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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

OS VENCEDORES E OS VENCIDOS

Dentro de menos de 24 horas, "les jeux sont faits; rien ne va plus!". Que é como quem diz, em português popular -A partir da meia-noite, chapéu! Quem não ganhou ganhasse! Sim, que nisto da política, as eleições já estão ganhas ou perdidas, consoante os casos, muito antes de os primeiros boletins entrarem nas urnas. Por isso se arrisca aqui uma apreciação/previsão do que aí vem.
As sete forças concorrentes no concelho de Tomar podem e devem, para maior facilidade de análise, ser divididas em dois grupos. Num os vencedores, quaisquer que venham a ser os resultados finais. No outro os vencidos da última oportunidade. No grupo dos vencedores por assim dizer antecipados, temos o Bloco de Esquerda, o Tomar em primeiro lugar e o CDS-PP.
O BE já ganhou, pois a sua candidatura visa apenas alargar a sua influência, lançar propostas fracturantes, contestar, "unir forças", conforme consta dos seus próprios cartazes. Quanto ao resto, as ideias básicas dos bloquistas são as do postMaio68, que já nem sequer estavam na moda em 89, aquando da queda do Muro de Berlim. Em França, o carteiro Besansonot e a senhora Laguilier, os dois trotsquistas de serviço, valeram em conjunto nas últimas legislativas menos de 8%. Escreve-se isto apenas para dar uma ideia do brilhante futuro que entre nós espera o BE. Mas manda a verdade acrecentar que, igualmente em França, o PC, que já valeu 25% nos idos anos 60/70 do século passado, obteve 2,3% nas últimas legislativas. O pior que poderia acontecer aos bloquistas tomarenses, seria ganharem a câmara, para a qual visivelmente não têm qualquer projecto adapatado às circunstâncias. Se isso inesperadamente ocorresse, seria uma confusão pegada, como vem acontecendo em Salvaterra, a única autarquia do Bloco.
O movimento Tomar em primeiro lugar acertou em cheio no diagnóstico inicial, mas depois não desenvolveu devidamente os seus temas de campanha. Como, apesar disso, tem um excelente candidato, também já ganhou, mesmo que não consiga eleger ninguém. As sementes que lançou, sobretudo a necessária e urgente reforma da autarquia, a mudança de atitude dos autarcas e dos funcionários, a redução das taxas e da burocracia, bem como a condenação conjunta do trabalho da maioria e da oposição, durante o mandato que agora termina, vão certamente germinar e obrigar os novos eleitos a agirem em consequência.
Ivo Santos, já aqui foi dito, soube inovar e mostrar uma nova atitude, mas arrancou tarde e saiu tarde do PSD. Mesmo assim, quer consiga ou não obter um ou mais lugares na vereação, também já venceu. Marcou a diferença, ganhou notoriedade e abriu amplas perspectivas para o futuro. Se tiver calma para aguardar e saber dançar de acordo com a música ambiente.
A situação das outras forças aparece como muito menos confortável. CDU, IpT, PS e PSD, nalguns casos sem sequer disso se darem conta, jogam aqui a sua última cartada, pelo menos com os actuais líderes dirigentes e/ou cabeças de lista. No caso da CDU, porque Bruno Graça decidiu usar de todo o seu prestígio como dirigente associativo com obra feita, e como ex-dirigente político, para colocar a fasquia o mais alto possível. Para ele ganhar é vencer as eleições, conforme declarou à comunicação social. Em tais condições, agora ou ganha, ou restar-lhe-á desempenhar as funções para que eventualmente for eleito e depois arrumar as botas. Esta foi a sua última jogada com algumas hipóteses. Depois, será como nos casinos -"Rien ne va plus!"
Outro tanto acontece com as forças políticas mais susceptíveis de virem a vencer o escrutínio. Tudo indica que uma das três virá a presidir aos destinos do concelho no próximo mandato. Que muito dificilmente irá até ao fim sem sobressaltos, pois salta aos olhos dos mais atentos que nenhuma delas tem quaisquer planos susceptíveis de solucionar, ou sequer de atalhar, a crise que se vai agravando de dia para dia. Estão para a política local um pouco como aquele médico que persistia em receitar medicação para os brônquios e os pulmões, quando o paciente sofria era do fígado. Para Corvêlo de Sousa, Miguel Relvas, Pedro Marques, José Vitorino e Luís Ferreira, esta é a última cartada. Ou vencem ou saem da mesa de jogo, que há muita gente a aguardar um lugar livre. E o casino nabantino anseia por mudanças...desde que tudo fique na mesma.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

FINALMENTE ACONTECEU !


Já não era sem tempo, mas finalmente aconteceu. Ao que julgamos saber (se estivermos equivocados, os interessados farão o favor de nos corrigir, o que desde já agradecemos), pela primeira vez em 35 anos de liberdade, uma candidatura autárquicas ousou quebrar velhas barreiras. Liderada por José Lebre, a candidatura Tomar em primeiro lugar foi visitar o acampamento cigano, situado junto à entrada sul da cidade. Foram bem recebidos e informados detalhadamente sobre todos os problemas pendentes. De acordo com informações que recolhemos, toda a comunidade do Pascoal vai votar TPL. Acrescentaram que qualquer solução, seja transitória ou definitiva, para correr bem terá de respeitar, no essencial, a vontade dos clãs, que é a da separação entre os dois, tal como agora existe. A ideia de construir um bairro isolado para todos, pode vir a acarretar mais problemas do que aqueles que pretende resolver, pois tal como em qualquer outro grupo humano, há de tudo -ciganos bons, ciganos assim-assim, e outros que nem bons nem assim-assim.

IVO SANTOS CONTINUA A MARCAR PONTOS


Pela segunda vez em pouco tempo, Ivo Santos consegue trazer a Tomar o líder Paulo Portas, para o ajudar na campanha. Demonstra assim que dispõe de real influência em Lisboa. Coisa que os outros candidatos partidários... Pois ! Há também o caso do Relvas, se e quando o Passos Coelho se alcandorar ao poleiro PSD. Mas a política não se faz com ses. Faz-se com realidades observáveis. E úteis para todos. Houve igualmente a passagem, de fugida, da Dª Manelinha. Mas isso foi para as perdidas legislativas. E tratou de ir jantar para Ourém, que fica mais próxima de Fátima. Nem isso lhe valeu.
Paulo Portas estará em Tomar na próxima Sexta-Feira. Fará campanha no Mercado Municipal e subirá a Corredoura. À noite, a partir das 20 horas, haverá jantar de encerramento da campanha, na Estalagem de Santa Iria. Fui convidado (Obrigado Ivo !) mas continuo a não ter estômago para essas coisas. Feitios...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

CANDIDATOS VOTOS E RESULTADOS PROVÁVEIS 2

António Rebelo

4 - Independentes por Tomar - Pedro Marques

Continua a não admitir publicamente que cometeu erros crassos durante os seus dois mandatos, os quais vieram a constituir magníficas passadeiras vermelhas para as sucessivas e claras vitórias de António Paiva, apesar das tropelias que este foi cometendo. Da mesma forma, este seu mandato como independente... Boa pessoa, tem no entanto, talvez por timidez, um relação difícil com os outros, mostrando-se demasiado susceptível. Mesmo assim, sabe ser amigo dos seus amigos, desde que estes sejam "maleáveis" e não tenham o hábito de questionar. Gosta de ajudar as colectividades, particularmente o União de Tomar, quando pode. Na minha opinião, deverá obter votos suficientes para pelo menos um lugar, apesar de ter sido pouco criterioso na escolha da sua lista, segundo é voz corrente. Tudo parece indicar que está erradamente convencido de que as suas antigas receitas serão óptimas para curar as novas doenças. Tudo devidamente ponderado, para que não fique com a ideia de que tenho algo contra ele, aqui deixo bem claro que tenciono fazer, com muito gosto, uma cruz no quadrado à frente da sua candidatura.
5 - Partido Socialista - José Vitorino
Bom rapaz, cidadão honesto, tomarense amante da sua terra, elegante. Apresentou propostas que em grande parte vêm já das eleições de 2005. As novas, como por exemplo o Centro de Interpretação Ambiental, na Quinta Vieira Guimarães, seriam óptimas ideias caso os tempos fossem outros e a autarquia não estivesse cada vez mais atascada em dívidas e as suas receitas a diminuir a olhos vistos. Em contrapartida, a anunciada Empresa Municipal de Cultura e Turismo poderia vir a ser uma excelente iniciativa, se devidamente planeada, implementada e acompanhada. Apesar da arrogância que alguns lhe atribuem, julgo que deverá conseguir eleger-se. Dois vereadores já seria uma bela vitória, pois não demonstrou ser capaz ou ter projectos capazes de contribuir positivamente para debelar a crescente crise local. Apesar de tudo o que antecede, pode contar com o meu voto.
6 - Partido Social Democrata - Corvêlo de Sousa
Impecável em termos de apresentação, de relações humanas, de cortesia, de sensibilidade artística e de tolerância. Daria um excelente diplomata ao mais alto nível. Recebeu uma pesada herança, que manifestamente ainda não sabe como gerir. Não consta que tenha alguma ideia sobre a melhor forma de agir para ultrapassar a cada vez mais grave crise local. Continua a tentar aplicar as receitas que possíbilitaram as três vitórias de António Paiva. A sua actual maioria, salvo uma ou outra excepção, não chega sequer para cumprir os mínimos olímpicos, quanto mais agora para vencer uma prova importante. Se conseguir três eleitos já será algo de retumbante e imerecido face ao trabalho realizado. Por todas as suas qualidades, mas também por ser um tomarense empenhado e nos representar com brio e dignidade, votarei nele.
7 - Tomar em Primeiro Lugar - José Lebre
Um grande coração e o maior empenhamento de todos os candidatos locais. Transpira sinceridade, devoção à causa pública, vontade, entrega e autoridade. Com o devido respeito, (porque o humor pode tornar os eleitores mais alegres), é também, garantidamente, o único candidato do distrito (e provavelmente até do País) que não anda a tentar vender gato por Lebre. Tem todavia um programa demasiado sucinto para o meio nabantino, com algumas boas ideias, mas ainda assim insuficiente para poder vir a enfrentar com êxito a difícil situação local. O seu projecto de Museu dos Tabuleiros seria excelente numa época de vacas gordas, talvez com outra localização. No actual contexto, evitar-lhe-á a tristeza de constatar que as receitas conseguidas não chegariam sequer para pagar ao pessoal, quanto mais o investimento inicial e a manutenção. Pode conseguir um vereador, o que já será muito bom, visto que arrancou tarde e não concorre às freguesias nem à Assembleia Municipal. Tem o meu voto, sem qualquer hesitação, por concordar com muito do que defende.
Nota final
Na minha humilde opinião, o resultado mais provável, salvo qualquer imprevista hecatombe de última hora, será 3+2+1+1. Estou persuadido, embora não totalmente seguro, de que o PSD obterá 3 mandatos. Os dois mandatos poderão ir para (por ordem alfabética) CDS, IpT ou PS. Os mandatos restantes parecem-me demasiado imprevisíveis para qualquer vaticínio. Apenas se pode excluir para já o BE, apesar do excelente resultado obtido nas legislativas recentes.
Quanto à minha opção de votar em todas as listas, sei bem que o meu voto será nulo. Não poderia, contudo, proceder de modo diferente. Não só porque me dou bem com todos os candidatos, não pretendendo por isso prejudicá-los, como igualmente, no meu fraco entendimento, nenhum se mostrou por enquanto capaz de começar sequer a resolver a crise. Parecem-me mais interessados em apagar o fogo com gasolina.
Acresce que, sendo desde há muito favorável ao voto uninominal, sou forçosamente contra o "vote no lote", que nos é imposto pelo sistema partidário. Como não fui eu que fiz a lei, nem participei na sua elaboração, não me cabe qualquer culpa na anulação do meu boletim de voto. Afinal fiz o possível para contentar toda a gente, ficando em paz com os outros e comigo próprio. Além de estar já certo de que votarei no vencedor, seja ele quem for.

CANDIDATOS VOTOS E RESULTADOS PROVÁVEIS 1

António Rebelo
A poucos dias do escrutínio, passo, como prometido, a explanar o que penso de cada candidato e das suas propostas, em quem votarei e porquê, e qual o mais provável resultado final. Como é evidente, trata-se de meras opiniões pessoais, alicerçadas apenas na experiência de vida, no lido, no ouvido e no relacionado. Faço-o por saber que as minhas posições não têm qualquer influência junto dos eleitores. Se assim não fosse, ficaria mudo e quedo. A seriação dos candidatos é a da ordem alfabética dos partidos ou grupos pelos quais se apresentam.
1 - Bloco de Esquerda -BE - António Godinho
É o único cabeça de lista que desde o início já está praticamente certo de que não será eleito. Limita-se, portanto, a ir semeando propostas, procurando desempenhar o melhor possível o seu papel de animador de campanha eleitoral e de perturbador do eleitorado conservador. A atirar sucessivos calhaus no charco. O programa eleitoral que apresentou, designadamente para a área cultural, é de tal forma amplo e ambicioso que provavelmente nem sequer o conseguiria implementar se, por um de todo improvável bambúrrio, lhe viessem a facultar os consideráveis créditos necessários. Mas a ideia também não é essa. Tudo indica que se trata apenas de apresentar uma panóplia tão variada quanto possível de propostas, exclusivamente com o propósito de reivindicar o pioneirismo, quando alguma for posta em prática. Como aconteceu com os TUT e o Parque de Campismo, por exemplo.
Procurando, na modesta medida das minhas possibilidades, recompensar os seus generosos e sinceros esforços em prol da modernidade e na defesa do ambiente, vou votar nele.
2 - Centro Democrático Social - CDS/PP - Ivo Santos
Jovem, optimista, corajoso, convivial, empreendedor, mais amigo de fazer que de dizer. Soube apresentar ideias arejadas e motivadoras. Tem feito uma excelente campanha e foi o único, pelo menos até agora, a conseguir trazer a Tomar o líder do partido pelo qual concorre, o que me parece de assinalar, por tudo o que implica. Infelizmente, cometeu alguns erros elementares, nitidamente por falta de "calo". Decidiu-se e dissidiu tarde demais, manteve o lugar de vereador e foi na cantiga de alguns na questão do trânsito na Corredoura, uma ideia lamentável. Apesar de tudo, tendo em conta a natureza profunda do eleitorado local, bem como a tendência a nível nacional, poderá vir a surpreender, conseguindo dois lugares, o que seria excelente, mas particularmente perigoso para ele. Viria a ser a mais óbvia muleta do PSD, em caso de vitória deste, prejudicando assim de forma prematura as suas fortes hipóteses em 2o13. De qualquer modo, candeia que vai à frente alumia duas vezes, pelo que pode igualmente contar com o meu voto.
3 - Coligação Democrática Unitária - CDU - Bruno Graça
Até esta data, sem dúvida o melhor programa apresentado, como instrumento de ataque decidido à crise local, mesmo se largamente lacunar e com propostas pouco habituais na CDU. A revelar que "para grandes males, grandes remédios". Igualmente o candidato politicamente mais sólido e mais credível, com obra feita e apreciada por todos. Todavia, a evidente falta de implantação local da força pela qual concorre, bem como os receios que a mesma desencadeia, dificilmente permitirão que consiga sequer vir a ser eleito. Dois eleitos seriam um êxitpo estrondoso e um sinal de que algo estaria a mudar em Tomar. Para melhor. É, quanto a mim, o típico caso de uma candidatura com ideias frescas e operativas, mas sem eleitorado. Dou-lhe o meu voto, por concordar em absoluto com vários do princípios apresentados.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A QUESTÃO DOS VOTOS E DOS LOTES

No próximo Domingo, contados os sufrágios para as autarquias, encerrar-se-á o ciclo eleitoral deste ano. Os eleitores menos atentos a estas coisas exlamarão, naquele português chão, que todos conhecemos, mas nem sempre assumimos, "Chiça que já não era sem tempo, qu'isto d'eleições é tudo a mesma aldrabice !" Estão redondamente enganados. Cada eleição é muito diferente das anteriores e das seguintes, tendo em conta todas as suas implicações. Isto mesmo já entendeu grande parte do eleitorado que, instintivamente, se adapta às circunstâncias. Assim, nas europeias, cientes de que se trata de votar nuns lotes partidários de candidatos que, quaisquer que sejam os resultados, irão integrar uma ínfima minoria de menos de 25, num parlamento com mais de 75o lugares, cujas funções aliás desconhecem, abstêm-se em massa. Maneira de dizer -Deixem-se de brincar com as pessoas.
Já nas legislativas, a realidade é algo diferente. Há também as famigeradas listas de lotes partidários, sobre cujos integrantes os eleitores pouco ou nada sabem, mas isso não os impediu de se adaptarem rapidamente. Ao fim de todos estes anos, já vão intuindo que a escolha dos deputados é apenas um pretexto oficial para referendar o governo em funções e designar o futuro primeiro-ministro. Por isso, são bem mais numerosos a ir às urnas que nas europeias. Apesar de não conhecerem as capacidades dos diversos candidatos, pensam que, para votar sim ou não, consoante as consignas partidárias, qualquer um serve.
Há igualmente os que aproveitam qualquer escrutínio para se vingarem, para protestar, para dizer não. São os suportes dos extremos do quadro partidário e existem, em maior ou menor número, em todos os países de democracia plena. Pouco a pouco, a maioria acaba por integrar-se. O melhor exemplo é o próprio Durão Barroso, ex-MRPP.
Vamos ter agora novamente as autárquicas, onde a música é outra. Trata-se, logo à cabeça, da votação em que a nossa influência pode ser mais determinante, mas igualmente daquela que mais depressa vai reflectir-se na nossa vida quotidiana. Não é certamente por acaso que em Tomar a crise é cada vez mais profunda, enquanto que nalguns concelhos vizinhos... Há como sempre as tais listas/lotes, partidárias ou independentes. Quem quiser votar no candidato A, B ou C, é obrigado a levar como contra-peso os respectivos companheiros de lista. Assim como quem vai ao talho comprar febras de porco e é forçado a pagar e trazer também toucinho, chispe, fígado e túbaros, porque fazem parte do lote.
Nada de grave ? Era bom era ! Mas a realidade é outra. Enquanto que, no caso dos deputados, o indigitado primeiro-ministro pode ou não escolher alguns deles para integrar o governo; nas autarquias, o infeliz vencedor é forçado a trabalhar com os seus companheiros de lote, quer isso lhe agrade ou não. E lá se vai a responsabilidade de cada um perante os eleitores. Têm é de ser leais ao partido. Se quiserem vir a integrar os próximos lotes !
Há os independentes ? Pois há. Mas aí trata-se de uma lógica individualista, em que o líder faz as vezes do colectivo partidário. Será melhor ? Falta demonstrar, pelo menos no caso de Tomar.
Perante este quadro tão pessimista, valerá a pena ir às urnas no próximo Domingo ? Vale certamente e é até muito importante, para demonstrar que os eleitores cumprem o seu dever; os eleitos é que nem tanto. Depois, há que continuar a criticar com fundamento tudo aquilo que nos aflige. Caso contrário nunca mais nos veremos livres deste sistema eleitoral claramente ultrapassado nos tempos que correm. O ideal seriam listas individuais. O mais votado seria o presidente, o seguinte o primeiro vereador, e por aí adiante. Não haveria cá intromissões distritais nem nacionais, em matérias que manifestamente ignoram. Mas as coisas são o que são.

domingo, 4 de outubro de 2009

OS ARTISTAS E OS RESPECTIVOS REPORTÓRIOS

Conforme já aqui foi referido, a iniciativa da Rádio Hertz com o conjunto dos cabeças de lista correu bem, como é costume dizer-se, mas não trouxe nada de novo. O formato escolhido, sem dúvida o mais confortável para os intervenientes activos, tal não permitia. A longa série de 28 monólogos de 5 minutos, separados por buchas circunstanciais de Sérgio Martins, umas excelentes, outras nem tanto, permitiu, não obstante, registar alguns detalhes, que reputamos com interesse para aqueles eleitores que fazem o favor de nos ler. Praticamente "em roda livre" durante cada intervenção, os candidatos sentiram que não era necessário pedalar, mas simplesmente aproveitar a descida, pelo que se limitaram a debitar alguns números dos seus respectivos reportórios, mais ou menos vastos. Demo-nos conta disso quando, intrigados com tanta descontracção e conscientes de que no próximo Domingo cada eleitor terá de votar, quer queira quer não, num lote de candidatos, a menos que decida votar branco ou nulo, resolvemos ouvir algumas partes das longas entrevistas por eles concedidas à mesma Rádio Hertz. Conforme já tínhamos suspeitado, ouvimos os mesmos temas, ditos com as mesmas frases, salvo raras excepções. Ou seja, o discurso está em geral bem estudado, mas é apenas isso. Um discurso e nada mais. O importante é ganhar. Depois logo se verá !
Manda a verdade dizer que nos pareceu claro, mais uma vez, haver uma diferença muito nítida entre os cabeças de lista praticamente reincidentes (Pedro Marques, José Vitorino, Corvelo de Sousa), e os restantes quatro. Aqueles voltam a apresentar, em geral, muitos temas já sufragados anteriormente de forma negativa. Agem como se entre 2005 e 2009 não tivesse havido uma gravíssima crise mundial, nem um considerável e evidente agravamento da crise local. Enquanto isso, os quatro estreantes (José Lebre, Ivo Santos, Bruno Graça, António Godinho) trazem algumas ideias novas, havendo até a situação insólita de Bruno Graça, representando uma força que tradicionalmente pensa sobretudo em nacionalizar a mais-valia, ser agora o único a propor o incremento da produção de riqueza a nível local. As voltas que o tio Álvaro deve dar no túmulo! Só falta mesmo Ivo Santos ousar alvitrar a nacionalização da banca... da Platex e da João Salvador!
Dito isto, que não é nada pouco, somos todavia forçados a constatar que nos parece não ter nenhum dos candidatos um projecto susceptível de nos permitir inverter a marcha para o abismo. Particamente, todos acham que terá de ser pelo turismo e pelo lado dos serviços. Porém, quando questionados sobre o modus operandi, cada qual limita-se a falar daquilo que sabe. Arquitectura e urbanismo para Lebre e Vitorino, Legislação adequada para Pedro Marques e Corvêlo de Sousa, Investimento privado para Ivo Santos, Mais investimento público em cultura e turismo, para Bruno Graça e António Godinho. É largamente insuficiente. Com o devido respeito, quer-nos até parecer que estão todos um pouco como aquele galego da anedota. Conta-se que, por volta de 1950, quando os galegos ainda se expatriavam para Lisboa e Porto, um deles foi pedir emprego a uma determinada pastelaria. O hipotético patrão perguntou-lhe o que sabia fazer, ao que o nosso homem respondeu que tudo. -Então também sabes fazer chá ?! Pois sei, patrão ! Então diz-me lá como é que se faz. Pega-se nuns grãozinhos castanhos, põem-se no moínho, dá-se à manivela, sai um pó castanho, põe-se no saco... Mas isso é café !!! Pois é patrão ! Mas afinal sabes fazer chá, ou não !? Sei sim, patrão ! Então explica-me lá como é ! Pega-se nuns grãozinhos castanhos, pôem-se no moínho, dá-se à manivela... Outra vez ??!! Mas isso é café ! Pois é patrão !
Assim parecem estar os candidatos. Concordam que há crise, que a crise é grave, que a situação é calamitosa e que se agrava aceleradamente a cada dia que passa, que é preciso fazer algo com urgência, mas continuam a debitar a mesma cantilena -mais o museu disto, mais o museu daquilo, mais a obra X, mais a obra Y, mais uma repartiçao aqui, mais outra acolá, e por aí adiante, como quem pretende (quiçá sem disso estar consciente) apagar o fogo da crise com a gasolina de mais despesas certas e permanentes, nitidamente sem qualquer hipótese de retorno à altura das necessidades. A continuar por tal caminho, o próximo elenco camarário será forçado não só a contrair novos empréstimos para pagar a fornecedores como até, a partir de certa altura, para assegurar as remunerações dos funcionários. Se houver quem conceda tais empréstimos, pois logo que tome posse, o futuro governo, pressionado pela UE a tomar medidas tendentes a reduzir o assustador défice público, anunciará severas medidas de austeridade. E até nem ficará descontente se alguma, ou algumas autarquias, sobretudo se lideradas pelo PSD, forem forçadas a declarar-se em estado de cessação de pagamentos. Será um excelente ensejo para moderar os tradicionais ímpetos sindicais, bem como os de todos aqueles cuja manifesta ignorância em economia os leva a pensar que o Estado possui uma máquina de fazer notas, pelo que basta pô-la a funcionar para resolver qualquer problema... Isto é que vai uma crise ! Exclamava Ivone Silva no século passado. Há certas coisas que quanto mais mudam, mais estão na mesma. Oh se estão ! Já em 1928, Salazar veio governar para resolver a crise das finanças públicas. Todos sabemos o que aconteceu a seguir...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

RECADOS COM DESTINATÁRIOS CERTOS

1 -E agora ?! Em dois textos recentes ("Análise da imprensa...", de ontem e "Dois esclarecimentos", de 29/09) procurámos subir mais uns degraus na permanente busca da melhor maneira de honrarmos a nossa cidadania, servindo a comunidade na modesta medida das nossas fracas possibilidades. Apresentámos duas hipóteses de trabalho, convergentes no sentido de nos fornecerem instrumentos de trabalho, susceptíveis de contribuirem de modo eficaz para a ultrapassagem da nossa já tradicional crise, tão rapidamente quanto possível. Num caso, advoga-se a eventual organização de um concurso internacional de ideias, dotado com recompensas generosas e tendo por tema único "Um projecto para Tomar". No outro, propõe-se a apresentação seguida (ou não) de debate, no ou nos locais próprios, de um projecto tomarense que já existe no papel desde o ano passado, mas que apesar de publicitado neste espaço, e não só, há quase um ano, ainda não encontrou, pelo menos aparentemente, qualquer receptividade. Todos surdos e cegos, os tomarenses, particularmente os políticos no activo?
Aqui fica mais um recado: Perante propostas concretas, há sempre três posições principais possíveis -a favor, contra, fingida indiferença. Qualquer delas comporta riscos, como tudo na vida. A mais perigosa, porém, é a última, a da fingida ignorância da realidade. Regra geral, quem sai de casa sem primeiro olhar, ou fingindo que não olhou, para o céu cinzento carregado, acaba por apanhar cá cada molha...Cuidado portanto com as pneumonias, sobretudo nesta época de gripe porcina.
Já amanhã, por exemplo, vai ter lugar um debate com todos os candidatos, levado a cabo pela Rádio Hertz, na biblioteca municipal, a partir das 15 horas e aberto ao público. Têm a certeza, senhores cabeças de lista e respectivos mentores eventuais, de que não vão surgir perguntas inconvenientes ? No vosso lugar não estaríamos assim tão seguros, que a situação local mostra-se cada vez mais escorregadia.
2 - Por falar em cabeças de lista e respectivos mentores eventuais... Neste país, e de forma mais acentuada nesta terra, paira quase sempre uma atmosfera de permanente paranoia. Como se sabe, ou devia saber-se, esta maleita é geralmente designada, em linguagem popular, por mania da perseguição. Pois é exactamente esse um dos principais sintomas dos políticos que nos representam, ou se candidatam a tal função. Perante qualquer crítica, ainda que civicamente correcta e devidamente fundamentada, em vez de procurarem perceber o que pretende o seu autor, respondendo-lhe rapidamente e de forma adequada, não senhor! Proclamam logo que se trata de vingança, rancor, dor de cotovelo, malapata, mania do bota-abaixo, ódio de estimação, cabotinismo, etc. etc. etc. E até responsáveis de instituições sustentadas com fundos públicos, mas não essencialmente políticas, sofrem da mesma "pancada".
Ainda recentemente, numa cerimónia ocorrida em instituição local, cujo declínio é por demais evidente, o seu responsável máximo disse que "É um programa que dá a conhecer a ligação do cientista à comunidade e prova que este é uma pessoa perfeitamente normal. ... dada a sua elevada capacidade de raciocínio, o cientista é um indivíduo que é tão útil à socieddade como, por exemplo, um médico ou um engenheiro."
A nossa pergunta é esta - Acham os leitores que criticar, em termos cordatos e educados, um responsável académico capaz de dizer coisas assim, caberá nalguma das categorias acima. Ou tratar-se-á unicamente de salutar higiene cívica ?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

DOIS ESCLARECIMENTOS E O RESTO...

Turistas e vendedores de recordações, alimentação e bebidas, vistos do alto da Torre de Pisa (15 euros e 200 degraus). A foto foi tirada às nove da manhã. Em finais de Setembro, quando as férias escolares já acabaram. Em Portugal, os monumentos abrem só às nove e meia da manhã.


As cidades pequenas, como Tomar, têm muitos inconvenientes, mas igualmente algumas vantagens. Uma delas é o "som de retorno" quase imediato, quando se escreve ou diz alguma coisa. Em relação ao nosso escrito sobre o projecto apresentado por José Lebre, cabeça de lista de Tomar em Primeiro Lugar, duas perguntas quase que ultrapassaram a barreira do som -que história é essa dos dois grupos de forças políticas, mais uma? qual a vossa opinião sobre o projecto do Lebre?
A história da divisão das forças políticas, por nós efectuada, destina-se apenas a facilitar a análise da situação em cada momento. Assim, no actual enquadramento, e tendo em conta aquilo que cada equipa candidata já mostrou, julgamos poder constituir três sectores. No primeiro, com propostas inovadoras, coerentes e adequadas ao actual contexto de crise persistente, com tendência a tornar-se crónica, há três forças concorrentes, os realistas -CDU, CDS e TPL. No segundo grupo, parece-nos lógico incluir os por nós chamados tradicionalistas. Aqueles que, praticamente, voltam a apresentar as suas propostas de há quatro anos, que o eleitorado só não rejeitou no caso da actual maioria autárquica. São eles o PSD (com toda a lógica, uma vez que em projecto que ganha, não se mexe), o PS e os IpT. No terceiro sector resta-nos, portanto, o BE, com as suas propostas, que em Tomar não são fracturantes, mas sobretudo bucólicas, poéticas e sonhadoras, o que, como diz o povo, "vai tudo dar ao mesmo". Se calhar não, mas enfim!
Sobre o projecto de José Lebre e todos os outros, cremos ser útil precisar que qualquer tentativa para ultrapassar positivamente a nossa cada vez mais grave crise terá de ter por base os recursos únicos de que dispomos, bem como começar a praticar modestamente uma gestão corrente digna desse nome e do nosso passado, designadamente em termos de limpeza, de manutenção e conservação, de relação com os eleitores e de mudança de mentalidade da maior parte dos funcionários, a qual terá de passar por adequada e continuada formação profissional.
Os recursos únicos de que dispomos são três e apenas três: o Convento, o Rio, a Festa dos Tabuleiros. Tudo o resto é secundário, embora deva igualmente ser tido em conta na devida altura. Em relação a esses três enormes trunfos, muito já foi dito e mais teremos ainda de ouvir, embora ninguém tenha ainda tido a coragem de afirmar o óbvio -os turistas são as novas vacas leiteiras e só interessam nessa qualidade. Não é uma formulação excessivamente elegante, mas parece-nos a mais indicada para poder ser entendia por um eleitorado mentalmente preguiçoso (e não só!). Partindo daqui, a pergunta óbvia é: Como ordenhar o melhor possível as novas vacas leiteiras?
José Lebre pensa que é atraindo-as para um museu da Festa do Tabuleiros, o PSD está convencido de que com o arranjo do velho acesso ao Convento através da Mata, o melhoramento da Cerrada dos Cães e os museus da Levada, vai ser trigo limpo. Para o PS, uma empresa municipal de turismo será o nosso veículo para um rápido acesso a um futuro bem mais risonho. O CDS propõe uma Escola Nacional de Turismo, a CDU a produção cultural a nível local e os IpT música, música e mais cultura. E temos igualmente o "turismo pedagógico", proposto pelo BE
Já aqui foi dito, mas repete-se com muito gosto -todas essas propostas e muitas outras são positivas e parecem-nos ter muito de aproveitável. Todavia, no seu estado actual, não passam de montes de peças. Falta agora quem saiba trabalhar com elas de forma a construir o tal veículo capaz de ultrapassar a crise e assegurar-nos a todos um futuro mais agradável.
Algum dos cabeças de lista ou dos respectivos acompanhantes saberá fazer isso? É óbvio que não. Por isso, e só por isso, estamos como estamos. Porque os tomarenses nem sabem, nem têm a humildade necessária para perguntar a quem sabe.
Temos assim uma curiosa situação: Ninguém aceitaria de bom grado ser tratado ou operado por alguém que não fosse médico, de preferência com prática e boa reputação profissional. Mas todos aceitam sem refilar que simples amadores nos governem e ditem sentenças que custam milhões aos cointribuintes, em matérias que nunca estudaram e muito menos praticaram. Será isto normal e aceitável em pleno século XXI? Resposta no próximo dia 11 de Outubro, a partir da 8 da noite. Até lá uma pergunta chã: e que tal um concurso internacional, com um prémio tentador, tendo como tema apenas quatro palavras -Um projecto para Tomar ?

FOTOS E CASOS

Perdida a 50 quilómetros de Florença e outros tantos de Pisa, a meia hora da estação de caminho de ferro mais próxima, S. Gimignano, uma pequena cidade de 7 mil habitantes, é Património da Humanidade e vive basicamente do turismo, do comércio e da agricultura. Mas os seus autarcas sabem fazer o necessário para cativar os visitantes. Além de boa sinalização turística e da total proibição do trânsito automóvel na parte antiga, colocaram um pouco por todo o lado avisos obrigando os moradores com cães a recolherem imediatamente os respectivos presentes, sob pena de pesadas coimas... Até parece que estamos em Tomar!



Já aqui se escreveu criticando os penicos suspensos da Tomarónia, contemporâneas réplicas dos famosos jardins suspensos da Babilónia. Na altura houve quem discordasse, alegando que eram muito bonitos. Lá isso eram! O pior é que os nossos autarcas só gostam de obras novas, vá lá saber-se porquê. Manutenção, conservação, cuidados permanentes, nem parecem saber o que isso é. Fará algum sentido ou dará algum prestígio, expor penicos suspensos com plantas secas, visivelmente por falta de atempada rega? E depois irritam-se quando alguém diz que os autarcas governantes são uma ganda seca?!

Se outros méritos não tivessem, as eleições autárquicas teriam pelo menos o de obrigar o alcaide a apresentar serviço. Neste caso mandando limpar uma parte da margem do rio, o que se aplaude com muito gosto. Pena é que as eleições sejam só de quatro em quatro anos, e que nos intervalos das corridas de cavalos...


domingo, 13 de setembro de 2009

MAIS PROPAGANDA ELEITORAL

Os tomarenses, gente cautelosa e geralmente calada, mas de língua afiada quando lhes pisam os calos, lá vão dizendo por aí que na política cá da terra, conforme mostram alguns cartazes, há cabeças a mais e ideias a menos. Alguns até são mais sibilinos. Dizem eles que, "grandes cabeças, pequenas ideias". Mas como, de acordo com este cartaz, pelo menos, "Tomar [está? ou vai estar?] em boas mãos", pode ser que não seja nada.



Ainda bem que os Independentes por Tomar concluiram agora que são "Gente que resolve". E, por enquanto, tudo indica que têm razão. Pelo menos são gente que resolveu mudar de lema, que o anterior não era assim muito adequado aos tempos que correm. Já os que por aqui andaram antes a semear o futuro e a inteligência, tiveram azar. Estava um dia de vento e os resultados estão à vista... (De quem não use óculos partidários, obviamente!)

Levaram algum tempo, mas tarde é o que nunca vem! A campanha de Pedro Marques e dos IpT lá acabou por concluir que "Semear o futuro" não era nem é um lema muito mobilizador, pois todos sabemos que os tempos vão péssimos para a agricultura. Mesmo a biológica! Aqui em Tomar, a antiga Nabância, por exemplo, quem converse um pouco com vendedeiras do mercado fica a saber que por estas bandas "há nabos a mais e falta de tomates; há também muita abóbora porqueira, de forma que os fregueses ficam cá com cada melão!" Com se isto não bastasse, até a micro-fauna local é defeituosa -há cada vez mais excesso de cigarras e penúria de formigas. Não é verdade, senhor de Lafontaine ?



sábado, 12 de setembro de 2009

DISTINÇÃO EM PRIMEIRO LUGAR


Correu francamente bem a apresentação dos candidatos, dos mandatários e da comissão de honra do movimento "Tomar em primeiro lugar", cuja lista para a câmara é liderada por José Lebre. Foi ontem, sexta-feira, no anfiteatro da Biblioteca Municipal, com início às 18 horas, horário pouco conveniente para os comuns mortais. A sala estava composta. Entre 100 e 150 pessoas, incluindo os membros do referido movimento. Menos que na apresentação dos Independentes por Tomar. Mas muito mais distinção.
Na sessão dos "Independentes Pedro Marques", procuraram que estivessem presentes alguns elementos da camada social média-alta. E conseguiram. Ontem foi o exacto inverso. Maioria de casaco azul escuro e calça "caqui", sapato engraxado, camisa sem gravata, como agora se usa. Senhoras com vestuário cuidado e cabelos com indícios de ida ao cabeleireiro. Pessoas "bem nascidas" e outras convencidas disso. Votantes do lado direito do leque partidário. Uma minoria de "gente do povo". Uns para fazer o seu trabalho, outros para observar, outros ainda porque estão convencidos, ou "porque nunca se sabe". À nossa frente estavam três cidadãos com todo o ar de empreiteiros modestos, tipo "pato bravo", naturalmente em mangas de camisa.
Com o filho do candidato como mestre de cerimónias, função que desempenhou com evidente eficácia, usaram da palavra sucessivamente, Manuel Bonet, da comissão de honra, que leu uma mensagem de Jorge Ferreira, ausente por motivo de saúde; embaixador Pinto da França, igualmente da comissão de honta, e o mandatário da candidatura, o Dr. Correia Leal. A fechar, falou o cabeça de lista, arquitecto José Lebre, que reiterou todos os pontos já anteriormente apresentados, tanto no manifesto como na plataforma eleitoral.
Muito curiosa e divertida a animação do acto por um grupo de crianças vestidas "à templário", com bandeiras do movimento TPL e as palavras de ordem costumeiras -"Lebre amigo o povo está contigo" e "Tomar presente, Lebre a presidente". Sabe-se que "é de pequenino que se torce o pepino" e que cabe aos pais formar os filhos. Boa iniciativa, por conseguinte.
A um mês do acto eleitoral, não conseguimos ainda escolher entre uma de quatro possibilidades: 1) - Lebre está a conseguir conquistar os eleitores do CDS; 2) - Está a conseguir conquistar eleitorado ao PSD; 3) - Está a penetrar em ambos; 4) - Não consegue ir além da "mancha tradicionalista" urbana. Pode ser que a campanha eleitoral possibilite uma leitura mais precisa.
No final, como sempre acontece nos eventos promovidos por quem "tem berço", houve um "Porto de honra". Os bolos eram uma maravilha.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

FINALMENTE LUZ AO FUNDO DO TÚNEL ???




António Rebelo
Estas autárquicas de 2009 prometem! O movimento Tomar em primeiro lugar apresenta hoje os seus candidatos, às 18 horas, na Biblioteca Municipal. A CDU apresentou ontem, no CIDADE DE TOMAR, (página 7), as bases programáticas que considera essenciais para a cidade e para o concelho. O CDS, por sua vez, apresentará na próxima segunda-feira, em hora e local a designar, o seu programa eleitoral, ao qual "Tomar a dianteira" já teve acesso, o que agradecemos.
Nestas três forças políticas, nota-se perfeitamente a existência de eixos fundamentais diferentes do habitual. Destacamos três -vontade de inovar, vontade de acertar, vontade de mudar para melhor. Daqui resulta, na minha opinião que, pela primeira vez desde 1974, há vontade de ruptura. Nos casos de Bruno Graça e José Lebre porque não fazem nem têm feito parte do primeiro círculo do poder local; no caso de Ivo Santos porque teve a coragem de cortar amarras e fazer-se ao mar encapelado da política citadina, encabeçando a lista de outra força política com fraca implantação.
O que sobremaneira separa (pelo menos por enquanto), estes três candidatos de todos os outros é o facto de já terem apresentado com clareza aquilo que entendem estar mal (Lebre) e aquilo que pensam ser a solução para alguns dos nossos males (Bruno e Ivo). Na área do diagnóstico implícito, será dificil fazer melhor, ou sequer igualar, o pequeno questionário publicado esta semana por José Lebre no CIDADE DE TOMAR. Os mesmo sucede com as propostas englobantes de Bruno Graça, acima referenciadas, ou uma parte das que vai apresentar Ivo Santos, num documento de 23 páginas, que por razões óbvias não revelamos.
O mais extraordinário é que, tratando-se de forças concorrentes de quadrantes diversos, e até antagónicos, tanto os diagnósticos implícitos, como as mazelas detectadas, ou as soluções propostas, são perfeitamente compatíveis, complementares e até articuláveis. O que é notável, acontece pela primeira vez em Tomar, e deixa as restantes forças concorrentes em muito maus lençóis. Se, como diz o outro, em política cada qual tem de pedalar na sua própria bicicleta, PSD, PS, BE e IpT estão nitidamente a perder o contacto com o grupo em fuga. Será só transitório? Em qualquer caso, a subida é íngreme. Muito íngreme mesmo. E evitam de estar à espera de empurrões da assistência...


terça-feira, 8 de setembro de 2009

A NOVA PROPOSTA DO PS/TOMAR - 2


Na sua versão noticiada, a proposta ontem apresentada pelo candidato de PS deixou inúmeros aspectos sem resposta. O que é normal. A rádio é muito mais rápida que a imprensa, mas igualmente menos detalhada em geral.
Neste caso, está por saber, em termos de informação aos cidadãos, quase tudo o que concerne à área económica. Quem paga o quê? Quem assegura as subsequentes despesas de funcionamento? Quais os respectivos montantes previstos? Quantos novos empregos serão criados? Serão empregos, ou postos de trabalho, ou ambos? Porquê no Moínho Novo e não noutro sítio qualquer? Porque tem melhores acessos? Excelente pretexto para os melhorar alhures. Está a câmara actualmente em condições de arcar com os custos que lhe vierem a ser
imputados?
Todas estas perguntas, e eventualmente algumas outras, para tentar estabelecer uma relação custos-benefícios, condição prévia para fundamentar qualquer decisão que venha a ser tomada. Obtidas tais respostas, convirá igualmente tentar estabelecer quais as vantagens e inconvenientes da alvitrada transferência do quartel dos bombeiros e sua transformação parcial em loja do cidadão, na parte da frente, e núcleo museológico, no restante.
Sendo a priori evidentes as vantagens de uma loja do cidadão e do tal centro de apoio logístico, está tudo em aberto, ou deveria estar, no que se refere às respectivas localizações. No caso da loja, havendo muito espaço actualmente devoluto no Convento de S. Francisco ou no Palácio Alvim (ex-sede da PSP)...
Outra é a questão do pretenso "fórum romano" e da sua musealização. Por várias razões de peso. A primeira, que é também a principal, reside no facto de não existirem até este momento quaisquer factos incontroversos que permitam identificar os alicerces que lá estão como de origem romana. Quanto mais agora de um fórum! A segunda é que, mesmo no caso de vir a ser possível resolver a primeira, aquilo praticamente "não tem ponta por onde se lhe pegue" (para usar uma frase popular), em termos históricos, arquitectónicos, ou de interesse turístico. A terceira, igualmente importante, é que os museus em geral, salvo raríssimas excepções (Hermitage, MET, Louvre, Prado, Uffize...), não criam valor acrescentado; consomem-no.
Porque assim é, pretender instalar museus cujo interesse público é diminuto, releva da simples hipocrisia política. Ou da incapacidade manifesta para acompanhar a evolução sociológica. Só no caso tomarense, há anos que se ouve falar no Museu dos Tabuleiros, no Museu do Fórum Romano, no Museu da Fiação, no Museu da Fundição, no Museu da Electricidade, no Museu da Moagem, no Museu Lapidar, no Museu da Arte Contemporânea, no Museu dos Fósforos, no Museu do Brinquedo. E até já ouvimos falar no "Museu dos Budas", a instalar por um particular.
Por este caminho, não seria melhor transformar a cidade e o concelho num grande museu a céu aberto, naturalmente pagando aos habitantes como figurantes?
Pedindo licença aos profissionais da área, que nos merecem todo o respeito e consideração, parece-nos que aqui em Tomar todos os políticos procuram especializar-se em medicina paliativa, quando do que precisamos é de medecina curativa, pois a doença da nossa comunidade ainda não foi declarada incurável, salvo naturalmente melhor opinião. Assim sendo, continuar a tentar administrar analgésicos e outros entorpecentes, alivia as dores, é certo; mas atrasa a almejada cura e tende a criar nefastas dependências. Basta pensar, a nível nacional, no caso do Rendimento Mínimo de Inserção...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TEMPOS DE ANGÚSTIA E DESALENTO


António Rebelo

Quem, como diz o outro, ande por aí, constata todos os dias, com tristeza, que estamos em tempos de angústia e de desalento. Angústia, porque muitos começam agora a compreender que a crise local pouco ou nada tinha ou tem a ver com a crise nacional e/ou mundial. Estas apenas têm desempenhado um papel de revelador. Desalento, porque não vislumbram qualquer via de saída, nem se revêem, em muitos casos, nas candidaturas existentes. Por isso há tantas. E tão pouca vontade de ir votar.
Após mais de trinta anos aguardando que as coisas vão sempre melhorando, que o mesmo é dizer aumentando, o eleitorado manifesta agora crescente insatisfação e mesmo alguma irritação. São cada vez mais os que proclamam já não ir votar, porque não vale a pena e porque estão desiludidos. Enquanto isto, os que continuam a cumprir a sua obrigação de cidadania fazem-no de modo crescente sob a forma de protesto. Os resultados das recentes eleições europeias são disso a prova. Os habituais observadores europeus deste jardim à beira-mar plantado, ficaram pasmados ao tomar conhecimento de que a extrema-esquerda ultrapassara os 20%, coisa nunca vista alhures neste continente, desde o desmantelamento do Muro de Berlim. E aqui em Tomar, terra conservadora desde sempre, o Bloco de Esquerda conseguiu de longe o melhor resultado desde que existe. Que significa tudo isto? No meu pobre entendimento, (alicerçado apenas em mais de 50 anos de leituras e de prática política), que os cidadãos anseiam por mudanças positivas. Cansados de as não conseguirem, usam o voto não para escolher mas como protesto, como meio de pressão. Sem resultado, até agora. Mas água mole em pedra dura... exactamente o que sucedeu com a oposição e o parque de campismo. Tanto insistiram...
Em tão difícil contexto, das três forças políticas representadas no executivo, até esta data só uma já se manifestou a favor de algumas mudanças. Em entrevista a um semanário local, salvo erro em Julho, Corvêlo de Sousa afirmou que até final deste mandato tenciona cumprir as grandes linhas de actuação do seu antecessor, mas que, se vencer, no seu mandato fará certamente diferente. Resta portanto aguardar pelo respectivo programa.
IpT e PS parecem, por enquanto (?), persuadidos de que não haverá necessidade de inovar em termos de propostas ou de comportamentos. Aqueles já apresentaram as suas propostas na área social e no domínio cultural, conforme aqui foi referido em tempo oportuno. Os socialistas nem isso. Mas o seu candidato declarou na semana passada à Rádio Hertz que não são necessárias reuniões, pois andam a trabalhar desde há quatro anos. É certamente verdade. Os eleitores em geral é que não têm dado por isso. Pelo menos aqueles com quem tenho contactado.
Se calhar vai sendo tempo de abandonar a velha máxima de Lampeduza "É preciso ir mudando qualquer coisinha para que tudo possa continuar na mesma." Os tempos estão cada vez mais difíceis e os eleitores potenciais começam a intuir que, com ou sem programas inovadores, nada voltará a ser com já foi ou é. Para o bem e para o mal. Infelizmente?

sábado, 29 de agosto de 2009

O DIZER E O FAZER



Estas duas fotografias, ambas colhidas no Largo do Pelourinho, a menos de cem metros dos Paços do Concelho, ilustram bem a situação a que isto chegou, por falta de um quadro de pessoal, ao mesmo tempo equilibrado e dimensionado para as reais necessidades da cidade e do concelho. Em vez disso, temos excesso de chefias superiores e intermédias, mas grande carência de "tropa". A mesma situação que ocorreu nas forças armadas, por causa da guerra colonial. Havia demasiados oficiais subalternos e superiores e nítido excesso de sargentos, para tão pouca tropa. Apesar de milhares de passagens à reserva e/ou à reforma, ainda hoje temos excesso de generais, almirantes e etc. para a real dimensão das forças existentes.
Tudo isto ocorreu e ocorre em virtude de dois princípios -a carreira e as promoções automáticas, ao fim de x anos de serviço. No caso da autarquia, por exemplo, segundo foi divulgado, há 17 lugares de chefe de divisão, dos quais apenas 7 estão preenchidos. E já se fala em directores de departamento, acima portanto dos chefes de divisão. Tendo em conta que um chefe de divisão corresponde a um comandante de batalhão e que um regimento militar costuma ter quatro batalhões e mais ou menos dois mil homens, temos que a Câmara de Tomar, com cerca de 500 funcionários, dispõe de chefes de divisão para três mil e quinhentos funcionários. E um quadro de chefes de divisão (17), não totalmente preenchido, para quatro regimentos, ou 8 mil e 500 homens. Haja verbas que a autarquia terá sempre onde as gastar.
Ante semelhante situação e, ao que consta, com uma dívida de estarrecer, começam os diferentes candidatos a apresentar nos seus programas a necessidade de haver reorganização da autarquia, contenção e mesmo redução de despesas, bem como o progressivo abandono de todos os projectos sem retorno garantido, enquanto a situação económico-financeira não melhorar.
Já era tempo! Falta, porém, informar o eleitorado do mais importante, e de longe -como é que isso se faz? Numa terra e num país onde os cidadãos comungam, na sua esmagadora maioria, da chamada "ilusão da bolsa", de acordo com a qual é tudo sempre a subir -salários, vencimentos, preços, produção, bem-estar, dividendos, juros, lucros, produtividade, cotações- não vai ser nada fácil. Admitindo à partida (o que não é nada garantido) que haverá coragem para ir até ao fim, cortando a direito. Para isso é urgente começar por lembrar que "as árvores nunca cresceram nem crescem até ao céu". E que as comunidades humanas, incluindo a nossa, nascem, desenvolvem-se até certo ponto, definham pouco a pouco e morrem, tal como ocorre com todos os seres vivos. Aqui fica o aviso, para que ninguém se esqueça. Enquanto ainda é tempo, porque depois...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

RUMO À (TRISTE) REALIDADE

Até este momento, apresentaram os seus programas, ou pelo menos o essencial de cada um deles, os IpT, o BE, o CDS, o TPL ea CDU, por esta ordem. Quem leu com atenção os documentos distribuídos, e/ou apresentados nas respectivas reuniões públicas, terá constatado que os dois primeiros, o dos Independentes por Tomar e o do Bloco de Esquerda, são aquilo que se poderá designar por algo estratosféricos. Visam bem alto e em quantidade. Seriam óptimos para comunidades locais com excesso de verbas disponíveis. Infelizmente, não estamos nesse caso. Pelo contrário.
Já os manifestos seguintes, do CDS e do TPL, propõem aos eleitores algumas medidas mais terra-a-terra : mudança de atitude da autarquia, reforma da mesma, criação de facilidades para os investidores. Tudo propostas a indiciarem já o necessário e urgente regresso à Terra. Apesar de a lista encabeçada por José Lebre ainda pretender "Fazer de Tomar um centro cultural de categoria internacional".
Até ao momento em que escrevemos, no nosso entendimento, o programa mais adequado para a actual realidade tomarense é o da CDU. É modesto, realista, conciso e devidamente explícito. No fundo, avança uma série de propostas de simples bom-senso. Reforma e reorganização dos serviços camarários, redução de despesas, investimentos unicamente com retorno garantido, etc. Significa isto que estamos perante um programa perfeito? Claro que não. Trata-se apenas do mais adequado até agora. E falta-lhe muita coisa. A indispensável auditoria prévia, por exemplo, pois não se vê outra forma correcta de aplicar uma terapêutica, que não seja começando pelo diagnóstico. Dito isto, o mais provável é que agora as outras forças políticas concorrentes acabem por perfilhar, todas elas, as propostas tidas por mais consensuais junto do eleitorado. E ainda bem que assim é. Só será de lastimar se, como habitualmente, cada candidatura proclamar que é a "mãe da criança". Aguardemos.
Entretanto, os dois pesos pesados a nível nacional, o PS e o PSD, que estão a ficar cada vez mais leves a nível local, uns por isto, outros por aquilo, ainda não julgaram oportuno apresentar as suas propostas ao eleitorado. O que é estranho, ou talvez nem tanto. Devem estar naquela de "o primeiro a avançar perde!" Na verdade, os sociais-democratas já nos habituaram a uma estudada gestão do silêncio e à ausência de programas devidamente estruturados e distribuídos aos eleitores, nos últimos 12 anos. Mais inesperada é a actual reserva dos socialistas locais. Vão proclamando que agem sempre de forma transparente (o que à primeira vista é verdade), que até têm um blogue com tudo o que o PS/Tomar faz (o que também é verdade) e que têm um programa. Pode ser verdade. Mas então ainda não é do domínio público, nem foi apresentado, nem está no blogue http://www.psdigital.blogspot.com/ Que se passa afinal? Têm por aí profusão de cartazes monumentais desde há meses e a seis semanas das autárquicas ainda não apresentaram o respectivo programa? Estão à espera da última moda? A (triste) realidade tomarense não se modifica pela positiva, nem se compadece, com documentios de última hora, ou debatidos à pressa, o que vem a dar no mesmo. Desculpem lá, mas quem cala consente e quem não se sente não é filho de boa gente, para já não mencionar o cá se fazem, cá se pagam, que estaria totalmente fora de contexto. Podem crer.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

QUE TERRA ESTA !!!

Ontem foi dia de reunião de Câmara. Logo pela manhã soube-se (particularmente, claro) que a autarquia tomarense estará em grandes dificuldades, por já ter atingido o limite legal de endividamento. A ser assim, adeus obras espampanantes, adeus gestão do tipo "depois logo se vê". Vai ser o aperto constante. Que mais tarde ou mais cedo chegará às despesas de funcionamento (papel, canetas, tinteiros, manutenção técnica, telefones, etc.). A seguir aparecerá o "aperto mitral" -faltará capacidade para honrar atempadamente as remunerações certas e permanentes. Se nada de corajoso e positivo for feito entretanto, é só esperar para ver.
Sobre a referida reunião camarária, duas notas. A primeira para lamentar o evidente sensacionalismo da Rádio Hertz, que privadamente se proclama a melhor rádio local. No noticiário das treze foi dito textualmente "Manhã agitada na reunião da Câmara". Seguiram-se pequenas gravações. Uma com um munícipe a intervir, em termos extremamente correctos, sobre problemas relacionados com um bar da Alameda 1 de Março. Outra com o presidente Corvêlo de Sousa a responder, igualmente em termos de acentuada cortesia, como aliás é seu timbre. Nada, portanto, de agitação, que segundo os dicionários pode significar excitar, abanar, sacudir, ou sublevar, em termos figurados. Alguma destas eventualidades ocorreu? É óbvio que não. Exagerou portanto o noticiarista da citada rádio.
Em contrapartida, segunda nota, ainda ninguém mencionou o facto, mas o presidente da câmara, um profissional do foro, deu uma informação errada ao munícipe reclamante. Disse-lhe que pode consultar o respectivo processo "porque demonstra ter interesse legítimo na questão". Era assim realmente. Entretanto, porém, a Lei da Assembleia da República nº 46 /2007, de 24 de Agosto, não deixa margem para qualquer dúvida, no seu artigo 5º: "Todos, sem necessidade de enunciar qualquer interesse (o negrito é nosso), têm direito de acesso aos documentos administrativos, o qual compreende os direitos de consulta, de reprodução e de informação sobre a sua existência e conteúdo." Houve portanto lapso presidencial, o que se compreende. Assoberbado com as tarefas quotidianas, deve escassear-lhe o tempo para se ir actualizando.
Ainda no âmbito municipal, fomos surpreendidos por um comentário, extremamente correcto, do nosso amigo Hugo Cristóvão, cabeça de lista do PS para a Assembleia Municipal. Perguntou ele se tínhamos autorização para fotografar a sala anteriormente do Museu João de Castilho e agora dos eleitos do PS. No edifício público do Turismo Municipal! (ver comentário em 15º lugar, em "Ena tanto Museu"). Ora valha-nos Nossa Senhora da Agrela, que não há santa como ela! Caso o PS/Tomar viesse a vencer as eleições locais por larga margem, é muito provável que viéssemos a ter Hugo Cristóvão como presidente da Assembleia Municipal. Teríamos então um presidente do parlamento local que, apesar de ainda o não ser, já começa a colocar questões indiciadoras de que seria pouco respeitador das liberdades individuais, sector essencial dos direitos de cidadania. O que não é nada bom sinal!
Que terra esta ! Nem estamos bem nem para lá caminhamos! Pelo menos a julgar pelos três exemplos apresentados.

domingo, 16 de agosto de 2009

O MESTRE APRESENTA DISCÍPULOS


António Rebelo
"A LISTA PARA A ASSEMBLEIA DO PS"
Há quem pense que sou invejoso, vingativo, rancoroso, ressabiado, revanchista, e mais não sei quê. São os "cabeças de galo". Cantam de cor. Não me conhecem. Ou não me conhecem o suficiente. Outros consideram que por vezes "ando com os socialistas ao colo". São um pouco exagerados.
Procurando continuar com o que considero ser uma linha de imparcialidade imperfeita, e tendo em conta que "A escrita é a montra do pensamento", decidi reproduzir o mais recente escrito de Luís Ferreira, datado de 12 do corrente. Foi copiado do "Vamos por aqui", que estava inactivo há um mês.
Mantenho o texto original, usando o negrito para realçar o que me parece mais significativo. No final, farei alguns comentários interpretativos.
"O Ps escolhe hoje a sua lista para a Assembleia Municipal. Mantendo o essencial das suas escolhas -e da sua estratégia-, vai o PS propor uma lista de candidatos à Assembleia onde pontuam, sem desprimor para todos os outros, o Hugo Cristóvão, a Anabela Freitas, o Zeca Pereira e o Hugo Costa.
Por motivos diferentes, cada um deles é para mim uma referência: -Hugo Cristóvão, representa o líder, o amigo de longa data e o quadro mais bem preparado do PS em Tomar, sem qualquer dúvida será um excelente Presidente da Assembleia Municipal; -Anabela Freitas, além de minha companheira e muito para além disso, não tenho dúvida que, tirando o Paulo Arsénio até adoecer, é a pessoa mais empenhada, trabalhadora e profissional que alguma vez conheci. Dará uma excelente Deputada, da República e Municipal; -Zeca Pereira é um camarada de longas lutas do PS em Tomar e na Distrital. Representa o passado de sucesso do PS, de Tomar e da Região. É para mim um orgulho poder contar novamente com ele como Deputado Municipal; -Hugo Costa, além de ser o líder da JS local é um Economista que "deu sempre nas orelhas, e bem" quer ao Vítor Gil, quer ao Paiva, quer ao Relvas. Tomar ganha em ter este excelente quadro como seu deputado Municipal e Lisboa em o ter como dirigente nacional da Juventude.
Uma palavra de obrigado aos meus colegas de bancada António Oliveira, que continua, Anabela Estanqueiro, que me acompanhará também na Câmara e Jorge Franco, que faz agora uma pausa, pelo especial empenhamento que tiveram para que o trabalho do PS na Assembleia durante este mandato, que ora termina, tivesse sido coroado de sucesso.
Um obrigado sentido e amigo, ao Paulo Arsénio, que neste momento de convalescença, torce por nós e voltará em breve para as lutas, que só ele sabe fazer!
E VAMOS PÔR ESTA TERRA EM ORDEM, COMO METEMOS O PS!"
O que chama desde logo a atenção, por se tratar de um lapso muito significativo, é o próprio título. Em vez de "A lista do PS para a Assembleia", como seria correcto, saiu uma redacção indicando que a assembleia é do PS. Será?
Há depois a baralhada inicial, em que "o Ps escolhe hoje... ...mantendo o essencial das suas escolhas e da sua estratégia". Por outra palavras: escolham o que quiserem, desde que seja o que eu escolhi antes.
A qualificação de Hugo Cristóvão, quiçá merecida, dá que pensar. Sendo "o quadro mais bem preparado do PS em Tomar" que motivo ou motivos levaram a não o escolher para cabeça de lista à câmara, nem sequer para o respectivo elenco? Foi ele que não quis? Porquê?
Outro tanto se poderá perguntar em relação à pausa de Jorge Franco. Se realmente a actuação dos socialistas na AM foi "coroada de sucesso". O que leva Franco a afastar-se de facto?
Sobre Anabela Freitas nada a dizer, pois a vida privada de cada qual não nos diz respeito. Resta Hugo Costa e aquela deselegância de "dar nas orelhas e bem" a respeitáveis cidadãos. Ainda que fosse verdade, manda a cortesia escamotear certas coisas, em nome da boa convivência social. Louvando abertamente tal comportamento, está-se a arranjar de antemão alguém para a fogueira das polémicas locais.
E chegamos à proclamação final. Que é realmente inquietante! Até o Salazar, que nunca se distinguiu pelos seus sentimentos democráticos, quando chegou ao poder afirmou -"Sei muito bem o que quero e para onde vou." Nunca ousou escrever preto no branco "vamos meter o país na ordem!" Pois o Luís Ferreira acaba de o fazer. Por inconsciência? Vítima do cansaço? Traído pelo facto de o português ser uma língua muito traiçoeira? Seja qual for a resposta, está dito, está dito!
Se é realmente para meter esta terra na ordem, oxalá o PS nunca mais volte a ganhar as autárquicas. Pelo menos até que o Luís Ferreira seja o patrão da quinta nabantina. Parafraseando Manuel Alegre, "quem escreve assim, ou tem feitio de ditador ou alma de lacaio."

sábado, 8 de agosto de 2009

MÉDICOS, VETERINÁRIOS E CANDIDATOS

António Rebelo
Tinha combinado com o pessoal aqui do blogue escrever sobre outra coisa. Até fui procurar fotografias e tudo. Acontece, porém, que o nosso contador acaba de ultrapassar os 50 mil, e só está a funcionar desde 12 de Março, pelo que não podia deixar de agradecer a todos os que continuam a ter paciência para nos aturar. Mesmo os que procuram agredir-nos verbalmente. Não nos causa grande mossa e faz-lhes bem ao ego. Ficam mais aliviados e contentes. São como os escorpiões; está-lhes na massa do sangue.
A aparente ligação arbitrária do título justifica-se, pois é mesmo sobre isso que vou escrever, com o intuito de tornar claras certas realidades. Esclareço que sou de letras e ciências humanas e que nunca estudei ou pratiquei medicina, para além da ocasional automedicação. O que segue baseia-se apenas em observações rudimentares e bastantes leituras. Se houver asneiras e algum discípulo de Hipócrates quiser fazer o favor de me corrigir, agradeço desde já, pedindo desculpa por meter a foice em seara alheia. Mas como alguns médicos também se metem na política...
Quando vamos ao médico, este começa por nos identificar cabalmente, estabelecendo uma ficha individual, com todos os dados prévios que considera úteis. Depois questiona-nos sobre as nossas queixas e vai escrevendo, para memória futura. Segue-se um exame atento, com a ajuda do estetoscópio. Finalmente, ou prescreve análises e outros exames da área da imagiologia, ou passa um módico para aviar na farmácia, ou ambas as coisas. É assim, ou não é?
Pois então, o que o médico procura fazer é uma auditoria mais ou menos complexa, consoante as queixas. A chamada observação prévia, tendente a elencar os sintomas, e indispensável para estabelecer um diagnóstico tão correcto quanto possível, ou seja, dizer ao doente (ou não dizer) a ou as doenças de que sofre. Só então decide mentalmente uma terapêutica, em função da qual "passa uma receita para aviar na farmácia". Esta bula (sinónimo de receita) pode estabelecer uma terapêutica transitória, provisória, curativa, sintomática ou paliativa. Por outras palavras, pode ser para um curto período inícial, só até serem conhecidos os resultados dos exames prescritos, para curar a maleita, para fazer desaparecer os sintomas, ou para atenuar o sofrimento.
Em qualquer dos casos, o clínico age em função da sua arte, das indicações do paciente e das suas observações, ou dos exames auxiliares de diagnóstico, quando foram prescritos. Daqui resulta que os médicos veterinários, conquanto tenham uma arte e uma prática semelhantes, não podem contar com a ajuda verbal dos seus pacientes, excepto quando os magoam para obter sinais. Ainda assim, indagam quais os sintomas aparentes e a sua duração, os hábitos alimentares e por aí.
Temos assim que, em qualquer área da medecina, há sempre três etapas -observação, dignóstico e terapêutica. Perante esta realidade, resulta bastante estranho que os candidatos a lugares de eleição política apresentem propostas e mais propostas (terapêuticas), sem antes terem informado qual o diagnóstico ou os sintomas da doença que pretendem tratar em nome do eleitorado. Mais estranho ainda: Quando se lhes fala em auditoria prévia (a tal recolha de todos os sintomas), condição indispensável para tentar circunscrever a doença (diagnóstico) e depois propor solução (terapêutica), acham sempre que não vale a pena. Porque será? Telhados de vidro? Quem anda à chuva molha-se? "Mais vale morrer reinando do que viver servindo"?