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Tunicados

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Tunicate
Intervalo temporal:
Cambriano Idade 3Presente,
518–0 Ma[1]
(Possível registro do Ediacarano, 557 Ma[2][3])
Ascídia boca de ouro (Polycarpa aurata)
Classificação científica e
Predefinição taxonomia em falta (fix): Tunicata
Class[4][7]
Sinónimos

Urochordata Lankester, 1877

Os urocordados (Urochordata) ou tunicados (Tunicata) são animais pertencentes ao subfilo Tunicata, enquadrado dentro do filo dos cordados (Chordata), fazendo parte dos vertebrados, estes a sua vez situados no superfilo dos deuterostomos. Compreendem umas 3090 espécies, todas marinhas, e com diferentes tipos de mobilidade: bentônicas, planctônicas, solitárias ou coloniais.[8]

Características

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anatomia de um tunicado adulto

Recebem o nome de tunicados porque a parede do corpo segrega uma túnica constituída por uma substância celulósica chamada tunicina; as larvas apresentam notocorda na região caudal. O corpo está dividido em tórax e abdómen (às vezes prolongado num pos-abdómen); no tórax localiza-se a faringe que funciona como elemento para captura de alimento e respiração (esta última também ocorre nas paredes da cavidade atrial que recobre dita faringe). O sistema digestivo nasce numa boca que comunica com a faringe perfurada por um número variável de fendas branquiais; na região anatomicamente ventral do animal encontra-se o endóstilo, constituído por um sulco provido de células ciliadas e mucosas que segregam uma substância mucilaginosa. Os nutrientes aglutinados pelo mucílago são conduzidos pelo movimento de uns flagelos durante todo o trajeto pelo aparelho digestivo.

O sistema nervoso dos tunicados está muito reduzido, e isto reflete um ciclo de vida relativamente inativo.[9] Possuem um pequeno gânglio cerebroide acima da extremidade anterior da faringe e do qual derivam alguns nervos que se dirigem para os músculos do resto do corpo. No estado larval, os tunicados apresentam um cordão nervoso dorsal bem desenvolvido, o qual se perde quando chegam a seu estado adulto, e em general os receptores sensoriais estão pouco desenvolvidos neste grupo de animais.

Seu sistema circulatório está pouco desenvolvido, o qual está conformado por um coração tubular que realiza seus batimentos de forma peristáltica, e do qual saem dois vasos sanguíneos: um para a parte anterior e outro para a posterior. Estes copos desembocam em espaços ao redor dos órgãos internos para irriga-los (estes também irrigam a túnica).[9] O intercâmbio gasoso produz-se por difusão simples nas paredes do corpo, em especial nas mucosas da faringe e do átrio.[9] Ainda que a fisiologia respiratória destes animais está pouco estudada.

Relativo ao suporte e locomoção destes animais, possuem uma túnica conformada por uma secreção do epitélio externo que pode variar em espessura e consistência.[9] Esta túnica pode considerar-se o exoesqueleto do animal, que possui alguns tipos celulares (amebócitos e células sanguíneas) e inclusive pode chegar a possuir vasos sanguíneos.[9] Abaixo do epitélio externo destes animais encontram-se uns feixes musculares orientados em sentido longitudinal, que têm a função de retrair os sifões. Também possuem esfíncteres para o fechamento destas estruturas. Ademais, possuem uma cavidade chamada átrio ou cavidade perifaríngea, à qual desemboca o água que atravessou as fendas branquiais. Esta água depois sai pelo sifão exalante.

anatomia de um tunicado em fase larval (note a notocorda)

Os tunicados são hermafroditas. A fecundação é habitualmente externa. Os gametas expulsam-se pelo sifão exalante. Ao completar-se a fecundação forma-se um zigoto que se converte numa larva parecida a um girino.

As larvas, que são nadadoras, estão dotadas de cauda com notocorda, daí o nome de urocordados (uro = cauda). Estas larvas nadadoras são de vida pelágica até que adotam um fototropismo negativo que as fazem descer ao fundo. Então, após uma metamorfose, a cauda desaparece por reabsorção, perdem a notocorda e sofrem um inversão de 180º que faz se abrir o sifão, se reorganizar a posição das gônadas e adotar a vida adulta de forma bentônica no fundo do mar. Algumas espécies são vivíparas (os embriões desenvolvem-se numa câmara interna), este fenômeno dá-se em ascidias compostas. Além destas adaptações observou-se que estes organismos podem variar em grande parte seu ciclo de vida, um exemplo deste fenómeno seria a espécie Protostyela longicauda, na qual se produz uma larva que não possui a capacidade de nadar, ainda que se pode chegar inclusive a espécies que têm um desenvolvimento direto (isto é, que não passam por estado de larva).[9]

Nestes organismos podem-se encontrar também formas de reprodução assexual, principalmente em taliáceos e ascidias coloniais nos quais se geram gemas que podem variar muito em composição, sendo as mais simples porções das paredes do animal, e as mais complexas gemas que contêm partes de epiderme, gónadas, tubo digestivo, etc. Estas gemas são uma adaptação para cobrir o substrato próximo e assim colonizá-lo.

Há 4 classes incluídas nos tunicados, estas são:

  • As ascidias (Ascidiacea) ou seringas do mar, são formas bentônicas (isto é, que crescem sobre o fundo) solitárias ou coloniais, com uma cutícula feita de polisacarídeos (um fato excepcional entre os animais), e não possuem cordão nervoso dorsal em estado adulto. Expulsam água pelo sifão quando lhes irrita. Surpree a concentração de vanadio e niobio em seu sangue.
  • As salpas (Thaliacea) ou tunicados pelágicos são planctónicas (vivem em suspensão), solitárias ou coloniais, neste último caso com muitos indivíduos crescendo alinhados sobre um eixo comum, têm sifões inalantes e exalantes situados em extremos opostos, os quais são usados como meio de locomoção.
  • As apendicularias (Appendicularia) são formas pelágicas (de águas livres) solitárias, nadadoras, que conservam na idade adulta a simetria e polaridade típicas dos cordados (Chordata), seu corpo está encerrado numa camada gelatinosa.
  • A classe Aspiraculata (Sorberacea) são organismos muito similares às ascidias, sendo estes bentônicas, vivem a grandes profundidades, possuem um cordão nervoso dorsal em estado adulto e são carnívoros.
Piure, um tunicado usado em pratos típicos no Chile

Usos culinarios

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Alguns tipos de tunicados são consumidos como alimento; exemplo disso é o piure (Pyura chilensis), da costa do Chile; o Microcosmus sabatieri do mar Mediterraneo; o Halocynthia roretzi da costa da Coreia e Japão, ou o Styela finca da Coreia.

Classificação

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Taxononomía:[10]

  1. Yang, Chuan; Li, Xian-Hua; Zhu, Maoyan; Condon, Daniel J.; Chen, Junyuan (2018). «Geochronological constraint on the Cambrian Chengjiang biota, South China» (PDF). Journal of the Geological Society (em inglês). 175 (4): 659–666. Bibcode:2018JGSoc.175..659Y. ISSN 0016-7649. doi:10.1144/jgs2017-103 
  2. Fedonkin, M. A.; Vickers-Rich, P.; Swalla, B. J.; Trusler, P.; Hall, M. (2012). «A new metazoan from the Vendian of the White Sea, Russia, with possible affinities to the ascidians». Paleontological Journal. 46 (1): 1–11. Bibcode:2012PalJ...46....1F. doi:10.1134/S0031030112010042 
  3. Martyshyn, Andrej; Uchman, Alfred (1 de dezembro de 2021). «New Ediacaran fossils from the Ukraine, some with a putative tunicate relationship». PalZ (em inglês). 95 (4): 623–639. Bibcode:2021PalZ...95..623M. ISSN 1867-6812. doi:10.1007/s12542-021-00596-1Acessível livremente 
  4. a b Sanamyan, Karen (2013). «Tunicata». World Register of Marine Species 
  5. Nielsen, C. (2012). «The authorship of higher chordate taxa». Zoologica Scripta. 41 (4): 435–436. doi:10.1111/j.1463-6409.2012.00536.x 
  6. Giribet, Gonzalo (27 de abril de 2018). «Phylogenomics resolves the evolutionary chronicle of our squirting closest relatives». BMC Biology. 16 (1). 49 páginas. ISSN 1741-7007. PMC 5924484Acessível livremente. PMID 29703197. doi:10.1186/s12915-018-0517-4Acessível livremente 
  7. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Tatian
  8. «WoRMS - World Register of Marine Species». www.marinespecies.org. Consultado em 14 de dezembro de 2021 
  9. a b c d e f Brusca, R. C. & Brusca, G. J., 2005. Invertebrados, 2.ª edición. McGraw-Hill-Interamericana, Madrid (etc.), XXIII+929 pp. ISBN 0-87893-097-3.
  10. http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=146420

Ligações externas

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Wikispecies
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