Fado Excursionista
Letra: Ary dos Santos e José Mário Branco
Música: José Afonso
Intérprete: Carlos do Carmo* (in "Um Homem no País", Polygram, 1983)
Anda depressa, ó Elvirinha
Já chegou a camioneta
Pega na cesta e vem azinha
Vamos é pôr-nos na alheta.
O pão-de-ló não dispenso
Nem o arroz de cabidela
Não há quem faça um farnel tão bom
Não há mulher como ela
Vem passear, Elvirinha vem
Tens um lugar à janela.
Portugal que eu desconheço
Em permanente excursão
No caminho em que tropeço
É qu'eu meço a solidão.
Solidão de andar parado, ai!
Sou um motor em viagem
Será que vem? Será que vai?
É só questão de embraiagem!
Anda Elvirinha, anda meu bem
Segura na melancia
Se não te importas traz-me também
O arroz doce da tia.
Não te esqueças da mantinha
Nem do banco desdobrável
Traz, Elvirinha, traz a sombrinha
Que o campo é descapotável
Ai Elvirinha, traz a sombrinha
Que o tempo está variável
Portugal que eu desconheço
Em permanente excursão
No caminho em que tropeço
É qu'eu meço a solidão.
Solidão de andar parado, ai!
Sou um motor em viagem
Será que vem? Será que vai?
É só questão de embraiagem!
Anda Elvirinha p'ra camioneta
Já vejo a nossa comadre
E mais a outra da roupa preta
Que é irmã do senhor padre.
Temos bela companhia
Que excursão tão porreirinha...
Mas o que é isto? A tua tia
Não me disseste que vinha.
Se for com ela estraga-se o dia
Volta p'ra casa, Elvirinha
Não "vou à bola" com a tua tia
Volta p'ra casa, Elvirinha
Ficas em casa, Elvirinha
Ficas comigo, Elvirinha
Vamos p'ra casa, Elvirinha
Ai que Domingo, Elvirinha