O fanzine VELHO RABUGENTO é prova que tamanho não é documento. A pergunta é como podem caber tantas informações em um formato A6?
Feito em São José do Egito (PE), o velho faz um belo serviço pela causa alternativa, abrangendo as cenas de todas regiões do Brasil através de entrevistas, resenhas, editorias, colunas etc. Além disso, o velho já é um dos zines brasileiros com maior número de edições (o de junho é o número 56!). Conversamos o editor José Edilson, o próprio Velho Rabugento:
ZINISMO: Como se deu seu envolvimento com o underground, punk rock e com os fanzines?Rapaz, meu início neste meio underground se deu quando eu saí daqui de Pernambuco para morar no RJ. Na época, eu tinha 18 anos e já escutava rock aqui, mas não tinha nenhum envolvimento com o alternativo, só escutava as bandas mainstreans mesmo.
Então cheguei no RJ na metade da década de 90 e conheci toda a cena que existia na época... As casas de shows, as bandas foda da época... E isso me pegou de jeito. Vivi a década de 90 intensamente, e até hoje não consigo me livrar deste vírus que tanto me enriquece e traz coisas positivas a minha existência.
A inevitável pergunta: por que Velho Rabugento?Como falei no início da entrevista, quando vim morar aqui novamente existia um pequeno grupo de pessoas que escutava sons e estava começando a formar bandas, e eu me envolvi diretamente nesta nossa pequena cena... O zine surgiu da necessidade que tínhamos de escrever nossas idéias, divulgar bandas que gostávamos e tal, e como eu era o mais velho desta turma e como nunca fui conhecido por ser uma pessoa sociável, o nome veio de forma natural... Nunca imaginei que ele ficaria tão impregnado na minha vida, tanto que já faz mais de 6 anos que eu e o velho rabugento andamos lado a lado.
Quando conheci o "Velho Rabugento" uma das coisas que me chamou a atenção foi a longevidade do fanzine. Qual a receita para esta sobrevivência? Desde quando ele existe e como se sustenta economicamente?Rapaz, o Velho existe, com idas e vindas, desde 2004, quando pensei em publica-lo para circular dentro da minha cidade mesmo, entre um pequeno grupo que existia na época e que achávamos que era um ‘cena’. E num tem uma receita para manter o zine, o que existe é vontade de divulgar bandas e a cena alternativa de uma forma em geral.
Agora como ele se mantém economicamente o que posso dizer é que sempre sai dinheiro do próprio bolso mesmo, num tenho patrocínio nem propaganda (o máximo que rola é divulgar lançamentos de bandas de amigos), então é tudo com o velho mesmo, e sinceramente acho isso muito bom... Pois tenho uma liberdade total para publicar somente o que tiver vontade.
A maioria dos fanzines que tenho recebido atualmente vem do Nordeste. Você concorda que a produção atualmente é mais expressiva nesta região do que no restante do Brasil? Se for, consegue identificar um motivo para tal fenômeno?Realmente tem aparecido muitos zines aqui do Norte e Nordeste, mas também tenho recebido muita coisa de cidades do interior de SP e do Sul do país. O que enxergo disto é que aparentemente as pessoas que estão mais longe dos grandes centros tem buscado um retorno dos zines de papel como forma importante de divulgação.
A febre dos blogs e sites passou e as pessoas estão voltando para a fazer a coisas da forma antiga e mais romântica... tenho visto, além dos zines, muitas bandas apostando no lançamento de demos físicas, e isso é muito bom.
Espaço livre para divagações, dicas de fanzines, bandas, blogs e etc:Só tenho que agradecer o espaço que você abriu para o Velho Rabugento, valeu mesmo pela força e parabéns pelo trampo que você realiza divulgando todas as formas de manifestações culturais underground.
Agora dicas de zines ou bandas fica difícil citar alguma e deixar várias de lado, o que posso deixar de dica é que
ninguém pode perder o tesão em ser curioso, nunca pode deixar de buscar algo novo e espontâneo! Então freqüente os shows que rolam na sua cidade, se num tiver shows comece a organizar. Busque contatos com pessoas que estão nesta pelo mesmo motivo que você, garanto que surgirão amizades para o resto da vida.
Queria aproveitar para dizer que além do zine mantenho um selo/distro, com alguns lançamentos de coletâneas e splits no currículo e que está sempre aberta para bandas novas que estejam a fim de mostrar o trabalho, se alguém se interessou é só entrar em contato pelo
fotolog ou e-mail velhorabugento@gmail.com, pode ser bandas, pessoas interessadas em trocar/adquirir o Velho e pode ser também só para conversar e trocar experiências.
Valeu parceiro e mais uma vez parabéns pelo seu trampo...
Aproveite e visite o
polêmico blog do colunista Juca Sassafrás, um dos colaboradores do Velho.
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