sábado, 6 de abril de 2013
As lixeiras consentidas em Benfica (1)
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Mercado URB
Segundo o seu próprio conceito, "no âmbito das culturas alternativas, o MERCADO URB pretende por um lado, divulgar tendências, ideias e talentos de várias áreas das Artes Urbanas, desde a Moda ao Design, da Música à Dança, e por outro lado, proporcionar aos artistas seleccionados, não apenas a divulgação e comercialização das suas criações, mas também um ambiente de proximidade com outros criadores, onde as sinergias conjuntas multiplicam oportunidades".
O MERCADO URB é um evento que se irá expressar através de variadas linguagens artísticas como Artesanato, Pintura, Café-cinema, Fotografia, Moda, Makeup, Body painting, Eco-design, Animação, Multimédia, entre outros, já no próximo fim-de-semana (22 e 23 de Maio), na Av. Gomes Pereira nº 11 - Armazém 10/11 (antiga Fábrica Simões).
A descobrir!...
quarta-feira, 3 de março de 2010
Anacronismo
Não é assim tão fácil modificar
as relações que se estabelecem entre os homens e as pedras".
Maurice Halbwachs, "La Mémoire Collective" (1950)
Como que para nos mostrar que, mais uma vez, quando o Homem quer, o lucro fácil e a extrapolação imobiliária imperam sobre outros valores (mais humanistas e sociais).
A fachada vai ser mantida... mas haveria mesmo necessidade de mais 300 habitações em Benfica, quando temos tanta necessidade de outros equipamentos infantis e culturais?
Com esta usurpação anacrónica, perdem-se todas as memórias da Fábrica Simões, essa que foi uma das maiores indústrias da nossa freguesia e o ganha-pão de tantos que nela trabalharam.
Talvez um dia, num futuro não muito longínquo, por detrás das pedras da sua fachada, apenas os mais antigos, sentados em bancos de jardim, se consigam ainda lembrar do significado que aquele edifício teve um dia para toda uma freguesia.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Classe de Ginástica Feminina da Fábrica Simões
O Jorge Resende foi a segunda pessoa que entrevistei (por escrito) para a rubrica "Gente de Benfica" neste blog.
A sua história de vida merece, sem dúvida alguma, ser lida na íntegra, pela excelente caracterização de um determinado tempo e das classes sociais que habitavam Benfica.
Desta vez, movido pelas recordações de uma foto onde figuram duas das suas tias, o Jorge Resende partilha connosco um importante texto sobre a condição feminina na freguesia de Benfica e em Portugal, noutros tempos.
Um importante testemunho a ser lido com muita atenção.
"Esta foto que lhe envio é de 1939 ou 1940. Foi tirada não sei por quem no enorme pátio interior da Fábrica Simões, com uma gerência composta por homens de excepção empresarial para aquela época, reconheci sempre, e nela figuram duas estimadas tias minhas, Maria de Lourdes Gomes Marques e Eufrazia da Conceição Gomes, a primeira falecida no Canadá em 2004 e a segunda habitando um Lar em Sintra.
Na foto há uma curiosidade: há uma menina com um pedaço do DN e lê-se 'A França e o REICH'. Foi no principio da tragédia. Aumentando muito a foto lê-se bem.
Comovo-me sempre que olho para esta foto, pois vejo tantas crianças e tantas jovens como operárias daquela que foi a grande empregadora da zona de Benfica e arredores...
Quantos sonhos não alcançados? Que vidas, que caminhos?
A Fábrica Simões hoje em ruínas, pagava atempadamente os salários baixos da época, e, não seria honesto se omitisse, proporcionava aos seus operários actividades desportivas, cuidados de saúde, pois tinha um posto de enfermagem ao cuidado dum enfermeiro, Sr. Gabriel, aulas para iniciarem ou prosseguirem a escolaridade obrigatória (4º ano), nos anos 50 do século passado tinham em funcionamento uma creche, havia uma classe de ginástica feminina e masculina e um grupo excursionista.
Imagem gentilmente cedida por Jorge Resende
Talvez nenhuma das crianças e jovens que a foto mostra, tenha chegado aos bancos de qualquer uma universidade (apenas chegaram àquela que a vida proporciona), e talvez nenhuma tivesse posto os pés em algum liceu do país.
Era assim naqueles tempos sombrios do Estado Novo. As mais desfavorecidas pela sorte, as filhas de um deus menor (se é que existem deuses...) tinham de se fazer depressa mulheres e fazer-se à vida, carregar com os filhos quantas vezes em berços, sobre a cabeça, e cumprir os horários nas fábricas em redor.
Mas também as menos atingidas pelas segregações não tinham os horizontes muito expandidos, pois havia que aprender lavores femininos, ajeitar os dedos pelas teclas de pianos com professores pagos à hora para lhes ministrarem conhecimentos de francês, geografia, português e matemática, noções de cozinha e corte-costura pois em breve iriam ter a enorme responsabilidade e não peso menor de serem mães, esposas devotadas sem direitos políticos, (não votavam), sem hipóteses de serem parte activa como Chefes de Família (papel destinado aos homens), tudo com a bênção divina dos diversos poderes dirigentes e religiosos deste país.
A maioria das Revoluções nascem, para se virarem contra tiranias, e na História Contemporânea deste País, tal aconteceu por vezes. Sempre se dividiram as opiniões sobre os benefícios que restaram depois das poeiras causadas por esses abanões na sociedade assentarem.
Da 1ª República, o forte impulso da rede de escolas públicas fazia crer que o acesso ao ensino seria uma verdade. Com a revolução de Maio e com o advento do Estado Novo muita coisa regrediu.
Mas para a mulher portuguesa, quer queiramos quer não, quer gostemos ou não da Revolução de Abril de 1974, as portas abriram-se e puderam sim fazer sonhar e cumprir sonhos.
Abriram-se as portas da Magistratura, das Forças Armadas e de Segurança, das Cátedras do Ensino Superior, da Investigação dos ofícios que se dizia serem apenas para homens.
No Estado Novo, as telefonistas, enfermeiras, assistentes de bordo (hospedeiras) e mulheres com outras profissões não podiam casar, e se o desejassem fazer teriam que abandonar as suas profissões.
Abril terminou com essa tirania, e, no caso das assistentes de bordo, regressaram de novo à Tap muitas que tiveram que se despedir porque ousaram decidir casar e terem a nobreza de serem mães.
As mulheres passaram a ocupar lugares de chefia, passaram a trabalhar ombro a ombro com homens nas suas mais diversas profissões, tais como condutoras de táxi, de transportes públicos, enfim, foi reposta a dignidade ou pelos menos alguma, no campo dos horizontes profissionais e sociais.
Encho-me de orgulho sempre que dou por mim a pensar nestas profundas mudanças. E tenho a certeza que mesmo aqueles que são contra os ventos que Abril trouxe, ficam felizes quando olham para uma filha ou neta ou parente e a sabem Investigadora, Juíza, Oficial ou Sargento das Forças Armadas, Oficial de Polícia ou simples agente das Forças de Segurança... Lá no seu íntimo felizes ficam, só que têm receio de mostrar a alegria contida!
E tudo isto por causa de fotografias de Benfica e do seu blog, Alexandra, mais uma vez....
Desejo ardentemente que qualquer homem ou mulher do meu país não seja mais impedido de realizar os seus sonhos ou até de sonhar.
Que quem discorde, não seja mais enviado para campos de S. Nicolau, do Tarrafal, também para os exílios, para Angola ou Moçambique como sucedeu no passado, que não sejam mais impedidos de ser cientistas, artistas, professores, padres ou bispos, enfim, que jamais alguém perca o seu ganha-pão só por terem tido a ousadia de discordarem, sendo para bem longe enviados e mandados encerrar.
Que a foto de grupo que anexo seja sempre um grito de alerta, Gedeão disse "O sonho comanda a vida", e aquelas crianças e jovens foram impedidas de sonhar. Certamente!
A criança que está ao cimo da foto de grupo em quarto lugar, transformou-se numa linda mulher, minha tia Lourdes, foi um ser maravilhoso, daqueles seres que quando partem jamais deles nos iremos esquecer.
"Lourdes" (1948)
Fotografia gentilmente cedida por Jorge Resende
Desculpe o tempo que lhe roubo com estes escritos nem sempre alegres, mas as memórias não se devem apagar. Nunca.
Cumprimentos,
Jorge Resende"
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Se as pedras se deixam transportar...
"Si, entre les maisons, les rues, et les groupes de leurs habitants,
il n'y avait qu'une relation toute accidentelle et de courte durée,
les hommes pourraient détruire leurs maisons, leur quartier, leur ville,
en reconstruire, sur le même emplacement, une autre suivant un plan différent;
mais si les pierres se laissent transporter,
il n'est pas aussi faccile de modifier les rapports
qui se sont établis entre les pierres et les hommes."
Maurice Halbwachs, "La Mémoire Collective" (1950)
"Antiga Fábrica Simões vai dar lugar a 300 habitações
por LUSA
10 Agosto 2009
Mais de 300 habitações deverão nascer na área ocupada pelos edifícios da antiga Fábrica Simões, em Benfica, Lisboa, um espaço degradado que há quase 30 anos aguarda intervenção.
Depois de anos de sucessivas alterações no projecto, e 14 anos após o incêndio que destruiu parte do edifício principal da unidade fabril, a TDF - Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliários (dono da obra) e a Câmara de Lisboa chegaram a acordo sobre a Villa Simões, loteamento a construir entre a Avenida Gomes Pereira e a Estrada de Benfica.
A manutenção da fachada do edifício principal da fábrica, dos anos 20, ficou garantida, assim como a reserva de um corredor para permitir construir um túnel rodoviário a partir da Rua Morais Sarmento, passando por baixo dos edifícios da junta de freguesia e terminando perto do Centro Comercial Fonte Nova.
Segundo o processo, ainda em consulta pública, esta foi uma das condições impostas pela Divisão de Mobilidade e Rede Viária da autarquia para viabilizar o projecto, pois considerou que "a conclusão da CRIL, com os nós das Portas de Benfica e Damaia, poderá representar uma sobrecarga excessiva na Estrada de Benfica".
A Villa Simões prevê a construção de edifícios com um máximo de oito pisos, com comércio ao nível térreo e uma grande praça de uso público."
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Um novo olhar sobre a Fábrica Simões
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Uma Fábrica modelar em Benfica
Em 1928, na 1ª edição da revista da Associação Industrial Portuguesa, era nos dada a conhecer a Fábrica Simões e Cª. Limitada, através de uma visita guiada pelo industrial José Simões, "homem franco, afável e acessível".
[Clicar nas imagens para ampliar e ler o artigo]
Nos dias que correm, a grandiosidade da Fábrica Simões e a importância que desempenhou na freguesia de Benfica parecem ter sido esquecidas por alguns, em compensação pelo lucro que a rentabilização dos seus terrenos para construção de um condomínio habitacional trará.
Para que a esperança de se ver o antigo edifício da Fábrica Simões utilizado para fins comunitários (no fundo, como este artigo espelha bem ter sido a essência do seu próprio funcionamento) não seja a última a morrer, assina esta petição em formato papel e divulga este assunto junto dos teus contactos.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Salvem a Fábrica Simões!
"A Fábrica Simões é um dos últimos e importantes edifícios industriais na cidade de Lisboa e uma peça de referência do património edificado que existe em Benfica.
Era uma fábrica têxtil, foi fundada em 1907, e ali chegaram a trabalhar mais de mil pessoas." *
Para alojar algumas dos seus funcionários, a Fábrica de Malhas Simões possuía um bairro operário, sobre o qual já aqui falámos.
"Mas há já mais de 20 anos que a zona se encontra abandonada e degradada. É um espaço enorme que podia ser usado em benefício da população de Benfica e não só." *
Para que esta antiga fábrica seja requalificada garantindo no seu imenso espaço a criação de equipamentos colectivos e sociais para usufruto da população (e evitando-se assim a construção desenfreada), dê o seu contributo e assine esta petição.
Divulgue esta petição junto dos seus contactos, pff.
Muito obrigada!
Informações interessantes sobre o passado da Fábrica Simões a ler aqui.
* In Texto da Petição
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Que destino para a Fábrica Simões?
11/05/08
Para não acontecer o mesmo do que com a CRIL, é preciso que TODOS participem... para, mais tarde, não reclamarem por nada terem feito!
O Bloco de Esquerda promove um debate sobre o futuro do espaço da antiga Fábrica Simões, em Benfica.
O Bloco desde sempre se pronunciou contra a urbanização e especulação imobiliária naquele espaço e na próxima segunda feira, 12 Maio, às 21h, promove uma sessão Pública com José Sá Fernandes, Heitor de Sousa e Miguel Reis nas instalações da Junta de Freguesia de Benfica.
Ver aqui o cartaz.
Ficam, desde já, prometidas fotografias da antiga Fábrica Simões, para um dia em que não esteja a chover.
A Roupa dos Outros
25/02/08