… Não, Poesia:
Não te escondas nas grutas de meu ser,
não fujas à Vida.
não fujas à Vida.
Quebra as grades invisíveis da minha prisão,
abre de par em par as portas do meu ser
— sai…
Sai para a luta (a vida é luta)
os homens lá fora chamam por ti,
e tu, Poesia és também um Homem.
Ama as Poesias de todo o Mundo,
— ama os Homens
Solta teus poemas para todas as raças,
para todas as coisas.
Confunde-te comigo…
Vai, Poesia:
Toma os meus braços para abraçares o Mundo,
dá-me os teus braços para que abrace a Vida.
A minha Poesia sou eu.
Amílcar Cabral,
in “Seara Nova”. 1946.
in “Seara Nova”. 1946.
Amílcar Cabral, o homem que preconizava o diálogo. No poema cantado, abaixo, de António Gedeão ouve-se "mesmo morto hei-de passar". E passou. Não com a Concórdia que ele queria...
Mesmo assim abriu os braços para acolher a Humanidade,
transmitindo-lhe o que considerava um bem precioso:
a noção de liberdade.
Adriano Correia de Oliveira
"Fala do Homem Nascido"
(Poema: de António Gedeão
Música: José Niza)
***
Amílcar Lopes da Costa Cabral, (Bafatá, Guiné Portuguesa, actual Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973) foi um político, agrónomo e teórico marxista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. aqui