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Curso online de Educação Infantil (Teorias e práticas pedagógicas)
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Textos e números na Educação Infantil

Pesquisas apontam que as crianças, a partir dos 3 anos, são capazes de pensar em números e textos. É possível propor atividades com esses temas sem deixar as brincadeiras de lado.

Pesquisas apontam que as crianças, a partir
dos 3 anos, são capazes de pensar em números
e textos. Marco Pinto. Cenário Silvia Moraes - Atelier Zigzag

Números e textos estão por toda parte - na TV, nos livros, nas placas, na tela do computador e na calculadora - e, desde cedo, as crianças têm a oportunidade de formular ideias a respeito dessas informações. Pesquisas mostram que elas relacionam a escrita e os números com a língua falada e, assim, identificam regularidades que usam como apoio para seguir avançando. Por isso - e por não aprenderem de forma linear -, podem, por exemplo, escrever números antes de saber contar ou uma legenda sem conhecer as letras. 

Cabe à Educação Infantil explorar esses conhecimentos e os questionamentos dos pequenos por meio de situações didáticas em que esse saber possa ser aprofundado. Na prática, isso significa planejar momentos de uso dos números e dos textos sempre que eles fizerem parte da rotina. No caso da escrita, as atividades com listas e textos memorizados podem ser ampliadas com propostas de reflexão sobre o sistema articuladas à produção de textos de diversos gêneros, como resenhas de livros. No campo dos números, o recomendado é usá-los e problematizá-los nas situações em que aparecem: por exemplo, o controle e a comparação de quantidades, dos materiais de sala. 

Hoje, práticas desse tipo têm sido deixadas de lado por receio de escolarizar a creche e a pré-escola. Mas isso não faz sentido. Documentos como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil dão ênfase às brincadeiras e à interação com colegas e adultos, mas também mencionam o trabalho com a escrita e o sistema de numeração. "Faltam, porém, orientações mais precisas sobre que conteúdos trabalhar e de que forma, o que leva à manutenção de práticas ultrapassadas, como a cópia de letras", diz Eliana Borges Correia de Albuquerque, pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para ela, isso explica o fato de muitas crianças chegarem ao 1º ano sem terem tido oportunidade de interagir com a língua escrita e, às vezes, sem saber escrever o próprio nome.


Pesquisas indicam que não é preciso esperar que as crianças saibam contar ou escrever bem para depois pedir que anotem os algarismos. Registrar o total de materiais disponíveis numa caixa - como tesouras e pincéis -, por exemplo, permite a elas relacionar o nome dos números e os objetos. "Na hora de contar, elas precisam prestar atenção para não considerar um item mais de uma vez e para não deixar nenhum deles de fora", diz Susana Wolman. A tarefa põe em jogo ainda a habilidade de reconhecer que o último número da contagem feita corresponde à quantidade total de coisas, o que não é simples nessa fase. 

A correspondência termo a termo entre os objetos e as marcas gráficas, segundo os estudos de Susana, aparece a partir dos 3 anos. Mesmo quem usa algarismos para escrever a quantidade em uma etiqueta, por exemplo, às vezes inclui marcas, como riscos. "Os pequenos registram outras informações além do número, pois compreendem a intenção comunicativa da tarefa", diz Maria Emilia Quaranta, integrante da equipe de Matemática da Direção de Currículo da Secretaria de Educação do Governo da Cidade de Buenos Aires. Os principais resultados da pesquisa de Susana são mostrados a seguir por meio das produções de crianças a partir de 3 anos e 1 mês de idade. 

Encaminhamentos É possível propor uma reflexão coletiva a respeito das produções em que as crianças registram quantidades. Algumas perguntas ajudam nesse momento: "Qual vocês acham a melhor maneira de identificar o número de objetos?", "Dá para anotar muitos objetos com um só número?". Assim, coloca-se em discussão uma ideia sustentada por muitas delas - a de que isso não é possível. Ao mostrar escritas convencionais (como a de Luiza) e icônicas (como a de Pilar), questione: "Qual permite encontrar a resposta mais rapidamente?" Em situações de registro e discussão coletiva, a criançada revisa suas hipóteses e formula novas para avançar em direção à escrita convencional dos números e o que ela representa.

Ditado de números 
A turma estabelece relações entre a contagem e a notação numérica e reflete sobre regularidades do sistema 

Está comprovado que, para escrever e interpretar os números, as crianças se apoiam na numeração falada. "Elas identificam a parte que conhecem e, em alguns casos, esse é o único algarismo que escrevem num ditado", diz Susana. Elas também usam um número curinga no lugar do que não conhecem. 

Os estudos também indicam que os pequenos não aprendem os números em ordem: primeiro de 1 a 10, depois de 11 a 20 e assim por diante. Os redondos funcionam como ponto de apoio para a apropriação de outras notações. Eles podem escrever convencionalmente 10, 30, 100 ou 1.000 antes de saber o 38, por exemplo. Esse conhecimento e as informações que extraem da numeração falada levam a meninada a produzir escritas não convencionais, como 10033 quando querem representar 133. O ditado pode levar à reflexão sobre as regularidades do sistema (como o fato de toda dezena ter dois dígitos) e sobre o valor posicional dos números (em que um mesmo algarismo tem valores diferentes dependendo de sua posição). Nessa atividade, a calculadora funciona como um apoio para quem não tem habilidade motriz e como material de consulta, pois os algarismos estão disponíveis nas teclas. Confira, com base no ditado abaixo, as descobertas da pesquisadora.

Tabela
Fonte Reprodução Conhecimentos Infantis Acerca do Sistema de Numeração, de Susana Wolman

Um curinga para a dezena Sofia se apoia na numeração falada para anotar os números ditados. Ela escreve o correspondente à unidade (que reconhece mais facilmente) e usa um curinga para a dezena (na maioria das vezes o 1). Grafa 87 e 37 da mesma forma, assim como 35 e 45. A repetição não é bem aceita pela menina, mas ela não sabe como resolver a questão. Essa é uma oportunidade para propor a consulta a portadores numéricos - como a fita métrica e a numeração das páginas de um livro.

Textos: escrever, comparar e refletir 
Inserir práticas de escrita na rotina leva a criançada a pensar sobre o sistema em situações reais de comunicação 

Hoje já se sabe que os pequenos reconhecem rapidamente duas das características básicas de qualquer sistema de escrita: que as formas são arbitrárias (porque as letras não reproduzem o contorno dos objetos) e que estão ordenadas de modo linear. Essas marcas aparecem muito cedo em suas produções. "Mesmo que não usem o modo convencional, eles já sabem escrever e o fazem com intenção comunicativa, de acordo com as hipóteses que sustentam no momento", diz Claudia Molinari. Por isso, é importante expor os textos escritos pela criançada - devidamente acompanhados da transcrição do que pretendiam dizer. Muitas vezes, nessa fase, os professores se limitam a atuar como escribas, redigindo os textos pela turma. 

"Por que não dar às crianças a oportunidade de tomar o lápis e escrever de forma independente durante uma das etapas de um projeto didático?", questiona a pesquisadora. Essa é a oportunidade de elas refletirem sobre aspectos do sistema alfabético. Na transição da hipótese silábica para a silábica alfabética (quando começam a abandonar a escrita feita quase predominantemente com vogais e passam a acrescentar consoantes), ocorre um impasse: quantas e quais letras usar e em que ordem colocá-las? É o que se chama de alternância grafofônica. Nesse ponto, é comum, de acordo com Claudia, que registrem o mesmo termo de diferentes maneiras. 

Os pequenos também relacionam fala e escrita, o que causa outro conflito: como separar no papel o que aparece como um todo contínuo na oralidade? A hipossegmentação (quando não há separação das palavras onde deveria haver) e a hipersegmentação (quando isso ocorre em excesso) são frequentes nesse estágio. 

Esses aspectos podem ser discutidos por meio da comparação de versões de um mesmo texto ou de uma mesma palavra. É o que Claudia define como escritas sucessivas (leia mais na última página). "Elas funcionam como um registro do percurso de cada criança e podem ser usadas como uma fonte de informação em futuras intervenções", diz ela. Para a turma, o contraste de versões permite confrontar hipóteses e, assim, continuar aprendendo. Todos discutem as produções, leem e releem o que redigiram e buscam informações em livros e outros materiais disponíveis na sala. 

Em classes a partir dos 3 anos, é possível iniciar a comparação e a discussão entre as escritas do grupo. O recomendado é circular pela sala e fazer intervenções pontuais na produção de cada criança para propor problemas, solicitar que todos interpretem o que escreveram ou que revisem letras do meio ou do fim de determinada palavra. 


Texto: Bruna Nicolielo
Publicado em Nova Escola
Título original: Elas sabem muito. Aproveite

Alfabetizar na Educação Infantil. Pode?


A polêmica sobre ensinar ou não as crianças a ler e a escrever já na Educação Infantil tem origem em pressupostos diferentes a respeito de várias questões. Entre elas: 

■ O que é alfabetização? Alguns educadores acham que é a aquisição do sistema alfabético de escrita; outros, um processo pelo qual a pessoa se torna capaz de ler, compreender o texto e se expressar por escrito. 

■ Como se aprende a ler e escrever? Pode ser uma aprendizagem de natureza perceptual e motora ou de natureza conceitual. O ensino, no primeiro caso, pode estar baseado no reconhecimento e na cópia de letras, sílabas e palavras. No segundo, no planejamento intencional de práticas sociais mediadas pela escrita, para que as crianças delas participem e recebam informações contextualizadas. 

■ O que é a escrita? Há quem defenda ser um simples código de transcrição da fala e os que acreditam ser ela um sistema de representação da linguagem, um objeto social complexo com diferentes usos e funções.

Em razão desses diferentes pressupostos, alguns educadores receiam a antecipação de práticas pedagógicas tradicionais do Ensino Fundamental antes dos 6 anos (exercícios de prontidão, cópia e memorização) e a perda do lúdico. Como se a escrita entrasse por uma porta e as atividades com outras linguagens (música, brincadeira, desenho etc.) saíssem por outra. Por outro lado, há quem valorize a presença da cultura escrita na Educação Infantil por entender que para o processo de alfabetização é importante a criança ter familiaridade com o mundo dos textos. 

Na Educação Infantil, as crianças recebem informações sobre a escrita quando: brincam com a sonoridade das palavras, reconhecendo semelhanças e diferenças entre os termos; manuseiam todo tipo de material escrito, como revistas, gibis, livros, fascículos etc.; e o professor lê para a turma e serve de escriba na produção de textos coletivos. 

Alguns alunos estão imersos nesse contexto, convivendo com adultos alfabetizados e com livros em casa e aprendendo as letras no teclado do computador. Eles fazem parte de um mundo letrado, de um ambiente alfabetizador. Outros não: há os que vivem na zona rural, onde a escrita não é tão presente, e os que, mesmo morando em centros urbanos, não têm contato com pessoas alfabetizadas e com os usos sociais da leitura e da escrita. 

Grande parte das crianças da escola pública depende desse espaço para ter acesso a esse patrimônio cultural. A Educação Infantil é uma etapa fundamental do desenvolvimento escolar das crianças. Ao democratizar o acesso à cultura escrita, ela contribui para minimizar diferenças socioculturais. Para que os alunos aprendam a ler e a escrever, é preciso que participem de atos de leitura e escrita desde o início da escolarização. Se a Educação Infantil cumprir seu papel, envolvendo os pequenos em atividades que os façam pensar e compreender a escrita, no final dessa etapa eles estarão naturalmente alfabetizados (ou aptos a dar passos mais ousados em seus papéis de leitores e escritores)".

Texto: Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita

Como escolher a pré-escola do seu filho


Apesar de ainda não ser obrigatória no Brasil, a Educação Infantil é reconhecida como uma das fases mais importantes da vida escolar de uma criança. Quando bem estimulada, a criança consegue avançar em todas as esferas do desenvolvimento, obtendo ganhos na aprendizagem, na sua capacidade motora, na forma de se relacionar e de trabalhar emoções e sentimentos. Tantos são os benefícios que muitos pais ficam apreensivos na hora de escolher uma pré-escola ou creche para o seu filho, e começam a acumular dúvidas. 

Por que é importante matricular meu filho na pré-escola?

Porque a pré-escola é um espaço de trocas, de aprendizagem, de constituição de identidades e de inserção sociocultural. Frequentar pré-escolas pode ajudar as crianças a se desenvolverem nas suas dimensões motora, sensorial, emocional, cognitiva e socioafetiva. De acordo com pesquisas nacionais e internacionais, crianças que frequentam uma Educação Infantil de qualidade obtêm ganhos em todas as áreas do desenvolvimento humano. Angela Soligo, coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, em Campinas, lembra: "Na Educação Infantil a criança está em um espaço que é preparado para a sua educação, sendo estimulada de acordo com a fase do seu desenvolvimento".

Como são os professores da pré-escola?

Gostar de criança e saber cuidar dela é importante para um profissional da Educação Infantil, mas só esses requisitos não bastam. O professor de hoje em dia precisa ter preparação e formação adequadas. Ele precisa ter um bom curso de pedagogia e participar, com frequência, de cursos de capacitação, por meio dos quais ele possa atualizar o seu conhecimento. Segundo Cristina Carvalho, professora da Faculdade de Educação da PUC-Rio, no Rio de Janeiro, o professor precisa dominar teorias do desenvolvimento humano que ajudam a compreender a lógica infantil, as necessidades e especificidades da criança. Ao visitar uma escola, peça para conhecer um professor e conversar com ele. Veja como ele se expressa, como ele apresenta seus métodos de trabalho e também como ele se relaciona com sua turma. Uma dica da pedagoga Adriana Oliveira Lima é observar se a professora olha para todas as crianças e se tem uma relação verbal com elas todas (em vez de centralizar sua atenção em apenas algumas). Repare também se as crianças recorrem à professora, se a procuram, se existe ligação entre elas.

Como deve ser a estrutura da pré-escola?

Eis uma questão central para qualquer pré-escola: o espaço físico oferecido às crianças. Este espaço precisa ser amplo, seguro e com diversidade de ambientes internos e ao ar livre para permitir a realização de diferentes atividades. Além desses detalhes, os pais também precisam ficar atentos às condições de higiene e de limpeza dos ambientes, principalmente do refeitório. Procure saber se as refeições são preparadas lá mesmo e o que costuma ser servido. Para crianças de até três anos é interessante que a escola ofereça ambientes para descanso. Confira se este espaço é tranquilo, limpo e arejado. Preste atenção também à segurança oferecida. Há muitas escadas? A criança consegue circular tranquilamente? Os pequenos transitarão entre crianças maiores? Também é interessante que a pré-escola tenha hortas e um lugar com alguns animais, para a criança desenvolver o hábito do cuidar, do cultivar. A pedagoga Adriana Oliveira Lima dá uma dica aos pais: "Ao visitar uma escola, procure sentir se aquele é um ambiente onde se aprende, e não apenas recreativo".

Que materiais pedagógicos não podem faltar em escolas de Educação Infantil?

Não podem faltar materiais simples, mas que ofereçam boas possibilidades de trabalho, como blocos lógicos e outros blocos de encaixe, material dourado (recurso pedagógico para trabalhar a matemática) e muitos livros. Maria Claudia Sondahl Rebellato, assessora pedagógica em Curitiba, PR, acha essencial que toda sala de aula tenha cantinhos de leitura com gibis e livros ao alcance de todos. Uma sala de vídeo ou DVD também é bem-vinda em pré-escolas, bem como um laboratório de informática e uma sala de música. Mas lembre-se de que o importante mesmo é a forma como todos esses recursos são usados no dia a dia.

Quantas crianças há em cada sala de aula?

Na Educação Infantil, ensino de qualidade é sempre associado a salas com turmas pequenas e bem atendidas pela professora. O Conselho Nacional da Educação estabelece um limite de crianças por educador, de acordo com a idade:

0 a 2 anos: máximo de 8 crianças por educador
3 anos: máximo de 15 crianças por educador
4 e 5 anos: máximo de 20 crianças por educador

Mas atenção: o Conselho determina também que crianças de zero a três anos precisam de um espaço de 1,5 metro em sala de aula e crianças de 4 e 5 anos, de um espaço de 1,2 metro. Algumas escolas optam por colocar uma ajudante de sala para auxiliar o professor nos cuidados com as crianças, mas não é obrigatório.

A pré-escola tem propostas atuais?

A Educação Infantil mudou muito nos últimos anos. Antes, o foco de uma creche ou pré-escola estava no cuidar, agora está no educar - tendo como meio para isso o brincar . Esteja atento a essas mudanças ao visitar pré-escolas. A escola conseguiu acompanhar os tempos? Que propostas de ensino a coordenação apresenta em seu discurso? Como ela se posiciona em relação à avaliação dos alunos (nota, conceito, avaliação dos professores)? E em relação à mobilidade entre as fases (maternal, jardim I, II etc)? Algumas escolas não aceitam que a criança retorne para uma fase anterior por não estar acompanhando o ritmo da turma e outras sim. Outro ponto a se observar é se a escola trabalha com psicomotricidade (atividades específicas de movimento que ajudam a criança a tomar consciência de seu corpo) e se oferece um ambiente alfabetizador, com muitas situações de leitura e escrita.


Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br
Texto: Juliana Bernardino