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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Acabei E Cantou como Canta a Tempestade. É um livro muito pequeno que se lê muito depressa, uma tradução (não em versão directa) feita propositadamente para um espectáculo. Os poema de Tsvétaïeva e Akhmatóva surgem intercalados, como se fossem respostas uns aos outros. Neste aspecto, esta é uma má edição de um livro de poesia, que vale mais como curiosidade do que propriamente como antologia de um ciclo de textos de ambas as autoras. Salva-se a qualidade dos poemas, amanhã ou depois transcrevo alguns. Vou começar agora as Folhas de Viagem, aquele primeiro poema, o que está transcrito abaixo, catches the eye (so to speak). Gosto muito de Blaise Cendrars, gosto dele por causa da Prosa do Transiberiano..., há quem diga que ele nunca chegou realmente a entrar no comboio. Nunca saberemos se ele entrou no comboio ou não, mas tenho a certeza que ele fez a viagem.

Tu es plus belle que le ciel et la mer

Quand tu aimes il faut partir
Quitte ta femme quitte ton enfant
Quitte ton ami quitte ton amie
Quitte ton amante quitte ton amant
Quand tu aimes il faut partir

Le monde est plein de nègres et de négresses
Des femmes des hommes des hommes des femmes
Regarde les beaux magasins
Ce fiacre cet homme cette femme ce fiacre
Et toutes les belles marchandises

II y a l'air il y a le vent
Les montagnes l'eau le ciel la terre
Les enfants les animaux
Les plantes et le charbon de terre

Apprends à vendre à acheter à revendre
Donne prends donne prends
Quand tu aimes il faut savoir
Chanter courir manger boire
Siffler
Et apprendre à travailler

Quand tu aimes il faut partir
Ne larmoie pas en souriant
Ne te niche pas entre deux seins
Respire marche pars va-t'en

Je prends mon bain et je regarde
Je vois la bouche que je connais
La main la jambe l'œil
Je prends mon bain et je regarde

Le monde entier est toujours là
La vie pleine de choses surprenantes
Je sors de la pharmacie
Je descends juste de la bascule
Je pèse mes 80 kilos
Je t'aime

Blaise Cendrars, Folhas de Viagem, Liberto Cruz (trad.), Assírio & Alvim, 2004

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

(Comboios)

Gostaria tanto de ter dormido
Reconheço todos os países de olhos fechados pelo seu odor
E reconheço todos os comboios pelo barulho que fazem
Os comboios da Europa são a quatro tempos enquanto que os da Ásia
......................................................................................são a cinco ou a sete
Há outros que seguem em surdina são canções de embalar
E há os que no ruído monótono da rodas me lembram a prosa
....................................................................pesada de Maeterlinck
Decifrei todos os textos confusos das rodas e reuni elementos
dispersos duma violenta beleza

Que eu possuo
E que me força

Blaise Cendrars, Poesia em Viagem, Liberto Cruz (trad.) Assírio & Alvim, 2005.