Tenho
alguns grandes amigos. Poucos. Sim, mas nunca é de menos e nunca, nunc
demais. Apenas exato, Assim, como um aperto de mão. E isso é como uma confraria,
uma máfia do bem. É olhar e entender e perguntar: o que foi? Eles são
lindos. Eles lutam, criam seus filhos, pagam suas contas, e
principalmente acreditam. E acreditam muito. Eles sabem muito bem que a
violência passeia lá fora, mas eles continuam indo a feira,
ao parque, ao supermercado como se tudo isso fosse coisa da sessão da
tarde. E poderia ser diferente? Meus amigos. Encho a boca com esse
número tão pequeno e tão grande. E eles me ouvem com os ouvidos do
coração, e eles me abraçam com seus olhos úmidos... E eles me
amam como eu os amo. E eles soam como a abertura dos desenhos da Disney.
Eles são velozes como o Tom e o Jerry. Eles são mais malucos que a Corrida Maluca. Eles são espertos como o Pica-Pau e ingênuos como o
Catatau. Eles são legais, ainda mais legais que o Pepe Legal... Às vezes
eles somem... e dói, mas só o amor exige frequência, a amizade, não.
Borges já dizia isso. E é verdade. A amizade só exige uma coisa: aquele
telefonema ou aquela visita naquela noite que parecia perdida...
(Reynaldo Bessa)