Até aos trinta e poucos anos a idade nunca me incomodou. Na verdade não via assim tantas mudanças ao ponto de perder muito tempo a pensar nisso. Achava até algo estranho as mulheres que estavam sempre a falar nisso, 'a idade isto, a idade aquilo, nada é como era, blá, blá, blá'.
De há uns três anos para cá (vou nos 37 para quem não sabe) comecei a perceber algumas coisas.
Os olhos, as rugas de expressão, as manchas na pele, agora alguns cabelos brancos a aparecer de lado, e também uma sensação de que quando tenho alguma dor, algo se passa. Dantes se tinha alguma dor, 'ia passar' agora 'algo se deve estar a passar'.
Sei que as coisas estão diferentes quando vou às compras, olho para uma coisa e independentemente dela me servir ou não, penso que é roupa de miúdas e não quero. Já não quero.
Quero algo meu, que tenha o meu carácter, mas que me assuma como mulher, não tem nada a ver com ser clássica, que não sou nem nunca vou ser, tem a ver com uma forma de estar.
Olho em volta e vejo muito cabelo pintado, muitas pestanas artificiais, partes de corpo falsas, maquilhagens excessivas, unhas falsas, cuecas push up...e penso o quão difícil deve ser ter de manter as aparências todos os dias. E penso que quero poder envelhecer sem ter de me matar para parecer mais nova. Me estafar num ginásio que odeio, passar horas no cabeleireiro, manter as pestanas e as mamas, os rabos e mais o que se lembrarem a seguir.
Não quero nada disso para mim, mas sei e sinto a dificuldade que aceitar as mudanças do tempo implica. Olhar para nós e gostar de ver a mudança que acontece agora todos os anos não é fácil.
É altura de mudar, de assumir e amar aquilo que somos em todas as fases da vida.
Se calhar se todas o fizéssemos naturalmente seria tudo tão mais fácil.
Mas esta é uma postura individual, que começa em cada uma de nós, e não, não tem nada a ver com desleixo ou não gostar de coisas bonitas. Eu gosto e quem segue este blog ou me conhece sabe bem disso.
É gostar de ser e não de parecer.