FIB
Do Butão, um reino tradicional budista situado nos Himalaias, surge-nos um conceito verdadeiramente vanguardista que actualmente tende a ser estudado nas sociedades
ocidentais: a Felicidade Interna Bruta ou FIB.
Um exemplo de como os centros podem aprender com as (ultra)periferias.
O rei Jigme Wangchuck, observando que os restantes "países em vias de
desenvolvimento" estavam todos centrados na preocupação com o crescimento
económico, no comércio e no Produto Interno Bruto (PIB), alienando muitas vezes
a cultura, a dignidade e a qualidade de vida, decidiu que as políticas do seu governo
deveriam contemplar também a felicidade dos cidadãos. Estabeleceu então quatro
pilares governativos: (1) a promoção do desenvolvimento socio-económico
equitativo e sustentável; (2) a preservação e promoção de valores culturais;
(3) a conservação do ambiente natural; (4) o estabelecimento de um bom governo
(começou por criar eleições livres).
Este é um trabalho em progresso que parte da interrogação de como as mudanças
do nosso tempo - o desenvolvimento da informática, a diminuição da diversidade
biológica e cultural e a rápida automatização social e económica - afectam as
perspectivas de felicidade. Por exemplo, como é que a par de uma maior rapidez
de comunicação através das tecnologias, se assiste ao isolamento/solidão cada vez
maior do indivíduo.
Facilmente se entenderá que o nosso típico indicador de bem-estar - a capacidade
de consumo - é limitado face àquilo que é tão inovador e simultâneamente tão
primitivo como isto: a procura da felicidade. No entanto isso reflecte a forma
simplista e desleixada com que as sociedades pós-industriais abordaram o tema.
Em 2004, uma conferência inicial sobre a FIB teve lugar no Butão. Esta conferência
foi seguida por outra, no Canadá, em Junho de 2005. Os participantes examinaram
as iniciativas bem sucedidas que no mundo inteiro tentam integrar o
desenvolvimento económico sustentável e equitativo com a conservação do meio
ambiente e a coesão social e cultural. O grande desafio da FIB é a exigência de um
modelo alternativo de desenvolvimento.
A grande linha estratégica: a cultura não é somente um factor indicativo de um
padrão de desenvolvimento; a cultura é a orientação crítica que move todo o padrão
de desenvolvimento colectivo.
Será mais difícil que subir os Himalaias?
[B]
Fotografia > Janie Regnerus (n. 1971)
> Moss, 2001 (Col. Galerie Anne Villepoix)
Integrando a exposição Mulheres - 26 Anos dos Encontros de Fotografia de Coimbra,
(Centro de Artes Visuais-CAV, Coimbra) esta fotografia da holandesa Janie Regnerus,
apresenta uma rapariga imóvel, com as pernas tintadas de verde musgo, no cenário
paradisíaco de uma floresta. Deste modo a autora propõe uma imagem enigmática que
questiona a solidão da vivência contemporânea face à natureza.
[R]
ocidentais: a Felicidade Interna Bruta ou FIB.
Um exemplo de como os centros podem aprender com as (ultra)periferias.
O rei Jigme Wangchuck, observando que os restantes "países em vias de
desenvolvimento" estavam todos centrados na preocupação com o crescimento
económico, no comércio e no Produto Interno Bruto (PIB), alienando muitas vezes
a cultura, a dignidade e a qualidade de vida, decidiu que as políticas do seu governo
deveriam contemplar também a felicidade dos cidadãos. Estabeleceu então quatro
pilares governativos: (1) a promoção do desenvolvimento socio-económico
equitativo e sustentável; (2) a preservação e promoção de valores culturais;
(3) a conservação do ambiente natural; (4) o estabelecimento de um bom governo
(começou por criar eleições livres).
Este é um trabalho em progresso que parte da interrogação de como as mudanças
do nosso tempo - o desenvolvimento da informática, a diminuição da diversidade
biológica e cultural e a rápida automatização social e económica - afectam as
perspectivas de felicidade. Por exemplo, como é que a par de uma maior rapidez
de comunicação através das tecnologias, se assiste ao isolamento/solidão cada vez
maior do indivíduo.
Facilmente se entenderá que o nosso típico indicador de bem-estar - a capacidade
de consumo - é limitado face àquilo que é tão inovador e simultâneamente tão
primitivo como isto: a procura da felicidade. No entanto isso reflecte a forma
simplista e desleixada com que as sociedades pós-industriais abordaram o tema.
Em 2004, uma conferência inicial sobre a FIB teve lugar no Butão. Esta conferência
foi seguida por outra, no Canadá, em Junho de 2005. Os participantes examinaram
as iniciativas bem sucedidas que no mundo inteiro tentam integrar o
desenvolvimento económico sustentável e equitativo com a conservação do meio
ambiente e a coesão social e cultural. O grande desafio da FIB é a exigência de um
modelo alternativo de desenvolvimento.
A grande linha estratégica: a cultura não é somente um factor indicativo de um
padrão de desenvolvimento; a cultura é a orientação crítica que move todo o padrão
de desenvolvimento colectivo.
Será mais difícil que subir os Himalaias?
[B]
Fotografia > Janie Regnerus (n. 1971)
> Moss, 2001 (Col. Galerie Anne Villepoix)
Integrando a exposição Mulheres - 26 Anos dos Encontros de Fotografia de Coimbra,
(Centro de Artes Visuais-CAV, Coimbra) esta fotografia da holandesa Janie Regnerus,
apresenta uma rapariga imóvel, com as pernas tintadas de verde musgo, no cenário
paradisíaco de uma floresta. Deste modo a autora propõe uma imagem enigmática que
questiona a solidão da vivência contemporânea face à natureza.
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Etiquetas: felicidade, Janie Regnerus