Crítica de Além do Quintal (Visão do Poeta)
Espero como sempre — ansioso —, o findar de abril. O morrer de abril. Só para ter o gosto de arrancar do calendário a folhinha branca com seu nome impresso. Tenho manias, razões por maio. Os que me conhecem intimamente — os poucos — sabem: meu coração é maio. Bem como, aqueles lábios — que infelizmente ela só lembra de usar quando o relógio informa ser: madrugada. Odeio fuso horário! O amor não merece o flagelo do fuso horário. O amor não merece o castigo de existir um oceano inteiro separando almas que nasceram para se unir.
Porém, enquanto trafego por entre as veias que formam esta cidade — minha cidade — percebo: abril soou diferente este ano.
Abril ganhou: cores, “aquarelas”, versos, costura e papel coche.
Abril ganhou: prefácio. Métrico, preciso, carregado em suas vogais, consoantes, de um sabor tão marcante quanto o aroma do vinho português, o sussurrar convidativo de um mortal a uma deusa e a beleza de um jantar à luz de velas.
Abril ganhou: posfácio. Urgente, másculo. Onde vírgulas, pontos, sentenças se enlaçam desejosos um pelo outro — e querem carne, alma, fluídos, todas as reencarnações possíveis, nada de meias-palavras, duplo sentido, rotina. E estas frases — curtos poemas — beijam, lambem, mordiscam, procuram-se na mesma frequência dos amantes quando tornam a cama: em poema, o ato: em amor.
Abril ganhou: “domingos” tão belos quanto uma “pintura”, apreciados pela poetisa enquanto toma “um café” e recorda que até o “azulejo quebrado” pode fazer brotar no seu íntimo um “aguaceiro” de versos... nascidos entre o desejo, o olhar e o morrer das tardes na Praia Brava.
Abril... abril, meu amor... este ano mudou de nome... virou: além do quintal.
E vai ser triste olhar o calendário e arrancar a folhinha impressa no final do mês.
Ricardo Steil*
P.S.: Lene, eis um lindo trabalho, elegante, sutil, digno daquela que recebeu a alcunha entre os eruditos de “A Dama”. Teus poemas são como você: ladys. Mas, entre a realeza produzida pelas tuas mãos, advinda da essência da menina que brincava na rua Indaial e da mulher que se emociona com estrelas, confesso: sou e sempre será fã de “Concha”. Perdoe a predileção, mas, como todo romântico: sou homem de um poema só...
Crítica de Além do Quintal (Visão do Crítico)
“Tentação” de Marco Hruscka — livro-marco-poético da literatura paranaense —, enfim encontrou adversário a altura com a publicação de “Além do Quintal” da catarinense Marlene Edir Severino.
Se Hruscka através de sua poesia cria imagens, figuras, entoa melodias perfeitas com seus sonetos — um Byron da nova geração —, Marlene transforma poesia em aquarela, o corpo em tela, tesão em amor.
Universos distintos que se completam: cosmo e caos, lábios e língua, homem e mulher.
Ambos devem ser lidos tanto pelos apreciadores das belezas poéticas, quanto pelos críticos e estudiosos. Torço realmente que um dia estes dois grandes autores se encontrem pessoalmente. Ia ser lindo ver “A Dama” tomando um “cafezinho” ao lado do “Byron de Maringá”, enquanto filosofam sobre a vida, “tentações”, “saramagos”, “hildas”, “devaneios”, “jogos cíclicos”, “Florbela”, “Pessoa” e “aquarelas” existenciais. As musas aguardam ansiosas... “à espera deste milagre” no “quintal” mais próximo.
Ricardo Steil*
*Ricardo Steil (pronuncia-se: estel): escritor, poeta, compositor, crítico de cinema, acadêmico de Psicologia (UNIVALI). Natural de Itajaí/SC (02/07/1978). Tem inúmeros trabalhos em seu currículo e os seguintes prêmios: Estrela de Ouro dado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores pelos mais de cinqüenta mil acessos de seus poemas “Sei do Teu Novo Amor” e “As Quatro Estações” entre abril e junho de 2009; Prêmio Cânon de Literatura (Poesia) ed. 2009; Prêmio Nacional Panorama Literário Brasileiro (coletânea que reúne os melhores trabalhos publicados ao longo do ano), ed. 2009 com o poema “Sei Do Teu Novo Amor” e ed. 2010 com o conto “Pequeno Mosaico das Neuroses do Homem Contemporâneo”; Prêmio Tesouros Brasileiros — concedido pela Academia de Letras de Goiás — que gerou coletânea homônima representando o Brasil na Feira Internacional do Livro no Cairo (Egito) e Buenos Aires (Argentina) em 2011. Prêmio Literacidade edição 2010. Integrou o livro: Os Mais Belos Poemas de Amor — coletânea que reúne os melhores poemas do país tratando do tema — três anos consecutivos — a saber: 2009/2010/2011. Livro de Ouro da Poesia Contemporânea — antologia que reúne anualmente os poetas destaques da atualidade — edições 2009 e 2010. Em dezembro de 2009 recebeu do Projeto e Revista ZAP, Certificado De Honra ao Mérito Em Reconhecimento Ao Seu Importante Trabalho Humanitário Em Prol Da Cultura e da Paz, idem 2010, certificado este reconhecido pela UNESCO. Nono colocado da XVI FESERP 2010 (Paraíba) com o poema: À Flor da Pele. Participou da coletânea: Uma História No Seu Tempo — edição-homenagem aos vinte e cinco anos de existência da Scortecci Editora — e Elo de Palavras (Scortecci Editora) lançada especialmente para a Bienal do Livro de SP em 2008. Em 2011 integrou Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Ed. 73 após seletiva disputada com quase seis mil trabalhos e a coletânea de contos Sexta-Feira 13 – resultado também de concurso nacional. Em abril é incluso no volume 77 da Antologia de Poetas Brasileiros com o poema Flávia Carolini. Colunista por dois anos do maior site do Brasil sobre a Era de Ouro da Sétima Arte — intitulado: Cinemaclássico — assina a coluna mensal “Cinema” da revista cultural de maior circulação do litoral catarinense: Sopa de Siri — com tiragem de dois mil exemplares —, contribuindo esporadicamente para outros periódicos sobre literatura/teatro/música. Autor da trilha sonora da peça teatral: Adulto Para Crianças (2010), prefaciou os livros: Realizando Meu Sonho (2009), Encontrando a Felicidade (2011) de escritor sergipano Joéliton dos Santos; Por Favor, Me Deixa Sonhar (2010) da poetisa pernambucana Carla Marinho — responsável também pela diagramação destes. É autor de: Purviance (Impressões Cinematográficas) — coletânea dos melhores artigos que publicou no site Cinemaclássico — e Sobre O Amor E Outras Histórias (Poesias), ambos de 2009).
*Nota: Reproduzo na íntegra a mensagem de E-mail que acabei de receber de meu
amigo Ricardo Steil, imensamente feliz por tudo e tanto que escreveu, sem
palavras para traduzir o sentimento que me arrebata neste instante, resta-me
somente enviar um carinhoso abraço, que farei questão de pessoalmente dar.
Abração, querido Ricardo!
Linda crítica de Ricardo, onde ele expressa como ninguém sentimentos sobre "Além do Quintal", que aguçam a curiosidade e mostram beleza, sutilidade ...
ResponderExcluirLindo!
Parabéns ao Ricardo e à Marlene,
Carla
Amiga, que coisa mais linda o que recebeste. Com certeza, teu livro e o teu trabalho merecem cada vírgula deste texto tão lindamente escrito pelo Ricardo. Parabéns!
ResponderExcluirBj e um Páscoa iluminada pra ti.
PS: como eu compro o teu livro? Procurei por aqui e ainda não encontrei.
Minha querida poeta! Meus parabéns pelo livro e pelos comentários recebidos. Acabo de fazer uma postagem em meu blog divulgando o teu livro e o comentário do nosso amigo Ricardo. Passe dar uma olhada: http://letralirica.blogspot.com/2011/04/livro-alem-do-quintal-de-marlene-edir.html
ResponderExcluirUm grande abraço!
una delicia pasar por esta casa, invitada por Ricardo Steil!
ResponderExcluirbesos.
“Porque ao princípio é o ritmo; um ritmo surdo, espesso, do coração ou do cosmos — quem sabe onde um começa e o outro acaba? Desprendidas de não sei que limbo, as primeiras sílabas surgem, trémulas, inseguras, tacteando no escuro, como procurando um ténue, difícil amanhecer. Uma palavra de súbito brilha, e outra, e outra ainda. Como se umas às outras se chamassem, começam a aproximar-se, dóceis; o ritmo é o seu leito; ali se fundem num encontro nupcial, ou mal se tocam na troca de uma breve confidência, quando não se repelem, crispadas de ódio ou aversão, para regressarem à noite mais opaca.”, tal como enunciava Eugénio de Andrade, a origem dos pontos cardeais entranhados no corpo onde nasce a poesia, palavra e cor.
ResponderExcluirAssim, tão simples, com tanto, com
Esse Abracimenso, Marlene
Leonardo B.
eis a borboleta com hélices!! cujos giros sopram aquilo a que chamamos ondas e que levam e trazem poemas através da rede ou ainda das respirações. pois se no princípio é o ritmo é porque há um pulso, um inseto poema que rondam os quintais de leitores díspares. mas hélices desta poeta são quase hélios, sóis que iluminam esta margem direita do itajaí-rio-mar-nosso que ora se escande como metonímia de prórpia poeta. imenso beijo.
ResponderExcluir... é verdade...
ResponderExcluirum seremos de novo crianças
de voar
Bjs