Seja Bem-Vindo

Seja Bem-Vindo

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Indefinida Lua Minguante





Quero as estrelas todas
que encontras no caminho,
o risco, o traço
esse todo azul
que trazes entre as mãos,

quero tuas madrugadas
na minha insone noite
o mar, sol e areia a bruta argila,
rosa dos ventos de teus eloquentes versos
voos mais altos sobre o oceano
sem tempo, nem distância...

Quero esse teu olhar distante
perdido
a se perder dentro de mim
a me falar sem dizer de coisas tristes
feito canção sem letra
calar a minha boca.

Abraça-me.

Agora vou dormir.
Nessa minguante lua
indefinida
imensidão do nada

quero sonhar contigo.

(Imagem: Aquarela de Marlene Edir Severino)
Abril, 27 de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

Crítica de Além do Quintal por Ricardo Steil

Crítica de Além do Quintal (Visão do Poeta)

Espero como sempre — ansioso —, o findar de abril. O morrer de abril. Só para ter o gosto de arrancar do calendário a folhinha branca com seu nome impresso. Tenho manias, razões por maio. Os que me conhecem intimamente — os poucos — sabem: meu coração é maio. Bem como, aqueles lábios — que infelizmente ela só lembra de usar quando o relógio informa ser: madrugada. Odeio fuso horário! O amor não merece o flagelo do fuso horário. O amor não merece o castigo de existir um oceano inteiro separando almas que nasceram para se unir.
Porém, enquanto trafego por entre as veias que formam esta cidade — minha cidade — percebo: abril soou diferente este ano.
Abril ganhou: cores, “aquarelas”, versos, costura e papel coche.
Abril ganhou: prefácio. Métrico, preciso, carregado em suas vogais, consoantes, de um sabor tão marcante quanto o aroma do vinho português, o sussurrar convidativo de um mortal a uma deusa e a beleza de um jantar à luz de velas.
Abril ganhou: posfácio. Urgente, másculo. Onde vírgulas, pontos, sentenças se enlaçam desejosos um pelo outro — e querem carne, alma, fluídos, todas as reencarnações possíveis, nada de meias-palavras, duplo sentido, rotina. E estas frases — curtos poemas — beijam, lambem, mordiscam, procuram-se na mesma frequência dos amantes quando tornam a cama: em poema, o ato: em amor.
Abril ganhou: “domingos” tão belos quanto uma “pintura”, apreciados pela poetisa enquanto toma “um café” e recorda que até o “azulejo quebrado” pode fazer brotar no seu íntimo um “aguaceiro” de versos... nascidos entre o desejo, o olhar e o morrer das tardes na Praia Brava.
Abril... abril, meu amor... este ano mudou de nome... virou: além do quintal.
E vai ser triste olhar o calendário e arrancar a folhinha impressa no final do mês.

Ricardo Steil*

P.S.: Lene, eis um lindo trabalho, elegante, sutil, digno daquela que recebeu a alcunha entre os eruditos de “A Dama”. Teus poemas são como você: ladys. Mas, entre a realeza produzida pelas tuas mãos, advinda da essência da menina que brincava na rua Indaial e da mulher que se emociona com estrelas, confesso: sou e sempre será fã de “Concha”. Perdoe a predileção, mas, como todo romântico: sou homem de um poema só...


Crítica de Além do Quintal (Visão do Crítico)

“Tentação” de Marco Hruscka — livro-marco-poético da literatura paranaense —, enfim encontrou adversário a altura com a publicação de “Além do Quintal” da catarinense Marlene Edir Severino.
Se Hruscka através de sua poesia cria imagens, figuras, entoa melodias perfeitas com seus sonetos — um Byron da nova geração —, Marlene transforma poesia em aquarela, o corpo em tela, tesão em amor.
Universos distintos que se completam: cosmo e caos, lábios e língua, homem e mulher.
Ambos devem ser lidos tanto pelos apreciadores das belezas poéticas, quanto pelos críticos e estudiosos. Torço realmente que um dia estes dois grandes autores se encontrem pessoalmente. Ia ser lindo ver “A Dama” tomando um “cafezinho” ao lado do “Byron de Maringá”, enquanto filosofam sobre a vida, “tentações”, “saramagos”, “hildas”, “devaneios”, “jogos cíclicos”, “Florbela”, “Pessoa” e “aquarelas” existenciais. As musas aguardam ansiosas... “à espera deste milagre” no “quintal” mais próximo.

Ricardo Steil*

*Ricardo Steil (pronuncia-se: estel): escritor, poeta, compositor, crítico de cinema, acadêmico de Psicologia (UNIVALI). Natural de Itajaí/SC (02/07/1978). Tem inúmeros trabalhos em seu currículo e os seguintes prêmios: Estrela de Ouro dado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores pelos mais de cinqüenta mil acessos de seus poemas “Sei do Teu Novo Amor” e “As Quatro Estações” entre abril e junho de 2009; Prêmio Cânon de Literatura (Poesia) ed. 2009; Prêmio Nacional Panorama Literário Brasileiro (coletânea que reúne os melhores trabalhos publicados ao longo do ano), ed. 2009 com o poema “Sei Do Teu Novo Amor” e ed. 2010 com o conto “Pequeno Mosaico das Neuroses do Homem Contemporâneo”; Prêmio Tesouros Brasileiros — concedido pela Academia de Letras de Goiás — que gerou coletânea homônima representando o Brasil na Feira Internacional do Livro no Cairo (Egito) e Buenos Aires (Argentina) em 2011. Prêmio Literacidade edição 2010. Integrou o livro: Os Mais Belos Poemas de Amor — coletânea que reúne os melhores poemas do país tratando do tema — três anos consecutivos — a saber: 2009/2010/2011. Livro de Ouro da Poesia Contemporânea — antologia que reúne anualmente os poetas destaques da atualidade — edições 2009 e 2010. Em dezembro de 2009 recebeu do Projeto e Revista ZAP, Certificado De Honra ao Mérito Em Reconhecimento Ao Seu Importante Trabalho Humanitário Em Prol Da Cultura e da Paz, idem 2010, certificado este reconhecido pela UNESCO. Nono colocado da XVI FESERP 2010 (Paraíba) com o poema: À Flor da Pele. Participou da coletânea: Uma História No Seu Tempo — edição-homenagem aos vinte e cinco anos de existência da Scortecci Editora — e Elo de Palavras (Scortecci Editora) lançada especialmente para a Bienal do Livro de SP em 2008. Em 2011 integrou Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Ed. 73 após seletiva disputada com quase seis mil trabalhos e a coletânea de contos Sexta-Feira 13 – resultado também de concurso nacional. Em abril é incluso no volume 77 da Antologia de Poetas Brasileiros com o poema Flávia Carolini. Colunista por dois anos do maior site do Brasil sobre a Era de Ouro da Sétima Arte — intitulado: Cinemaclássico — assina a coluna mensal “Cinema” da revista cultural de maior circulação do litoral catarinense: Sopa de Siri — com tiragem de dois mil exemplares —, contribuindo esporadicamente para outros periódicos sobre literatura/teatro/música. Autor da trilha sonora da peça teatral: Adulto Para Crianças (2010), prefaciou os livros: Realizando Meu Sonho (2009), Encontrando a Felicidade (2011) de escritor sergipano Joéliton dos Santos; Por Favor, Me Deixa Sonhar (2010) da poetisa pernambucana Carla Marinho — responsável também pela diagramação destes. É autor de: Purviance (Impressões Cinematográficas) — coletânea dos melhores artigos que publicou no site Cinemaclássico — e Sobre O Amor E Outras Histórias (Poesias), ambos de 2009).

*Nota: Reproduzo na íntegra a mensagem de E-mail que acabei de receber de meu
amigo Ricardo Steil, imensamente feliz por tudo e tanto que escreveu, sem
palavras para traduzir o sentimento que me arrebata neste instante, resta-me
somente enviar um carinhoso abraço, que farei questão de pessoalmente dar.

Abração, querido Ricardo!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

De Solidão




Neste dia de abril, outono,
parece que ouço a voz da solidão,
ainda mais agora,
na espera do dia que acaba,
o tempo meio que se arrasta,
quase para
e a brisa de tão suave
conchavou-se com esta hora

na folha que caiu da goiabeira
e planou por um segundo
indecisa
depois desceu ao chão,
alojou-se ao lado da pedra
solta
que repousa num canto,
silenciosa
sem querer se definir:

se triste
ou simplesmente solitária.

(Imagem: Aquarela de Marlene Edir Severino)
Abril, 21 de 2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Crescente Num Abril, Quase Cheia



Deslizam as estações
pela janela
emoldurada lua
circulada em luz,
envolta de estranho brilho,
suavidade de imagem esboçada
leve sorriso traçado
um nome

em inconclusos poemas
esconde-se,
rabiscados pedaços
de papel sobre a mesa

imensidão de palavras
escritas
avulsas linhas,

esqueço-me
entre nuvens num céu de abril
e a alma enxertada de palavras

em mudo diálogo
de vento.

Invisíveis sinais.


(Imagem:Aquarela de Marlene Edir Severino)
Abril, 15 de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Poema Aveludou o Papel




Para Leonardo B.
escrito no instante em que recebi o seu "Além do Quintal", que postou como
"Itajaí, Doze de Abril às Oito em Ponto", emocionada com seu tão belo poema...


A paisagem ficou amalgamada
de suaves tons de cores
farta suavidade
no ar, impregnada de um céu de abril,
outono aqui
sol quase posto

leve brisa soprou
como carícia tocou-me o rosto,
mexeu nos meus cabelos
incorpóreas mãos
de vento

no cheiro do mar daqui
impregnado de aromas de outro mar,
ancorada barca

no horizonte,
vislumbrado anelado rosto,
feições suaves, reconhecido
o leve sorriso agora.

De volta à terra plana,
misturado às cores tantas do pincel,
aguada de aquarela

e teu novo poema aveludou o papel
adentrou com novo tom
onde há muito já se encontra
raiz, tatuado
neste além do quintal.

(Imagem: pintura de marlene edir severino)

sábado, 9 de abril de 2011

Além do Quintal




“Se ao sairmos aos caminhos, pela manhã ou pelas tantas outras partes do dia, na companhia de poemas e aquarelas arrumadas num livro, saídos aos caminhos como se partíssemos para um inventário do dia, esquecidos de nós, levando aconchegadas nas mãos as composições de Marlene Edir Severino, então, o caminho, como todos os passos que o podem compor na composição do poema e aquarela, serão, decerto, espontâneos momentos que nos recordam a provisoriedade do aquém e além, dos vultos que fomos construindo e que na poeira que se insiste no caminho e aí se revela, rumo á finita incerteza da mudança, se revelam neste livro que agora temos entre as mãos.

E se agora enquanto instante, e se depois como breve traço do tempo, tomássemos nas mãos esse cálice de terra, pedaço de livro de tantas horas, que se chama vida ou sereno adiamento da sombra, pacifica e revolta placidez de silêncio, que se murmura nos segredos de quem tem muito por contar, da beleza que só os olhos sem cansaço são capazes de reter, na poesia que entrelaça na imagem, na aquarela que se derrama na palavra, e juntas agora, e se depois, ao caminho, com um livro debaixo do braço, levássemos o tempo, reinventando-o como ao “rosto (que) começa a desenhar-se sobre a superfície do tempo”, como sublinhou Yourcenar acerca da memória, da construção tranquila do tempo?

Então, todo o caminho, todo este livro que trazemos connosco, constrói-se na margem também, na sombra que já não se sabe hesitar e acorda na palavra entalhada na aquarela do dia, em todas as suas possibilidades, em todos os seus sóis ou chuvas breves e bem delineadas, nos carreiros aconchegados pela pedra esquecida, no rebordo da praia resguardada pela aba do mar, pela ruas e avenidas desgastadas pelos passos perdidos e achados, pelos lugares onde todo o caminho é livro, transbordo de vida, paragem maior muito além de onde o caminho começa, além do mínimo olhar, além do vasto quintal”



Leonardo B.
Bizarril, Janeiro 2010

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Além do Quintal...no blog do Marcelo

Além do Quintal

“Orgulha-me escrever essas linhas hoje. Digo, de “boca cheia”, que sou felizardo por ter a minha volta talento sobrando. Nossa pequena e catarina Itajaí é, sem sombra de dúvida, um privilegiado celeiro de mentes que criam. Vai além do quintal mesmo. Marlene Edir Severino é uma dessas pessoas que merecem louvores. Uma itajaiense que puxa o sotaque sutil, dizendo num Português sempre refinado e eloquente, sua experiência de mãe, de mulher e profissional.

Uma “das nossas queridas” que adotou os quintais desta cidade e fez da assistência social seu trabalho, da natação sua atividade física, das tintas seu prazer e das letras sua eternidade. Não faz muito que a vida me apresentou Marlene. Sorte a minha! Sorte a nossa! Entre umas braçadas e outras, na piscina da academia onde ainda nado, ficamos amigos. Foi fácil. Inteligência e simpatia são ingredientes formidáveis para atrair pessoas. Lá, nas bordas da piscina, nas horas de recuperar o fôlego, conheci uma artísta, uma escritora. Foi além do quintal que Marlene lançou-se no sonho de transcrever sua poesia e pintar suas aquarelas. Todas muito inteligentes, repletas de sentimento e da elegante simplicidade de ser e dizer o que é. Suspeito sou se parecer exagero, mas é minha opinião que nas poesias de Marlene voamos nas asas de borboletas, nas aquarelas a imagem ficção tornam-se reais e permite-nos o livre sentir. Acompanho, mesmo a distância, sem os bons cafés que volta e meia tomávamos e onde oportunizava-me a aprender, o evoluir dessa pérola que finalmente poderá ser apreciada por todos.

Minha sugestão para todos que gostam da boa escrita, da poesia profunda e da arte plástica distante do comum é conhecer Marlene pessoalmente no lançamento de seu livro “ALÉM DO QUINTAL POEMAS E AQUARELAS”.

Obrigado e parabéns Marlene! Você merece todos os aplausos, todo o carinho e respeito por seres essa pessoa batalhadora, criativa e formidável!

Do seu amigo, aprendiz e apreciador.” Batschauer’s blog abril 7, 2011 in Cultura

(Nota: Não resisti e "roubei" o texto do Marcelo Batschauer...)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Lançamento do livro Além do Quintal

Breve Nota: Aos que não conhecem a autora e seu trabalho, importante informar que Além do Quintal, poemas e aquarelas não foi contemplado com nenhuma lei de incentivo, ou qualquer outro empresarial e os apoios mencionados no convite referem-se a disponiblização do espaço público da Fundação Cultural, ao convite e coquetel a ser oferecido durante o evento.

sábado, 2 de abril de 2011

Respirar o Poema



Palavras silenciadas, não escritas
chegam a doer nos ossos,
arde a pele
tamanho vazio
de ausentes palavras.
Sobram espaços no branco papel:

sem letras,
sem tintas,
resta-me
um corpo transparente

e respirar o poema
que sequer escrevi.

Muro,
pedra.

Onde mora a palavra?

Talvez fronteiriça se situe
na pouca distância
da tua palavra escrita

mas imensa, infinita,
na palavra não dita
que te distancia de mim.

(Imagem: Aquarela de Marlene Edir Severino)
Março, 31 de 2011