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sábado, 20 de fevereiro de 2010

RECORTES DA IMPRENSA DE REFERÊNCIA

Dois recortes da edição de hoje do Diário de Notícias, um dos jornais portugueses "de referência". Este primeiro é sobre o Le Monde e visa contribuir para o esclarecimento dos inimigos de estimação e outros invejosos congénitos ("são verdes, só os cães as podem tragar..."), que nos reprovam a leitura assídua do vespertino parisiense. Lendo esta apreciação do DN, pode ser que fiquem a perceber melhor certas opções. Oxalá !

Parecendo nada ter a ver com a anterior, esta colaboração de Nobre-Correia, igualmente recortada do DN, a quem aproveitamos para agradecer, está afinal em íntima relação com ela. Em primeiro lugar porque o professor de Bruxelas cultiva o mesmo estilo dos jornalistas do Le Monde. Informa analisando, mantendo sempre a atitude do pessimista encartado. Depois, porque fala do jornalismo que se pratica em Portugal, implicitamente comparado com o que ele lê todos os dias. Finalmente, reprova aos lusos escribas a usualmente péssima qualidade daquilo que produzem. Realmente, longe do quintal tem-se uma visão mais serena e mais ampla do dito.
Aqui na baixa nabantina, além dos problemas apontados por Nobre-Correia (falta de verificação, falta de análise, falta de hierarquia conveniente) há ainda o excessivo conformismo e o exclusivo uso da descrição, geralmente sem qualquer contextualização. E depois vão-se queixndo que os leitores são cada vez menos.
"Que bem prega Frei Tomás ! Façam o que ele diz. Não olhem para o que ele faz !". Assim estão muitos plumitivos profissionais.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

MAIS VALE IR TOMANDO NOTA...


O RESPEITO E A AUTORIDADE ENSINADOS AOS PROFESSORES

Em França, organizados a título experimental vários seminários sobre gestão de aulas

"Nem sempre é fácil manter uma turma interessada, sobretudo nas escolas consideradas disciplinarmente difíceis. "Insultaram-me, até me cuspiram para cima", lembra Sebastien Clerc, professor de francês e de história-geografia, num liceu profissional da Seine-Saint Dennis (arrabalde norte de Paris).
"Agora a situação melhorou. Gosto realmente de ensinar", confessava o jovem professor de 33 anos, em meados de Janeiro, perante professores do liceu Jean-Lurçat, no 13º bairro de Paris. A sua próxima intervenção, a sexta desde desde o início do ano escolar, sobre o respeito e a autoridade nas aulas, terá lugar sábado, 30 de Janeiro, para os professores de uma escola de Vesinet, longíquo arrabalde de Paris. Um seminário que começa sempre com uma intervenção teórica do filósofo Yves Michaud, sobre as noções de disciplina e de diálogo.
O binómio Sébastien Clerc/Yves Michaud tem já uma longa rodagem. Ao longo do ano escolar 2009/10, com o apoio do Ministério da Educação, participarão em 10 seminários experimentais, destinados aos professores da região Ille de France (Grande Paris), sobre problemas de respeito e de autoridade na sala de aula. Pedidos feitos por vários directores de escola, que assim serão satisfeitos.
Yves Michaud e Sébastien Clerc já foram solicitados no ano escolar anterior pelo reitor da Academia de Créteil, para dirigirem formações expeditas de gestão de aulas, para professores principiantes. Perante estes auditores, Clerc apresentou uma série de conselhos e de receitas, resultado dos seus nove anos de experiência docente. Uma espécie de caixa de ferramentas, na qual os professores-formandos podem e devem seleccionar tudo o que lhes parecer pertinente. "É importante começar uma aula da forma mais dinâmica possível", explica. Em vez de escrever o respectivo plano no quadro, de costas para os alunos, recomenda que se deve distribuir ou projectar um plano susceptível de captar a atenção dos alunos. "Para incitar os alunos a levantarem o braço, dê a palavra unicamente aos que assim procedem e ignore deliberadamente os outros."
Para aplicar regras, é naturalmente indispensável que os alunos as conheçam. Clerc explica que se viu forçado a criar um curso de boas maneiras, após ter verificado que os alunos desconheciam tal coisa. Na eventualidade de quebra de disciplina, aconselha os colegas a dominarem as suas emoções e a nunca se mostrarem coléricos. "Quando um aluno for insolente, diga-lhe calmamente que é grave e que vai fazer a respectiva participação", insiste o jovem docente. Para reagir prontamente, tem sempre sobre a mesa um dossier com fichas de exclusão previamente assinadas.
Mas para "segurar" uma turma "é sempre importante instaurar um clima caloroso". Por isso, saúda sempre os alunos, pergunta-lhes como vai a vida e anima, fora das aulas, uma formação de xadrez. Logo no princípio do ano escolar, aquando do preenchimento da ficha individual, nunca pergunta a profissão dos pais, o que poderia embaraçar alguns alunos. Mas interroga-os sempre sobre música preferida, passatempos e disciplinas de que mais gostam.
No final da intervenção, há sempre debate. "Durante a nossa formação disseram-nos sempre que "o aluno é um aprendedor que deseja aprender". Daqui resultou que a minha primeira aula foi uma verdadeira desgraça. Se tivesse assistido antes a este seminário, talvez as coisas tivessem sido diferentes", comentou uma professora. Um outro professor não esconde a sua decepção: "Digam o que disserem, aprender é algo de violento. É importante revalorizar a aprendizagem. Com receitas deste tipo, apenas se consegue comprar a provisória e artificial paz social."
A autoridade e a gestão das aulas continuam ainda ausentes da formação dos professores. O Instituto de Formação de Professores de Créteil, uma região com grande percentagem de alunos disciplinarmente difíceis, propõe desde 1992 módulos de formação nessa área. Além disso, a partir deste ano escolar, os professores principiantes, catapultados às centenas para esta academia, têm a ocasião de frequentar um seminário prático sobre condução de aulas e o acompanhamento por um colega já experiente. "Em termos de autoridade na sala de aula, a questão não depende unicamente da atitude do professor, mas igualmente da construção da sua legitimidade disciplinar", explica Jean-Louis Auduc, director-adjunto do centro de formação de Créteil. Segundo diz, o professor deve sempre tentar demonstrar aos alunos o interesse da sua disciplina, apoiando-se o mais possível sobre o respectivo livro, "símbolo do programa desejado pela nação".
Jean-Claude Richoz, professor-formador na Haute École Pédagogique de Vaud, na Suiça, propõe num livro recente iniciativas de intervenção para restabelecer um clima sereno de trabalho nas aulas perturbadas. "A presença do professor na aula não é muito diferente da presença em cena do actor. Passa nos dois casos por toda uma série de actos gestuais, para os quais se pode ser mais ou menos dotado, mas que é possível adquirir". O olhar, a gestualidade, a ocupação do espaço, a consciência da aula e, claro, a oralidade, são devidamente detalhadas pelo especialista. "Em geral os professores têm muita falta de auto-confiança e muita dificuldade em impôr-se perante os alunos. Daqui resulta geralmente uma gestão de aula demasiado afectiva, quando o mais útil seria estabelecer antes um quadro normativo". Ensinar nas aulas exige, antes de mais, que o professor se sinta legitimado nas suas funções.
"A principal armadilha para os professores é de se sentirem impotentes, atribuindo principalmente a causas exteriores, familiares e outras, a origem dos problemas comportamentais na escola, afirma Richoz. Para evitar tal problema, devem pelo contrário "reencontrar a esperança de que podem e devem eles próprios modificar positivamente as situações com as quais são confrontados."

Martine Laronche, Le Monde, 31/o1/10
Tradução, adaptação e nota final de António Rebelo

Livros em francês sobre o assunto: Gestion de classes e élèves difficiles, Jean-Claude Richoz, Ed. Favre, 447 páginas, 24,50 €, Au secours ! Sauvons notre école, Sébastien Clerc, Oh Editions, 234 páginas, 18,90 € (Podem encomendar pela Internet em Amazon.fr, ou na FNAC, no Fórum Coimbra, por exemplo. Caso me consigam enviar um exemplar, assumo o compromisso de o resumir no blogue. Isto dividido por todos não custa quase nada, mas sendo sempre o mesmo a desembolsar, torna-se um bocadinho pesado.)

Nota final:

Decidi apresentar esta tradução unicamente para retomar o normal ritmo do blogue. Com é sabido, tanto no país, em geral, como em Tomar, em particular, não temos problemas destes. Os nossos alunos, particularmente os do básico, são todos muito bons, muito disciplinados e muito educados. Por isso obtêm tão boas classificações.
Quanto aos professores, são todos mestres na sua arte de ensinar e de estar na aula, pelo que nunca enfrentam problemas comportamentais dos alunos, ou mesmo de outros colegas.
Daqui resulta existirem por esse país fora escolas com classificação de excelente, cujas turmas têm aproveitamentos superiores a 90 %.
Daqui resulta que os resultados dos nossos alunos estão entre os melhores da Europa, salvo erro !
Daqui resulta que, pelo menos aqui em Tomar, ninguém na área do ensino pratica sistematicamente a política dita da avestruz.
Daqui resulta, finalmente, que uma vez adultos, os ex-alunos são verdadeiras desgraças (salvo raras excepções), não por culpa dos professores ou do ministério. Apenas porque já esqueceram tudo aquilo que aprenderam na sua longa escolaridade. Ou não ?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

ESTRADAS DERRETEM COM O CALOR

Há quem nos ataque, dizendo que só abordamos assuntos complicados. Pois para desanuviar, decidimos descer de nível, aproveitando para mostrar que, afinal, mesmo na desgraça não estamos sós, mas muito bem acompanhados. Ora façam o favor de ler a tradução que segue.
BÉLGICA: NO VERÃO AS AUTO-ESTRADAS DA VALÓNIA DERRETEM COM O SOL
"Deve a situação de um país ser julgada a partir do estado da respectiva rede rodoviária? Se assim é, então a Bélgica está em muito maus lençóis. No sul, é verdade que mais habituado à bruma e à chuva do que às altas temperaturas, as auto-estradas começam a derreter, mal os termómetros se aproximam dos 30º centígrados. Foi pelo menos o que aconteceu no final do mês passado. A E42, chamada "Auto-estrada da Valónia", que vai da fronteira francesa até à Alemanha, passando por Mons, Charleroi, Namur e Liège, teve que ser fechada ao trânsito. Uma parte do revestimento betuminoso tinha-se derretido com o sol, imobilizando muitos automobilistas incrédulos, que tiveram a impressão de andar "em cima de pastilha elástica".
Quinze dias depois, este eixo europeu essencial, através do qual circulam diariamente à roda de 50 mil veículos, ainda não está totalmente recuperado. Já reabriu mas, durante cerca de 15 quilómetros, o trânsito faz-se por uma só via em cada sentido, a 50 quilómetros à hora como velocidade máxima. Entretanto, os engenheiros responsáveis reavaliaram a prevista duração das obras de reparação, as quais passaram de "alguns dias" para "algumas semanas". Mas quem passa no local e vê como aquilo está, fica com a ideia de que devem estar a falar mas é do começo das obras, que ainda nem foi marcado...
Que aconteceu afinal nesta grande via de comunicação, construída há 35 anos? "Se calhar terá havido falta de manutenção", admite um técnico do ramo. Trata-se de evidente eufemismo. Na verdade, na maior parte do seu piso, já antes do verão a E42 era conhecida pelo asfalto muito usado, as sucessivas rachas e a sinalização muito deficiente. As várias associações de "motards" e de automobilistas estão fartas de denunciar o péssimo estado das estradas da Valónia. Quanto aos condutores estrangeiros, refilam por causa das auto-estradas, que só têm um aspecto positivo -são gratuitas.
Visivelmente pouco convictos, os vários engenheiros desdobram-se em explicações mais ou menos plausíveis do estranho fenómeno ocorrido, tanto mais inesperado quanto é certo que o clima da região não é o da Serra Nevada no verão, nem o da Sibéria no inverno. Por isso nos deixam um pouco cépticos. Entretanto, as análises técnicas evocam a possibilidade da diluição do asfalto sob o presuntivo efeito conjugado das infiltrações da chuva e do sal, usado no inverno para derreter a neve. Quanto à mistura utilizada para tapar e retapar os buracos, parece que realmente fundiu com os primeiros calores, faltando agora apurar porquê.
Prudentes, os funcionários regionais não arriscam falar publicamente da óbvia incapacidade dos políticos para assegurar aos utentes estradas em condições. Há até aqueles que, optimistas por natureza, arriscam adiantar que, se calhar, a Valónia até pode estar a inovar. Resolver ao mesmo tempo os problemas da rede rodoviária e da segurança, obrigando os condutores a andar a menos de 50 à hora, talvez seja, no fim de contas, uma solução com largo futuro."

Jean-Pierre Stroobants (Correspondente do Le Monde em Bruxelas)

terça-feira, 14 de julho de 2009

MAIS UM PAÍS AFLITO - A ROMÉNIA

ASSIM VAI O MUNDO...
Apesar de nem todos os leitores concordarem, continuamos a pensar ser bastante útil conhecer um pouco daquilo que ocorre noutros países, sobretudo no âmbito da actual e prolongada crise económica. Por isso decidimos publicar mais um artigo do jornal LE MONDE, desta vez sobre a Roménia, o país de origem dos romenos que aqui aparecem a pedir por tudo quanto é sítio. Recordamos que anteriormente entraram em colapso económico a Islândia, a Irlanda, a Estónia, a Hungria e a Polónia. Lembramos igualmente que neste momento o nosso défice orçamental anda à volta dos 6% do PIB, exigindo a União Europeia que seja inferior a 3%. Mas como há a crise e as eleições... quem vos avisa vosso amigo é.
"Fechadas três horas por dia, as portas dos tribunais romenos ostentam o dístico "fechado". No ciclone da crise económica, o governo de Bucareste tenta desesperadamente conter as despesas públicas e mais de seis mil magistrados estão em greve, desde 9 de Julho, para protestar contra uma diminuição para metade dos seus vencimentos. "O ministério da justiça trata-nos como se fôssemos escravos de uma plantação", protesta um membro da direcçção da Associação dos magistrados romenos. "Um juíz pode alguma vez aceitar o salário de um condutor de eléctrico? Estão a empurrar-nos para uma demissão colectiva a nível nacional." Interrogado, o governo não tenciona ceder às reivindicações. "Os senhores juízes parece não entenderem a gravidade das dificuldades provocadas pela crise económica", concluiu o ministro da justiça.
Em Março, a Roménia obteve um empréstimo de 20 biliões de euros, proveniente do FMI, da UE, do Banco Mundial e do BERD. Um primeiro avanço de 5 biliões já foi gasto. O governo romeno aguarda agora o segundo, de 2 biliões, previsto para Setembro. Entretanto, o primeiro-ministro solicitou ao FMI e à UE luz verde para aumentar o défice orçamental, previsto este ano para 4,6%, de forma a poder investir um pouco mais nas infraestruturas, aumentando assim o emprego e facilitando a eventual retoma.
O FMI não se tem mostrado nada apressado para responder. A próxima missão de avaliação só deverá ocorrer em Agosto, mas reunidos em Bruxelas no passado dia 7, os ministros das finanças dos 27 iniciaram um procedimento tendente a conceder à Roménia um prazo de dois anos para reduzir o défice orçamental a menos de 3% do PIB. Ocorre, porém, que esse mesmo défice já ultrapassou os 2,7% do PIB nos primeiros seis meses de 2009, e a situação não mostra qualquer tendência para a melhoria desejada.
"Bucareste vai lançar uma acção diplomática enérgica, visando a defesa dos seus projectos económicos, sobretudo os investimentos em infraestruturas", afirmou o ministro romeno dos negócios estrangeiros, sem se dar conta de que tal declaração não compromete ninguém para além dele próprio.
A função pública padece da falta de financiamento adequado. Desde a adesão da Roménia à UE, em 2007, o país duplicou os vencimentos dos magistrados, como forma de diminuir a corrupção, verdadeira chaga da justiça. Agora a gravidade da crise força as autoridades a um retorno à estaca zero, que põe em perigo a reforma do sistema judiciário. O relatório sobre a justiça, preparado pela União Europeia, vai ser publicado no próximo dia 22 e anuncia-se extremamente crítico.
Também funcionários públicos, os professores, cujo vencimento médio é de cerca de 300 euros/mês, estão em situação ainda pior do que os magistrados para enfrentar a crise. O aumento dos vencimentos na área educacional, na ordem dos 50%, votado favoravelmente no parlamento, no final de 2008, foi já anulado para este ano, por falta de cabimento orçamental. Os polícias, por sua vez, que têm desencadeado manifestações em todo o país desde Fevereiro, para denunciar vencimentos de miséria, ameaçam agora entrar em greve. Perante a grave situação, o governo de coligação tem como única solução aumentar o défice, opção que não agrada nem à União Europeia nem ao FMI.
Mirel Bran -Tradução, adaptação e introdução de António Rebelo

quinta-feira, 4 de junho de 2009

COMO OS OUTROS NOS DESCREVEM



António Rebelo
Aproximam-se as eleições para o Parlamento Europeu, cujos candidatos preferiram falar quase exclusivamente da situação portuguesa. No próximo sábado é dia de repouso, para reflectir. Nada melhor, para ajudar nessa ponderação, do que meditar sobre a descrição que outros fazem de nós. O prestigiado vespertino francês Le Monde enviou a Portugal um dos seus melhores profissionais, Jean-Jacques Bozonnet, que assina uma página inteira daquele diário, na edição datada de hoje.
Julgo que os pequenos textos acima não carecem de qualquer tradução e dão uma ideia daquilo que o jornalista pensa do nosso país.
Na sua peça principal, cujo título figura na ilustração de baixo, o jornalista gaulês descreve detalhadamente a situação laboral portuguesa, com destaque para o caso dos recibos verdes. A dado passo, explica que situação de flagrante ilegalidade é tão evidente, que alguns dos inspectores do trabalho, encarregados de fiscalizar a legalidade dos recibos verdes, estão eles próprios a recibos verdes...
Na impossibilidade prática de traduzir a totalidade do texto principal, optei por publicar a versão portuguesa do outro texto, dado ser bastante mais sucinto, mas ainda assim extremamente interessante. A começar pelo próprio título.
Partido Socialista no poder já prepara derrota nas legislativas de Outubro

"Em Portugal os mortos não votam mas abstêm-se. Demasiado numerosos nos cadernos eleitorais mal actualizados, estes inscritos-fantasma irão engrossar, durante a noite do próximo Domingo, aquilo que os observadores políticos portugueses designam como "abstenção técnica". Pelo menos mais de 10% em relação à abstenção real, habitualmente muito elevada neste tipo de escrutínio. Cerca de um milhão de novos eleitores fizeram a sua inscrição nos cadernos eleitorais desde 2005, aumentando o total do eleitorado para 9,5 milhões, quando afinal a população total, incluindo os 500.000 emigrantes sem direito de voto, não ultrapassa os 11 milhões.
Uma anterior actualização dos cadernos, há dez anos, permitiu eliminar um milhão de falsos eleitores, entre falecidos, duplamente inscritos, emigrados, etc. Está-se mesmo a ver que é urgente efectuar mais uma limpeza. "O próprio sistema encoraja esta abstenção técnica, porque as transferências do governo central para as autarquias são indexadas ao total de eleitores inscritos na área respectiva", disse-nos José Manuel Fernandes, director do PÚBLICO. Segundo ele, porém, a taxa de abstenção não mudará nada naquilo que está em jogo nesta eleição, a poucos meses das legislativas e das autárquicas, ambas programadas para meados de Outubro: "Trata-se apenas de enviar uma mensagem sem ter de assumir os custos", resumiu este jornalista.
O Partido Socialista que governa já sabe que vai perder a maioria absoluta no próximo outono. Desde há dois anos que todas as sondagens lhe vêm prometendo isso mesmo. A crise económica anulou completamente todos os sacrifícios impostos aos portugueses pela política de rigor e de inspiração liberal, conduzida por José Sócrates para reduzir o défice excessivo. Nestas condições, a diferença em relação ao Partido Social Democrata (PSD, direita) será examinada à lupa durante uma parte da noite de 7 de Junho. A subida do PSD de Paulo Rangel nas sondagens, forçou Sócrates a empenhar-se mais do que o inicialmente previsto na campanha para as europeias. "Se o PSD for o partido mais votado no próximo Domingo, podemos vir a assistir a uma dinâmica de enfraquecimento do PS até às legislativas", declarou-nos o sindicalista Carvalho da Silva, líder da CGTP. Sobretudo se as más notícias económicas continuarem a acumular-se durante o verão.
Assim sendo, uma interrogação se impõe na véspera das europeias: Com quem irão os socialistas governar a partir de Outubro? A esquerda da esquerda, que engloba o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (anticapitalista e trotsquista), poderá vir a representar um pouco mais de 25% do eleitorado, mas encontra-se dividida e sem vontade estratégica comum. Pouco interessado em partilhar o poder, estará Sócrates mais à vontade numa aliança com o PSD, ou até com o CDS-PP? O Presidente da República, Cavaco Silva terá já iniciado discretamente algumas consultas, para avaliar as hipóteses de formação de um governo de larga união. "Todos os partidos nos têm sondado, tentando saber como encararíamos a possibilidade de trabalhar no âmbito de um compromisso nacional", confirmaram-nos na CGTP".
J.J.B. Tradução e adaptação de A.R.

quinta-feira, 12 de março de 2009

HOJE CITAMOS, AMANHÃ LOGO SE VÊ

Alguns políticos tomarenses, em férias e rumo ao mar...


Redacção de Tomar a dianteira
11/03/09 - 969 - AGRADECIMENTO
O www.NABANTIA.blogspot.com, sensibilizado, não pode deixar de agradecer as simpáticas palavras do Tomar a dianteira, excelente blogue nabântio, que por aqui é de leitura diária. Por aqui e não só: O NABANTIA sabe que, apesar de aparentemente surdos, os autarcas de topo de Tomar não resistem à leitura do Tomar a dianteira. Fazem bem. Pena é que não aporendam nada...
Resposta de Tomaradianteira: Não têm nada que agradecer, porque a justiça não se agradece. Acata-se. Quanto aos tais políticos de topo, não percamos a esperança e continuemos a manobrar os escovilhões limpa-ouvidos. Tarde é o que nunca vem...
Do "LE MONDE" de 12/03, com a devida vénia e os nossos agradecimentos. (Nunca vão ler isto, mas é conveniente ser sempre cortês)
EGIPTO: "BLOGUEIROS" DESAFIAM O PODER
No Egipto, um país de 80 milhões de habitantes onde os atentados aos direitos humanos são inumeráveis, há cerca de de "internautas" Entre estes, cerca de 10 mil são "blogueiros políticos". Denunciam corajosamente os conservadorismos de toda a ordem, tanto do Estado como da Irmandade Mussulmana. O governo autoritário de Hosni Mubarak, no poder há 28 anos, sente-se ameaçado. E manda reprimir. Sem dó nem piedade.
Patrice Claude -Enviado Especial
Comentário de Tomar a dianteira: Os que estão convencidos de que os velhos tempos em que bastava controlar os jornais vão voltar, podem ir arranjando mais tolerância e mais humildade. A vaga da Internet será cada vez mais violenta. Aprendam a nadar quanto antes!