Estrada de ferro, olhos da construção II
As roupas lavadas com seus nomes diferentes.No rio em cestas pesadas, guardadas na grama do sol.Eram muitas na denúncia da voz.Com suas manchas de terra, de gozo de gente na solidão que rimava com o chamado do patrão.Lá na casa, a mesa dos filhos transformada em balcão.A comida em panelas sem fim, sem o gosto quente da falta de mais querer.Nas fornadas, os pães sem o tempero gostoso dos olhos de vida que a mãe, antes, tinha.Ao lado do forno, ao lado do rio, era a que nem gemia, nem falava, nem sabia que seu não engasgado retalhava sua falta de partida.Misturando palavra que vinha, farinha de osso, de sabão. Era outra, sem olhos mas com enormes mãos.
Na tarde de sempre o pai nem via.Atrás do balcão,de longe feito um quadro, moldura dos antepassados,bebia o que o corpo nunca mais plantaria.Eu mesma nem esperava a violação que me abriria em tantas.O homem de olhos esquisitos, de roupa lavada e estômago cheio calou-me o grito de medo.Pedinte, exigente de sua parte em mim.Segurou-me os braços, as pernas, a voz.Violou-me como se fosse dele o corpo que estava só.O pai tão longe, na sua sombra, cantava qualquer coisa num som embriagado de entrega, de aceitação.Achei que devia, ao homem, pelo caminho que vinha.Deixei que violasse minhas entranhas como contribuição estranha ao que jamais teria volta.A língua do sexo, a língua fendida, aberta em nova poesia.Seria da violência a falta, que faz nascer a ternura?Seria violenta a escrita da doçura que só, inventa o amor depois da estrada,do trem,depois da dor.
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quarta-feira, abril 06, 2011
quinta-feira, março 31, 2011
O Inventáro
ESTRADA DE FERRO- OLHOS DA CONSTRUÇÃO I
Antes das réstias no chão das tábuas, a mãe moía o trigo, pão, fornalha.O pai tinha aquele alarido de mãos grossas, tanta fala.Abria a terra e plantando, sonhava com o que viesse colher.Foram os olhos da mãe, o pão.E o braço do pai toda a água do mundo.Por isso naquele dia havia de ser coisa muito séria.Aquela voz entre dentes propondo morada em pensão.Homens de fala enrrolada, macacão azul de abrir estrada.O pai pensou,repensou.Os olhos do homem eram de um azul de céu que, sabíamos, não existe.O Artigas falava de novo, em castanho olho redondo, reinventando o que a fala ardia: eles querem pouso e roupa lavada.Comida.Pagam pelo mês até seguirem para a outra vila.São trinta...Não há jeito...o trem vem para cá!Iam querer mulher...se tiver lugar.
A mãe...sem olhar.O pai sem os braços, sem o traço que o fez até ali.Não voltaram mais daquele dia que me fundava.Sou a que faltou, a palavra.
Antes das réstias no chão das tábuas, a mãe moía o trigo, pão, fornalha.O pai tinha aquele alarido de mãos grossas, tanta fala.Abria a terra e plantando, sonhava com o que viesse colher.Foram os olhos da mãe, o pão.E o braço do pai toda a água do mundo.Por isso naquele dia havia de ser coisa muito séria.Aquela voz entre dentes propondo morada em pensão.Homens de fala enrrolada, macacão azul de abrir estrada.O pai pensou,repensou.Os olhos do homem eram de um azul de céu que, sabíamos, não existe.O Artigas falava de novo, em castanho olho redondo, reinventando o que a fala ardia: eles querem pouso e roupa lavada.Comida.Pagam pelo mês até seguirem para a outra vila.São trinta...Não há jeito...o trem vem para cá!Iam querer mulher...se tiver lugar.
A mãe...sem olhar.O pai sem os braços, sem o traço que o fez até ali.Não voltaram mais daquele dia que me fundava.Sou a que faltou, a palavra.
quinta-feira, março 17, 2011
O INVENTÁRIO
INTRODUÇÃO
ESTRADA DE FERRO, OLHOS DA CONSTRUÇÃO
ESTRADA DE FERRO, OLHOS DA CONSTRUÇÃO
Vieram os homens com a língua ferida, olhos pedindo comida. O pai enterrou as ferramentas, abriu negócio, " bodeguita".Água de ardência e, atrás do balcão, perdia o sonho de plantação.Feito riacho, o ferro partia o campo em linha,costurava o chão.Suadas as dores da perda, mulheres invadidas pela fala alheia.Riscavam serpentes, lá para os lados da vila, anunciando a estrada nova, gritaria.
Ainda a luz na janela, casamento com a estrada de ferro.Nunca daria parada, guarida.Sangrando sem estancar, iam-se os dias de colheita de frutas, no pé dos dias.Aberta a terra incontida, propriedade da Estrada da língua.
E quando era dia, o dia.!,de longe as barrigas avistavam tamanho apito.O ferro batido,o calor dos ungidos,batizados pelo santo cristo.O trem vinha como nunca havia sido.Era grande demais, era tarde demais, era incompreensível.Esperavam na plataforma que ele, o deus de antes e de agora, parasse recolhendo os restos de sonhos, de gente.Passou, sem juntar seus resquícios...não era Estação as sobras da construção.
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Ensaio sobre o amor VII
Todo o vinho, todas as palavras, todas as madrugadas...para ti.Pela rua alguns param.Outros resmungam indignados.Apenas as crianças me rodeiam desenhando uma pequena contenção.Fazem uma espécie de cortejo num reconhecimento de que algo muito sério está acontecendo.A calçada se torna pequena diante dos que se aglomeram e observam incrédulos.O melhor dos amigos tenta me dizer alguma coisa e diante de meu olhar apenas sucumbe.Falta pouco, alguns metros...e o banco da praça ainda está vazio.Onde estás?Às crianças vou contando uma história que elas adotam como verdade de amor.
Sigo sem medo, embora no início temesse o recolhimento.A polícia apareceu e diante de tamanha fila de gente, sumiu, fez-se pequena, esfarelou.Mas sei que vai voltar.
Uns assistem, outros falam.Comentam sobre minha embriaguez.Nunca estive tão lúcida!
Surgiste neste momento...sem pudor algum.Ainda vestido como quem já morreu.Uns avisaram: já morreste! Chamaram o juiz e não teve mais jeito.Algumas mulheres pediram pensão, pela falta de pudor, por desacato ou traição.Alguns homens me olharam magoados mas aos poucos, com cuidado, entregaram-se todos à música que invadiu o lugar.O silêncio do mundo estava ali.
Sentamo-nos e carregavas uma pequena chave dourada.A chave da cidade ou da mulher amada?
O dia se indo e as estrelas aparecendo.A multidão se desfazendo, carregando as roupas de cada nudez.Uns por ali dormiram esperando o próximo acontecimento.Outros se recolheram com a melhor imagem da vida.
Ali ficamos até hoje dormindo, amando, plantando palavra no corpo ardendo...Ainda na espera da polícia que não veio, da ambulância que não me levou louca...
Aqui estamos falando e rindo no meio de tudo.Agora sabemos o que segue no frio que desata: as únicas canções de amor...feitas na praça.
FIM
EM BREVE OUTRO FOLHETIM...que este estava meio meloso...Mas folhetim não é assim?
Sigo sem medo, embora no início temesse o recolhimento.A polícia apareceu e diante de tamanha fila de gente, sumiu, fez-se pequena, esfarelou.Mas sei que vai voltar.
Uns assistem, outros falam.Comentam sobre minha embriaguez.Nunca estive tão lúcida!
Surgiste neste momento...sem pudor algum.Ainda vestido como quem já morreu.Uns avisaram: já morreste! Chamaram o juiz e não teve mais jeito.Algumas mulheres pediram pensão, pela falta de pudor, por desacato ou traição.Alguns homens me olharam magoados mas aos poucos, com cuidado, entregaram-se todos à música que invadiu o lugar.O silêncio do mundo estava ali.
Sentamo-nos e carregavas uma pequena chave dourada.A chave da cidade ou da mulher amada?
O dia se indo e as estrelas aparecendo.A multidão se desfazendo, carregando as roupas de cada nudez.Uns por ali dormiram esperando o próximo acontecimento.Outros se recolheram com a melhor imagem da vida.
Ali ficamos até hoje dormindo, amando, plantando palavra no corpo ardendo...Ainda na espera da polícia que não veio, da ambulância que não me levou louca...
Aqui estamos falando e rindo no meio de tudo.Agora sabemos o que segue no frio que desata: as únicas canções de amor...feitas na praça.
FIM
EM BREVE OUTRO FOLHETIM...que este estava meio meloso...Mas folhetim não é assim?
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
Ensaio sobre o amor VI
Já li Cervantes...e todo o riso do mundo me invadiu.A risada é universal, o cômico é carnaval.Não sei.
Lembrei-me das tuas invenções.Tantas só para estarmos juntos.Mentias e eu sabia disso tão bem.Não há na verdade nenhum mistério, por conta disso se inventa critérios: textos, canções, ideais, soluções.
Na primeira vez consenti e nunca dormi.Na segunda vez fui tomada, de assalto pela minha embriaguez.Na terceira vez eu sabia, era a despedida.Não mais te queria às pressas, tudo tem seu fim.
Pena que não foi assim.Se tivesse sido hoje eu contaria a história mais linda, com um final.Detesto histórias sem finais.Seria a cena com começo,meio e fim.A apresentação!
É estranho quando somos atravessados pelo que não se desata.Abre a melhor e pior estrada.Então transgredimos...e para o amor não há lei, como continuar a se ver, mesmo depois de morrer.
O vento é forte demais e talvez eu sinta frio.Tiro meu vestido e percebo que estou diferente de quando o coloquei.Oras!Claro!Para estas coisas, estes vestidos, estas palavras...o tempo nem sabe de si.Nem eu.
Tenho a pele clara e preta.Sou filha de lavadeira, daquela que cuidou de mim enquanto ensinava sobre as roupas sem fim.Nasço todos os dias negra.
Minha roupa mais íntima, por fim, vai deixar meu nome a mostra.Sou uma...Não demora.
Quero te encontrar com todo o vinho, meu sexo e minha transgressão.Que isso seja um vento impossível de conter, que isso seja a próxima vez.E detesto o que não tem fim mas...como já disse, sou filha de lavadeira e minha pele é negra, a única que vai sobreviver ao sol de amanhã.
Tiro o soutien e a calcinha.Ainda minha, a tua falta de ontem.Agora não há como voltar.Estou nua de fato, desde que aprendi a falar.
O quinto cálice de vinho.E ainda danço Piazzola, como um louco de cartola que sabe destas coisas em mim.Salto, giro e...não há encontro mais feliz!
Lembrei-me das tuas invenções.Tantas só para estarmos juntos.Mentias e eu sabia disso tão bem.Não há na verdade nenhum mistério, por conta disso se inventa critérios: textos, canções, ideais, soluções.
Na primeira vez consenti e nunca dormi.Na segunda vez fui tomada, de assalto pela minha embriaguez.Na terceira vez eu sabia, era a despedida.Não mais te queria às pressas, tudo tem seu fim.
Pena que não foi assim.Se tivesse sido hoje eu contaria a história mais linda, com um final.Detesto histórias sem finais.Seria a cena com começo,meio e fim.A apresentação!
É estranho quando somos atravessados pelo que não se desata.Abre a melhor e pior estrada.Então transgredimos...e para o amor não há lei, como continuar a se ver, mesmo depois de morrer.
O vento é forte demais e talvez eu sinta frio.Tiro meu vestido e percebo que estou diferente de quando o coloquei.Oras!Claro!Para estas coisas, estes vestidos, estas palavras...o tempo nem sabe de si.Nem eu.
Tenho a pele clara e preta.Sou filha de lavadeira, daquela que cuidou de mim enquanto ensinava sobre as roupas sem fim.Nasço todos os dias negra.
Minha roupa mais íntima, por fim, vai deixar meu nome a mostra.Sou uma...Não demora.
Quero te encontrar com todo o vinho, meu sexo e minha transgressão.Que isso seja um vento impossível de conter, que isso seja a próxima vez.E detesto o que não tem fim mas...como já disse, sou filha de lavadeira e minha pele é negra, a única que vai sobreviver ao sol de amanhã.
Tiro o soutien e a calcinha.Ainda minha, a tua falta de ontem.Agora não há como voltar.Estou nua de fato, desde que aprendi a falar.
O quinto cálice de vinho.E ainda danço Piazzola, como um louco de cartola que sabe destas coisas em mim.Salto, giro e...não há encontro mais feliz!
quinta-feira, janeiro 13, 2011
Ensaio sobre o amor V
Vem, meu amor, dizer-me que encantos tem as estações.São os invernos ou os verões que fazem nascer as sementes?Palavras como " sincero","beijo", "saudade" trazem a idade do tempo que nos fez crescer.Repara que são tantos os arrepios e calores e desejos de antes ou do que vem.Hoje, estação do trem.
Antes que a noite termine quero que leves esta lembrança, o que todos constroem em algum tempo: infância.Leva minha caixa de antes, uns brinquedos que guardei: boneca, livro, panelas...são tudo o que sei. Leva também os seios de agora, carrega na tua sacola, travesseiro de dormir.Inventa que são meus pertences quando já nem a mim servem sem ti.
Peço que esta noite inteira , nunca esqueças em alguma fala.Guarda como perdidos de malas, aquelas coisas que se acha dentro, muito depois.Vou te contar um segredo, não serei a mesma depois.Lembra-me sempre quem hoje estou.
Escrevo somente agora porque o tempo, estação de fora, abre-se somente com este frio.Recebe esta carta com cuidado e lê para mim na praça, daqui há pouco.
Começo a tirar a meia calça de seda...branca!Minha pele é quase estrada e percebo a delícia do tecido que cobre a razão.Nem é pele, nem é chão.Sempre...estações.
Bebo o cálice inteiro e continuo a leitura de Ulisses.Várias línguas numa só.
Acho que dormíamos em meias de seda e nem sabíamos.
Antes que a noite termine quero que leves esta lembrança, o que todos constroem em algum tempo: infância.Leva minha caixa de antes, uns brinquedos que guardei: boneca, livro, panelas...são tudo o que sei. Leva também os seios de agora, carrega na tua sacola, travesseiro de dormir.Inventa que são meus pertences quando já nem a mim servem sem ti.
Peço que esta noite inteira , nunca esqueças em alguma fala.Guarda como perdidos de malas, aquelas coisas que se acha dentro, muito depois.Vou te contar um segredo, não serei a mesma depois.Lembra-me sempre quem hoje estou.
Escrevo somente agora porque o tempo, estação de fora, abre-se somente com este frio.Recebe esta carta com cuidado e lê para mim na praça, daqui há pouco.
Começo a tirar a meia calça de seda...branca!Minha pele é quase estrada e percebo a delícia do tecido que cobre a razão.Nem é pele, nem é chão.Sempre...estações.
Bebo o cálice inteiro e continuo a leitura de Ulisses.Várias línguas numa só.
Acho que dormíamos em meias de seda e nem sabíamos.
quinta-feira, janeiro 06, 2011
Ensaio sobre o amor IV
O elevador descansa e espera A moça dos botões dos andares esferas Sorri esperança alegria de ser testemunha de alguma coisa Nem sabemos Dizem todas as pulsações Mas há o incômodo do movimento o giro dos apertos É só um salto de balé Ele quieto e eu ninguém Quando morremos dói demais Mas há de ser morte o que nos faz honrar as melhores horas de uma noite se a vida voltar
Uma febre repentina pede um mal estar Despedimo-nos na rua como a indiferença faz
Estranho ir embora sozinha Desmaio sem respiração Algumas pessoas socorrem alguém me diz Coração É somente febre respondo sonâmbula Febre de trem
Quando criança assistia o trem abrindo a rua minha estrada Esperava por ele Nunca parava Um dia parou quieto e tremi Sei quando estou diante de um trem pelo silêncio que sai de mim
Quando se trata disto não há solidão Um homem me segura abraça apertado Diz-me Minha filha o que te falta Falo sem falar e ele me dá sal Tens a pressão muito baixa Sorri encantado e respondo do que não sei Fico no colo de meu melhor pai O que sabe dos trens
domingo, janeiro 02, 2011
Ensaio sobre o amor III
Escrevo para ti que nem é ele, escrevo para este outro inconseqüente. Surge subversivo e inquieto, nas horas todas em que nem lembro. E nem é ele um mesmo , nem a única palavra, seu nome.Não! É só desassossego que rasga a inquietante história dos receios. Dizem alguns que o medo nasceu do desejo ou o próprio desejo nasceu do medo.A verdade fantasma de ter-se nas mãos a falta de palavra, a falta da água que a chuva faz lembrar.
Alucinante silêncio, o do vinho que descansa sem saber se vai ser bebido. Olhando de longe, escondido, dando-se em fermentos que fazem crescer o gosto, sofrimento de transformação.Tornar-se sempre o que o tempo esculpe porque somente o tempo faz da pedra o rosto, do vento a forma perfeita da palavra só. Assovio da voz.
As crianças seguem para casa. Passam falando, com seus livros nas costas, correndo soltas em pequenos rasgos de luz.É meio dia de verão...ainda.
Hora de descansar. Até agora tirei os sapatos e bebi apenas um cálice.
As crianças estão alegres descendo a rua... alguém se prepara para amar.
domingo, dezembro 26, 2010
Ensaio sobre o amor II
Naquele dia precisava dizer-lhe. Mesmo que o tempo pedisse a alegria das horas. Quase em silêncio,encantaria os pássaros que se alçavam dos ninhos.Era a festa da ternura!Há vida maior do que saber que se sabe ir embora?
Diria sobre minha incessante vontade de ouvir-lhe a voz nas ruas do dia.
Adormeceria para sempre, noite após noite escutando qualquer coisa, sua voz que se apagando restava no sonho, como parto de mim. Poderia contar de suas mulheres, de suas descobertas, suas denúncias. E tudo seria outra coisa pelo encanto de sua voz, registro feito desde criança no que se perde de lembrança. A voz é um eu inteiro!
Algumas palavras riscando meu corpo que abria em restos. Outras apenas me fazendo dormir.
Assim eu lhe diria: não nos veríamos mais a não ser se todas as noites fôssemos barco e cais. Acabei por escrever um bilhete que nunca entreguei: não volto mais.
Era verdade... Nunca voltei do vôo, de lá... de todas as noites que me dás.
domingo, dezembro 19, 2010
Ensaio sobre o amor - I
I
E vai invadindo, invadindo... me indo feito luz que cega.É o sol que nasce para sempre.E há de fazer imagem onde o rastro desenha.A escuridão é das aparências.
Não lembro perfeito!É o que some e vem, dia inteiro.Verão apadrinhado em pleno inverno,destas distâncias entre frios e ares quentes.
Corria inquieta.Anunciada pela primeira descida.Bicicleta!Primeira e única fresta que me fazia curvada. Não poderia abrir o peito e abraçar o vento. Ele, nos últimos tempos, roçava pequenos botões nascidos impunes e sem medo. Meus primeiros seios.
Ar da descida, vergonha escondida, movimento em contração. Corpo rolando: rua, calçada,vão,chão!
E lá vinha ele a me socorrer como se eu fosse menina, a me juntar do vento.Inocente? Mãos de susto no ventre: machucou-se? Ferida de morte.O homem desconhecido seguiu sem pressa e me deixou suas mãos. Tatuadas!
É o tempo das estações...tudo e nada.
quarta-feira, dezembro 15, 2010
Ensaio sobre o amor
Hoje vou me vestir de branco.E nem me serve mais. Largo ou apertado, tempo de espelho que segue...O vestido da espera.Véu.Melhor vá sem ele...nua porque não mais!É a tua espera que procuro e as roupas nunca nos caíram muito bem. Ah! Vou levar algumas flores que colhi de véspera, quando tive notícias de nosso encontro.Talvez também leve alguma cesta com água e livros e vinho...somente para mim.Oras! Não levarei cesta alguma, apenas em mim todo o vinho e vou ler todos os livros que achei ter lido em ti. Não será na Igreja! Não. As orações são tantas letras que... a rua me faz.Te encontro na praça da cidade.Por favor, não demore!Vou devagarzinho para não assustar ninguém. Afinal, as pessoas não estão acostumadas com a nudez do amor. Pode ser que me tomem por louca e me coloquem em algum porão. Não demore, então!
Sei que tens teus compromissos e provavelmente venha depois da oração e sepultamento. Não, meu querido!Não vou ao teu enterro!
Sei que tens teus compromissos e provavelmente venha depois da oração e sepultamento. Não, meu querido!Não vou ao teu enterro!
Já começo a me despir e beber todo o vinho que quero te dar...
É estranho... mas nenhuma apresentação se iguala ao ensaio que se faz...
(continua na semana que vem.Até lá).
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