Este meu Natal foi completamente diferente de todos os outros. Em Natais passados para mim a coisa mais importante é comprar as prendas com o maior detalhe possível, o mais personalizadas possível, fazer lindos embrulhos, comprar tudo com imensa antecedência (eu começava a comprar as prendas em Setembro e em Novembro já tinha tudo preparado), gastar uma pipa de massa porque dava prendas a toda a gente e várias prendas a cada pessoas... Além do mais, tinha imensas festas de Natal para trocar prendas e fazer muitos jantares com o belo do bacalhau!
Este ano... só tive um jantar de Natal de amigos e só comprei um vaso de flores para a minha mãe! Depois ela arranjou-me algum material de desgaste para fazer (na própria noite de Natal) uns cartões/vale para os meus amigos. Sim! Só vou dar a prenda de Natal depois de Natal! :) E então lembrei-me de fazer uns cartões que valem 3 coisas: 11 horas de trabalho + 1 xi-<3 + 1 desejo. Entenda-se aqui que as 11 horas são de trabalho, de companhia ou de ajuda nalguma coisa que precisem de mim (eu sei que os amigos estão sempre lá e que não há esta quantificação de horas e tal... mas a minha vida como está, acreditem que nem tenho tido muito tempo para estar com os amigos pura e simplesmente... por isso, espero cumprir!) e entenda-se também que o desejo pode ser por um produto ou um serviço ou apenas um desejo simbólico! É ao gosto do freguês!
E foi assim que arrumei esta coisa das prendas...
E mais do que comer as guloseimas do Natal... mais do que estar à mesa e estar com a família, o melhor deste Natal foi um acontecimento que se passou, de regresso a Lisboa.
Vinha de viagem, no meu carro com a minha cadela, pelas estradas nacionais para fugir às portagens, (claro está) e vejo um rapazito a pedir boleia. Há que séculos que penso que tenho de começar a dar boleia à troca. E é isso que quero fazer com o meu "Be car" a hidrogénio, quando tiver homologado. Mas por enquanto, parece-me muito bem dar boleia, nem que seja para me sentir mais útil, nesta coisa consumista que é, ainda usar petróleo! E então, olhei para ele, pensei nisto tudo uns segundos e parei o carro. E lá entrou um rapaz com pouco mais de 20 anos, muito atarefado e eu perguntei-lhe, algumas curiosidades minhas: há quanto tempo estava a andar, para onde ia, quantos kilómetros, o que ia fazer, etc etc... É que pedir boleia no dia de Natal, numa estrada feito breu... ui, não é para todos! Respondeu-me que era bombeiro, já devia ter entrado ao serviço há muito tempo, mas que não havia transportes na sua zona porque era feriado de Natal, estava a andar há 6 kms, faltavam 10 kms e ia, porque adorava ser bombeiro, mesmo que fosse Natal! Fiquei a pensar naquilo... em como quando "corremos por gosto, não cansamos" e em como realmente não podia ter apanhado melhor pessoa para dar a minha primeira boleia.
Nisto conversámos mais um pouco e partilhei com ele que precisava de carregar o meu telemóvel, mas que não tinha cartão de crédito e por isso, se ele não podia carregar com o cartão dele, dando-lhe eu o dinheiro. Aceitou rapidamente, disse que era o mínimo que podia fazer por mim, mas que se eu quisesse também podia ligar do telefone dele. Ali fomos, ao multibanco mais próximo, carregou-me o telemóvel, dei-lhe o dinheiro, sorriu-me e foi a correr para os bombeiros. Eu sorri... fiquei a olhar... e pensei que tinha de repetir isto todas as vezes que conseguisse. Que a magia de Natal tem de ser feita quando a mulher sentir... e o sentir... é bom que seja sempre, pois é para isso que cá estamos!