Legião, afigurou-se-me como um verdadeiro suplício para a leitura, tal como anterior Ontem não te vi em Babilónia.
No entanto, fica a mente brilhante, porém torturada, do homem que escreveu o portentoso Os Cus de Judas, numa das melhores entrevistas dadas por António Lobo Antunes nos últimos tempos, conduzida de forma superior por Mário Crespo (não obstante o "fica-se grato perante alguém que nos salvou a vida?").
Eis o, apesar de tudo e com a firme convicção daquilo que vou referir, melhor escritor português vivo: