Hoje é uma data especial para nós: o ZINISMO faz um ano!
Porém, mais que um momento de euforia, este é um momento de reflexão (talvez como deveria ser todo aniversário) sobre o tema principal do blog: os Fanzines.
Nesses 365 dias aconteceram diversos fatos que me fizeram refletir sobre o tema.
Um desses fatos ocorreu há quase um ano, quando tivemos a oportunidade de fazer uma palestra (eu, Viegas e Zambetti) sobre Fanzines. Nesta ocasião, pudemos perceber como este veículo de comunicação desperta interesse na nova geração (de escritores, músicos ou mesmo fanzineiros). Este interesse se dá desde por detalhes como os mecanismos de divulgação e produção (flyers, apropriação da máquina de Xerox alheia, patrocínio) e, claro, pelo próprio conteúdo dos fanzines, levando-se em conta que muitos artistas consolidados atualmente (seja no mainstream ou underground) tiveram um processo artístico “embrionário” em fanzines dos anos noventa.
Mas, afastemos o pensamento saudosista e vamos pensar um pouco sobre o presente e o futuro. Neste um ano de Zinismo, novas perspectivas se abrem. Qual o valor de um fanzine? Qual a necessidade de um fanzine? E um blog ou fanzine virtual, de que serve?
Quando nós começamos a discutir a respeito da criação do blog, a ideia foi fazer algo como “um fanzine dos sonhos” misturando a informação do papel com as tecnologias midiáticas atuais, ou seja, um fanzine com vídeos, sons , links e aplicativos. Com relação a isso penso que conseguimos atingir nossos objetivos, mas como disse, nesse ano deu para pensar e comprovar muitas (outras) coisas.
Um dos fatos que aconteceu comigo e que me permitiu uma boa reflexão sobre os fanzines virutais foi uma entrevista que fiz e que ficou tão legal e tão grande que não vi condições de publicá-la no blog. A solução encontrada foi publicá-la em uma revista. O mesmo fenômeno ocorreu com os contos que escrevemos. Pensamentos do tipo “que tamanho fica bom para um blog?” ou “seria interessante fazer um zine ou lançar um livro para publicá-los” são comuns entre nós. Sinceramente concluo que grandes textos não são bons de serem lidos na Internet e ainda questiono a rede enquanto espaço de armazenamento ou registro de informações a longo ou médio prazo.
Sobre os blogs ou zines virtuais, costumo citar como bom exemplo o trilhado pelo
Lado [R] do Rio Grande do Norte. Nossos comparsas publicam dois fanzines de papel, o próprio Lado [R] e o Errado. O blog funciona como suporte e disponibiliza vídeos, bastidores, coberturas das festas de lançamento, etc. Um casamento perfeito entre Internet e o papel.
Por fim, cabe mais uma reflexão, a pergunta que não quer calar: será o fim dos fanzines de papel?
Mais convencido do que nunca respondo: Não!
Penso que a Internet tem seu espaço inegável no nosso cotidiano, mas justamente sua maior virtude torna-se seu ponto fraco. A facilidade e rapidez de atualização têm como ponto fraco a rapidez com que as mesmas informações se perdem. Outro fenômeno próprio da Internet, deve-se à facilidade de publicação, que a torna um espaço recheado de futilidades efêmeras. Ademais, temos que pensar que sempre haverá aquilo que o homem, por opção, faz questão do registro, do impresso, do documental.
De certa forma o fanzine representa um ato político, pois em tempo de massificação da mídia representa “aquilo que alguém de modo independente (geralmente com os próprios recursos) fez questão de registrar, por julgar importante ou necessário fazê-lo”.
Além disso, embora feitos com a ajuda da tecnologia (em maior ou menor escala), os fanzines que ainda são feitos, são peças quase que artesanais e com um status que flerta cada vez mais com o artístico.
Pois bem amigos, se você tem a sorte de ter um fanzine de papel em suas mãos, guarde-o com o merecido carinho, talvez em um lugar especial ao lado de seus discos de vinil. Eles são mais valiosos do que muitos pensam.
E para finalizar: KEEP ZINING!
Fanzines de papel = guarde com carinho!