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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MACUMBA OBSESSION


Com exclusividade para o Zinismo, o jornalista Marcelo Marcondes conta sua saga em busca do lendário VÍDEO MACUMBA


Por Marcelo Marcondes

Minha obsessão começou, de leve mas começou, em maio do longínquo ano de 1992. A defunta revista Bizz publicou uma resenha assinada pelo João Gordo, na qual ele falava de um vídeo caseiro feito pelo Mike Patton para ele, Max Cavalera, e Priscila Farias, da (infelizmente também defunta) Revista Animal.

Bom, na verdade o que aconteceu foi que a figura do meu ídolo até então incontestável (do alto dos meus 12 anos, meus ídolos se limitavam a um ou outro jogador de futebol) começou a se arranhar. Porra, Mike, um filme com coprofagia, sadomasoquismo, assassinatos, suicídios e etc? Conforme o próprio Gordo falou que ficou 'surpreso' e quase vomitou na sessãozinha privê (só posso imaginar Max, Mike Patton, João Gordo e a Priscila assistindo o espetáculo depravado proporcionado por Patton), eu senti um pouco de repulsa pelo ídolo.

Para piorar, na época eu odiei o cd que eles lançaram, o 'Angel Dust'. Aí passei a porra da minha adolescência longe do som genial do Faith No More, e sem a influência musical/cultural do 'guru' Mike Patton. Bem, fazeroquê?! Adolescência é uma merda mesmo, e eu passei a minha vivendo assustado, fechado, revoltado e na defensiva. Mas acho que o mesmo pode ser dito para muita gente.

Então, bola pra frente.

Em 1995, já com 15 anos e no auge da merda toda mencionada acima, o FNM lança outro álbum. Dessa vez mais pesado, mais compatível com o que eu ouvia e curtia na época, como Rage Against the Machine, Metallica, Ozzy Osbourne. Vieram para cá, no Monsters of Rock do mesmo ano, no Pacaembu. E lá fui eu para o meu segundo show do grupo.

Outra decepção. Sei lá que porra eu tava pensando. Se fosse hoje - se fosse uns três anos mais tarde - eu aproveitaria muito mais. Mas não. Bom, o show foi bem curto, eu vi da pista, lá longe, e para piorar, acabou a luz no meio da apresentação.

Em 1997, o fenemê lançou o seu derradeiro álbum de estúdio. Aí eu já era mais crescido, já havia ligado os pontos, e sabia o que o FNM tinha significado para mim, aquele papo de obcecado de justificar o fanatismo ao reconhecer que o hábito faz bem a si próprio. Coisa de louco, que tenho até hoje.

No final do mesmo ano, fui morar na Califórnia, ao lado de San Francisco, cidade berço da banda. Aí começa pra valer o meu período de idolatria pura, simples e concentrada. A proximidade geográfica fez renascer a minha paixão pelos 'maníacos sem fé'.

Porra, cheguei a procurar - e, pasmem, encontrar - o telefone de um dos membros da banda, o tecladista Roddy Bottum. Fiquei ensaiando o discurso, escrevi num papel, as mãos suavam.

Liguei para ele, falei que era fã brasileiro, fervoroso, da banda. Pedi o telefone do Patton, o cara se enervando. Já tinha em mente pedir - caso conseguisse falar com Mike - uma cópia do famigerado Vídeo Macumba, a relíquia sagrada e raríssima da Pattonmania.

“I DO NOT LIKE PEOPLE THAT I DON'T KNOW CALLING ME! DON'T YOU EVER CALL AGAIN! AND NO, I DON'T HAVE MIKE'S NUMBER”.

Só faltou o “motherfucker”, mas acho que pela 'delicadeza' de sua natureza, ele decidiu não soltar.

Os EUA são um país legal, e você encontra muita coisa por lá. Mas, sinceramente, não é o melhor lugar para se procurar coisas raras e não-oficialmente lançadas. CD Bootleg? Não vende. O que dirá de uma fita raríssima, ultra-bootleg.

Bem, voltando para o Brasil, em 1998, finalmente caí em mim para a vida. Quer dizer, não só para o FNM, mas para todo e qualquer tipo de coisa. Cara, eu realmente vivia como um vitelo durante a minha adolescência.

Chegando aqui, percebi que aquele cenário que diz respeito à 'raridades' não ocorria. Pô, São Paulo é a cidade onde se acha de tudo. Principalmente no Centro.

E foi por lá que comecei. Passei a bater ponto na Galeria, e comprar filmes de shows raros do FNM em VHS, aqueles que eram vendidos por meio de um catálogo tosquíssimo, que não passava de um fichário escolar, com sacos plásticos e tudo o mais.

Perguntava para Deus e todo mundo se tinham a “VIDEO MACUMBA”, que, de motivo de repulsa, passou a ser o meu “Santo Graal”.

Acho que no mesmo ano que voltei para São Paulo (ou um ano depois), encontrei o João Gordo no Shopping Morumbi. Não resisti e perguntei para ele se tinha a fita ainda. O cara quase me mandou à merda, lançando um olhar “Playbaloser” para mim. “Tchi, veio, nem sei aonde tá aquela merda! Acho que joguei fora!”, e saiu andando, claramente não querendo ser mais incomodado pelo obssessivozinho aqui de plantão.

Só depois que eu fui descobrir que ele tinha gravado até uma música com esse nome. Aliás, vale a pena total ouvir.

Daí em diante, ou seja, os últimos 12-13 anos foram anos de idolatria incessante. Claro, às vezes me enjôo de ouvir Faith No More. Mas aí fico uns 3-4 meses e volto a escutar.

Sempre que eu ia na Galeria eu procurava. Na Intenet, em salas de download e compartilhamento P2P. Porra, em tudo que é lugar.

Posso dizer que de uns 5 anos para cá fiquei mais obcecado com Mike Patton e Faith No More. E aí que as coisas começaram a andar. Conheci pessoal de bandas de metal e hardcore que tinham conhecidos em comum com o Max Cavalera e com o Gordo. Ia orquestrando um jeito de pedir a fita, de ver se alguém tinha. Minha banda (se é que dá pra chamar assim, haha) abriu para uma banda empresariada pela Monika Cavalera, cunhada do Max. A marca de roupas de um dos meus grandes amigos - e guitarrista da minha banda - foi vestida pelos caras do RDP e até pelo Max no show do Cavalera Conspiracy. Nada disso, porém, fez com que eu conseguisse pôr minhas mãos na famigerada fita VHS contendo VIDEO MACUMBA. Só fez me levar a pistas falsas.

Ano passado decidi que era o momento de achar esta fita de uma vez por todas. Porra, entrei nos fóruns de Internet tanto do FNM, quanto do Mike Patton, e de VMT (Video Mixtapes; a Video Macumba não passa de uma mixtape, uma colagem de vários vídeos), de cinéfilos e trocadores anônimos de filmes undergrounds. Deparei com muita gente que tinha, ou falava ter.

Vários caras diziam que a fita nem sequer existia, e existe no meio dos fãs hardcore do Patton a crença de que a existência da fita não passa de lenda urbana, mais uma 'practical joke' do vocalista do FNM.

Na lista de trocadores de filmes underground anônimos (lista em inglês), fique sabendo de umas coisas escabrosas. Tipo uma dupla de amigos de 19 anos, os infames Dnepropetrovsk Murders (como ficaram conhecidos pela mídia internacional), que assassinaram, sem motivo algum, nada menos do que 21 pessoas na Ucrânia. Para tanto, eles usavam uma marreta, e abordavam as vítimas de surpresa. A maioria dos assassinatos foi filmada. Havia gente nessas listas que tinha o vídeo.

Ou então o mais light - pero no mucho - “Two Girls One Cup”, no qual duas garotas (que são brasileiras, parece!) defecam em um balde, e depois comem o negócio, vomitam, transam, o diabo.

Bem, para figurar em mensagens de fóruns com estes conteúdos, era de se esperar que o VIDEO MACUMBA contivesse coisas semelhantes.

Bem, baixei algumas coisas underground interessantes dos anos oitenta e noventa em mixtape, em especial as famosas RETARD-O-TRON e AMOK ASSAULT VIDEO.

Mas nada de MACUMBA. Dos que tinham visto a fita, nem todos tinham ela. Dos que tinham ela, um ou outro me respondeu. Um cara prometeu que 'faria negócio' comigo, isso geralmente quer dizer 'trocar' a fita por algo de interesse. Aí depois, já neste ano, aconteceu a coisa mais bizarra.

Meses se passaram e nada.

Resolvi anunciar que pagava bem por quem tivesse a fita no fórum MOUTH OF THE OCEAN, sobre o Mike Patton. Um usuário sérvio da lista do FNM falou que também estava procurando o “Santo Graal” de Mike Patton, como eu disse. E falou que nós devíamos 'unir forças' para conseguir o vídeo, e até disse para ficarmos em contato. Para terminar, disse que estava torcendo por mim. Só mais um detalhe num mar de bizarrices. Depois de meses, um cara se manifestou. Era brasileiro, e até mês passado nossas negociações estavam andando, mas na hora de vender a fita o negócio emperrava.

Procurei separadamente no Youtube, 4Shared, Megaupload, Rapidshare e afins pelos conteúdos da fita. Achei o suicídio do Budd Dwyer e um trecho de 4 minutos da famosa cena da menina paraplégica cagando na cara do japonês. Mais nada.

Pensei em algo simples: “Pô, eu já tentei, via os canais possíveis, arranjar a fita por meio do Max e do Gordo. Mas e essa tal de Priscila da Animal?”.

Na minha pré-adolescência conheci um pouco da Animal com um tio meu. Achava muito louca. A busca pela fita, no entanto, me fez ir atrás de números raros da Animal (para descobrir o sobrenome da tal Priscila e, a partir disso poder ir atrás dela). Comprei, nos últimos meses, uns dez exemplares antigos da Animal, em Sebos e no MercadoLivre. Revivi toda a criatividade que a revista esbanjava. O boletim informativo MAU, publicado no meio de cada edição, era uma dose violenta de cultura underground oitentista. Mais: Era assinado por uma Priscila L. Farias. Que às vezes escrevia com um certo João Gordo.

Aí joguei no Google e já era. Achei, achei. Achei a Professora e Doutora Priscila Lena Farias, da FAU. Uma das pessoas que receberam originalmente a vídeo mixtape do Patton, com os dizeres “ISTO AQUI É PARA O CÚ DE VOCÊS!” virou professora da USP. Do caralho.

Escrevi para ela, e ela me explicou que nunca ficou muito tempo com o filme, assistiu mesmo só uma vez, e foi só aí que eu me toquei que ele tinha feito UMA cópia só da fita, para os três.

E foi depois de tudo isso que eu descobri um texto do Marcelo Viegas dizendo, num blog, que já havia assistido a VM. Não só tinha assistido, como também possuía uma cópia.

Retribuição ou não por todo o meu esforço, sei que a fita acabou chegando a mim sem que eu tivesse que gastar todas as minhas economias nela.

OBS: Hoje em dia, a missão foi cumprida. Mas, como o vilão que, no filme de terror, nunca morre, a Maldição da Macumba (em vídeo) pode não ter acabado totalmente. Explico: Na descrição que o Gordo dá para a fita, ele fala que no começo do filme rola cenas de carbonização e um moleque afogado sendo retirado de uma piscina sem vida. A cópia que eu tenho, no entanto, começa sem isso. Vou atrás? Será?

Para terminar: depois de tanta peleja para conseguir a fita, depois de 18 anos lendo e relendo o conteúdo da fita, sabendo de cor e salteado o que tinha nela (coprofagia, sadomasoquismo japonês, filmes alemães BDSM, suicídio, cirurgias, pedaços de filmes bizarros, notícias de desgraças, padres pregando contra a besta, clipe do Mr.Bungle) e, especialmente, depois de ler as resenhas (e ver pedaços) dos filmes citados acima, assistir VÍDEO MACUMBA foi, digamos, algo morno. Pretendo assistir novamente num futuro bem próximo, mas o impacto nunca será o mesmo daquele sentido pelas três pessoas originais que 'ganharam' o filme. Elas assistiram em qualidade melhor, e, para elas, Mike Patton não passava de 'mais um rostinho bonito', como disse João Gordo. Eu!? Ah! Eu sei do que o cara é capaz.

...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

MIKE PATTON, VOCALISTA DE VANGUARDA?

Quando o Faith More estourou na MTV no início dos anos noventa com a clássica EPIC muita gente ficou com o pé atrás com a banda.

Recapitulando: Não existia internet e as informações eram escassas, passadas de boca em boca, por revistas (nem sempre confiáveis), pela própria MTV e às vezes por fanzines (muitas vezes confiáveis).

O pé atrás se deve ao fato de que na época o som que começava a bombar na rádio era o tal do funk metal representado pelos californianos do Red Hot Chilli Peppers que lançavam seu quarto disco que enfim caia nas graças do grande público. Já o Faith no More era uma incognita, pouca gente sabia de onde eles surgiram, seria mais uma farsa arquitetada pela midia? Uma banda oportunista (quem se lembra do Ugly Kid Joe)? Na verdade parece-me que na época o então VJ da MTV Gastão Moreira fez um esforço pessoal para fazer com que o público tivesse acesso ao Faith no More e como percebemos ele teve grande êxito nesse feito.

Julgamentos à parte, neste saudoso tempo ninguém conseguiu ficar indiferente ao disco The Real Thing. Enquanto alguns torciam o nariz à mega exposição involuntária da banda e não prestavam a merecida atenção (eu por exemplo) o Faith no More caia nas graças da maioria.

Mas nada como um disco após o outro, e os discos que seguiram The Real Thing mostraram que a banda “era de verdade” e que tinha muito a mostrar. Assim o Faith no More delineou e mostrou muitos caminhos que poderiam ser seguidos (e foram como por exemplo por algumas bandas de New metal) pelo Rock no final dos anos noventa e também nos chamados anos 00 (ok, não eram mais uma banda de funk metal).

E hoje, dezoito anos depois (com razoável distanciamento) do boom de The Real Thing conseguimos avaliar um pouco da importância do Faith no More e da emblemática figura que dá nome a esta semana temática: Mike Patton. Na minha opinião, uma das coisas mais interessantes em tudo isso é analisar o modo como ele conduziu sua carreira enquanto cantor por suas diversas bandas e projetos.

A impressão que se dá, é que o Faith no More, apesar de ser sem dúvida extremamente inovador em termos musicais, apresentou apenas uma pequena parte do potencial do vocalista Patton (lembremos que uma banda tem vários membros e que sempre há de se chegar a consensos para que ela possa continuar a existir).

Já quando observamos os projetos de Mike Patton (Fantomas, Mr. Bungle etc) percebemos a manifestação de uma verve de “pesquisador” ou “explorador vocálico”, que pode ser desenvolvida praticamente sem limites. Nesses trabalhos mais autorais, Mr. Patton se aventurou por diversos lados em que se sentiu a vontade (ou não), explorando ritmos, limites, estilos, tempos e estética. Tudo isso se encaixa na perfeita definição do que conhecemos como Vanguarda.

Um exemplo desta exploração (ou busca) enquanto vocalista pode ser vista neste video, quando Patton participou do disco da cantora Bjork Medulla (gravado só com timbres vocálicos) em 2004



Por estas Mike Patton, como poucos, traz sentido a afirmação de que a voz “é um instrumento musical”.

Acompanhando a tendência estabelecida nessa semana zinista também colocarei um vídeo de um projeto de Patton que gosto, o Lovage.

O Lovage lançou um único disco em 2001 (Music To Make Love To Your Old Lady By) e segue a linha do que se convencionou classificar como Trip Hop. Nesse projeto Patton conta com alguns parceiros, como a também vocalista Jennifer Charles (da banda Elysian Fields), e o produtor Dan Nakamura e o DJ Kid Koala. O álbum (como você pode imaginar através do título) é um passeio divertido por diversas facetas do ato sexual: encontros em trens, sadomasoquismo, traição e outros tipos de fantasia, o melhor é que o som é muito estiloso.



E depois de todas estas informações desta semana, só nos resta aguardar:
-E qual será a próxima de Mr. Patton?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FAITH NO MORE NA ESTANTE DE LIVROS



Faith No More: The Real Story por Steffan Chirazi, Penguim – Reino Unido.

Este livro tem 15 anos desde que saiu do forno e, como é de se imaginar, conta a história dessa banda até o ano em voga. Cita todas as formações, apresenta entrevistas, discografia e mais uma penca de fotos e outras "picuinhas".

Se tu é fã do Fié No Morris há algum tempo, apenas terá o trabalho de confirmar algumas histórias e confusões que ecoaram ao longo dos anos desde a fundação. E por sua vez, galerinha da nova escola pode se informar sobre certos “causos” que não encontra-se na Grande Rede.

Como sou fã de livros “musicados” recomendo até o osso, mas não vou deixar nada mastigado. Procure mais infos na Internet e, se possível, torne sua estante de livros mais “funk metal”.




Luz,