Nesse dia
cinza
esquálido que finda
em silenciosa agonia
tanto ainda por dizer
Tantas palavras que param
petrificadas
perdem-se
na memória
detalhes pequenos gestos
como se estivessem
ainda
por acontecer Aqui
nesse mundo tão ínfimo
de conluio com as pedras
e ainda consigo
ficar
ficar
meio perdida
Acumulam-se
tantas palavras
mas fica
presente
a vontade de tentar simplificar
o ato
de pelo menos tentar
dizer
palavras
transcritas no gesto
de fechar venezianas
apagar as luzes
na repetição
da noite
Outubro,
17 de 2013
Fotografia,
Sidarta
MARLENE,
ResponderExcluirvou lhe confidenciar uma coisa: Nunca fui capaz de colocar pensamentos em versos.
Verdade!
É uma improbabilidade que assumo e ao vir por aqui e ler seu versejar, simplesmente a invejo.
Existe inveja boa?
Se existir é essa que sinto!
A poesia permite devaneios e sublimações incríveis quando, entre meias palavras e entrelinhas, ficam palavras soltas , porém muito bem amarradas aos sentidos que,por vezes, inconfessáveis é melhor nem proclamar.
Isto tornam os poemas imbatíveis em dizer só o que nós temos a certeza, mas aos outros, ficam as subjetivas interpretações.
Neste seu "Esquálido" sua vontade de simplificar o ato,curvou-se ante a magia de deixar um pouco mais complexa toda a magia de interpretações possíveis ao invés de um pacote pronto.
E gosto, disso!
Um abração carioca.
Memórias vivas
ResponderExcluirQue bonito isso, o estar por acontecer. Fiquei imaginando que o poeta às vezes capta o que ainda não foi visto, sentido. Você traduz tanto da ânsia de dizer. E faz isso de forma tão bela...
ResponderExcluirBeijos, Marlene!
A palavra "esquálido" é polissêmica, e alguns de seus sentidos são mesmo díspares entre si (por ex., muito magro e sujo; ou desalinhado e lívido).
ResponderExcluirTodavia, se bem que o título dirija o "pathos" de todo o poema, ele, no entanto, não o resume, pois no caso aqui, "esquálido" se refere à nuance pálida do cinza do teu dia.
Como sempre, teu talento para descrever climas interiores e de associá-los a cores permanece magistral, Marlene. Muito belo teu poema, minha amiga, realmente.
Meu carinhoso abraço, bom fim de semana.
André
Marlene, que lindo!
ResponderExcluirHá momentos tão "esqualidos" que nos sentimos como se tivesse uma mão tapando a outra em palavras, uma sobreposição de pensamentos em outros. Vazio sobre vazio.
Lindo mesmo!
Beijos e ótimos dias!
Marlene, em conluio com as pedras consegues dizer coisas tão lindas...
ResponderExcluirDo tempo cai uma poeira agreste que cala as palavras na garganta, cansa os braços, seca os olhos...
ResponderExcluirUm beijo
A pedra dura, fria, cinzenta em oposição ao poema cheio de emoções e de gestos do quotidiano. A beleza da noite que chega...
ResponderExcluirUm abraço.
M. Emília
Poema, emocionante e lindo, Marlene.
ResponderExcluirBeijo
é no matiz cinza dos dias e do tempo que os modela que as outras cores espreitam, seguras de que nenhum temporal desafia vozes mudas para sempre.
ResponderExcluirbelo este reencontro contigo, marlene. um beijo!
Nunca dizemos todas as palavras.
ResponderExcluirE ainda bem...
Excelente poema, gostei muito.
Tem um bom fim de semana, querida amiga Marlene.
Beijo.
Pois é, as palavras...
ResponderExcluirDizem tanto
Mas podem também
Não dizer mais nada
Estas palavras...