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20 maio 2014

E se (não) chover…

Chove. A verdade é que eu gosto muito de dias de chuva. De dias de chuva e vento.  De ver a chuva cair, batida pelo vento. Gosto, de verdade. Claro que hoje, apesar de não ser pelos melhores motivos, gosto muito de a ver cair lá fora. Gosto da forma como a Francisca me informa se chove ou não, enquanto avalia pela janela as condições meteorológicas, de forma meticulosa e com critérios bem definidos do alto dos seus quase (quase?!?!?) 3 anos. De me ludibriar com estratégias para fintar a sesta. De se sentar ao meu lado, com aquele sorriso meigo e safado de quem quer algo e já aprendeu que com mel a coisa vai lá, num assertivo e desconcertante "Mamã, preciso de ti…  põe a Doutora, põe, pûbabore". Não gosto da sua tosse, da febre intermitente, do aspecto amarelado, da dor de barriga que acusa e a faz choramingar. Mas gosto de ver a chuva, pelos olhos da minha Filha. 

14 maio 2014

Brincar a sério. De verdade.

 Brincar é a actividade mais séria que as crianças fazem. 
" Há muitos anos, lembro-me bem, ainda brincávamos na rua, melhor dizendo, ainda brincávamos. É certo que muitos de nós não tiveram grande tempo para brincar, logo de pequenos ficaram grandes. Não tínhamos muitos brinquedos, mas tínhamos um tempo e um espaço onde cabiam todas as brincadeiras, quase sempre na rua.
Entretanto, chegaram outros tempos. Tempos que, para além das mudanças muito significativas nos estilos de vida das famílias, também parecem estar a criar outras ideias sobre o brincar e as brincadeiras. As questões relativas à segurança, obviamente importantes, não chegam para explicar a razão pela qual as famílias portuguesas usam tão pouco tempo em actividades de ar livre ainda que o clima seja favorável boa parte do ano. Aliás, nos países nórdicos, apesar das diferenças climáticas, verificam-se os níveis mais altos de actividades ao ar livre com implicações positivas na qualidade de vida, nas suas várias dimensões, de miúdos e crescidos.
Embora consciente, repito, das questões como risco, segurança e estilos de vida das famílias, creio que seria possível tentar “devolver” os miúdos ao circular e brincar na rua. Talvez com a colaboração de tantos velhos que estão sozinhos, alguns morrem mesmo de "sozinhismo", as comunidades e as famílias conseguissem algumas oportunidades para ter as crianças por algum tempo fora das paredes de uma casa, da escola, do centro comercial, do banco de trás do automóvel, do ecrã ou dos “espaços estereotipados” que o mercado criou.
No imperdível O Mundo, o mundo é a rua da tua infância, Juan José Millás recorda-nos como a rua, a nossa rua foi o princípio do nosso mundo e nos marca. Quantas histórias e experiências muitos de nós carregamos vindas do brincar e andar na rua e que contribuíram de formas diferentes para aquilo que somos e de que gostamos.
Como muitas vezes tenho escrito e afirmado, o eixo central da acção educativa, escolar ou familiar, é a autonomia, a capacidade e a competência para “tomar conta de si” como fala Almada Negreiros. A rua, a abertura, o espaço, o risco (controlado obviamente), os desafios, os limites, as experiências, são ferramentas fortíssimas de desenvolvimento e promoção dessa autonomia.
Talvez, devagarinho e com os riscos controlados, valesse a pena trazer os miúdos para a rua, mesmo que por pouco tempo e não todos os dias.
Eles iriam gostar e far-lhes-ia bem.
Por outro lado, ao que parece, afirmam alguns que não percebem de miúdos, os tempos não são de brincar, são de trabalhar, trabalhar muito, em nome da competitividade e da produtividade, condição para a felicidade, entendem. Roubaram aos miúdos o tempo e o espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim nas fábricas de pessoas, escolas, chamam-lhes. Aí os miúdos trabalham a sério, a tempo inteiro, dizem, pois, só assim, serão grandes a sério, evidentemente.
Às vezes, alguns miúdos ainda brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade quase clandestina que só pais, educadores ou professores “românticos” e “incompetentes” acham importante.
Muitos outros miúdos vão para umas coisas a que chamam “tempos livres”, que, em algumas circunstâncias, de livres têm pouco e onde, frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a continuação do trabalho que se faz na fábrica de pessoas, a escola.
Também são encaixados em dezenas de actividades "fantásticas", com designações "fantásticas", que promovem competências "fantásticas" e fazem um bem "fantástico" a tudo e mais alguma coisa. A vida de alguns miúdos transforma-se numa espécie de sobrecarregada agenda cujas vantagens serão poucas e os riscos são de considerar.
Era bom escutar os miúdos.
Na verdade, se perguntarem aos miúdos, vão ficar a saber que brincar é a actividade mais séria que eles fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que virão a ser." 

11 maio 2014

Admirável Mundo...

... onde um tubo de cartão, antes um rolo de papel de alumino, é tudo o que Francisca imagina: uma baqueta, uma batuta, um monóculo mas, preferencialmente, um megafone.

01 maio 2014

De queixo no chão e as maravilhas das bio-coisas.

Francisca andava a brincar. A correr, a saltar, a curtir a sua tarde. Francisca foi de queixo ao chão e acertou em cheio num brinquedo dos muitos espalhados pelo seu território. Sangue por todo o lado. Óh válha-me alguma coisinha. Limpar, desinfectar, tentar que o sangue parasse de pingar. Um lanho jeitoso. Bem, mais uma voltinha nas urgências, coisa gira de se fazer em dia feriado. Francisca rija, sem lágrimas, a dizer olá a toda a gente e a contar o seu episódio e eu aí valha-me qualquer coisinha, meu passarinho de queixo aberto. Cola no lanho. Adoro estas maravilhas das bio-coisas, como bioengenharia e biomedicina. Nada de pontos, nada de gritos, nada de cuidados extra, que diz que aquilo cai quando cicatrizar. Francisca preocupada que ia perder o seu episódio de Dra. Brinquedos. E eu a pensar valha-me qualquer coisinha, meu passarinho de queixo aberto. Mais um cromo na caderneta e a certeza de que a miúda é rija, pá!
( gosto especialmente desta coisa retorcida que as Mães têm, esta coisa chamada culpa non-sense. Só se acolchoasse o chão e almofadasse o Mundo, repito para mim. Ou não a deixasse ser criança e brincar. Ah, a culpa non-sense, coisa maravilhosa. Isso e a dor de cabeça com que eu fiquei, tamanha camada de nervos que se me pôs quando a vi estendida numa poça vermelha no chão. Meu pequeno passarinho.  ) 

10 abril 2014

A Dra. chegou.

Francisca tem uma nova "obsessão": a Dra. Brinquedos. Francisca gruda na televisão e suspeito que nem um terramoto grau 9 na escala de Ritcher a fizesse mover. Nas viagens, os ursinhos "remelosos" foram substituídos por um DVD da dita, que curiosamente durou dA Cidade até ao campo (suspeito que estava em repeat but who cares?). Francisca ri às gargalhadas, com um tique que herdou de mim. Por um lado, faz-me confusão vê-la hipnotizada pela TV, meia abóbora. Mas por outro, penso que a deixar ver um episódio da sua adorada Dra. por dia não lhe vai fazer bicho e a transformar em vegetal abóborado. Excepto quando vai à Pediatra e diz, sem papas na língua " tu também te chamas Dra., não é?" e eu cá queria um buraco, faxfavore. Com conta, peso e medida, não me parece que a deixar ver um bocadinho de "desanimados" adequados à sua idade lhe tirem menos infância... A infância de saltar, correr, pular, imaginar e no fundo, ser criança. 

25 março 2014

Segura a minha mão.

Segura a minha mão, Francisca. Segura que ela segura o Mundo por ti. Para ti. Segura a minha mão, Francisca, ela vai buscar todos os sonhos para ti. Só para ti. Segura a minha mão... Porque às vezes, segurar a tua mão,  é tudo o que ambas precisamos. Eu levo-te o desconforto, na magia que as Mães conhecem. Tu trazes-me de volta à doçura, num "obrigado Mamã, já 'tá melhor". 
(em modo adenoidite v3276.0) 

20 março 2014

Quem minha Filha beija...

Francisca está em casa de molho. Conjuntivite e mais uma virose, suponho eu, com tudo a que há direito. Hoje é dia de Oksana. Francisca gosta muito de Oksana. Hoje, Oksana fez-lhe uma trança, daquelas que eu gostava de saber fazer mas que nunca tive jeito. Francisca está, apesar de tudo, vaidosa que dói com o seu penteado. E quem minha Filha beija, minha boca adoça. 

13 março 2014

11 março 2014

Sometimes I get lost inside my mind…

Nas tuas mãos pequeninas, carregas o meu coração. Soube-o desde o primeiro momento em que seguraste o meu dedo, capturando para sempre cada batimento. Soube-o na primeira vez em que vi os teus olhos rasgados, que eles seriam a luz dos meus dias. Relembro-me a cada manhã, quando acordas e me chamas. Ou te ouço no teu quarto, entretida a calçar as tuas sapatilhas, ávida de um novo dia. Nas tuas mãos pequeninas, carregas o meu coração. Quando me chamas "Mamã" e me estendes os braços para um abraço apertadinho e sinto o cheiro do teu cabelo, relembras-me que, nas tuas mãos pequeninas, carregas o meu coração. Vão crescer, assim como tu. Mas serão sempre as mesmas mãos pequeninas, as tuas, que carregam o meu coração. 

07 março 2014

Extremos? Não, obrigada.

Francisca tem dois anos e meio. Já provou um Happy Meal. Já provou batatas fritas sem serem de Happy Meal. Já provou chocolate. E gomas. E adora um bom croissant. E panquecas. E quando vai à Capital, acha piada a ir à Starbucks, vicio por mim adquirido nos tempos em que vivi em Terras do Tio Sam. A minha Filha vê (alguma) televisão, com bonecada adequada à idade dela. E adora. Dança, canta, bate palminhas. E adora ver os Ursinhos carinhosos (carinhosamente apelidados pour moi de "remelosos") em viagem. A minha Filha está habituada a viajar de carro desde muito pequena. Sozinha, na sua cadeirinha, no banco de trás. A minha filha tem brinquedos didácticos, brinquedos inúteis e capazes de estrafegar a paciência a um santo e brinquedos que serão sempre e só brinquedos. Ou coisas do quotidiano que se transformam em brinquedos, como a vassoura que vira um cavalo e a galope vai feliz Francisca pelo corredor fora. Mas também brinca com o iPad da Mãe. E sabe o que é o Skype e que (também) serve para falar com os Avós. A minha Filha vai à Escola desde que tem um ano, com todas as vacinas tomadas, incluindo as extra plano nacional de vacinação. Porque eu acredito na ciência e nas maravilhas da medicina moderna. Porque, por alguma coisa, já não se morre de tétano ou rubéola. Francisca só não foi antes para uma Escola, com meses ainda,  porque tinha Avós por perto, que agora se encontram a quase 500km de distância. E eu não nasci para estar em casa. Nada me impede de ser Mãe e Profissional, mesmo que às vezes conciliar ambas se torne um quebra-cabeças. Não sinto culpa de a levar todas as manhãs para a  Escola. A minha Filha é uma criança feliz, saudável, alegre e sobretudo, é criança. Não tenho pachorra para fundamentalismos, para os 8 ou os 80. Aceito, respeito, mas não me pode ser pedido que concorde. Habemus pena. Como em tudo na vida, existe o meio termo. Tenho-me deparado, cada vez mais, com fundamentalismos no que toca a temas tão variados como alimentação, vacinação, educação… Cada Pai deve decidir em consciência aquilo que considera melhor para os seus Filhos. Salvo raras excepções, acredito (tenho de acreditar) que todos os Pais têm o melhor interesse dos seus Filhos sempre no topo da lista. Assim, respeito profundamente opiniões diferentes da minha. Mas sou e serei sempre livre de não concordar. Assim como apenas peço que respeitem a minha posição no que respeita a como ajudo Francisca a construir o seu mundo próprio e a crescer. Francisca faz tudo o que acima descrevi, com conta, peso e medida. Não vive de Happy Meals, mas se comer uma batata frita aqui e outra ali, não me parece que o mundo vá implodir. Muito menos, por se esconder debaixo da mesa da cozinha a comer as gomas que habilmente roubou à Mãe. Acredito no bom senso e no meio termo. Creio que ambos são os principais responsáveis pela minha descontracção e calma enquanto Mãe. E até ver, acho que me tenho saído bem. Ou não fosse o sorriso maravilhoso com que ela me brinda  todos os dias. 

28 fevereiro 2014

O melhor do meu dia.

 
Escrever um Livro. Plantar uma Árvore. Ter um Filho.
Não escrevi um livro… mas escrevi uma tese de Doutoramento numa língua que não a materna e mais uns quantos artigos ditos científicos. Conta? Talvez não. Whatever… 
Plantar uma árvore… Pois… Até hoje, acho que a palmeira (nem sei se é uma palmeira a "coisa") que sobrevive habita numa das varandas, herdada da antiga vizinha de baixo, do antigo prédio, dois casais atrás, ainda não se faleceu graças à mão da Oksana. 
Tive uma Filha. O melhor do meu Mundo, o melhor de mim. A minha Filha. E não existe ou existirá árvore alguma que fosse capaz de me oxigenar mais. Ou livro que mais me inspirasse ou mais capaz fosse de me ensinar sobre o Mundo e sobre mim. E no fundo, perceber isto, foi o melhor do meu dia.  

19 fevereiro 2014

Crescer.

Francisca: 
Crescer. Crescer é uma armadilha, Francisca. Desde que o Mundo conhece o som do teu choro (ou o de qualquer outra criança), que se (te) pede que cresça(s). Em altura ou em peso, nas curvas dos percentis, logo tudo tão tabelado, tão delimitado e limitador. Pede-se que sejam adquiridas capacidades, reconhecer a voz da Mãe, responder a estímulos, sentar, andar, saltar, correr. Pede-se (exige-se) que se adquira a capacidade de respeitar e de seguir ordens, seguir os padrões da sociedade, tão tabelados, tão delimitados e tão limitadores. Todos pequenos (grandes) burrinhos, com umas belas palas ou óculos de Penafiel. Porque se interiorizou tudo o que nos foi pedido, exigido, tudo quase como o peso e a altura seguem as curvas dos percentis. E tu dizes que sim, que já és uma Menina grande e dizes que a Francisca calça porque já é crescida, a Francisca despe porque já é grande, a Francisca faz, a Francisca consegue sozinha. O tempo irá ensinar-te que muito provavelmente, sim, conseguirás fazer quase tudo por ti mesma. Pelo menos, espero que essa capacidade te corra nas veias. Acho-a muito útil para a vida dos crescidos. Francisca, o que tu agora dizes querer ser, grande, com menos de 3 anos, o tempo irá de certeza ensinar-te aquilo que se te dissesse hoje, não conseguirias perceber: crescer é uma armadilha, Francisca. Que começa na e desde a primeira golfada de ar. 

13 fevereiro 2014

Momentos que quero guardar (e talvez venha a ser o melhor do meu dia) .

Os caracóis da minha Filha. Gosto de lhe passar os dedos entre os caracóis enquanto lhe digo bom dia. De voz ensonada. Os caracóis da minha Filha que gosto de adornar com laços. Enquanto é a minha Menina. E gosta de correr para o espelho, depois de lho colocar e gritar (talvez não grite, mas de manhã o barulho é-me demais sempre) "Mánhe, olha a Paquica tão bonita!". Os caracóis tão bonitos da minha Filha. Gostava de poder eternizar pequenos momentos, como o revolver dos dedos nos seus caracóis, pelas manhãs. 
(A girl without a bow, is not a girl! E os laços da Lemon Hair Lovers, são para lá de amorosos! )

30 janeiro 2014

Eu sei que sim, mas eu tenho coração.

Hoje, fui às urgências com a Francisca. Apanhei um susto. Eu sei, eu sei, não é nada de catastrófico, mas dizerem-me que a miúda já não estava com a saturação de oxigénio como devia e que estava em esforço, fez o meu coração parar. Para logo a seguir, numa fracção de segundos, a adrenalina o voltar a obrigar a bater. Disse a mim própria para não ser mariquinhas. Para usar a cabeça e não o coração. Eu sei, eu sei, coisas de crianças. Um bocadinho de oxigénio para ajudar a respirar melhor (e para mim? respira, respira mariquinhas, mantém a calma, tu sabes que não é algo do outro mundo, respira, dá-lhe calma, dá-lhe conforto, aguenta-te que motherhood is not for sissies!). Medicação, resguardo, mimo, carinho, paciência. Eu sei, eu sei, não é nada de muito grave e há coisas muito piores. Limpa-se vómito e ranho, diz-se que já vai passar tudo com o "remédinho", aguenta-se as más noites de choro pela doença, limpam-se as lágrimas de desconforto, vela-se a respiração, medicação certinha e tudo vai passar. Eu sei, eu sei, eu sei que isto passa e não tarde está de novo aos pinotes e não foi nada com ela. Mas como dizia o meu querido Matt, quando a filha de um colega nosso foi submetida a uma pequena cirurgia, as pequenas cirurgias são as que são feitas nos outros, não em nós ou nos nossos. Agora, Francisca dorme, de respiração ofegante.  Deixou-se dormir no sofá, encolhida sobre ela mesma. Levei-a ao colo para a cama, a cabeça encostada no meu peito, tão pequena a minha Menina grande, tão minha, tão de mim. De cada vez que a Francisca fica doente e a vejo com aqueles olhos fundos, parte de mim também adoece. E eu sei que é a melhor parte de mim. 

18 janeiro 2014

Cenas que (só) (um)a Mãe sabe.

Francisca tem cara de doente. Francisca tem os olhos fundos. Francisca está atacada de ranho verde em doses industriais. Pela enésima milionésima vez. Francisca cheira a infecção, a doente. Literal e figurativamente. 

08 janeiro 2014

Vou fazer 30 anos este mês #5

Porque já sou Mãe. Porque serei sempre Mãe. Porque já caí. Porque sei que vou voltar a cair. Porque a minha Filha já caiu muitas vezes e vai cair outras tantas. E eu vou ensiná-la a levantar-se. Porque vou voltar a cair. E a minha Mãe, no seu jeito, vai voltar a ensinar-me, se não a levantar, qual a melhor maneira de cair. 
Alfred Pennyworth: Took quite a fall, didn't we, Master Bruce?

Thomas Wayne: And why do we fall, Bruce? So we can learn to pick ourselves up. 
Batman Begins (2005)

07 janeiro 2014

Vou contar-te uma estória, Pequenina…

Francisca vou contar-te uma estória. Bem baixinho, enquanto dormes no silêncio da noite. Vou contá-la sem os meus lábios se moverem, para não perturbar o teu doce sono. Vou começá-la por "Era uma vez…", tu agora já gostas que as estórias e histórias comecem assim. Ouve, Francisca e guarda-a, onde eu te digo que a Mâe vai sempre, no teu coração… 
Era uma vez uma Menina. Como vamos chamar a essa Menina? Menina? Está bem, a Menina chama-se Menina. Então, era uma vez uma Menina que queria ser um Leãozinho. Forte, destemida, com garra. Sabes, Francisca os Leões são os Reis da selva. São corajosos. O Pai dessa Menina achava que sim, que ela era um Leãozinho, porque de uma maneira ou de outra, sempre arranjava maneira de ultrapassar obstáculos e seguir em frente. Como tal, passou a chamá-la assim. Quando a queria elogiar ou dar um mimo, dizia "lindo leãozinho". Sabes, seguir sempre em frente, Francisca. Parar e ficar a olhar para trás não traz o que passou de volta, não ajuda, não cura. Parar no presente a olhar para o passado não te vai trazer nenhum futuro. Tal como os Leões, Francisca, que são os reis da selva, no matter what, andar para a frente é o que é preciso na selva da vida, que um dia vais ter de perceber como é. Se fores para a área das ciências, survival of the fittest será o que te vou dizer e tu saberás identificar o autor dessa frase, tal como a Menina que queria ser um Leãozinho soube. Mas, apesar de todos acharem que a Menina era um Leãozinho, a Menina guardava nela uma Libelinha. Sabes, Francisca, as Libelinhas são muito frágeis, embora não o pareçam. Às vezes, a Menina sentia-se muito cansada. Sentia que o corpo que devia ser de Leãozinho lhe falhava e a deixava frágil como uma Libelinha. Sentia que as forças de um Leão lhe falhavam e que nem as asas de Libelinha conseguia mover. Nessas alturas, a Menina escondia-se e fechava-se nela. Não queria contar a ninguém que, se calhar, não era tão Leãozinho como todos pensavam. Nessas alturas, quando a garra do Leão se tornava inexistente, a Menina tinha muito medo que percebessem que, afina,l era frágil e que a magoassem por o perceberem. Survival of the fittest, Francisca... Por isso, a Menina escondia-se. Até que um dia a Menina descobriu que a Libelinha que nela vivia já não sabia chorar por querer ser um Leãozinho e que não podia esconder-se do Mundo quando o corpo lhe falhava em ser um Leãozinho. Um dia, a Menina percebeu que podia ser um Leão e uma Libelinha ao mesmo tempo, sem que a magoassem com isso, sem que lhe fizessem qualquer tipo de dói-dói que um beijinho mágico não cura. Um dia, a Menina aprendeu a deixar-se dormir e a despertar como uma Libelinha e a viver como um Leãozinho. Para enfrentar a selva da Vida, Francisca. Percebes, Pequenina? Não acordes… Não tem moral da história esta estória Francisca… Porque a Menina cresceu e está agora sentada na cadeira de baloiço de que tanto gosta. E diz, sem a voz soar, para guardares esta estória onde me guardas: no teu coração. 

13 dezembro 2013

My only sunshine...

Esta noite tive um pesadelo. Ou um sonho estúpido, whatever, tanto faz. Sonhei com (um)a Francisca crescida, quase adulta, que questionava sobre a Mãe. Como era a Mãe? O que fazia a Mãe? Sou parecida com ela? Como era a voz dela, não me consigo recordar? Não me lembro do cheiro da Mãe... Acordei ainda era noite escura lá fora, meia atordoada. Francisca ressonava como gente grande no seu quarto de Menina (ainda) pequenina. Lembro-me de um dia ter lido ou ouvido algures que um recém-nascido nunca esquece a voz da Mãe. Não sei se é verdade ou não, mas também não importa no que eu acredito. Mas só por causa das coisas e de maneira a afastar ideias menos felizes da minha mente, Francisca hoje teve sessão matinal de discos pedidos. A Mãe cantou-lhe as pantominas todas que foram sendo pedidas. Com a minha voz tenebrosa mas que é a minha, a voz da Mãe dela. E porque eu não quero que Ela esqueça o quão mal a Mãe canta, cantei para afastar ideias menos felizes. E isso, fê-la rir e sorrir. E afastou todas as nuvens da minha cabeça, porque Ela é o Sunshine of my life, that's why I'll always be around... 
(claro que Francisca não pediu Stevie Wonder, foi assim mais coisas que metiam  comboios e giroflés giroflás, mas pronto... há-de chegar o dia em que talvez goste de saber   que a Mãe gostava desta música...)

01 dezembro 2013

De pequenina...

Francisca ainda não percebe o que significa dar uma latinha de atum, pela sua própria mão, a um dos muitos voluntários que este fim de semana ajudam a alimentar o Banco Alimentar contra a Fome. Ainda não percebe que uma lata de atum fará toda a diferença a quem dela precisa. Também não percebe o que significa tudo o resto que está na saca entregue. Mas de pequenino(a) se torce o pepino e por isso, na esperança de que a coisa vá entrando, ficando, Francisca entrega a latinha de atum pela sua mão. Para ajudar a que haja menos barrigas cheias de fome.