Chegou ao Benfica com 9 anos e estreou-se na equipa principal aos 18, mas teve de mudar o rumo aos 22 devido ao sucedido no jogo do título frente ao FC Porto.
RECORD – No início de 2013 renovou contrato com o Benfica por cinco épocas, mas em agosto foi apresentado em Vila do Conde. Assinou com o Rio Ave até 2019?
RODERICK MIRANDA – Neste momento sou jogador do Rio Ave até 2019. Assinei por cinco anos e estou em Vila do Conde para ajudar ao máximo este clube a alcançar os seus objetivos.
Roderick disputou com Kelvin o lance cujo desfecho permitiu ao FC Porto passar para a frente do campeonato aos... 90’+2.
R – A decisão de sair do Benfica partiu do Roderick ou foi uma ideia do treinador Jorge Jesus ou do presidente Luís Filipe Vieira?
RM – A decisão de sair do Benfica partiu de mim, principalmente porque queria jogar com outra regularidade. Depois de uma reunião em que o assunto foi discutido falei com o presidente e com o meu empresário. Chegámos então a um consenso que a melhor solução seria esta.
R – Foram vários os clubes da Liga que manifestaram vontade de contar com os seus serviços. Qual foi a razão que o levou a escolher a equipa de Vila do Conde?
RM – O Rio Ave demonstrou interesse há três anos, mas só agora surgiu a possibilidade e senti que seria o momento certo para apostar neste clube. Como acreditavam em mim há muito tempo esta decisão é também um voto de confiança.
R – Consegue explicar o motivo pelo qual não conseguiu afirmar-se ao serviço do Benfica?
RM – Para um jovem poder afirmar-se em qualquer clube tem de haver uma aposta e, se depois há resultados, não se pode tirar o jogador no encontro a seguir porque isso nunca vai dar tempo para a afirmação. Faltou alguma regularidade na utilização, nomeadamente do treinador apostar em mim mais vezes seguidas. No entanto, o Benfica é um clube muito grande, está habituado a grandes desafios e contava com muitos internacionais para a minha posição. Tudo somado fazia com que fosse difícil ter oportunidades e eu compreendo isso. Provavelmente devia ter saído mais cedo para ter possibilidade de atuar com mais regularidade. Não aconteceu e agora estou aqui no Rio Ave.
Se tivesse ficado no Benfica os adeptos poderiam olhar-me de modo diferente
Roderick
R – Regressar ao Benfica é um objetivo?
RM – O único objetivo que alimento é o de mostrar o meu valor. Seja aqui, no Benfica ou noutro clube o que quero é retribuir e dar alguma coisa ao futebol. A carreira é curta e espero aproveitar os anos que me restam da melhor forma.
R – Na época passada só realizou dois jogos na Liga portuguesa pelo Benfica e esteve no jogo que permitiu ao FC Porto passar para a frente do campeonato. Se o lance que resultou no golo do Kelvin tivesse um desfecho diferente a sua carreira teria tido outro rumo?
RM – Não sei, não consigo fazer essa leitura, mas também não adianta entrar por aí. Foi um lance fortuito e não há muito mais para falar sobre o assunto. Agora resta-me esquecer isso e, daqui para a frente, tentar realizar um caminho recheado de coisas boas.
R – Sentiu-se responsável pelas consequências do desfecho desse lance ou alguém o fez sentir responsável pelo que aconteceu no Estádio do Dragão?
RM – Não quero falar sobre o lance, mas senti que fui responsabilizado por muitas pessoas e por muita comunicação social. Sei que a crítica faz parte do meio e que um jogador profissional tem de estar preparado para lidar com essa questão, mas é óbvio que fiquei um bocado abalado porque fui um alvo. Também é por isso que entendo que a decisão de sair foi um passo positivo para a minha carreira. Caso contrário, se tivesse ficado no Benfica os adeptos poderiam olhar-me de modo diferente...
R – Qual foi o melhor avançado que defrontou?
RM – Radamel Falcão. É muito bom. Um perigo constante dentro da área porque é muito inteligente a ler os espaços.
R – Só tem 22 anos mas já jogou em Espanha e Suíça. Sente-se seduzido por alguma competição?
RM – Desde a infância sempre tive a curiosidade de jogar na Liga inglesa. Na época passada estive no Deportivo e quem gosta de futebol gosta de ver bom futebol. Na Espanha isso acontece porque todos jogam para vencer.
R – Este será a época da sua afirmação na Liga?
RM – Só o tempo o dirá, mas o meu principal objetivo é ser útil. Qualquer jogador ambiciona jogar com regularidade e também foi por isso que tomei a opção de vir para Vila do Conde. Tenho de merecer a confiança do treinador, até porque sou apologista de que o passado não conta para nada e todos têm de conquistar o presente e o futuro. Se não demonstrar o meu potencial ninguém vai acreditar em mim.
R – Sente-se mais confortável a central ou a médio?
RM – Nas escolinhas fui ponta-de-lança e com o tempo fui recuando. Só nos juvenis é que cheguei a central, onde realizei a maior parte do meu percurso. Nenhuma das posições me é estranha e estou disponível para desempenhar as duas funções, mas reconheço que o sítio onde me sinto mais confortável é no eixo da defesa.
R – Foi titular pela primeira vez na última jornada. Contava estar a jogar com mais regularidade no final da 7.ª ronda do campeonato?
RM – Cheguei ao Rio Ave tarde, quase no início do campeonato. A equipa estava mais ou menos formatada e os resultados estavam a ser favoráveis, por isso encarei com naturalidade o cenário e tive de esperar pela minha oportunidade.
R – O Rio Ave na época passada foi uma das equipas sensação. Este grupo pode alcançar um desempenho semelhante?
RM – O objetivo é garantir a permanência o mais rápido possível. Quando conseguirmos essa meta poderemos abordar outras fasquias, mas é prematuro falar sobre isso porque a prioridade é garantir a continuidade na 1.ª Liga.
R – Por que razão o Rio Ave tem mais pontos fora do que em casa?
RM – Perdemos alguns pontos em casa por falta de eficácia, porque quando temos ocasiões fora de casa fazemos golos. Não creio que seja devido a ansiedade porque a abordagem nos dois contextos é idêntica. Resta-nos ser mais mortíferos, porque cada vez é mais complicado criar ocasiões e quando elas aparecem não podemos perdoar.