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domingo, 23 de dezembro de 2012

Maturação

Quando esta manhã passava os meus olhos pelos blogues que consulto numa base regular, deparei-me com este texto do João Gonçalves que, embora culmine em assunto diverso àquele que me traz aqui, materializado nestas curtas palavras, avivou ainda mais o meu deslumbramento pelo filme de um realizador que tem o condão (e ele gosta de o ter) de instilar apreciações maniqueístas na crítica e nos cinéfilos espalhados por esse mundo fora (especialmente os norte-americanos – perguntem a James Caan –, que não se esquecem facilmente da mensagem muito pouco subliminar, que mesmo que o fosse seria destruída com as imagens em slideshow nos créditos finais, de Dogville (2003) e de Manderlay (2005) – a tragédia americana aferroada por um dos maiores provocateurs da cinematografia contemporânea), esse é Lars von Trier.
No ano passado, por esta altura, inclui-o na 3.ª posição do meu Top 10, atrás de Malick e de Skolimowski. Porém, enquanto estes ficaram pelo único visionamento no grande ecrã, Melancolia (Melancholia, 2011) passou, em 2012, vezes sem conta debaixo dos meus olhos, com paragens de imagem, slow motionsfast forwards e rewinds repetidos tanta vezes quanto o necessário, detendo-me ora nos pormenores, nas expressões, nas cores, ora em toda a mise-en-scène, e até repousado, de olhos fechados, a escutar apenas as ondas de choque wagnerianas com os fotogramas da esplendorosa introdução gravados na retina.
Não é por isso que deixarei de aqui postar as minhas listas, mas Melancolia foi de facto o meu filme de 2011 (saltou dois lugares), que me desculpem os adeptos do panteísmo malickiano ou os da imagética skolimowskiana, o autor de As Cinco Obstruções, levou-lhes a palma.
Para recordar:

domingo, 22 de janeiro de 2012

Obsessão (act.)

Pensei escrever qualquer coisa. Alinhavei umas quantas palavras. A obsessão pelo pormenor. A meticulosidade de um relojoeiro na evocação imagética. A mão perfeita de um artesão que usa a tecnologia sem que a pressintamos – para ele é mesmo um meio, e nunca um artifício estético. As mulheres, sempre as mulheres, não tão ostensivas como em Lars von Trier, maquinais e diabólicas como em Tarantino, austeras, frias e impiedosas como em Almodóvar, objecto de desejo que se emancipa perante o indício da corte pelo pavão como em Rohmer, ou eloquentes, por vezes doces receptoras da neurastenia projectada pelo criador, como em Woody Allen. São uma bruma perene, omnipresente, extática e hermética, portadoras – eis o ventre primordial – do código inacessível a um encadeamento lógico da razão. 
Fiz um historial da abordagem subliminar do lado feminino que joga um papel crucial em Fincher desde Se7en (1995) – excluí Sigourney “Ripley” Weaver, não tivesse sido ela de Ridley Scott, em primeiro lugar, e de James Cameron, em segundo – Paltrow (1995), Kara Unger (1997), Bonham Carter (1999), Foster (2002), Sevigny (2007), Blanchett (2008), e Mara por duas vezes (2010 e 2011), mas guardei o ficheiro na imensa pasta dos textos “não publicados”, talvez para maturação, muito provavelmente para as impenetráveis trevas do olvido. Decidi “me & myself” atirar Karen Ocujo grito seco ressoa no negro líquido viscoso (amniótico) para a fogueira daqueles que Odeiam as Mulheres:


«Salander não consegue mexer-se. Espera que a dor abrande – o que eventualmente acontece – mas apenas para ser substituída por um sentimento de abandono. Então aquele abranda, substituído por um semblante de indiferença.»
Steven Zaillian, The Girl with the Dragon Tattoo [screenplay], p. 165 (© 2011 Sony Pictures). Tradução livre: AMC.
Em jeito de nota final, o fim: é impossível ficar indiferente ao pathos que emana daquele olhar, que tudo apaga, de Rooney Mara.

Soberbo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ASSOMBROSO


(Sem mais comentários)

Aqui e agora só me resta deixar isto: