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2 de setembro de 2010

Testemunho sobre uma colaboração de José Afonso com o Cineclube de Lourenço Marques

(...) Com a sessão dos 400 Golpes, o cine clube arrebitou, mas era preciso mais um golpe para criar confiança nos associados e voltarmos aos 1600 a pagar quotas; era preciso avançarmos rapidamente para a 2ª alternativa da nossa estratégia,
Por esses tempos encontrava-se em Lourenço Marques o Zeca Afonso, já no auge da sua carreira. Fui falar com ele, amigos, que éramos, contei-lhe das desgraças do cineciube e pedi-lhe que preenchesse metade de uma sessão do cineclube, à borla, claro estava, mas disso nem se falou, porque era óbvio. Disse logo que sim, sem por condições e marcou-se a data.
A outra metade do programa era preenchida com um filme alemão, fornecido pelo consulado daquele país, do qual não tínhamos grandes referencias, mas já legendado em português e que se chamava, se a memória me não falha “Wir Wunderkinder”. Era um filme espantoso que tratava do renascer da especulação imobiliária na Alemanha Ocidental do pós-guerra de 1939/45. As manobras e corrupção dos especuladores eram denunciadas por um jornalista que, em consequência, era perseguido, sofria atentados e era objecto de tentativas de corrupção que sempre rejeitava. O filme acaba com uma cena em que os especuladores vão visitar o jornalista num andar elevado de um prédio. ainda em construção para tentar convence-lo a não publicar um artigo que os vai prejudicar, Sobem, para isso, num elevador que funciona, Perante a recusa do jornalista saem desvairados, jurando vinganças, e enfiam na primeira porta de elevador que encontram; mas, atrás desta não há elevador, só buraco e eles estatelam-se dezenas de pisos abaixo, definitivamente mortos, Um filme destes, com este final, depois de uma sessão com o Zeca Afonso onde se cantou a Grândola e os Vampiros acabou como só podia acabar: uma sala cheia, a abarrotar que já antes tinha aplaudido freneticamente o Zeca, rompeu numa generalizada salva de palmas, demonstrando que era gente pacífica mas detestando prepotências e atentados à liberdade.
A sessão foi um sucesso; a sala estava cheia e entornava pelas costuras. O cineclube estabeleceu que cada associado devia pagar 3 quotas atrasadas. Muitos pagaram o ano inteiro só para verem e ouvirem o Zeca, Este foi aplaudido de pé, no fim de cada canção e obrigado a voltar ao palco e a cantar de novo várias vezes. Houve quem propusesse que continuasse o Zeca e não se exibisse o filme( mas depois gostaram dele) (...)
Carlos Manuel Adrião Rodrigues

7 de dezembro de 2009

Geografias de uma vida (Moçambique): os vídeos

O projecto da AJA, "Geografias de uma vida", assenta no intuito de revisitar os lugares por onde José Afonso passou e semeou o seu exemplo de cidadania, recolhendo testemunhos, notícia e documentação de toda a ordem, das suas vivências (sobretudo as de carácter cívico e cultural), ou mesmo das que indirectamente acabou por proporcionar.

Assim, em 2 e 3 de Dezembro de 2005, no anfiteatro da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, decorreram sessões em que se viram, ouviram e falaram sobre alguns exemplos de actividades que José Afonso desenvolveu quer na antiga Lourenço Marques (Maputo), quer na Cidade da Beira.

Aqui fica o primeiro de 13 vídeos, onde ficaram registados esses dois dias.



Toda a informação sobre o colóquio aqui
Veja os restantes vídeos na página Youtube da AJA

6 de abril de 2009

José Afonso em Moçambique (1964 -1967), por José Cardoso e Álvaro Simões

José Cardoso e Álvaro Simões falam-nos do seu contacto com José Afonso e da sua colaboração no Teatro de Amadores e no Cine-Clube da Beira entre 1964 e 1967. Mais informação AQUI e também AQUI.





21 de dezembro de 2006

Imagens do bairro do Xipangara




Lá no Xipangara - João Afonso dos Santos (irmão de José Afonso)

Aos fins de semana, saíamos pela tarde, aparelhados. O Alvaro Simões, que por lá ficou, moçambicano por opção, com a sua câmara fotográfica a tiracolo, eu armado da minha 8 mm. de filmar, e o Zeca. Com todos os comple­mentos da ordem: tripés, jogos de lentes e filtros, fotómetros, gravador, que sei eu. Isto depois de termos espiado o céu, medindo a olho a luminosidade e o "calor" da luz. E, quando o sol a meio do quadrante perdia o gume de aço, começava a projectar sombras e a desentranhar-se em cores, vagueáva­mos pelo "Xipangara", essa outra cidade do caniço que envolve a Beira. Dos três, era Zeca o único que não dependia senão dele mesmo, num indeterminismo vagabundo que desde sempre foi uma sua segunda natureza, acrescentado da crónica aversão que sentia ou acreditava sentir pela máquina em geral, penso que para melhor defender o seu livre arbí­trio. Levava os olhos e o espírito para ver, naquela peculiar e muito pessoal maneira que era a sua de ver as coisas, captan­do-lhes por debaixo da pele, se assim me posso exprimir, os sinais duma verdade oculta. Via e, claro, cumulativamente, ouvia e registava os sons, o ritmo, a linguagem expressiva dos corpos. Posso bem dizer que mergulham nessas convivências os sincretismos musicais afro-europeus que depois aparece­ram dispersos por vários discos editados a partir de 1970, quer dizer, quatro anos mais tarde. Nessas e em outras expe­riências congéneres que já trouxera de Lourenço Marques, donde um despacho atrabiliário e despótico da administração o baniu, por causa desses mesmos convívios, especialmente os que mantinha com a Associação dos Negros de Moçam­bique. Diga-se de passagem, que sempre estranhei que can­ções como "Carta a Miguel Djéjé" ou "Lá no Xipangara", por exemplo, não desfrutem dum favor pelos menos igual ao de outras mais notórias, pela frescura da inovação, o arranjo musical e a construção melódica. Voltando, porém, ao tempo a que estas breves memórias se referem, não me lembra de termos, na altura, notícia desses cantares de raíz moçambicana, cuja maturação se veio a desentranhar em obra provavelmente já depois do Zeca ter regressado a Portugal, em 1967. "Avenida de Angola", que ele trouxe de Lourenço Marques com a bagagem, inspirada é certo por quadros dos subúrbios negros da capital, é ainda uma canção exclusivamente portuguesa, na estrutura melódi­ca e rítmica. Outras eram, pois, as composições que Zeca trazia no seu saco de segrel, criadas em momentos anteriores e editadas depois conjuntamente, com diferentes cronologias. Algumas vezes, ao anoitecer, depois que os dois marimbeiros do pé da porta calavam o seu diálogo demorado e perfeito, a toada onomatopaica e encantatória, era a vez do Zeca cantar para alguns amigos "intra-muros", acompanhando-se tosca­mente à viola, com o auxílio de uma braçadeira que é assim como uma espécie de cábula de tocar. Guardo comigo a gra­vação dum desses momentos que o mesmo Álvaro Simões me enviou por portador, com tantas recomendações como se do velo de ouro se tratasse. Entre outras, lá estão registadas "O Cavaleiro e o Anjo", "Traz Outro Amigo Também" e o "Cantar Alentejano", que acabaram por figurar nos álbuns editados de sessenta e oito a setenta, um por cada ano. Em dada altura, uns tantos devotos saudosistas empreende­ram comemorar, ali nos limites do mangal africano, um feito académico celebrado em Coimbra sob a designação de "Tomada da Bastilha". Ao tempo em que o grupo teatral da cidade se preparava para levar à cena "A Excepção e a Regra", do Bertolt Brecht. Zeca encarregou-se de criar para a peça umas tantas canções destinadas a assegurar o necessário distanciamento brechtia­no da representação dramática. Duas delas vieram a ser incluídas, como se sabe, em discos mais tardios, "Eu Vou Ser Como a Toupeira" e o "Coro Dos Tribunais". E ele mesmo ensaiou este último, tarefa que se verificou não ser menor, nem menos perseverante, do que a do acto de criação pro­priamente dito. Veio o dia em que surgiu, encostada a uma das faces da praça central, com o seu quê de imponente, a réplica em madeira do pórtico fronteiro da Sé Velha de Coimbra, tão semelhante à vista que apenas se poderia lamentar o desam­paro dos vetustos muros a que se encosta o original. A inten­ção era, claro, reproduzir o "clima" convencional duma serenata de Coimbra e Zeca e dois acompanhantes, mais o primeiro do que os segundos, eram dados como certos, até por serem os únicos disponíveis e, portanto, insubstituíveis. Enquanto isto, as provas teatrais enviadas à censura oficial regressaram tão retalhadas que ficava prejudicada qualquer representação. O Dr. Carvalheira - creio que assim se chama­va o censor - era ferocíssimo a empenhar o instrumento cen­sório, a caneta ou a tesoura, conforme as circunstâncias. Mas, ao mesmo tempo, escrupuloso, deu-se ao incómodo de recri­ar, à margem, algumas falas integrais e outras parciais das personagens, depuradas dos aspectos que mais o beliscavam. Logo ali foi mandatado um emissário para fazer saber ao censor que sem Brecht não haveria fados. Torceu-se o homem que, acima de ser censor convicto, era coimbrão ferrenho e empenhado concorrente. Subiu, pois, à cena a "Excepção e a Regra" e atrevo-me a dizer que pela primeira vez em todo o decrépito império.
O programa onde se anunciavam canções inéditas de José Afonso
e algumas fotos da estreia da "Excepção e a Regra"







29 de novembro de 2005

“JOSÉ AFONSO – GEOGRAFIAS DE UMA VIDA”


“ALGUMA COISA DO QUE SOU E FUI, FOI EM VIAGEM” José Afonso


A Associação José Afonso (AJA) inicia por ocasião da passagem do seu 18º aniversário, a mostra pública da 1ª realização do seu projecto “JOSÉ AFONSO – GEOGRAFIAS DE UMA VIDA”, este ano subordinado ao tema “MOÇAMBIQUE 1964 – 1967”.

O projecto da AJA assenta no intuito de revisitar os lugares por onde José Afonso passou e semeou o seu exemplo de cidadania, recolhendo testemunhos, notícia e documentação de toda a ordem, das suas vivências (sobretudo as de carácter cívico e cultural), ou mesmo das que indirectamente acabou por proporcionar. Anualmente, por ocasião do aniversário da AJA, far-se-á mostra pública da faceta exposicional dessa actividade.



Assim, em 2 e 3 de Dezembro de 2005, às 21H00 no anfiteatro da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, decorrerão sessões em que veremos, ouviremos e falaremos sobre alguns exemplos de actividades que José Afonso desenvolveu quer na antiga Lourenço Marques (Maputo), quer na Cidade da Beira.


As colaborações de José Afonso em teatro e cinema que decorreram durante o período em análise serão o motivo central do evento, sendo importante referir que estas não esgotam, longe disso, a actividade de José Afonso nas referidas áreas.
Em 1965 José Cardoso, considerado um dos decanos do cinema moçambicano procede à montagem do seu primeiro filme de ficção, intitulado “O Anúncio”.

José Afonso assiste no Cine-Clube da Beira a essa operação e propõe ao autor a composição de uma canção para o filme. Aceite a oferta, surge “Vejam Bem”, que viria anos mais tarde a ser incluída no seu álbum “Cantares do Andarilho”.

Em Outubro de 1967, o filme participa no 1º Festival Nacional de Cinema de Amadores de Aveiro, e na crónica de F. Gonçalves Lavrador sobre o dito festival, publicada na Revista Vértice nº 291, de Dezembro de 1967, pode ler-se:
… “Nos filmes de enredo, ou seja, no cinema de ficção, uma grande distância separa dos restantes os dois filmes premiados, ex-aequo, na primeira posição, como aliás o júri quis destacar ao não atribuir qualquer segundo prémio.” “….Realmente , quer o “O Anúncio”, de José Cardoso (troféu de ouro do Clube dos Galitos, melhor argumento, melhor mensagem humana e melhor interpretação), quer… …revelam um cuidado sentido cinematográfico, com abandono de todas as retóricas mais ou menos gastas, de todos os artificialismos de ordem estética e de toda e qualquer tendência para o rodriguinho temático.”

“…”O Anúncio”, da Equipa Beira-64, sob a direcção de José Cardoso, foi a película mais apreciada pelo público, que lhe conferiu um prémio por votação …” “…Trata-se de um filme de construção muito clássica e linear, simples e límpido no seu desenvolvimento, parafraseando, imagèticamente e num tom que tem qualquer coisa de chaplinesco, uma canção de José Afonso com a qual abre (após uma portada com sons naturais) e finaliza. Eis uma obra que se deve apontar como um exemplo a todos.”

Por sua vez, na Revista “Tempo”, n.º 11 de 29 de Novembro de 1970, editada em Moçambique, numa crónica assinada por Maria de Lurdes, podia ler-se num artigo intitulado “Um grande cineasta da Beira”:
“ No pequeno cinema-estúdio do Bº da COOP (na cave do PH8) assistimos a uma das sessões que a Secção de Cinema de Amadores do Cine-Clube de Lourenço Marques faz às sextas-feiras”
“… A segunda parte da sessão ofereceu-nos uma surpresa ainda maior: a revelação de um cineasta da Beira, José Cardos, autor de três filmes: “Anúncio” que é a primeira realização do autor,…. “…em “Anúncio”, pequena história à maneira neo-realista, muito bem contada e com sequências de extraordinário conteúdo dramático e originalidade, o próprio José Cardoso interpreta a figura de um pobre diabo que após um dia desesperante à procura de emprego em vão, solitário e com fome, se vê compelido por um grupo de foliões a participar numa festa de Carnaval...”
“…O filme tem como fundo sonoro uma balada de José Afonso…”
“…O filme social está afinal ao alcance do cineasta amador.”

Em 7 de Fevereiro de 1971, o nº 332 do semanário moçambicano“A Voz de Moçambique”, faz capa total com uma imagem de José Afonso com o título “José Afonso a figura do ano”

Explicando a José Afonso esse galardão, menciona-se nas “... as razões de uma escolha”:
“... acordou-se, desta feita, na personalidade de José Afonso para “figura do ano” de V.M. ...”
“ ...Escolha feliz? Sim, se isso dependesse apenas da simpatia pessoal e da mensagem fraterna que constituem o carisma do trovador. Mas, de Moçambique?- perguntar-se-, legitimamente. Temos um punhado de razões a favor disso...”
“...Três LPs de nível excelente, meia dúzia de EPS, algumas deslocações ao estrangeiro, cifrando-se por um igual número de êxitos, convites honrosos e reconhecimento, por parte do público e da crítica. Em resumo ascese a uma maturidade artística a que corresponde o justo corolário da fama.”
“Ora, pensamos que um pouco de tudo isto nos cabe a nós, a Moçambique. Os factos acabados de relatar foram imediatamente precedidos pelo período de cerca de três anos que José Afonso viveu em Moçambique, e que supomos decisivos e frutuosos na gesta da sua personalidade artística. A quase totalidade das canções distribuidas pelos referidos LPs foi composta em Moçambique e algumas delas gravadas em primeira mão (por vezes em versões ligeiramente diferentes) em casa de amigos , sendo ainda frequentes – do Xipamanine à Ponta Gea – as alusões a um quotidiano que é nosso. ...”, “... O perfil límpido de uma voz que é a imagem, sem adornos, da própria fraternidade bastava para aliciar a nossa simpatia e adesão...”, “... ao creditarmos a José Afonso o título da nossa escolha, expomos-lhe o débito a Moçambique. E ficamos quites.”

LOURENÇO MARQUES 1964 – 1965

Quando fui para o Maputo, então Lourenço Marques, em 1964, estava no início da minha fase mais ou menos organizada de cantor nos meios académicos, nas associações de estudantes e nas colectividades.
Infiltrei-me em alguns meios e ía conseguindo, com as minhas cantigas, dar os meus habituais recados.”

CIDADE DA BEIRA 1965 – 1967

Cheguei à Beira e aí fui imediatamente protegido pelo Cine-Clube local...
Comecei a conviver com aqueles sujeitos, encontrei um sentido enorme de camaradagem e de solidariedade entre os seus membros.
Era uma autêntica colónia e aí apercebi-me da actividade intensa por eles desenvolvida.

Em 23 de Agosto de 1966, o Teatro de Amadores da Beira (T.A.B.) leva a cena pela 1ª vez Bertolt Brecht em Portugal, com a peça “A Excepção e a Regra”. José Afonso compôs especialmente para o efeito 5 canções: “É para Urga” (aparece também referida como “A Caminho de Urga”), “Coro dos Tribunais”, “Eu marchava de dia e de noite (Canta o comerciante)” e “Ali está o rio” todas elas publicadas, e “Canta o Juíz” que nunca terá sido editada.

Em “Livra-te do Medo - Estórias & Andanças do Zeca Afonso” de José António Salvador, João Afonso dos Santos recorda “estórias” relativas ao facto, nomeadamente a do “censor” de serviço.

Mas a Beira em 65 e 66? “Havia a tal associação que resolveu promover as comemorações da Tomada da Bastilha como se estivéssemos em Coimbra. A direcção mandou fazer uma réplica da fachada da Sé Velha em cartão ou madeira para montar na praça onde se faria a sessão comemorativa. No programa incluíram-se fados e guitarradas. Cantaria eu e o meu irmão. Uma peça do Brecht “A Excepção e a Regra” e um tipo, que por coincidência também era o censor da Beira, fazia uma aula com uns doutores vestidos de “baby-dol” a apanhar violetas. O doutor da censura resolveu cortar Brecht e em alguns cortes permitiu-se mesmo “reescrevê-lo” à margem propondo modificações ao texto. Perante isto o meu irmão, e depois eu, disse logo:”se não há Brecht, eu não canto fados”. Isto uns dias antes da festa. Ora sem fados não haveria espectáculo e o censor não poderia fazer o seu número da aula das violetas... De modo que teve de dar o dito por não dito e autorizar a representação da peça. Foi assim que o Brecht apareceu pela primeira vez no império colonial. O Zeca musicou, então, as canções que vieram a integrar o álbum “Coro dos Tribunais”. Para o tal cavalheiro censor foi um sofrimento atroz autorizar o Brecht.”


Zeca Afonso foi expulso de Moçambique pela PIDE quando, em 1972, se deslocou a Lourenço Marques para visitar os pais.


OUTRA VOZ

Outra voz outra garganta
Outra mão que se estende à que tombara
Uma fagulha num palheiro acesa
Ó meus irmãos a luta já não pára


José Afonso

Escrito na prisão de Caxias