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sexta-feira, 24 de julho de 2009

MAIS UMA ASELHICE...

Foto A.R.

Foto O Mirante
Foi recentemente anunciado, com o habitual aparato publicitário, o concurso para adjudicação da obra de requalificação do "Caminho de atravessamento da Mata dos Sete Montes". Tal caminho existe desde pelo menos o século XVI e só deixou de cumprir a sua missão de ligação quando, por motivos nunca explicados, deixou de haver quem abrisse a porta da Torre da Condessa (B, na foto).
Sobre a citada requalificação, inicialmente previa-se uma parceria ICN-IGESPAR-CMT, com limpeza e melhoramento da Mata, incluindo actividades de educação ambiental e tudo. Como era realmente uma falsa parceria, uma vez que as três entidades funcionam com dinheiro do mesmo saco (bolsos dos contribuintes via orçamento de estado), quando perceberam que era para pagar e não para receber, ICN e IGESPAR logo tiraram os cavalinhos da chuva (não fossem os animais constipar-se...), alegando "falta de cabimento orçamental". Ainda assim, a autarquia de António Paiva decidiu avançar, dado não ter qualquer plano alternativo e dever cumprir compromissos anteriormente assumidos. Tendo em conta as duas desistências, a verba inicialmente prevista para a iniciativa, cerca de 750 mil euros, passou para cerca de 225 mil.
Ainda assim, o que se pretende sobretudo não é requalificar o antigo caminho, mas instalar um emissário para uma parte dos esgotos do Convento, que até agora despejam na Mata, o qual fará a ligação com o colector da Rua da Graça. O que não impediu os técnicos de incluir no projecto agora a concurso uma série de melhoramentos no trajecto, como por exemplo bancos e iluminação pública. Sabendo-se que tanto o Convento como a Mata fecham às 18 no verão e às 17 no inverno, a prevista iluminação só poderá servir, eventualmente, para os visitantes "ficarem com umas luzes da Mata e do Castelo", mesmo sem guias.
Escrevemos visitantes, mas a triste realidade é que os autores da brilhante ideia de requalificação, ou nunca julgaram necessário definir previamente a quem se destina o futuro caminho melhorado, ou simplesmente nem sequer pensaram no assunto. Caminho só para turistas? Só para residentes em Tomar? Para uns e outros? Em que condições? Com que fins?
Ainda por cima, conforme mosta a vista aérea, em vez de aproveitarem para reabilitar a Porta Tutelar Templária da Almedina, primitiva entrada principal em Tomar (letra A, na foto), e o caminho nitidamente mais curto e acessível, aquela questão do emissário de esgotos levou os técnicos a optarem pela Torre da Condessa (letra B, na foto), o caminho mais longo e com uma convidativa escadaria de acesso...Há coisas que não se entendem e outras que estão mesmo à vista... Resta acrescentar que Corvêlo de Sousa foi alertado oportunamente sobre o assunto, mas declinou o convite para visitar o local e relegou para melhor oportunidade o questão da Porta da Almedina. Tudo para se manter fiel ao "Tomar 2o15", a verdadeira bíblia legada por António Paiva à actual maioria PSD, com a implícita bênção da oposição que temos tido. E depois queixam-se que a cidade vai definhando...


quarta-feira, 11 de março de 2009

RUMO À SENHORA DA ASNEIRA - 2



António Rebelo
Vimos, na peça 1, que a autarquia tomarense parece não saber muito bem o que fazer com a Cerca Conventual (Mata dos Sete Montes), com a Cerrada dos Cães, ou com as calçadas cidade/convento, e vice-versa. Disse-se, também, que a aliança Câmara/IGESPAR/INCN já começou a abrir brechas. Os que administram a Mata fizeram saber que apoiam a requalificação da ligação ao Convento, mas não podem assumir a parte que lhes competia, por falta de verba.Nestas condições, cheguei a temer seriamente que se fosse cometer mais uma asneira das grandes, introduzindo o trânsito automóvel naquele recinto florestal. Seria uma verdadeira heresia mas, nestes tempos conturbados, nunca se sabe.
Uma conversa recente, com alguém ao corrente destes assuntos, deixou-me mais sossegado, embora não totalmente tranquilo. Mais sossegado, porque me garantiram que nada será feito para introduzir o trânsito automóvel na multicentenária mata. As obras previstas têm por fim único melhorar a ligação pedonal já existente.
Embora não totalmente tranquilo, dado que continuo sem saber quando é que se resolverão a mandar reparar e limpar a Calçada de S. Tiago (que poderá depois vir a ser integrada na Rede Europeia dos Caminhos de Santiago), bem como a Calçada dos Cavaleiros. O mesmo acontece com a opção de ligação escolhida, que considero útil mas errada, porque não prioritária. Mais adiante, noutro texto, tentarei argumentar a minha posição.
Entre a cidade e o Convento existem 8 (oito) possíveis ligações pedonais directas. Destas, duas só os realmente conhecedores sabem onde se situam, e não são praticáveis por qualquer um. De momento é até conveniente que a situação se mantenha, para evitar possíveis erros crassos. Quando, e se um dia, houver um plano devidamente estruturado, valerá então a pena considerar a utilização dessas duas passagens, agora praticamente ignoradas. Pode ser, contudo, uma hipótese de muito remota concretização, posto que quem costuma planear, ou mais ou menos, nem sequer sabe onde ficam; quem sabe onde ficam, não costuma planear, e quem sabe onde ficam e sabe planear, só estaria disponível em condições muito específicas.
Neste enquadramento, restam-nos 6 seis ligações utilizáveis Cidade/Convento/Cidade, das quais cinco são apenas pedonais. Destas cinco, três atravessam a antiga Cerca Conventual: Almedina, que é de longe a mais antiga, Torre da Condessa, do século XVI e Lagar ou Arcos, que sempre serviu apenas para veículos de tracção animal.
As duas fotos acima mostram o Portão do Lagar, ou dos Arcos, a melhor ligação pedonal ao Convento, apesar de ser a mais longa. Na verdade, é a única em condições de acolher os visitantes com dificuldades de locomoção, ou mesmo em cadeiras de rodas, pois não comporta qualquer degrau no seu percurso, o que torna desnecessária a construção ou instalação de rampas de acesso, ou de ascensores, obrigatórios de acordo com as normas da UE Tem o inconveniente de aceder ao Portão do Pátio dos Carrascos, a poente, quando a actual recepção aos visitantes se situa do lado oposto, a nascente. Não se trata, contudo, de qualquer dificuldade inultrapassável. Para a resolver bastará planear e proporcionar circuitos de visita alternativos, com início no Pátio dos Carrascos. Ir à Índia, por mar, contornando a África, era incomensuravelmente mais complicado e já o conseguimos há mais de quinhentos anos.
Apesar disso, pensaram e pensam de maneira diferente, os autarcas que temos. Escolheram melhorar o acesso pedonal ao Convento pela Torre da Condessa. No próximo artigo procurarei demonstrar porque não têm razão. Sem antipatia ou azedume, mas igualmente sem renúncia ou autocensura.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ÀCERCA DA REQUALIFICAÇÃO DA CERCA

António Rebelo
Sucessivamente terreno comunitário, Cerca dos Frades e Cerca do Conde, a Mata Nacional dos Sete Montes vai ser novamente intervencionada. Será, de acordo com os antecedentes conhecidos, uma daquelas empreitadas que ninguém, fora dos meios informados da autarquia, sabe realmente em que consiste. Basta pensar na Ponte do Flecheiro, que os cidadãos cuidavam ser apenas mais uma ponte...
Este texto tem dois objectivos: informar os leitores e formular votos para que, desta vez, as coisas corram bem melhor. Sejam elas quais forem. É que, francamente, e salvo outra opinião fundamentada, as intervenções mais recentes naquele espaço verde de todos nós, estiveram longe de corresponder aos mínimos aceitáveis em empreitadas custeadas com os dinheiros dos contribuintes. Por nítida falta de planeamento adequado, de pessoal qualificado, de fiscalização rigoroso, ou de tudo isso, gastou-se muito dinheiro mas os resultados foram medíocres. Quem não concordar fará o favor de se pôr ao caminho e de observar com olhos de ver, de preferência sem "óculos partidários", sobretudo a parte nordeste. (Basta entrar, virar à direita e subir sempre em frente, rente ao muro).
Para já, a anunciada cooperação CMT/ICN/IGESPAR, não augura nada de bom, mas oxalá me engane. O mais provável, de acordo com os costumes, será que cada um confie nos outros dois para fazer o essencial. O velho hábito portuguê: "Vão lá tratando disso que eu já por aí apareço." Tanto mais que é questão de fundos europeus, e sabe-se como os responsáveis ficam tão deslumbrados perante tantos euros, assim do pé para a mão, que nem cuidam de verificar se são/foram bem aproveitados. Para já, apenas temos um projecto que custou a módica quantia de 90 mil euros e que só os dirigentes conhecem. O resto, como habitualmente, cá estaremos para ver. Mas pelo andar da carruagem...
No caso do IGESPAR, justificam-se todos os receios. Já demonstrou não conseguir sequer administrar capazmente, na óptica dos visitantes, o Convento de Cristo, que tranformou progressivamente numa espécie de armazém de funcionários, cuja forma de recrutamento é desconhecida. Apenas um pequeno exemplo -Presuntivamente para evitar correntes de ar a quem vende e controla os bilhetes, a entrada passou a fazer-se por um local ridículo, onde não cabem obesos, nem cadeiras de rodas, nem macas.
No sector das obras de restauro, para as quais o IGESPAR dispõe no Convento de vários técnicos superiores, a empreitada de limpeza e restauro do alambor ou sapata da muralha do Castelo, executada aqui há alguns anos, constata-se agora que foi um verdadeiro desastre, para não dizer nada mais forte. Por óbvia falta de fiscalização honesta, a argamassa usada no assentamento e nas juntas dos blocos de pedra era tão rica em cimento que o resultado salta agora à vista de todos. A vegetação arbustiva medra a olhos vistos. Dado que os arbustos, que se saiba, não dispõem de raízes em aço inoxidável, alguém deve ter feito batota da grande com o cimento. Alguém deve ter metido a mão na massa... Quem terá lucrado com isso?
A autarquia tomarense, que tem a sua sede e reúne a cem metros do local da vigarice, nunca julgou oportuno preocupar-se com o assunto. Deve ser a lógica pastoril: "cada qual toma conta das suas ovelhas". Aqui fica este aviso para a anunciada requalificação da Cerca, da Cerrada dos Cães, e mais ninguém sabe bem o quê. Para já a coisa não começou da melhor forma. A população interessada está praticamente a zero. Apenas sabe que vai haver obras. Mais nada.
Enquanto isto, a oposição mantém o prudente e profundo silêncio a que já estamos habituados, por razões que só os seus membros conhecem. Será segredo de estado? Considera-se que os eleitores não são suficientemente inteligentes para perceberem essas coisas? Ou haverá outros motivos menos prosaicos, como por exemplo o já denunciado "espírito de casta"? Aguardam-se respostas. De preferência mais elucidativas do que esta: "Quanto a oposição construtiva, temos desempenhado o nosso papel com determinação e entrega." Tem-se notado!