Por Antonio Ricardo Soriano
Colaboradores: Alexandre Cintra Canteruccio, Hugo Canteruccio, Kleber Mendonça Filho, João Carlos Reis Pinto, Marcello Branco, Atilio Santarelli e João Luiz Vieira.
A inauguração
A f
rente do cinema no dia da solenidade de inauguração (Folha da Manhã, 15/08/59)
O cine
Comodoro funcionava na Avenida São João, 1462, no centro da capital. A cerimônia de
inauguração do cinema foi realizada, às 14 horas, do dia
14 de Agosto de 1959
e foi divulgada no jornal Folha da Manhã, de 15/08/1959. Teve a
presença da Banda de Música da Força Pública, com uniforme especial. Uma
viatura do Corpo de Bombeiros, na sessão noturna, levou refletores e
segurança. Cordões de isolamento demarcaram, em frente ao cinema, um
corredor para os carros que traziam convidados especiais e praças das
Forças Armadas perfilavam-se nos dois lados da porta de entrada.
Havia-se anunciado a presença do Presidente da República, mas ele não
compareceu.
Anúncio de inauguração do cine Comodoro (Folha da Manhã, 15/08/1959)
Artigo do jornal Folha da Manhã, de 19/08/1959:
Com
duas sessões especiais, uma dedicada a critica falada e escrita de São
Paulo e Rio, outra, de gala, na noite de sexta-feira última,
inaugurou-se nesta capital, o Cinerama,
processo óptico e eletrônico a constituir-se em novo espetáculo
cinematográfico, surgido logo após a última guerra e há anos
funcionando, com grande êxito, nas principais cidades de muitos países
do mundo. Na capital paulista, construiu-se uma sala funcional,
destinada a comportar a complexa aparelhagem do Cinerama, os seus três
enormes projetores, dispostos em meio arco, a convergir, simultaneamente,
o tríplice feixe luminoso na ampla tela convexa e metálica do palco,
seus amplificadores e alto-falantes colocados por toda a sala, de forma a
proporcionar a audição de planos de som, em alta fidelidade, o chamado 'som estereofônico' ou 'som em relevo'. A sala do Cinerama, o cine Comodoro, está
instalada na Av. São João e possui todos os últimos aperfeiçoamentos do
processo e de seus sistemas de som, tudo disposto em arquitetura sóbria
e decoração simplíssima. Embora não muito grande, a sala do Comodoro é confortável, de ambiente agradável.
A
sessão inaugural iniciou-se com a apresentação de uma síntese da
história do cinema, contada pela imagem comum, em branco e preto, e pela
voz de Lowell Thomas, antigo colaborador de Fred Waller, o
inventor do Cinerama, falecido há pouco tempo. Essa apresentação, por
sinal, foi o lado lamentável do espetáculo, eis que nessa falsa 'história do cinema' se menciona o nome e a ação de todos os inventores
norte-americanos e ingleses que colaboraram na descoberta e no
aperfeiçoamento do cinema, sendo, entretanto, esquecida a contribuição
francesa, com a omissão dos nomes e dos inventos de seus pesquisadores, Joseph Plateau, o 'fuzil fotográfico' de Marey, antecedendo o seu aparelho 'cronofotográfico', Georges Demeny, o 'teatro óptico' de Reynaud, até chegar-se ao 'cinématographe' dos irmãos Lumière, os
verdadeiros inventores da câmara cinematográfica, com a sua estrutura
mecânica e física até hoje a funcionar na criação do espetáculo
cinematográfico. Isso tudo foi esquecido nessa 'história do cinema' parcial, que torna antipática e suspeita a apresentação do Cinerama, o
que é pena, realmente, pois as conquistas do espírito humano, depois de
postas ao alcance do domínio público, não pertencem a ninguém, nem
conhecem fronteiras, são apenas peças do patrimônio de toda a
humanidade.
Quanto
ao espetáculo proporcionado pelo Cinerama, não há dúvida, é uma curiosa
e fascinante apresentação audiovisual, mas a prescindir da linguagem e
da estética do cinema. Não proporciona ainda, a técnica do Cinerama, uma
visão plenamente realizada dos aspectos do mundo, dadas certas
imperfeições na junção das imagens e no sincronismo dos três projetores,
coisa, aliás, a não se constituir em defeito intolerável e que,
possivelmente, possa a vir desaparecer com aperfeiçoamentos futuros.
Algumas sequencias de Isto é Cinerama, contudo, se apresentam revestidas de inegável beleza e, por vezes, de impressionante realismo. Assim é na sequência da montanha russa, na do passeio em gôndola pelos canais de Veneza, ou em barco nos lagos da Flórida, isto é, quando há movimento intenso na estrutura da imagem. Já nas cenas estáticas - a opera no 'Scala' de Milão, o coro dos 'Meninos Cantores de Viena', ou numa catedral norte-americana - a impressão do relevo é menos real e
a junção defeituosa das três imagens se salienta um pouco mais. De
qualquer forma, aí está um espetáculo curioso, que só a audácia de um
homem de muita visão, o Sr. Paulo Sá Pinto, traria para São Paulo, no lastro de outras realizações suas, como as das salas de alto luxo, por exemplo, Rivoli e Olido, recentemente inauguradas. - B. J. Duarte
A Empresa Cinematográfica Comodoro, trouxe o sistema *Cinerama
para o Brasil e, através de um contrato, teve dois anos de
exclusividade para exibi-lo. O cinema foi construído especialmente para
receber o Cinerama e de baixo de sua marquise havia o letreiro 'sistema
que revolucionou o mundo das diversões'.
As três cabines de projeção do sistema Cinerama original
Interior do cinema na época de sua inauguração
O fundador: Paulo Sá Pinto (1912-1991)
Paulo Barreto de Sá Pinto foi um dos maiores empresários da história da exibição cinematográfica no Brasil.
Paulo Sá Pinto (Folha da Manhã - 11/07/62)
Mineiro
da cidade de Santos Dumont, Paulo Sá Pinto veio ainda criança para o
Rio de Janeiro e seu primeiro emprego foi como conferente de alfândega,
no Cais do Porto. Depois se transferiu para Porto Alegre, onde teria
trabalhado em publicidade e começado a se interessar pela área de
exibição. Seria, entretanto, em São Paulo, que fundaria a Empresa
Cinematográfica Paulista, cujo os primeiros cinemas construídos foram o
Ritz (1943) e o
Marabá
(1945). No final dos anos 40, expandiu o seu 'circuito de cinemas' para
Porto Alegre e Curitiba, fundando a Empresa Cinematográfica Sul.
Foi ele, o primeiro a exibir *Cinemascope no Brasil, lançando O Manto Sagrado no cine República
(onde instalou uma tela gigantesca), em 22 de fevereiro de 1954, quando
comemorava seus 42 anos e São Paulo sediava um Festival Internacional
de Cinema, dentro das comemorações de seu 4º centenário. Foi, também, no cine República que Paulo Sá Pinto instalou a maior tela da América Latina, em 1955.
Ele
sempre foi inovador. Ao ver em Nova York um filme em Cinerama, This Is
Cinerama (1952), decidiu instalar o sistema em uma de suas salas, o Comodoro,
fazendo de São Paulo, a única cidade brasileira que realmente assistiu
ao Cinerama legítimo, com três projetores trabalhando simultaneamente.
Quando inaugurou o cine Olido,
em dezembro de 1959, em São Paulo, com Tarde Demais para Esquecer,
levou uma orquestra sinfônica para apresentar o clássico tema 'An Affair
To Remember'.
Pouco tempo
antes de falecer, Paulo Sá Pinto, já gravemente doente, ainda comandava
suas empresas, que administravam uma rede de mais 60 cinemas espalhados
em sete capitais (só em São Paulo, 40 salas), tendo como sócios, os
irmãos Magalhães Rodrigues e Francisco José Lucas Neto. Além disso, era
sócio de vários outros empreendimentos e da distribuidora Art filmes.
Despachava em seu gabinete na Avenida São João, com sua fiel secretária,
dona Lourdes Peixoto, que o acompanhou por mais de 30 anos.
Paulo
Sá Pinto faleceu em 24 de janeiro de 1991, no Hospital Sírio Libanês,
em São Paulo, vítima de insuficiência respiratória, ocasionada por
problemas no pulmão.
Exibições especiais
A 1ª Exibição
Isto é Cinerama (This Is
Cinerama, EUA, 1952) foi o primeiro filme exibido e lotou os 1400
lugares do cinema (incluindo platéia e balcão).
O professor João Luiz Vieira
descreve esta exibição em seu texto 'Não dá para esquecer o impacto que
era entrar no cinema':
“Os espectadores iam enchendo a
sala aos poucos e, em seguida, as luzes começavam a diminuir enquanto
que as cortinas se abriam o suficiente para mostrar uma imagem quadrada,
correspondente ao tamanho dos 35 mm. normal. Na tela, em preto e
branco, aparecia um documentário, apresentado por Lowell Thomas,
produtor do espetáculo, que fazia um breve histórico cronológico e
evolutivo das imagens em movimento, indo até a pré-história e o homem da
caverna até, claro, o Cinerama, a 'maior conquista do homem', etc. Mostrava
as câmeras, descrevia o processo de filmagem até que finalmente
anunciava a novidade aos espectadores: ‘...e agora, senhoras e
senhores... vamos ao Cinerama!’ conclamando a platéia e inscrevendo-a
diretamente dentro do espetáculo. Aí, já colorida, surgia a imagem do
trenzinho subindo uma célebre montanha russa de Coney Island, no
Brooklyn, imagem que se formava aos poucos, diante de nossos olhos
maravilhados, exatamente sincronizada com as cortinas que, então, se
abriam completamente”.
Pôster americano do filme Isto é Cinerama
“Quando
o trenzinho chegava à parte mais alta da estrutura da montanha russa, a
imagem estava completa e a tela curva completamente aberta com os três
projetores em ação. Começava a queda vertiginosa do trenzinho ao mesmo
tempo em que, por toda a sala, o som estereofônico se abria, num
envolvimento com o espetáculo absolutamente inédito até então. Era uma
sensação física, os espectadores se agarravam nos braços das poltronas.
Você, digamos, estava 'dentro do espetáculo' e dele fazia parte, como a
publicidade não cansava de enfatizar”.
“Dá para imaginar o
impacto provocado por toda essa tecnologia, principalmente aos olhos de
um garoto de dez anos de idade, quando tudo sempre parece ainda maior? Todas as sessões tinham prólogo, intervalo e, no final, com as cortinas
já fechadas, ainda apresentavam uma 'música de saída' que acompanhava os
espectadores no esvaziamento da sala. Era um ritual de verdade,
incluindo os espectadores, em geral, bem arrumados”.
Outras exibições especiais
Infelizmente, o filme
A Conquista do Oeste (How the West Was Won - 1962), único filme de longa-metragem rodado no sistema Cinerama original, não foi exibido no
Comodoro. Estreou, no cine
Metro,
em 08/07/1965 (informação, gentilmente, cedida pelo colaborador João
Carlos Reis Pinto), enquanto que no
Comodoro era reprisado, novamente,
Cinerama em Busca do Paraíso.
João Luiz Vieira, também, descreve em seu texto, outras exibições especiais no Comodoro:
"Foram exibidos e muito reprisados, entre 1959 e 1965, os filmes produzidos no processo Cinerama original":
Cinerama Holiday (1955) - Estreia em 25/11/1960
As Sete Maravilhas do Mundo (Seven Wonders of the World, 1956) - Estreia em 09/03/1960
Cinerama em Busca do Paraíso (Search For Paradise, 1957) - Estreia em 18/05/1961
Aventuras nos Mares do Sul (South Seas Adventure, 1958) - Estreia em 31/10/1961
Velas ao Vento (Windjammer, 1958) - Estreia em 23/03/1963
"Pelos
títulos, dá bem para imaginar o que eram esse filmes de viagens.
Depois, o formato se esgotou, não tinham mais filmes e, em 1966, o
cinema foi reformado para exibir, em sua mesma tela gigantesca e curva,
películas em 70 mm. (no princípio ainda mantendo o nome de
Super-Cinerama), sem emendas, com um único projetor. Foi reinaugurado,
em 20/08/1966, com o filme Uma Batalha no Inferno (Battle of the
Bulge, 1965). Continuei assistindo ali a filmes exibidos ainda com
exclusividade, em Super Cinerama, como Khartoum - A Batalha do Nilo (Khartoum, 1966), Nas Trilhas da Aventura (The Hallelujah Trail,
1965), Krakatoa - o Inferno de Java (Krakatoa East of Java, 1969),
além de versões ampliadas, de 35 mm. para 70 mm., como Os Dez
Mandamentos (The Ten Commandments, 1956), por exemplo, entre muitos
outros".
Frente do cine Comodoro na estréia do filme Terremoto
Em
1974, houve uma exibição que causou muita repercussão. O filme
Terremoto (Earthquake) foi exibido com um sistema de som diferente,
chamado 'Sensurround'. Tratava-se de um esquema especial de
alto-falantes de baixa freqüência que era emprestado pelo distribuidor
do filme. O sistema, que pode ser considerado o 'avô do sub-woofer', era
tão poderoso, que provocou tremores no prédio onde se localizava o
cinema e gerou reclamações dos moradores. O sistema só era usado nas
cenas em que o terremoto estava acontecendo.
Terremoto foi exibido
exclusivamente no
Comodoro e ficou em cartaz por quase 10 meses.
Em 1992, o fã-clube Frota Estelar
Brasil, em parceria com a Paramount Pictures do Brasil, 'fechou' o
Comodoro para a pré-estréia do filme Jornada nas Estrelas VI – A Terra
Desconhecida. Lá estiveram cerca de mil fãs devidamente uniformizados e
fantasiados.
A projeção e a tela
O Comodoro
foi construído com o que havia de melhor nos quesitos projeção e tela. A
tela media 20 metros de comprimento por 7 de altura, com 146 graus de
curvatura, em função do processo de projeções simultâneas do sistema
Cinerama. Formada por um conjunto de inúmeras tiras de náilon, a tela
ficava atrás de uma enorme cortina vermelha.
O cineasta
Kleber Mendonça Filho descreve a impressão que se tinha ao ver o formato e o
tamanho da tela, em seu texto 'Comodoro visitado antes do incêndio':
"...
impossível não babar ao olhar para a cortina vermelha em camadas,
fechada. A tela era mesmo tão curva, teria que olhar para trás, por cima
dos ombros, para ver as pontas da tela, esquerda e direita. Você
sentia-se cercado pela tela de cinema".
A tela do Comodoro e sua enorme cortina (Livro "Salas de Cinema de São Paulo")
Para a exibição dos filmes em Cinerama, o
Comodoro
era equipado com três projetores americanos de 35 mm. da marca Century
(com lanternas Ashcraft Suprex) e mais um projetor de 35 mm. da marca
Simplex (modelo E7) só para exibição de jornais e documentários
nacionais (naquela época havia uma lei que obrigava os proprietários de
cinema a exibi-los).
Ilustração de uma sala de projeção Cinerama
Os
três projetores Century (cada um projetava em 1/3 da tela, para dar o
efeito do Cinerama), depois de alguns anos, foram substituídos por dois
fantásticos aparelhos da marca italiana Cinemecanica (modelo Vitória 10)
que eram junto com os da marca Philips, os melhores projetores
cinematográficos. Estes dois projetores exibiam em bitola de 70 mm.
ou 35 mm.
O som
O som do
Comodoro era
simplesmente o que de melhor existia no mercado cinematográfico de
exibição. Eram amplificadores Dolby Stereo (modelo CT 100).
Interior do Comodoro ainda em construção (Folha da Tarde, 28/07/59)
As
caixas-acústicas, visíveis na foto, davam a impressão que eram enormes,
mas na verdade eram alto-falantes (Altec 515) de 15 polegadas com 35
watts, somente. As sete caixas-acústicas, fixadas atrás da tela de
projeção, tinham as laterais feitas com enormes chapas lisas de
compensado, que aproveitavam a ressonância da caixa e com isso emitiam
som de baixa freqüência, pois naquela época não existiam equipamentos
para sub-woofer.
Em 25 de dezembro de 1985 é inaugurado o então mais moderno sistema de som Dolby Stereo do país, com o filme
De Volta Para o Futuro.
A primeira reforma
A reforma iniciou-se em 03/09/1979 e o cinema ficou fechado por cerca de 90 dias, sob supervisão do arquiteto Ricardo Gresbach, que mexeu com tudo.
"Só vai ficar as paredes", anunciou o supervisor da CIC (Cinema International Corporation), Mariano Souto, empresa que administrava o cinema. Disse que, a falta de ar condicionado, o péssimo estado do piso e o estado lamentável dos banheiros, determinaram as obras, que absorveram 10 milhões de cruzeiros.
Mariano Souto anunciou, também, que a reforma previa revestimentos internos em gesso, novas poltronas, seis banheiros reformados, troca dos equipamentos de som e novas cortinas.
A reabetura foi no dia do Natal de 1979, com a exibição do filme
O Sargento Pepper e Sua Banda (Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band).
De 70 mm. para 35 mm.
Em
1991, o
Comodoro já projetava filmes em 35 mm. (cópia normal) e, após
intervenção judicial, teve que modificar os escritos de 70 mm. da
fachada. A projeção ocupava somente metade de sua grande tela, mas o som
ainda continuava excelente. Uma das grandes produções exibidas neste
período foi o filme
Os Intocáveis, de Brian De Palma.
Mesmo assim, diante de tanto
declínio, o gerente do Comodoro parecia ser um apaixonado pelo cinema,
pois passou a fechar, novamente, as enormes cortinas que cobriam a tela e
somente abri-las no início da exibição. Por um longo período, este 'culto' havia-se esquecido.
O fim do Comodoro
O jornal Folha de S. Paulo publicou em 24 de março de 1997:
Centro de São Paulo se despede de mais uma sala de cinema.
O tradicional Comodoro encerrou suas atividades ontem.
O
cinema Comodoro, tradicional sala de projeção do centro da cidade,
acaba de ser fechado. Ontem foi seu último dia de atividades. “Recebi ordens para fechar a sala no domingo, mas não sei o que aconteceu”, disse Roberto Antunes, coordenador da distribuidora de filmes Cinema International Corporation (CIC), em São Paulo.
Fachada do cinema em seu último dia de exibições (Veja São Paulo - 02/04/1997)
O incêndio
O jornal Agora publicou em 26 de agosto de 2000:
Fogo destrói antigo cinema Comodoro
Por Andréa Martins
O
incêndio durou cerca de uma hora e pode ter sido causado por problemas
na rede elétrica do cinema, disse o coronel Marques, do Corpo de
Bombeiros do Cambuci.
Parte de trás do Comodoro (onde ficava a tela e platéia) em chamas
O
fogo começou por volta das 19h15 de ontem nos fundos do cinema da
avenida São João (região central), desativado desde março de 1997.
Ao
todo, 21 carros do Corpo de Bombeiros e 90 homens participaram da
operação. Segundo o coronel, toda a parte interna do cinema e o telhado
foram destruídos. Ninguém ficou ferido.
Moradores
dos blocos A e B do edifício Lucerna, que ficam em cima do cinema,
disseram que desde o início da semana havia movimentação de pessoas
fazendo limpeza no local. Segundo uma mulher, que não quis se
identificar, o cinema foi comprado há dois anos pelos proprietários do
Bingo Avenida São João, em frente ao cinema. Ela disse que o local foi
invadido várias vezes por mendigos.
Funcionários do bingo afirmaram que
não havia nenhum responsável pelo estabelecimento no local.
Outros moradores do edifício disseram ter ouvido barulho de explosão. “Ouvi vários estampidos e barulho de vidros se quebrando”, afirmou o advogado João Ferreira, 60 anos, morador do prédio há dois anos.
Cada bloco do edifício tem 58 apartamentos. Muitos ficaram alagados com a ação dos bombeiros. “Minha casa ficou inundada”, contou Jéssica Emanuele, de 20 anos, moradora do 13º andar.
* Cinemascope
- Lentes anamórficas são lentes que conseguem filmar uma cena
panorâmica sem ter de mudar o tamanho do quadro. Utilizando-se lentes
semelhantes no projetor, a imagem comprimida (estreitada para caber no
quadro) é ampliada até a proporção 2.35:1, formando uma cena cuja
largura é mais do que o dobro da altura. O coeficiente entre altura e
largura de um filme normal, seja 8 mm., 16 mm. ou 35 mm., é de 1.33:1. A
primeira utilização comercial dessas lentes se deu no início da década
de 60, quando os técnicos da Fox desenvolveram o processo widescreen,
empregando as lentes anamórficas inventadas, em 1927, por Henri
Chrétien. O processo foi batizado de Cinemascope.
Texto atualizado em 20/08/2018
ESTE TEXTO PODERÁ SER REPUBLICADO À MEDIDA QUE SURGIREM NOVAS INFORMAÇÕES SOBRE O CINE COMODORO.